sexta-feira, 8 de maio de 2015

Garrafa Vazia esbanja 'litros' de punk rock

Fotos: Arquivo pessoal
A banda Garrafa Vazia é de Rio Claro, interior do Estado de São Paulo. Com muitos anos de estrada, a banda lançou recentemente o álbum "Back to Bacana". Devido a este fato, conversamos com os caras para saber mais sobre o trabalho e também como eles veem a atual cena, tanto no interior como no Brasil em geral. O papo na íntegra você confere abaixo.

Canibal Vegetariano: Vamos começar pela apresentação da banda: nomes, instrumentos, há quanto tempo estão juntos e houve alguma mudança na formação?
Hebert: O embrião do que viria a ser o Garrafa Vazia começou em 98, com o Mário Mariones (baixo e voz) e uns camaradas. A banda surgiu definitivamente em 2009, e em 2011 adotou a formação atual, comigo (Hebert) na guitarra e vocais e o Vadio comandando o batuque dos infernos.

CV: Quais são as principais influências da banda?
H: O punk rock 77 dá a tônica ao som da banda, mas cada um curte uma porrada de sons distintos, de Gories a Guilherme Arantes, e essa distinção nas influências acabam trazendo um gostinho de quero mais ao nosso som.

CV: Como rola o processo de composição das músicas e também das letras?
H: Rola de uma forma bem democrática. Geralmente o Mariones chega com as letras e melodias, aí nos os ensaios colocamos a “magia” de cada um, viradinhas malucas, solinhos propositalmente nas coxas e afins.

CV: Comentem sobre a cena de Rio Claro e cidades da região. Como está o atual momento para shows?
Mário Mariones: A cena de Rio Claro é fértil e 100% chapação. A cidade tem bandas fodas de punk rock, hardcore, metal, rock and roll. Posso destacar aqui algumas como Dezakato, Mordeth, Sacristia, Hal 9000, Marsh Gas. Do pessoal mais recente o Interceptor, Anguere, Funeral Sex, Carniceiro, Craniana, Coaggula, Head Bones, Delunes, Reagan, Foca Alada, o pessoal que toca em bandas de outras cercanias, como o Netão do Mullet Monster Mafia e o Matheus Campos do Krokodil. A cena é densa e prolífica, e o maior festival de Rio Claro é o Equinócio. Realizado anualmente, ele chega agora em sua décima quarta edição trazendo o Olho Seco e será uma grande honra para nós mais uma vez fazer parte do festival.
Já passaram por aqui Korzus, Ratos de Porão (em 2013, tocamos nesse dia, foi demais), Genocídio, Krisiun, só pra citar algumas. É um festival de caráter solidário, filantrópico que atrai uma legião de pessoas – e neste ano a entrada novamente será um litro de leite que será encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade. A Antiga Estação Ferroviária vai tremer dia 9 de maio a partir da uma da tarde. Outro festival bacana é o Rock Feminino, que em sua última edição trouxe o Girlschool, com apresentação única e exclusiva no Brasil por aqui.
As cidades do interior de SP estão pegando fogo. Sabe aquela coisa de buteco, praça, farmácia e vizinhança na calçada, velhos amigos trocando ideia, tomando uma, curtindo um som? E é foda não citar São Carlos como um dos grandes centros catalisadores de toda essa usina - particularmente para nós do Garrafa. Ponto de encontro de amigos e bandas fudidaças. Inclusive é lá que estamos gravando nossos últimos trampos, com os irmãos da Pé de Macaco S/A, uma produtora audiovisual fodida, que faz a diferença.


CV: Como vocês veem o surgimento de várias bandas, de diversas vertentes do rock, principalmente no interior. Isso pode contribuir para aumento do público e também de locais para shows?
MM: Sem dúvida. Muitas bandas do barulho estão surgindo. É o velho ciclo de gerações em contínua formação e transformação. Quase sempre de forma solidária e criativa. Como diria o Hugo Brito, do Hippies not Dead: “o underground é construção”.

CV: Qual a principal “enrascada” que vocês entraram e qual o momento mais positivo de vocês como banda?
MM: Vixi, rolaram várias. No quesito bad trip: tocamos algumas vezes em São Paulo e no ABC nesses anos, e numa delas foi um pouco tenso, com o pessoal falando que uma gangue ia jogar bomba no local do evento, então o ambiente estava realmente contendo uma apreensão extra (risos). Em outras praias já rolou de sermos boicotados em festivais, geralmente pelo pessoal da mesa de som, que dá aquela tesourada no volume, sei lá porque, mas tudo isso é legal, faz parte.  Outra ocasião engraçada foi de um sujeito que viu a gente tocar num festival bacana e logo depois a todo custo insistiu que queria “empresariar” a banda e tal, cheio de conversa que “tinha um escritório e vários contatos”, daí a gente virou e disse “opa, firmeza”.
Momentos positivos foram alguns, bem agradáveis! Tocar com o Cólera e o Biohazard no Araraquara Rock em 2010 (conversámos na época com o Rédson sobre a possibilidade dele produzir um CD do Garrafa, e as conversações estavam adiantadas), tocar no extinto Porão em São Paulo com os punks cantando junto e pogando sem parar – ANIMAL - tocar em Santa Gertrudes no Revolution Pub, num festival organizado pela gente com uma puta galera e o lendário Excomungados tocando na sequência, tocar em Minas Gerais num festival muito massa (World Trash, grande festival!) junto com o Hippies not Dead, dividir o palco com o GBH em Americana, as sonzeras insanas em São Carlos, um bailão alucinante em São José dos Campos, outro em Avaré (no aniversário de 20 anos dos brothers do Ratazana) um rolê mágico em Rio Claro na casa de uns amigos, ao lado do mestres do Retaliatory de Belém fechando a noite, tocar ao lado dos irmãos destruidores do Shitfun de Petrolina, Pernambuco... são muitos momentos que a gente guarda com a maior alegria e satisfação. A gente é sem frescura, tranquilão, o que vale é a intensidade e a broderagem, o chão é nossa casa.


CV: Quem é o público que os ouve?
MM: Do ouvinte “macro” ao “micro”, e “para todas as idades”. Penso que é a galera que curte aquele som toscão, divertidão, mas é difícil rotular: talvez seja o pessoal que ouça rock and roll em geral (ou não), metal, punk rock, aquele rock cachaça torto, ou que ouve um som mais cru e sem firula. E tem os doideira lá da gringolândia também.

CV: Quais as metas da banda para os próximos meses?
MM: Vamos gravar um trampo novo agora em junho. E vamos soltar mais um split de inéditas ao lado do lendário Hippies not Dead, banda fodida de São Carlos, irmãos atuantes no underground desde 1995.

CV: Grato pelo papo e deixo espaço para “merchan”, críticas e o que quiserem falar.
MM e H: Nós que agradecemos, brigadão pelo espaço! Sempre escutamos o Canibal Vegetariano, queria inclusive aqui deixar um abraço ao Vareta Baqueta do Ação Tóxica, que foi quem me apresentou (Mariones) esse grande programa radiofônico que faz a alegria da galera nas noites de segunda. O blog é bem bacana também, mesclando sonzera com cultura em geral, jornalismo de prima. E no mais é isso aí capetada: valeu pela força! Ouçam nosso novo disco, “Back to Bacana”, e aumentem o som que o pogo é o fogo, união e fuleragem sempre! Abração!
Facebook: https://www.facebook.com/pages/GARRAFA-VAZIA/206708446038506?fref=ts 

domingo, 3 de maio de 2015

‘Se o rock não rola tanto é por culpa do público que não valoriza as bandas desconhecidas’, critica Pirocca

Fotos: Divulgação
Não é zoeira, a afirmação acima é do jovem Pirocca, de prenome Arthur, guitarrista e vocalista da banda Bikini Hunters, de Veranópolis, cidade que fica na serra gaúcha. Além dele, fazem parte do time o baixista Lenon Peruzzo e o baterista Davi de Lima. Recentemente o power trio lançou seu primeiro registro e desde então tem chamado atenção das pessoas que gostam de ouvir bom rock e música honesta. Para saber mais sobre o trabalho dessa gurizada, conversamos com Arthur, escrever Pirocca pegaria mal, que deu uma geral na história da banda.

Canibal Vegetariano: Algo que chama atenção na banda é o nome. Ele tem algum significado?
Arthur Pirocca: Acho que ele fala por si só. Bikini Hunters, um nome descontraído e que mostra um pouco o nosso lado brega cafajeste. O nome surgiu quando ainda nem tínhamos ensaiado juntos, veio das nossas influências da surf music e do bubblegum, mesmo sendo bem difícil ver garotas de biquíni aqui na serra gaúcha, devido às temperaturas negativas e tudo mais (risos).

CV: Há quanto tempo estão na estrada? Já passaram por alguma mudança na formação?
AP: Bicho, quando fazem essa pergunta eu até fico meio tenso, porque já estamos com nove anos de banda. Temos uma demo bem tosca (mas que temos muito carinho por ela e a galera ainda pede para tocarmos nos shows) gravada em 2006! Claro que paramos várias vezes, voltamos e até então nunca tínhamos levado a sério. Posso dizer que a Bikini Hunters começou a existir de verdade no ano passado, quando decidimos que ou fazíamos algo (um disco, saíamos tocando por aí e tudo mais) ou nem valia mais a pena ficar tocando só por tocar. Essa é a terceira formação. Só resta eu da primeira (devo ser chato afú!). Todo mundo virou gente séria e eu continuo nessa maldição que é o rock. O primeiro a sair foi o Vini (baterista) que decidiu se tornou aviador e deu lugar ao Davi. Algum tempo depois o Lenon entrou na banda no lugar do Gordo, que decidiu deixar a banda para casar, adotar 28 gatos e estudar engenharia. Coisas da vida. As influências mudaram mas o baile segue.


CV: Vamos falar sobre o disco de vocês. Como rolou o processo de gravação?
AP: A coisa foi extremamente rápida e divertida. Nosso mestre, Davi Pacote, chegou a comentar que no ritmo que estávamos indo era um possível recorde do estúdio. Em um sábado gravamos todas baterias e baixos. No domingo estávamos de ressaca, chegamos tarde ao Hill Valley Studios mas gravamos todas guitarras, com algumas participações fundamentais, como a do próprio Pacote e do Akiro (um grande amigo nosso). No outro fim de semana estávamos gravando as vozes e aí surgiu o Sérgio (Caldas) da Motor City Madness. O cara toca em uma das melhores bandas do Brasil e nem por isso deixou de ser humilde ao extremo. Chegou lá e cantou, deu pitaco, tomou umas quantas geladas e passou o dia inteiro lá com a gente. Fizemos uma baita parceria e até tocamos juntos no final do ano passado. Foram três dias de total diversão e que deixou gostinho de quero mais, fazer um novo álbum para logo!

CV: Quais as influências para composição das músicas e como surgem os temas para letras?
AP: As influências musicais são diversas. O Lenon gosta de sujeira, Motorhead e Nirvana, por exemplo. O Davi gosta de uns hardcores podreiras, tipo Ratos de Porão, Mukeka di Rato, mas também é bastante ligado ao rockabilly. E eu sou bem eclético, mas sempre acabo deixando tudo soar com uma pitadinha de Ramones. Então, a coisa é “bemmm” diversificada sonoramente. Sobre as letras, chegamos em uma fase muito foda da banda que estamos fazendo muita coisa juntos. Alguém lança uma ideia ou alguma coisa que aconteceu entre nós e as coisas vão sendo escritas por nós três (sempre com algumas biritas na cabeça, mas isso é detalhe). Ainda acontece de um ou outro levar alguma canção quase pronta, mas no final a gente sempre conclui em conjunto as canções, sem muito apego para xingar a música do outro ou elogiar.

CV: Como está sendo o trabalho de divulgação deste trabalho?
AP: Acho que isso foi surpreendentemente animador para nós. Entramos em contato com alguns blogs depois que lançamos o disco e a coisa foi se tornando uma bola de neve, um blogueiro via o disco no blog do outro e divulgava e assim sucessivamente, tanto que o disco já saiu há algum tempo e ainda tem gente falando dele quase toda semana. No soundcloud são aproximadamente mil plays por mês e querendo ou não, isso anima demais banda. A internet proporciona essas coisas, faz rádios de lugares onde nem dá para imaginar tocarem o nosso som, faz pessoas totalmente desconhecidas virem nos conhecer para bater um papo e dizer que gostam das músicas. Enfim, acho que só depois do disco estar pronto conseguimos entender uma das coisas mais legais do rock, que é conhecer muita gente bacana e que gosta de som igual nós.

CV: Aproveitem e comentem como está a atual cena rock não somente no município de vocês, Veranópolis, mas também no Rio Grande do Sul.
AP: No nosso município o pessoal é chorão e preguiçoso. Uns reclamam que não têm chance mas nunca gravaram nada realmente relevante, outros vivem naquela maldita onda de fazer covers para poderem tocar por aí. Acho que ao mesmo tempo que tem várias portas abertas e é só correr atrás, o pessoal está um pouco acomodado; nós somos um exemplo disso! Olha quanto tempo ficamos praticamente “parados”, mas quando começamos a nos mexer as coisas começaram a acontecer. Bandas boas têm por todo canto aqui no RS, a citada anteriormente, Motor City Madness, é uma pedrada e estão rolando pelo Brasil todo, a Flanders 72 voltou de turnê na Europa não faz muito tempo, algumas bandas focam mais em tocar aqui no sul mesmo (Os Horácios, Júlio Igrejas, Os Torto), e vejo que tem várias bandas legais pra caramba que também estão gravando e correndo atrás, a Estive Raivoso é um exemplo delas. Enfim, acho que tem muita banda acontecendo e fazendo um som honesto aqui no Sul (e isso é o mais importante). Mas “eu também vou reclamar” e dizer que se o rock não rola tanto por aí, é por culpa do público que não valoriza as bandas “desconhecidas” ou de som autoral; preferem ver um cover, ou pagar ingressos caros para ver bandas “consagradas” antigamente e que hoje já não lançam mais nada de legal e fazem shows bem sem energia.

CV: Quais as próximas metas de vocês?
AP: Cara, deixa a “ceva” gelando que logo, logo estamos por aí um barulho (risos). Esse papo de nos largarmos por aí fazendo som é uma constante nos ensaios, deixamos o show redondinho e agora o foco é tocar. O disco foi uma grata surpresa e nos animou muito. Aquele medinho ou comodismo de não sair por aí para tocar por ser uma puta função (e acreditem, é!), não está mais rolando com a gente. Só queremos tocar em todo canto, finalmente percebemos que funcionamos assim, na pressão, marcando e fazendo as coisas e depois pensando nas consequências. Nunca botamos muita fé no nosso próprio som e acho que esse foi um grande erro, o que descreve bem isso, foi um dia que um de nós da Bikini, não lembro quem, estava com um disco físico nosso (sonho realizado) na mão e disse: “bichosss... se essa banda não fosse nossa, eu ouviria ela com certeza!”. Gostamos realmente do que fizemos, estamos felizes por estarmos tocando com bandas que curtimos para caramba e continuamos compondo sem parar. Achamos que os novos sons que estão surgindo estão ainda mais divertidos, têm um jeitão todo nosso (no disco que lançamos ainda dá pra perceber algumas coisas bem “ramônicas”). Então, queremos tocar sem parar até o fim do ano, para chegarmos lá e podermos gravar coisas novas e ainda mais legais.

CV: Agradeço pela atenção e deixo espaço para “merchan” e considerações finais.
AP: Nós é que agradecemos o apoio de sempre, é um enorme prestígio a Bikini Hunters ser curtida por um cara que entende tanto de som quanto tu. Então, vamoooosss ao business:
O Facebook é legal porque a galera dá umas risadas com as nossas asneiras, anda vindo um pessoal bater papo com a gente (e isso é foda demais!), têm bandas querendo marcar uns rolês juntos, galera comprando discos e camisetas, enfim, dá um “like” na “page” que coisa toda acontece lá: www.facebook.com/bikinihunters
E óbvio, aumenta todo o volume do teu som e ouçam a Bikini Hunters: soundcloud.com/bikinihunters
VAMOOOOSSSSSS NÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓSSSSSSSS!!!!

Impressões sobre o disco 'Bikini Hunters' 

São nove canções em 25 minutos, uma mistura de power pop com punk rock, assim pode ser definido o som do trio da serra gaúcha Bikini Hunters. Em seu primeiro álbum, a banda mostra várias influências ao longo das faixas que foram gravadas nos estúdios Hill Valley.

Das faixas que compõem o disco, o destaque vai para “Bárbara”, que tem os elementos citados acima e a letra é muito boa, os caras falam sobre uma garota argentina fã de Ramones. Outra que se destaca é “Hot rod king”, com participação do vocalista e guitarrista da Motor City Madness, Sérgio Caldas. Ele ainda participa das faixas “Não tive tempo” e “Tudo o que eu queria”. Além do responsável pela voz do Motor City, Akirão e Pacote também participam do disco com guitarras e teclado.

Como todo bom registro musical precisa de arte e boa gravação. A qualidade do trabalho é muito boa assim como a arte da capa mostra um pouco do perfil da banda, música para diversão. O encarte vem com todas informações e as letras para que o fã acompanhe junto com a banda as belas canções ali registradas. Para o primeiro registro feito de maneira independente, os caras merecem todos os parabéns e nosso respeito. 

sábado, 2 de maio de 2015

Galinha Preta e Olho Seco ‘arrebentam’ na abertura do ‘Maio Cultural’

Fotos: Canibal Vegetariano
O 1º de Maio, quando se comemora o ‘Dia do Trabalho’, foi de descanso e festa para muitos trabalhadores, menos para algumas pessoas que trabalharam na abertura do “Maio Cultural” em Bragança Paulista ou que foram ao local para fazer a cobertura do evento, como os casos de nosso camarada Will Edu e deste que escreve estas mal traçadas linhas.
Final de tarde de outono, temperatura amena e nós na estrada prontos para ouvir muito rock. Quando chegamos, a primeira banda escalada para tocar, Lesão Corporal, estava no final de sua apresentação e com isso não podemos tecer qualquer comentário a respeito da apresentação dos garotos.
E em eventos deste tipo sempre encontramos os camaradas de show e estrada. Enquanto os jovens bragantinos da banda “Ranho” se apresentavam, aproveitamos para pôr o papo em dia com German Martinez, do Raro Zine, e Diego do DuoFox, além dos camaradas do Merda e do Leptospirose. Com o som dos garotos ao fundo, notamos que a banda é boa e os guris têm jeito para o lance do “rock pesado”. Rodas e pogos foram vistos durante quase toda apresentação. Essa é uma banda que precisamos “ficar de olho”, pois promete.
Após apresentações de bandas locais, chegou a vez dos brasilienses da Galinha Preta. A banda que atualmente é um quinteto subiu e fez valer a espera de muitos por sua apresentação. Riffs de guitarra, bateria sendo espancada na medida certa e Frango, o vocalista, mostrou ótima performance como “band leader”.
Enquanto estiveram no palco os brasilienses fizeram a alegria de muita gente no Ciles dos Lavapés. Do repertório da banda os caras mandaram quase todos os sons e não faltaram as clássicas como “Padre baloeiro”, “Ninguém nesse mundo é porra nenhuma”, “Roubaram meu rim” e “Música de trabalho”, uma singela homenagem à maioria dos “engravatados” de Brasília que finge que trabalha. Show nota 10 e como tudo que é bom dura pouco, ficamos insatisfeitos, no bom sentido, pois queríamos mais sons da Galinha.
Mesmo com o final do show do quinteto, a quase fria noite de outono ainda prometia mais, afinal, uma das bandas mais clássicas do Brasil e da história do punk se apresentaria pela primeira vez em terras bragantinas, Olho Seco, com seus 35 anos de história.
No palco, o quarteto paulistano liderado por Fabião, como é mais conhecido, matou a sede de punk rock de garotos e pessoas de meia idade que cresceram ao som da banda. Com o público ensandecido, Fabião deu uma aula de carisma e a todo momento abaixava-se para deixar as pessoas participarem do show e cantarem com ele grandes clássicos como “Botas, fuzis, capacetes”, “Nada”, “Sinto”, “Olho de gato”, “Que vergonha” e o som que todos pediam a todo momento: “Isto é Olho Seco”.
Após uma avalanche de clássicos, restou-nos apenas pegar um registro com Frango, vocalista da banda Galinha Preta, que além de entrevista para o programa A Hora do Canibal, doou três CDs para a galera do Canibal Vegetariano. Ao final de tudo, estrada e um longo caminho até Itatiba, que cada dia mais parece uma ilha, pois em nossa cidade não temos eventos como este “Maio Cultural” que teve apenas seu primeiro dia. Até dia 31, Bragança Paulista terá shows, oficinas, workshops, debates, palestras, tudo em busca de fortalecimento de parcerias para que cada vez mais sejam valorizados os coletivos e grupos culturais daquele município.
Ainda sobre o primeiro dia de evento, é importante frisar que em um show como este é a qualidade de som, luzes e estrutura para realização dos shows foram impecáveis. O público compareceu em bom número e o evento foi muito organizado, tudo estava encerrado antes das 22h e não houve atrasos para apresentações. E o mais importante, todos se divertiram e não houve qualquer incidente. Que este festival sirva de exemplo para outros municípios.

domingo, 26 de abril de 2015

‘Presente de Natal’ aos apreciadores de rock e música instrumental

Fotos: Canibal Vegetariano
Nossa última visita ao Quintal do Gordo, em Campinas, rendeu ótimos frutos. Além de ouvirmos boa música, entrevistamos duas ótimas bandas que estavam de passagem pelo Estado de São Paulo. Além da Motor City Madness, conversamos também com Foca, guitarrista e tecladista da Camarones Orquestra Guitarrística que recentemente lançou o novo álbum “Rytmus Alucynantis”. Além do novo disco, falamos sobre turnês e divulgação do novo trabalho. Nas duas entrevistas tivemos o apoio do nosso sócio Will Edu.

Canibal Vegetariano: Cara, como rolou o processo de gravação do álbum “Rytmus alucynantis” e como está a divulgação deste trabalho?
Foca: Estamos no início da turnê, fizemos alguns shows de aquecimento em janeiro antes do lançamento do disco. Em fevereiro, no final do mês, lançamos o álbum e agora estamos em uma turnê pelo Sudeste. Além destes shows teremos mais 50 datas e vamos para o Norte, Centro Oeste e Europa. Somos uma banda de rock instrumental mas brinco que somos mais rock do que instrumental devido aos elementos que misturamos em nosso som e pelo lado festivo de nossa música.

CV: Como vocês veem a cena do interior paulista?
F: Hoje deve ser a região de mais fácil circulação durante a semana. Quando viajamos para cá tocamos todos os dias, segunda, terça quarta... tem grandes cidades próximas e isso facilita o trabalho e acredito que atualmente é um dos circuitos mais legais para tocar.

CV: Fale um pouco sobre a turnê que farão pela Europa.
F: Será nossa segunda viagem, em maio do ano passado fizemos 15 shows e este ano triplicou.  Desta vez faremos em duas etapas. Entre maio e junho vamos tocar em vários países mais dois shows, em Liverpool e Barcelona, são os que mais destacam-se. As datas estão bem legais e recebemos convites aleatórios para as apresentações. Na segunda parte, em setembro, faremos Alemanha, França, Suíça e Áustria. Para esta parte da turnê o convite partiu de nosso selo de Berlim.

CV: Há algum tempo percebemos que as bandas instrumentais estão em alta no país e vocês são uma prova. Como encara isso?
F: A vantagem de ser instrumental fora é que não teremos a barreira da língua. Quem canta em português às vezes não consegue espaço fora e quem toca aqui e canta em inglês às vezes não tem tanto espaço. Mas ser instrumental também pode ser limitado. Mas fazemos rock e nos últimos anos o Brasil apresentou inúmeras bandas instrumentais que não saíram do jazz do erudito e isso contribui com a popularização do som.


Impressões sobre “Rytmus alucynantis”

Pense em um disco que te faça rir, chorar, dançar, agitar e até mesmo filosofar. Agora, pense que você faz tudo isso sem ouvir uma palavra? Conseguiu? Se não, é porque ainda não ouviu a pérola que a banda potiguar Camarones Orquestra Guitarrística lançou em fevereiro deste ano, denominado ““Rytmus alucynantis”.
Com 11 faixas, o quarteto dá uma aula de rock’n’roll em pouco mais de meia hora de música que vai desde um rock direto e cru até mesmo a ska com leves pitadas de eletrônica tiradas de um teclado muito doido utilizado por Foca, que também é um dos guitarristas da banda. No novo álbum, os músicos mostram bom entrosamento assim como ocorre nos shows e a pegada em estúdio é muito boa e faz com que eles consigam reproduzi-la muito bem ao vivo. Dentre as canções, “Silêncio, barulho a vista”, “Apocalypso”, “Rytmus alucynantis” e “Down the ball” estão entre os destaques.
Assim como todo álbum de banda independente, na atualidade a qualidade sonora não deve em nada para bandas que sejam de gravadoras. A arte também é espetacular mas o mais importante de tudo são as canções e elas são simplesmente sensacionais. Se você ainda não tem, o que está a fazer que não adquiriu? 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O rock insano que vem dos pampas

Fotos: Canibal Vegetariano
 Depois de um hiato de dois anos, a banda gaúcha Motor City Madness lança seu segundo álbum, intitulado “Dead City Riot”. Lançado no início deste mês, a banda logo na primeira semana fez shows de divulgação do novo trabalho em shows pelo Estado de São Paulo. Acompanhamos apresentação da banda em Campinas e antes do show conversamos com o vocalista e guitarrista Sérgio Caldas que falou sobre o disco e outros assuntos referentes a banda.

Canibal Vegetariano: Fale sobre o lançamento do novo álbum?
Sérgio Caldas: Foi lançado em 6 de abril com 11 músicas. Depois de dois anos sem nenhum lançamento, trocamos de formação. Com isso resolvemos gravar o disco e “cair” na estrada, pois não há final de semana em Porto Alegre. Gravamos tudo em 12 horas e o disco está uma “pedrada”. É Motorhead na cabeça!

CV: Ao citar Motorhead, podemos dizer que é a principal influência?
SC: Cara, cada um curte um lance diferente na banda, um é metaleiro, outro curte stoner, eu curto muito punk rock, para caralho, trash velho... Mas temos algumas coisas de MC5, vocais podres, gritos, mas neste novo disco tem algo de Radio Birdman entre outras bandas. Ao todo o novo álbum dura 23 minutos com 11 músicas.

CV: O disco será lançado em CD?
SC: Depois do ensaio conversávamos sobre isso e fomos para minha casa onde rolam as promoções. Durante o papo, vimos que rolava promoção de passagem aérea e marcamos os shows no interior de são Paulo. Depois disso gravamos e mandamos ideia para o (Daniel) ETE fazer a capa e de repente lançamos em formato virtual e temos o físico também. Quando decidimos fazer o disco tínhamos nove músicas prontas. E o mais louco é que marcamos o lançamento antes de gravá-lo.

CV: Por que escolheram lançar o disco no interior do Estado de São Paulo?
SC: Cara, temos experiências anteriores e aqui tem uma parada legal e nos sentimos em casa. Tocamos em Sumaré e parecia que estávamos em casa. Em Sorocaba rolou em um bar com churrasco e agora o Quintal do Gordo (Campinas). O lance é tocar o máximo possível longe de casa pois sentimos que a galera tá meio carente desse “rock pau duro”, em que a banda chega vomita e vai embora, meia de show e já era. Essa é a parada e temos divulgação na internet e deixamos claro que se alguém colocar 50 pessoas, junta os amigos, eles pagam a viagem. Além de tocar, conseguimos divulgar o disco e mantemos a banda.

CV: Como está a cena no Rio Grande do Sul?
SC: Cara, tá uma bosta! Teve uma época bem boa de Porto Alegre, em que foi chamada “terra do rock”. Atualmente temos umas bandas legais como Bikini Hunters, Phanton Powers, Big Flamingos que fazem a gira direto conosco. Mas tem muito cover, essa punheta que deixa nego acomodado e se não for isso o cara pensa que não dá público. Tocamos direto, mas não tem tanta gente que faz o “corre” como antes. A cada cinco anos o público muda. Temos as mídias, temos que divulgar para a molecada, não para meus amigos bancários, administradores. Mesmo assim levamos as bandas, tentamos o Drákula, quem sabe eles irão.

CV: Agradecemos o papo e vida longa ao Motor City...
SC: Cara, agradeço mais uma vez o espaço no blog e no programa, sempre é bom voltar a Campinas, onde temos muitos amigos. Aproveito a oportunidade para dizer aos caras que continuem com o trampo... vai dar merda, vai gastar dinheiro, vai brigar com a mulher, a mãe vai xingar, mas se a parada for verdadeira dará certo. Tu não irás ficar milionário mas terá muita experiência de vida. Ouça as bandas que tocam no programa e comprem nosso novo disco.

Impressões sobre ‘Dead City Riot’

Em entrevista ao blog e ao programa A Hora do Canibal, Sérgio Caldas, vocalista e guitarrista da Motor City Madness definiu de maneira bem interessante o som que sua banda faz: “rock pau duro”. Se isso quiser dizer bateria sendo espancada, ótimos riffs de guitarra, baixo preciso e com “peso”, ele tem toda razão. Afinal, em pouco mais de 20 minutos os caras botam para quebrar em 11 faixas.
Dois anos depois do lançamento do primeiro álbum e com Fabian Steinert como novo guitarrista, os caras apresentam maturidade e fúria ao mesmo tempo. A maturidade pode ser explicada pois não há nada solto no novo disco, ele é o que chamávamos há alguns anos de “disco conceitual”. Se tu quiseres saber o que é, não vamos entregar o jogo, terás que ouvir cada faixa, cada riff, cada passagem de baixo e virada de bateria. Entre as faixas, difícil citar uma que seja destaque, não há, todas te deixam sem fôlego com dores no pescoço.
Sobre a parte técnica é dizer que tudo está em seu lugar, o álbum foi muito gravado e este disco passa sentimento, causa impressão que foi gravado ao vivo, qualidade para ninguém reclamar e não dever nada para qualquer banda ou gravação estrangeira. Outro ponto positivo é a arte. Outro ótimo trabalho do “mestre das caveiras” Daniel ETE, com andarilhos, mortos-vivos e todo belo caos que sua arte retrata. Por isso, não perca mais tempo e adquira já o seu antes que acabe! 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Promoção ‘monstro’ no programa A HORA DO CANIBAL

 Galero, em maio o programa A HORA DO CANIBAL, em parceria com o blog Canibal Vegetariano e Rádio Click Web, entregará prêmios aos ouvintes e leitores.
Duas pessoas com sorte serão presenteadas por meio da promoção “Em maio todo mundo janta pipoca na minha cidade”. Para participar basta enviar e-mail para zinecanibal@hotmail.com com uma frase bem tosca, foto, vídeo, montagem ou qualquer outra parada. Para receber o prêmio a pessoa terá que ser criativa em relação ao quesito pipoca. Envie quantos e-mails quiser, não há limite para o absurdo.

Na última segunda-feira de maio, 25, serão conhecidos os vencedores. Ressaltamos que para ganhar em nossa promoção vale originalidade e tosqueira. Veja o que poderá receber: 1 camiseta e 1 CD da banda Bikini Hunters de Veranópolis/RS; 1 CD da banda Regredidos do Macaco, 1 da banda Perturba, ambas de Várzea Paulista/SP, 1 CD da Labataria de Campinas/SP e 1 da banda Eyes of Gaya, Itatiba/SP.
Caso você não more em Itatiba, receberá os brindes sensacionais no conforto de seu lar totalmente grátis. Envie já seus e-mails amiguinhos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Mozine fala sobre novo disco da Mukeka di Rato

Fotos: Canibal Vegetariano
Fábio Mozine, baixista da banda capixaba Mukeka di Rato e dono da querida Laja Records, atendeu pedido do fanzine/blog Canibal Vegetariano e respondeu algumas perguntas sobre o novo trabalho de sua banda, "Hitler's dog Stalin rats". Ao final do papo você pode conferir resenha do novo álbum do quarteto.

Canibal Vegetariano: Moz, nos explique como surgiu este tema para o novo álbum de vocês. Por que “Hitler’s dog Stalin rats”?
Fábio Mozine: Desde sempre, desde 1995, o crust foi um estilo muito presente na vida dos integrantes do Mukeka di Rato, tanto que o nome da gravadora é Laja, com trema, etc.  Sempre fizemos mais músicas nessa pegada em todos os nossos discos, mas sempre com as outras influências do Mukeka presentes, algumas mais distante como tipo “uns Nirvana”, que a gente escutava. Também escutava bandas como Operation Ivy, por isso tentava fazer uns skazinhos, etc. Quando decidimos fazer um disco focando mais no grind, no crust, eu andava lendo muito sobre segunda guerra mundial, tava cheio de livros, aí emprestei alguns para o Sandro (vocalista), incluindo um que faz um breve resumo da segunda guerra e um que fala especificamente sobre a polícia secreta de Hitler e também um sobre Stalin.  Depois daí apareceu a letra do Sandro, e atualmente, nessa guerrinha nojenta de classes que temos vivido em nosso país, acho que coube com uma luva.

CV: Das 8 faixas, a maioria é em inglês. Algum motivo especial?
FM: Nenhum motivo. Não queremos vender mais lá fora, inclusive penso que gravadoras lá de fora até preferem as bandas que cantam em português, não vamos fazer tour lá fora, porque não temos tempo nem tanta disposição... ou seja, foi apenas por vontade própria mesmo, para testar, tentar, ver como ia soar, etc. 

CV: Como rolou o processo de gravação desse disco? Em comparação com os outros ele é mais “rápido” e “pesado”.
FM: Esse lance do rápido e do pesado não foi definido no processo de gravaçãoo e sim no processo de criação e concepção do disco.  Na gravação apenas colocamos em prática nossa ideia, que foi extremamente bem captada e aceita pelos irmãos Fernando e Daniel Ganjaman.  Tivemos que abrir mão de alguns avanços tecnológicos, alguns conceitos de gravação, de timbragem, usamos alguns microfones que não são usados, tudo isso pra chegar exatamente aonde a gente queria, inclusive, utilizando som de linha numa guitarra, e por aí vai...

CV: A versão que fizeram para “Guerra desumana” do Ratos de Porão ficou muito boa. Como rolou essa escolha? E a participação de João Gordo em “Full metal jacket”?
FM: O Gordo está em constante contato conosco, mas principalmente comigo pelo fato de trabalharmos muito com o RDP (Ratos de Porão) e Laja.  Então o contato com ele para fazer a “Full metal jacket” foi bem fácil.  Em relação ao cover caiu como uma luva também. Haviam sete músicas e eu achava pouco, então buscamos um cover, sempre foi vontade gravar Ratos e essa música também seria usada para tributo ao RDP volume 2, então juntou tudo.

CV: Como está sendo o trabalho de divulgação? Haverá turnês deste novo trabalho? Viagens ao exterior?
FM: Não fazemos mais viagens ao exterior com o Mukeka di Rato, acho muito improvável que haja novamente uma tour do Mukeka fora do Brasil.  Também não fazemos mais tours no país, o que vai acontecer são shows nas capitais, principalmente aos sábados.  Já temos convite para tocar em praticamente todos os locais e em breve vamos começar a marcar as datas.


CV: Quais os próximos projetos da Mukeka di Rato?
FM: No meio desse ano vamos gravar um split 7” com a banda Tropiezo, de Porto Rico.  Esse 7”  será lançado apenas nos EUA (Estados Unidos), mas óbvio, vai ter cópias por aqui para distro.  Já temos também parte da concepção do nosso novo disco que vai se chamar “40 carnavais em uma noite” mas não tenho nem ideia do que pode sair daí, nem quando. Alguns amigos que acompanham a banda há muito tempo gostaram muito desse disco novo, afirmam ser o melhor, porém, alguns fãs do Mukeka não gostaram muito, ou não entenderam, ou não conhecem essas referências ou simplesmente não gostaram mesmo do “Hitlers”.  Bom, tenho medo do que essas pessoas vão achar do 40 carnavais...



Impressões sobre ‘Hitler’s dog Stálin rats’
Läjä Records

Um Mukeka di Rato mais rápido e agressivo, assim pode ser definido o novo disco do quarteto capixaba, denominado “Hitler’s dog Stalin Rats”. Ao todo são oito faixas em pouco mais de 14 minutos.
A faixa de abertura do disco que dá nome ao álbum é uma “porrada na orelha”, como diz Gastão Moreira, a música é uma das mais lindas já compostas pela banda. Peso, fúria e agressividade na medida certa que ao vivo deve fazer com que a galera abra enormes rodas de pogo.
E assim segue o álbum, com guitarras distorcidas e com uma “sujeira” que não é comum ouvir em gravações atuais. Os vocais de Sandro seguem a linha mais “porradaria brutal” e apresenta uma fúria jamais imaginada. As letras, a maioria está em inglês mas há músicas em português espanhol e italiano. Outros pontos positivos são a participação de João Gordo, vocalista do Ratos, na faixa “Full metal jacket” e a versão do Mukeka para “Guerra desunama”, do RDP.
Sobre a gravação e o trabalho no estúdio basta dizer que tudo está muito nítido e um instrumento não encobre o outro como pode ocorrer. Gravação de primeira qualidade. A arte da capa é algo obscuro e tem tudo a ver com a proposta musical apresentada pela banda. Se você ainda não tem esse disco, corra para loja mais próxima de sua casa ou faça o pedido direto com a Läjä Rekords pelo e-mail: lajarex@uol.com.br 


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Manifestação roqueira no Quintal do Gordo

Fotos: Canibal Vegetariano
Enquanto muita gente saiu às ruas no domingo (12) para pedir a saída de Dilma Rousseff (PT) do governo, nós do Canibal Vegetariano deixamos essa pseudomanifestação de lado e fomos ao Quintal do Gordo, em Campinas, onde haveria apresentação de três ótimas bandas do cenário independente nacional: Drákula (Campinas), Camarones Orquestra Guitarrística (Natal) e Motor City Madness (Porto Alegre).

Antes que alguém escreva bobagens ou ofensas contra nós, deixaremos bem claro que não aprovamos o governo de Dilma mas acreditamos que a saída dela ao invés de melhorar pode piorar ainda mais pois não sabemos as reais intenções de quem está por trás desse manifesto.

Deixemos isso de lado e vamos ao que interessa. Noite de outono muito agradável em Campinas e antes das apresentações da banda, falamos com Sérgio Caldas, vocalista e guitarrista da Motor City Madness, Foca, guitarrista e tecladista da Camarones e com o anfitrião Felipe Gonzales, dono do Quintal do Gordo.

Após entrevistas marotas que rolarão no programa A HORA DO CANIBAL e também neste blog, fomos conferir o rock’n’roll. A primeira banda a se apresentar foi a gaúcha Motor City Madness. Há uma semana os caras lançaram o segundo álbum denominado “Dead city riot”. E o que esperávamos ocorreu. Os caras mandaram em pouco mais de meia hora uma seleção absurda de rocks do novo disco e também da “bolachinha” de estreia. Com muitos riffs, baixo preciso e bateria sendo espancada, os gaúchos foram ainda melhores do que a primeira vez que se apresentaram em Campinas há dois anos.


Depois de uma aula de rock, a segunda banda foi a Camarones. Vimos a apresentação dos potiguares em setembro do ano passado em Bragança, durante o Cardápio Underground, e no domingo o que havia nos surpreendido de maneira positiva desta vez foi ainda mais. O clima no Quintal estava muito quente e o quarteto com seu rock instrumental não deixou a galera parada e mostrou porque os gringos estão de olho neles e passarão muito tempo em turnês pela Europa ainda este ano. Rock com alma e competência, esta é a marca da banda que fez uma apresentação ainda melhor do que vimos há alguns meses.

Após dois shows que nos deixaram de “queixos caídos”, a banda encarregada de encerrar a excelente noite de rock foi a campineira Drákula. Em casa e com torcida/plateia a favor, os campineiros fizeram um show certeiro, com pegada mais punk do que o normal e desfilaram vários sons conhecidos e a música “Massacre a meia noite” que estará no novo álbum que está prestes a ser lançado. Com o flerte entre punk, surf e garage rock, o Drákula é uma das melhores bandas nacionais em ação com a volta de “Lobisomem” atrás dos tambores, o quarteto mascarado, no bom sentido, ficou com um tom nostálgico e ao mesmo tempo um frescor de que o rock dos campineiros tem muitos frutos para dar.

Com três ótimos shows, nosso camarada Eduardo Wish, da banda Regredidos do Macaco, fez um comentário muito feliz ao final das apresentações: “com tanta banda boa que temos, ainda somos obrigados a ouvir que o rock morreu”. Ele tem razão, uma declaração como esta só pode vir de pessoas não acompanham as bandas independentes, pois música boa temos, basta a pessoa ter um pouco de vontade e ir atrás de informações. Ao final, só nos restou voltar para casa e pensar nos próximos shows que virão. 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Rock do Nordeste ao Sul do Brasil: Quintal do Gordo é a parada


Diego Marcel
Unidos pelo rock, três bandas de diferentes regiões do país se apresentam neste domingo (12) em Campinas. Os anfitriões da cidade, Drakula, recebem o Camarones Orquestra Guitarrística de Natal/RN e Motor City Madness de Porto Alegre/RS. 
Os visitantes voltam a Campinas para o lançamento de seus novos discos, os potiguares seguem em turnê do trabalho “Rytmus Alucynantis” lançado fisicamente na América Latina e Europa, já os gaúchos do Motor City Madness promovem o álbum “Dead City Riot” lançado virtualmente esta semana na internet.

Além da apresentação das três bandas haverá discotecagem com discos de vinil e venda de material independente.

Serviço:

Data: 12/04/2015(domingo) 
Horário: a partir das 16h
Ingressos: R$ 13 (somente no local)
Local: Quintal do Gordo
Endereço: Rua 7 de setembro,553 Vila Industrial, Campinas/SP Evento no Facebook: http://goo.gl/ZsX42B

Marino Pietro                                                                                                                                                                        Doni Maciel

Caso ainda não conheça o som das bandas, acesse o link para ouvir o programa 227 d'A HORA DO CANIBAL onde rolou músicas e comentários sobre este evento. http://ahoradocanibal.podomatic.com/entry/2015-04-06T20_48_19-07_00

domingo, 22 de março de 2015

Histórias sobre dono de loja de disco e seus clientes

Arquivo Pessoal
Galero que acompanha o zine/blog Canibal Vegetariano, atenção. Em algumas publicações, vamos relembrar textos de André Fiori, dono da maravilhosa loja Velvet CDs, na 24 de Maio, em São Paulo. Há pouco mais de 10 anos, Fiori escrevia uma coluna que chamava-se "Atrás do Balcão", na revista Zero, uma das melhores a aparecer no mercado editorial nacional.
A ideia de publicar esses textos surgiu como uma homenagem a essas pessoas valentes que seguem com suas lojas. Para quem não sabe, a pessoa que escreve essas mal traçadas linhas já foi gerente de loja de discos e dono de uma, mas ambas faliram, vejam quanta competência deste cidadão. Mas a Velvet segue firme e vamos trazer a vocês ótimas histórias de pessoas que frequentam lojas de discos.

Comprando na surdina

Por André Fiori

O músico Jools Holland, que apresenta um dos programas mais legais da TV inglesa, disse uma frase curiosa: "pessoas em uma loja de discos são como 'junkies' atrás de uma picada". Exagerou, mas não esté de todo errado. Quantas vezes você já se deparou olhando para sua pilha (geralmente enorme) de CDs e LPs e disse para si mesmo: "putz, não tenho nada para ouvir".
Só que o assunto que trataremos aqui é outro: o drama das pessoas que precisam comprar CDs escondido. Sim, isso existe. Muitas vezes, na hora de fazer uma encomenda, quanto anoto o telefone, a pessoa avisa: "olha, quando você ligar, para avisar que chegou, não diga que é da loja de CDs, inventa qualquer outra coisa."
Os motivos são vários. A esposa que não pode saber que o sujeito está gastando. A mãe que não quer que o filho "gaste dinheiro com besteiras". A namorada que pensa que o cara economiza para casar. Gente insensível, que nem desconfia que música é gênero de primeira necessidade. As desculpas são muitas. Na maioria das vezes, na hora de ligar, digo que "sou amigo da faculdade", ou do colégio. Neste aspecto, o advento e-mail veio bem a calhar.
É mais comum do que você imagina o cliente que, após voltar da loja para casa, precisa criar os mais intrincados esquemas para não dar bandeira. O procedimento mais comum é o do "cd emprestado: "esses CDs aqui? Ah, são emprestados." Depois é só esperar um tempo, jogar na estante, que passa batido.
Em casos de exagero, periga não dar certo. A mãe de um conhecido nosso acabou percebendo: "mas filho, se você não compra mais discos, como é que essa pilha não para da crescer?" Houve o caso daquele que criou um zine e começou a enviar CDs para ele mesmo pelo correio. "é o pessoal mandando CDs para eu resenhar no zine". A criatividade não tem limites.
Tem aquele caso de um cara que chegava em casa sempre com um amigo, que levava a sacolinha. Ele entrava sozinho, sem nada em mãos, ia até o quarto e abria a janela. O amigo dava volta escondido pelo quintal, chegava embaixo do quarto e passava os preciosos disquinhos pela janela, que ginástica.
Outro cliente na hora de marcar o valor no canhoto do cheque, ficou pensativo: "humm, deixa eu ver o que vou marcar aqui. Minha mãe fiscaliza meu talão, não posso escrever cd, se não vou ouvir pra caramba. Já sei: 'calça, 30 reais'." Aí tive que intervir para ajudar: "não acho boa ideia, sua mãe vai perceber que você não comprou uma calça." A solução mais comumente usada nesses casos é riscar um X no canhoto e escrever "cheque preenchido errado."
O caso mais triste que temos notícia é de um cliente, em fase de marcação cerradíssima da esposa, que comprou o box de 4 CDs do Crosby, Stills e Nash. Como era ítem grande e chamativo, ele não teve dúvidas: jogou fora a caixa e ficou só com os CDs separados, que não ocupariam espaço e passariam desapercebidos. Nosso amigo preferiu essa opção a criar uma crise em seu casamento. Um verdadeiro mártir.
Bem, imagino que com esta coluna tenha estragado os principais esquemas de camuflagem das aquisições. Peço desculpas, juro que não foi minha intenção. Tenho certeza que vocês conseguem imaginar novas e criativas formas de não "dar bandeira."

André Fiori é dono da loja Velvet CDs. Texto originalmente publicado na edição 4 da Revista Zero  

quarta-feira, 4 de março de 2015

A quem interessa o impeachment?

O Brasil, assim como outros países, vive um momento que podemos chamar de crise. Com o descontentamento imediato da população, algumas pessoas pensam que a solução de todas nossas mazelas está em pedir a cabeça de alguém e rapidamente a presidente Dilma Rousseff foi eleita para ter seu cargo na alça de mira. A palavra mais ouvida nos últimos dias é que a presidente tem que passar pelo impeachment.
Dilma talvez não seja a presidente dos sonhos de muitos brasileiros, a eleição do ano passado deixou isso muito claro, mas o que será que motiva muitas pessoas a pedirem sua saída após dois meses de seu segundo mandato? Quais as reais intenções para ver a presidente fora? Claro que o governo erra, não há pessoa que não cometa erros, mas será que os erros dela são maiores do que outros que passaram pelo cargo? Isso também não justifica, sabemos que é tão criminoso aquele que rouba um milhão quanto aquele que rouba um real, mas porque diferenciamos tanto a maneira como lidamos com isso?
Outro ponto que é preciso destacar é que atualmente não vivemos em um regime ditatorial e sim democrático. Dilma não governa sozinha, temos ministros, existe o Senado, a Câmara dos Deputados, temos governadores, prefeitos e vereadores. E o atual momento de crise que vivemos, com tantos para mandar, a culpa é somente da presidente? Será que a população ao tirá-la de seu cargo, todos nossos problemas serão resolvidos da noite para o dia? E qual parcela de culpa de cada cidadão nesta atual crise que vivenciamos?
Apontar para alguém e afirmar que ela está errada é uma atitude simplista e fácil demais, mas será que enxergamos a situação por todos os ângulos possíveis para tentarmos realmente detectar o que ocorre? Quando temos tantos problemas é preciso analisar a situação por seus vários pontos de vista e também olharmos para o passado.


É inevitável as comparações com outros governantes e períodos, é através da análise da história que podemos evitar erros cometidos em outrora. Dilma inicia seu segundo mandato com muitos problemas e muitos reclamam que ela enganou a população durante sua propaganda eleitoral. Mas quem viveu em 1999 lembra-se que o início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC) também foi muito conturbado. A crise pela qual passamos àquela época foi parecida com a atual ou até pior, mas ninguém falou em impeachment.
O argumento de que a corrupção nunca foi tão grande como o momento atual também é infundado. Talvez nunca tenha sido tão divulgado os casos ocorridos como neste período e também talvez nunca houve tanta apuração. Como vamos acreditar que os governos militares não foram tão corruptos quanto o atual se no auge da ditadura, jornais eram impressos com receita de bolo pois nada podia ser publicado?
Dizer que existe somente um culpado pode ser um grande erro que cometemos pois já paramos para pensar, caso a presidente deixe seu cargo, em quem irá substitui-la? Muitos dizem em uma nova eleição, mas quem seriam os candidatos? Será que não há pessoas interessadas em ‘golpismo’ por trás de tudo isso? A quem interessaria um novo pleito eleitoral? O que teríamos de novo?
Como poderemos deixar o país nas mãos de um congresso tão ruim quanto o atual? E por que não se discute as situações dos estados? A atual situação do Estado de São Paulo, considerado o mais desenvolvido da nação, também é muito ruim. Estamos a poucos meses de um colapso no abastecimento de água, denúncias de corrupção também são realizadas e escândalos tão ignóbeis quanto os casos da Petrobras e do BNDES. Por que ninguém mais comentou sobre o desvio na construção do metrô? E os envolvidos no caso Alstom? Havia até secretário do governador sendo investigado. E a situação do povo do Paraná, a greve dos professores, os cortes em benefícios aos trabalhadores e nos investimentos nas instituições públicas de ensino?
Será que somente a Dilma é culpada por tudo isso? Será que este momento de crise não servirá para o povo ir às ruas para cobrar melhorias e dar apoio a todas as investigações em casos de corrupção? Por que não cobrar a própria mídia, todos têm um lado, mas a maioria teme em assumir posição, ao invés de simplesmente pedir a cabeça de alguém? Por que não acompanharmos mais próximos os trabalhos dos deputados e senadores? Por que não sermos mais ativos em participações populares?
Em nossa vã filosofia, esquecemos que quando apontamos um dedo para alguém, há quatro apontados para nós. O atual governo errou, erra e ainda errará mais vezes, mas todos nós erramos. E que nosso erro que está prestes a vir não nos tire de nosso caminho e vale lembrar: se queremos mudanças e reformas, é preciso bagunçar tudo antes. O Brasil vive um momento em que podemos passá-lo a limpo. Chega de sermos “massa de manobra” vamos pensar por nós mesmos. Nenhuma construção inicia-se pelo telhado e sim por uma base sólida. Só teremos um país melhor quando nossas cidades forem melhores. E para que isso ocorra, cada um precisa fazer sua parte, chega de deixar as decisões somente nas mãos de políticos, pois há muitos “politiqueiros” que estão apenas preocupados com seu próprio benefício. Não há nada tão ruim hoje que não possa piorar, nem toda evolução é positiva, pense nisso. 

domingo, 22 de fevereiro de 2015

O punk que vem da terra do descobrimento

Divulgação
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles desembarcaram onde atualmente conhecemos como o estado da Bahia. E a chamada terra de todos os santos é conhecida também como berço do axé music, mas sempre tem aquelas pessoas que subvertem a ordem estabelecida. Dois roqueiros muito famosos saíram de lá, Raul Seixas e Marcelo Nova, mas os punks também têm seus representantes, Pastel de Miolos. Para conhecer mais sobre esta banda, conversamos com seus integrantes.

Canibal Vegetariano: Para começarmos, apresentem a banda, nomes, instrumentos e houve alguma troca de formação desde o início?
Pastel de Miolos: Guitarra e voz: Alisson PDM, baixo e voz: André PDM e bateria: Wilson PDM. Nós tocamos durante 17 anos com Alex Costa no baixo e voz, e por dois anos (2000/2002) com Robson Peixoto na 2ª guitarra, mas em momentos diferentes eles saíram e são todos bons amigos da banda.

CV: O nome da banda é sensacional, de onde surgiu essa ideia?
PM: Fizemos uma lista de nomes diferentes, mas o que mais nos agradou foi Pastel De Miolos, primeiro pela sonoridade, depois fomos descobrindo os vários sentidos que ele pode ter (a música que leva o nome da banda dá uma “deixa”).

CV: Quais as bandas que os influenciaram e quais vocês mais ouvem atualmente?
PM: Sempre ouvimos muito HC/Punk, Cólera, Olho Seco, Social Distortion, Dead Kennedys, Ramones, Inocentes e continuamos ouvindo e nos influenciando. Mas depois de 19 anos fomos descobrindo outros sons e batidas. Eu hoje escuto também algumas coisas mais alternativas como Pixies e Dinosaur Jr. Enquanto os caras escutam coisas de ska (Madness, Skatallites, etc.) ou metal (Nuclear Assault, Sepultura, etc.). Por aí vai, acho que é sempre interessante conhecer sons novos e bandas novas, ou velhas que nem sempre se tem oportunidade de escutar.

CV: De Lauro de Freitas para o mundo. Como é ter uma banda punk em um estado no qual a maioria pensa que existe apenas um estilo musical que é o axé music?
PM: Na agricultura existe o conceito de monocultura e já se provou que ela só faz mal pro solo a médio e longo prazo. É o que acontece aqui na Bahia. Existe essa imposição da axé music como única linguagem possível e aceitável. Mas a gente tem buscado romper essa barreira, a do impossível. Vamos fazendo não pra ser aceitos mas porque representamos, junto com outras bandas, uma resistência. E ultimamente eu tenho dito que o rock/punk também é música baiana, já que o rock brasileiro nasceu na Bahia com Raul Seixas.



CV: Como é a cena underground na Bahia? Quais os locais nos quais vocês mais tocam?
PM: A cena é cíclica, passa por momentos de alta, depois de baixa, depois se recicla e fortalece de novo. Estamos ficando mais fortes e organizados aos poucos, e isso está se refletindo em bandas mais consistentes e eventos diversificados e com mais público. Tocamos bastante em Camaçari e Salvador, mas também rola uma movimentação bem legal em Feira de Santana, Barreiras, Juazeiro, Agreste baiano, Vitória da Conquista, Região Sul da Bahia, meio complicado citar, mas em cada região existem bandas e produtores interessados.

CV: Vocês já lançaram vários registros durante a carreira. Qual disco que vocês mais gostam e qual pensam que poderiam melhorar algo? Por quê?
PM: Cada um representa um momento então eu não mudaria nada, porque tenho muito orgulho de nossa história. Gosto muito do mais recente Novas Ideias, Velhos Ideais (2014) e do Ciranda (2009) que foi eleito o quarto melhor álbum do rock baiano no ano em que foi lançado.

CV: Comentem sobre o rolê que fizeram recentemente pela Europa. Vocês tocaram no leste, local no qual situação anda meio tensa. Como foi a recepção dos europeus ao som do Pastel De Miolos?
PM: Nós nem sentimos essa tensão, pois viajamos por países que apesar de fazer fronteira com esses que estão em conflito, nós estávamos geograficamente do lado oposto aos lugares desses acontecimentos tristes. A recepção foi muito boa, o público agitou muito, vendemos camisetas, CDs e bonés, além de termos recebidos vários convites pra retornar no ano que vem. Acho que isso é um ótimo termômetro do que rolou por lá.

Divulgação

CV: Quais os próximos passos da banda?
PM: Continuar tocando e começar a pensar no ano que vem quando completaremos 20 anos de atividade, o que vamos fazer pra comemorar.

CV: Qual a principal diferença que vocês veem na cena underground nacional quando vocês começaram para agora?
PM: A principal diferença é a forma de se comunicar, antes esperávamos até um mês por uma resposta que temos hoje de maneira quase imediata. Mas hoje como ontem temos pessoas comprometidas que acreditam na força do underground e continuam na batalha assim como nós.

CV: Agradecemos pela entrevista e deixamos espaço para considerações finais. Abraço.
PM: Obrigado pelo espaço! Não tem segredo, é organização, ensaio e persistência. Nos encontramos na estrada!
Mais informações;
http://pasteldemiolos.wordpress.com/
Para saber mais sobre a turnê dos caras pela Europa acesse:
http://pasteldemiolos.wordpress.com/europeantour2014/

domingo, 15 de fevereiro de 2015

The Anomalys e Drakula se apresentam em Campinas

Fotos: Divulgação
No sábado (21), Campinas recebe a banda holandesa The Anomalys, pela primeira vez na América do Sul. Os holandeses já se apresentaram no Chile, Argentina e Uruguai. Considerados um dos principais nomes do garage rock mundial, o trio formado em 2006, em Amsterdam, possui na bagagem diversas apresentações nos principais festivais europeus e estadunidenses como SXSW, Burning Man e Gonerfest. A abertura do show fica por conta da banda campineira Drakula e do dj estadunidense Pete Slovenly, que promete colocar todos para dançar com o melhor do punk, soul, garagem, rhythm & blues.

BANDAS
The Anomalys é uma banda de rock’n’roll primitivo de Amsterdam, Holanda, especialistas em festas totalmente destrutivas! O som psicótico e imprevisível desses três monstros altíssimos já fez enlouquecer multidões de Istambul a Las Vegas.
Após lançarem seu primeiro álbum em 2010 pelo selo norte americano Slovenly Recordings, eles fizeram diversas turnês pelo México e Estados Unidos - com apresentações em festivais como SXSW, Burning Man e Gonerfest -, além de muitas outras pela Europa.
Assista aos seus vídeos, ouça sua música e descubra porque eles têm sido chamados de “uma das bandas mais selvagens da Europa” - mas, claro, é sempre melhor conferir eles ao vivo!
Facebook: http://www.facebook.com/the.anomalys

Música:
http://slovenly.bandcamp.com/album/the-anomalys-self-titled-lp
http://slovenly.bandcamp.com/album/the-anomalys-retox-ep
http://slovenly.bandcamp.com/album/the-anomalys-deadline-blues-ep
Download em alta definição do Clipe "Retox" - http://goo.gl/WUO3hV
Vídeos:
http://youtu.be/pcYrXQaarfo
http://youtu.be/0dQivCtJRjU
http://youtu.be/TbtdBoq0B_A

O Drakula é formado por quatro figuras que usam máscaras de lucha libre mexicana, fundada em Campinas no ano de 2006 mistura rock, punk, surf, garage e terror. Possuem três discos de estúdio: O Inferno com Í maiúsculo (2007), Comando Fantasma (2009) e Vilipêndio a Cadáver (2011).
Já se apresentaram em quatro das cinco regiões do país, entre shows e festivais dividiram o palco com importantes nomes da música internacional e nacional, entre eles Agent Orange, The Dickies, The Vibrators, Phantom Rockers, Motosierra, Matanza, Mukeka di Rato, Zumbis do Espaço e Olho Seco.
Músicas - http://drakulaband.bandcamp.com
Vídeos - http://migre.me/fTOcB
Facebook - https://www.facebook.com/drakula.banda

Pete Slovenly (EUA)

Prepare-se para dançar a noite toda com esse cara por trás de seus toca-discos, ou por trás de suas próprias plataformas giratórias portáteis (já foram vistos discos pendurados de cabeça para baixo até no alto de uma árvore). Sempre a procura das melhores bandas do planeta para sua gravadora, Slovenly Recordings, Pete toca o melhor do punk, soul, garagem, rhythm & blues.

Serviço:

THE ANOMALYS (Amsterdam / Holanda)
Abertura: DRAKULA (Campinas)
Discotecagem PETE SLOVENLY (EUA)
Data: 21.02 (sábado)
Horário: A partir das 23h
Entrada: R$20 (somente no local)
Local: Echos Studio Bar
Endereço: R. Agostinho Pattaro, 54, Barão Geraldo, Campinas/SP
Evento no facebook: http://goo.gl/uUB0PK 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Gritando HC: duas décadas de hardcore

Canibal Vegetariano
Os paulistanos do Gritando HC completam 20 anos de carreira neste ano e devido a importância da data e da banda para o cenário independente nacional, a equipe do Canibal Vegetariano conversou com Lee, vocalista da banda, em uma noite de outono de 2014, antes de uma apresentação da banda em Campinas. Em seu relato, a vocalista falou sobre a trajetória da banda, a perda de Donald e os caminhos que pretendem trilhar.

Balanço dos 20 anos
Agora que deu um estalo, pois vivemos e passamos por muitas etapas. Tivemos duas fases distintas, cerca de dez anos com o Donald e praticamente dez com esta formação atual. O que passou neste tempo colho agora as respostas.

Manifestações
As manifestações despertaram as pessoas, principalmente os mais jovens. E a música punk, hardcore gera protesto. Este período foi fértil, pois a cena teve uma certa quebra com a chegada do emo. Houve novamente a junção do skate com a música, assim como ocorria no final dos anos 80, então em nossa música, esses dois elementos sempre estiveram juntos, mas esse conceito havia sido perdido e houve um resgate, mesmo com a queda musical, o skate continuou forte e se manteve e a junção que houve novamente se encaixou e há cerca de dois anos vejo esse reflexo.

Canibal Vegetariano

Perda do Donald
Falando por mim, quando entramos nessa fase foi foda, o chão se abriu. Além de estarmos juntos desde o início da banda, éramos noivos, começamos a namorar e veio a banda. Houve um peso pessoal muito grande. Em relação a banda, no momento do choque, não sabia o que fazer, pois Donald era muito ativo. Logo em seguida ao que houve, Ritchie, nosso baixista, chegou um dia e disse que Donald pediu para que caso algo ocorresse com ele, não era para banda parar. Ele morreu em 21 de setembro de 2001. Em seguida, houve dois shows em Santos, quase não fui, mas compareci e tive apoio de muitos amigos.
Seguimos até 2003 e a banda cresceu, foi uma época que tivemos produtor pela primeira vez e aprendemos sobre vários assuntos relacionados ao nosso som. Em São Paulo tive alguns problemas e não consegui processar a morte dele mas continuei com o trabalho. Mas a situação chegou a um ponto que o fato me cobrou e depois de alguns shows pelo Nordeste neste mesmo ano, resolvemos dar um tempo. E o curioso é que três anos depois, voltamos a fazer show e foi no Nordeste, onde havíamos parado e onde fechamos a atual formação.
No tempo dado pela banda, fui estudar no IGT e foi algo bem legal, dois meses depois das aulas consegui tocar com o pessoal do Dead Kennedys, que é uma puta influência. Depois do retorno da banda, lançamos o álbum 'Fase Adulta', em 2011, que é o registro com um hardcore mais pesado, pois foi uma época de revolta. Agora para este ano pretendemos gravar um novo disco, vamos preparar uma demo profissional. Também pretendemos gravar um documentário, para que sirva de incentivo à galera, pois toda banda precisa de referência e podemos dizer que hoje somos. É legal o saudosismo de ouvir bandas antigas, mas o passado já foi. Tem galera que para de ir no rolê, para no tempo e não conhece mais as pessoas, é isso que queremos estimular, que as pessoas saiam.

Canibal Vegetariano
FUTURO
Quero continuar a fazer meu som, fazer parcerias e batalhar pela cena que é bacana e independente, com muita coisa boa rolando. Vamos continuar com o som, produzir discos. Precisamos de uma aposta sincera mesmo com um mercado ruim. Digo isso pois tudo é muito caro em nosso país, transporte, custo para manter a banda. E além disso, em São Paulo, temos as turmas muito divididas, precisamos de um lance mais conjunto, como ocorre em outras regiões, o lance dividido não dá muita visibilidade.

MULHERES
Sempre houve algumas mulheres no rolê, mas tá melhorando, apesar de ainda ter uma participação mínima. Onde falta mulher é no lance de produção de shows, temos muitos homens nesta área, cerca de 90%. As mulheres trabalham em produção de banda, mas de shows, é muito raro. No estilo hardcore também são poucas, além de mim dá para contar nos dedos, é muito pouco. Elas estão em bandas mais calmas.

Canibal Vegetariano

MUDANÇAS
Em relação a shows considerados grandes e convites para festivais melhorou muito. Mas o mercado independente precisa de espaço para show, festivais, principalmente para apresentações menores, que o mercado ainda é ruim. Para termos força, precisamos de festivais com bandas conhecidas para levar público, mas pelo que tenho visto, acredito que teremos melhorias no futuro.

MENSAGEM
Aos leitores e também aos novos leitores do zine e de outros zines, afirmo que isto é um material funcional e essencial desde sempre, pois é a mídia que está lá. Espero que esse movimento continue e valorizem a informação e quem ainda não conhece, entre em contato, procure saber como funciona, faça parte disso e aposte nas ideias.