sábado, 25 de dezembro de 2010

Mozine: O 'Poderoso Chefão' do rock independente


Ele é vocalista e guitarrista em uma banda, baixista de outra, baixista e vocalista em mais uma, dono de um dos selos mais legais do Brasil, grande incentivador do rock, principalmente da cena underground. Nós do zine Canibal Vegetariano conversamos com Mozine (Mukeka di Rato, Os Pedrero, Merda e dono da Laja Records), para saber mais sobre este importante empresário do rock independente.

Canibal Vegetariano: Cara, por favor, apresente-se aos leitores de nosso zine.
Mozine:
Oi, meu nome é Fabão, tenho 34 anos, gosto de Roberto Carlos, GG Allin, Frankito Lopes e DRI, sou capricorniano, odeio The Smiths, sim, eu não gosto dessa banda chata.

 Arquivo Pessoal
O poderoso 'Chefão' em pé junto com a galera da Mukeka di Rato em um clima bem capixaba

CV: Quando começou essa paixão pelo rock e como isso aconteceu? Quais são suas bandas favoritas?
M:
Falei das bandas ali em cima, esqueci de Adelino Nascimento, o melhor cantor que já existiu no Brasil. Acho que já nasci assim, desde pequeno gosto de música, pancadão, samba, rock, etc.  Gostava muito de desenho de capeta quando era criança também, antes de ser Flamengo eu era América porque o logotipo era o satanás.

CV: Quantos anos você tinha quando montou sua primeira banda? Qual era o nome dela?
M:
Revolta Social, era uma banda meio anarco punk, sei lá bicho, punk, eu batia nos armários, batia em lata, com uns caras aí, Renan, Washington e Clayton.  Logo após montei o Carcará com Zuzu que seria o vocal/guitarra dos Pedrero no futuro.  Só depois dessas duas cagadas montei o Mukeka di Rato, em 1995 ou 94, e a partir daí o pau continua quebrando. Se hoje eu tenho 34 anos, não sei quantos anos eu tinha em 1995.

CV: Como surgiu a Laja Records? Ela veio antes das bandas em que você toca atualmente?
M:
A Laja surgiu única e exclusivamente para lançar os CDs da Mukeka di Rato por eu achar que as gravadoras que trabalhavam com a gente na época eram muito incompetentes (sem querer falar mal, sendo apenas sincero, porra!!!). Porém percebi que poderia lançar outras bandas, e aí estou agarrado com isso até hoje, mas me divertindo muito.

CV: Quais os critérios que você usa para a Laja divulgar? Você recebe muitos CDs de bandas que não sejam de rock pauleira? O que você diz para quem não é lançado pelo selo?
M:
Eu digo bem assim: desculpe, mas não posso lançar sua banda. Recebo CDs de todos os tipos de música, apesar de ser bem eclético no meu dia a dia, indo até em bailes funks para me divertir, a Laja mantém um estilo, não gosto de quebrá-lo. Eu tenho usado a Internet, Twitter, Fotolog, entrevistas, mas mando também material para blogs e revistas que eu mais gosto no Brasil.

CV: Cara, você acha que o consumo de CDs tende a cair ainda mais nos próximos anos? Qual sua expectativa como proprietário da Laja? E os vinis?
M:
CD tá tenso, cada vez vou prensar menos CDs, mas não sei se vai cair tanto mais não, acho que estabilizou, num patamar ridículo, mas estabilizou, ai véio, quer saber, parei de querer prever o que vai acontecer no mercado fonográfico, tá bizarro essa tecnologia, amanhã nego inventa outra parada, aí fodeu tudo de novo. Vinil é uma paixão né, feliz de ter acabado de realizar um sonho que foi prensar o Gaiola (álbum lançado pela Mukeka di Rato) na França e pretendo lançar muito mais títulos.

CV: Além de CDs e DVDs, a Laja lança livros também. Como foi, ou como está, a venda dos livros que você lançou e quais os títulos? Comente sobre sua experiência como escritor.
M:
Gostei, acho que consegui fazer exatamente o que eu queria, que era escrever algo de fácil leitura, engraçadinho, sincero, real, ligeiro, com a minha cara, dando a impressão que eu estivesse conversando com você. E foram esses os elogios que recebi então estou feliz. Vendi 800 cópias duma tiragem de 1.000 livros, irado, Paulo Coelho vai tomar no cú!

Divulgação

Mozine, além do baixo, ele toca guitarra na Merda e ainda comanda a Laja Records. Tudo sem falar nos Pedrero

CV: Agora vamos falar de suas bandas. Como surgiu a Mukeka di Rato? E falando em Mukeka, fale desta recente passagem por Portugal e França. Além desses países, vocês já passaram pelo Japão. Como é a cena de rock independente nestes lugares?
M:
Já tocamos na Argentina, Uruguai, Chile, Portugal, França e Japão. De todos, o Japão foi o mais legal, mas pegamos muito bem com a França também. A cena hardcore é parecida no mundo todo, os mesmos moleques, mesmas tatuagens, mesmas bandas, mesmo LPs, mesmos vícios, etc. Porém no Japão, TUDO é diferente e mais legal, por ser diferente, o impacto é muito grande.  Pegamos muito bem com a França e queremos voltar pra fazer uma tour por lá, somente lá!

CV: E o público destes países, como eles recebem a proposta musical da Mukeka? Quem é o público de vocês atualmente? Fui em um show, e vi poucos adolescentes e muitos adultos, inclusive mulheres. O que você pensa sobre isso?
M:
Fomos bem recebidos em todos os lugares que fomos, mas no Japão foi algo realmente bizarro e brutal. O Japão é um bagulho inesquecível para nós. Você deu sorte de ver mulher no show da Mukeka, isso é raro, eu acho que nosso público mantem uma faixa jovem ainda, muito forte isso, dá muito moleque no show, mas pode ser que agora que com essa desgraça chamada emo e Restart, os jovens comecem a migrar para essa doença e pinte mais velhos no show do MDR. 

CV: Cara, vocês eram independentes e atualmente estão na Deck Disc. Como surgiu o convite e qual o motivo que levou vocês a trabalhar com a Deck? E o DVD, qual a previsão de lançamento?
M:
Cara, estamos na Deck, sim, mas eu considero uma banda 110% independente. A Deck nos dá toda liberdade de trabalhar livremente, não se mete em nada e quando pode ajudar, ajuda. É simples demais para nós trabalharmos com os caras, é como se fossemos do mundo e da Deck. Eles liberam músicas para coletâneas punks, liberam a gente para lançar outro material por outros selos, liberam o disco para gringa, a Deck é sangue!!!

CV: Além da Mukeka, você também participa d'Os Pedrero e da Merda. Qual delas surgiu primeiro? E o que te motivou a participar de outra banda?
M:
É bicho, nem sei exatamente porque fui montando tanta banda doida bicho, mas foi surgindo, sei lá. Os Pedrero veio antes. Também tenho um projeto chamado Tenebrio Peixoto que nunca saiu do papel apesar de eu ter composto mais de 30 músicas, um dia eu gravo, seria brega o projeto. Também já toquei numa banda de Roberto Carlos anos 60 (cover) que pode voltar a qualquer momento e estou montando uma banda chamada Os Dotadões para tocar Cascavelletes. Tenho problemas?

Divulgação
Fábio Mozine com seu baixo e uma cerveja gelada em algum show pelo Brasil, ou exterior?

CV: Como é tocar em três bandas ao mesmo tempo e ainda administrar a Laja Records? E como você consegue tempo para a vida particular?
M:
É uma doidera doida bicho, tô todo doído, todo cagado, mas tá rolando, eu sou workaholic, estar acordado para mim significa estar trabalhando, com dois celulares no bolso e mandando e-mails, no msn, no twitter...

CV: Agora voltando as bandas, fale um pouco do novo CD d'Os Pedrero "Sou feio mas tenho banda". Como está a agenda de shows e como está a aceitação do público com este novo trabalho?
M:
O público sempre fala que gosta, não sei se estão mentindo ou apenas falam isso por falar.  Temos feito alguns poucos shows, mas é isso mesmo, esta na frequência da banda. Acabamos de gravar 6 músicas pra um EP em vinl chamado "Pin up Gordinha", com capa de Victor Stephan, vocalista dos Estudantes, ficou brutal.

CV: Para você, qual a diferença entre a Mukeka, Os Pedrero e a Merda?
M:
Mukeka é hardcore reto, político. Os Pedrero é rock hardcore doido, Merda banda doida, pode tudo.

CV: Agora falando sobre a Merda, vocês acabaram de lançar um split com a banda DFC. Qual o motivo que leva as bandas a lançar split?
M:
Amizade, cachaça e afinidade musical.

CV: Além do CD, atualmente vocês estão divulgando o DVD "Breaking Brazilian Bones in Europe" sobre a turnê que você realizaram em parceria com a Leptospirose em 2007. Como está a divulgação deste trabalho?
M:
Divulgação normal feita pela Laja, ou seja, divulgar na Internet e enviar para lista de revistas e blogs que eu mais gosto. Estamos planejando algumas exibições públicas do filme, tem passado em pequenos cinemas, salas, mostras, festivais, a galera tem recebido bem, se pá nego nem vê, mas fala que gosta para puxar o saco!

CV: Vou te perguntar algo que você deve estar com o saco cheio de responder, mas muita gente tem curiosidade em saber. Por que a banda chama-se Merda? Tem alguma influência do filme "Joey e as baratas"?
M:
Não tem influência nenhuma disso aí. Tô ligado nesse filme mas nem sei porque perguntou isso, o cara tinha uma banda chamada Merda nesse filme chato? Bicho, não sei porque tem esse nome, sério, acho que porque talvez fosse uma Merda, será isso?

CV: Você faz parte de três bandas que tocam hardcore. Em algumas vocês fazem algumas críticas, mas costumam "zuar" bastante, tirando sarro e falando de outros assuntos. Admiro o estilo debochado de vocês. Como o público encara esta zueira? E o que vocês pensam dos caras que tocam o mesmo estilo de vocês e ficam com pose e cara de mal, só usa roupa preta e preso a ouvir somente um estilo musical?
M:
Cada um cada um, não fico observando como os outros são ou se comportam, cago para os outros, cuido da minha vida. Acho que a galera já acostumou com nosso sarcasmo. Não é nada tão diferente assim, Dead Kennedys já fez há 20 anos. Nós tentamos fazer algo parecido.

CV: Este foi um ano com vários lançamentos de seus projetos. Há mais por vir até o fim do ano? E a Laja?
M:
Tem bicho, esse ano tá tenso. Até o final do ano sai o DVD da Mukeka di Rato no Japão, um documentário com um show extra feito em Vitória e shows no Japão em geral. Sai também DVD do BB. Kid antologia. Ano que vem tem DVD Laja 100, contando a trajetória da Laja. Agora, acabou de sair o CD da Dizzy Queen. Vou lançar um menino capixaba chamado Fe Paschoal, meio tropicalista hardcore doido cheio da maconha, vai sair o pin up gordinha d'Os Pedrero e o aguardado Atletas de Fristo, da Mukeka di Rato pela Deck.

CV: Mozine, valeu pela entrevista e o espaço é teu. Critique, xingue, agradeça, divulgue seus trabalhos...
M:
Bicho, 100% é nós! Valeu a você pelo espaço e tamo aí béacho, fala que eu te escuto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sérgio Pereira Couto: jornalista e escritor fala sobre sua paixão por rock e história

Sérgio Pereira Couto é jornalista e escritor, autor de mais de 40 livros entre ficção e não ficção nas áreas de história antiga, esoterismo, romance policial e história do rock. Além de tudo isso, é também um estudioso do classic rock e admirador de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Deep Purple e The Doors. Conheça mais sobre Sérgio nesta entrevista exlusiva que ele concedeu ao blog Canibal Vegetariano.
 Divulgação
O escritor Sérgio Pereira Couto é autor de 40 obras e ainda tem muitas estórias e histórias para contar

Canibal Vegetariano: Cara, como e quando você começou a carreira de escritor?
Sérgio: Comecei a carreira em 2004, quando compilei várias entrevistas com sociedades secretas para o lançamento de um livro desse gênero. Meu editor achou que seria mais fácil vender o peixe se eu inserisse as informações num romance e aí criei uma história de fundo e coloquei o conteúdo das entrevistas quase na íntegra. Estávamos já com tudo pronto quando chegou por aqui O Código da Vinci, de Dan Brown, que estourou de vendagem. Lançamos o Sociedades Secretas, meu primeiro romance, pouco depois. Inseri nele algumas falas sobre o livro de Brown e tornei a narrativa mais cheia de  citações de cultura geral, inclusive alusões a nomes como Pink Floyd, The Doors e Led Zeppelin que, de uma maneira ou outra, eram ligados ao esoterismo. Hoje o livro está na terceira edição e vende muito bem.

CV: Você teve influência de algum escritor?
S: Neil Gaiman, Stephen King, Alan Moore, Raymond Chandler, Giulio Leoni, Ian Fleming e Patricia Cornwell, não necessariamente nessa ordem...

CV: Quantas obras você lançou?
S: Até o momento exatos 40 títulos e tenho mais dois romances em análise, três de não ficção encomendados, seis em fase de transformação para áudio book e mais quatro em fase de planejamento.

CV: Como é para você escrever sobre fatos históricos e musicais? Há muita diferença? Qual seu estilo preferido?
S: Escrever sobre fatos históricos é muito rico à medida em que você aprende com o objeto que você estuda. Descobrir detalhes pouco divulgados ou mesmo inserir tudo num contexto pouco explorado mas verossímil é um excelente exercício para sua imaginação, além de ser uma experiência e tanto, à medida que você descobre que há muito mais na história do que os livros contam. Falar sobre os fatos musicais não apresenta muita diferença, já que o ponto de vista histórico é sempre o mesmo. O que você tem que tomar cuidado é atentar para que seu trabalho saia com uma cara profissional e não de algo que um fã faria. E, de longe, meu estilo predileto é o policial/suspense. Se colocar tudo junto, então, aí me sinto mais à vontade.

CV: Agora vamos falar especificamente sobre Help, A Lenda de um Beatlemaníaco. Como surgiu essa história?
S: Tive minha fase beatlemaníaca há alguns anos quando fiz minha peregrinação a Liverpool. Sempre achei que a ideia de que a cidade era tão colorida quanto os Beatles era meio falsa. E já em Londres vi que tinha razão: era, afinal, o local onde Jack o Estripador atacou. E imaginei como deveria ser difícil para os jovens de hoje crescerem numa cidade como Liverpool à sombra de um grupo musical que deixou de existir há exatos 40 anos. E venhamos: de todos os fãs de bandas, acredito que os fãs dos Beatles são os mais radicais que existem. Nem os de Elvis são tão assim. Imaginei então algo para juntar tudo e como já havia a Beatle Week, o evento anual onde bandas cover do mundo todo se reúnem por lá, consegui o cenário que queria. E sem contar que a cultura beatle é mundial e atemporal.

CV: Como você se tornou um beatlemaníaco?
S: Frequentei por muito tempo o cenário beatle de São Paulo e conheço várias bandas que estão em atividade até hoje, como a Comitatus, a Beatles Alive e a Beatles 4 Ever. E fora que continuo um adorador da obra do quarteto, seja ela em grupo ou solo.

CV: A impressão que você passa no livro é que conhece bem a cidade de Liverpool, devido aos detalhes que você cita. Fale um pouco mais sobre o assunto.
S: Eu sempre brinco que, enquanto os muçulmanos fazem peregrinações à Meca, os beatlemaníacos fazem o mesmo para Liverpool. Assim, fiz a minha há alguns anos. E fiz questão de ir apenas com alguns mapas e sozinho, para explorar bem os locais e reunir bastante material turístico sobre os pontos mais citados nas biografias do quarteto. Foi uma experiência muito incrível refazer os passos de todos, de Abbey Road até a Saville Row (onde ficavam os escritórios da Apple), em Londres, e em Liverpool, das casas onde eles nasceram até as docas, as estátuas de Eleanor Rigby e do submarino amarelo e adentrar o Cavern Club, além de ter participado da Magical Mistery Tour no ônibus do filme. Anotei tudo e recolhi o máximo que pude de panfletos para ter material de pesquisa suficiente.
 Divulgação
Sua banda favorita é The Doors, mas ele também teve uma fase de beatlemaníaco

CV: Quando você escreve, os personagens surgem um a um, ou a estória vem como um todo?
S: No geral, tenho um esqueleto da história, ou seja, um esquema onde sei o que vai acontecer. Depois vou inserindo aos poucos os personagens. De longe o que dá mais trabalho de montar são os personagens. Enquanto não houver coesão e verossimilhança, não tem condições de serem inseridos na trama. Às vezes você acha que tal situação ficaria bem com um protagonista, mas na verdade é uma mulher que daria o efeito que você tanto almeja. Ou seja, é um laboratório onde você tem que experimentar várias vezes até conseguir o melhor efeito desejado. E com esse livro não foi fácil, já que visa um público conhecedor e exigente por natureza.

CV: E seus livros sobre Hitler. O que te motivou a escrever sobre um dos nomes mais odiados da história?
S: Na verdade estava discutindo com o editor, que queria iniciar uma série de biografias históricas. Queríamos um nome que fosse polêmico e que, ao mesmo tempo, permitisse que se fizesse uma análise histórica imparcial, livre de preconceitos. Hitler sempre foi um nome que causa calafrios ao ser pronunciado, mas, apesar das atrocidades cometidas (que são inegáveis), merece que seja analisado como qualquer outro ditador histórico.

CV: Como é a vida de escritor no Brasil? É possível viver somente desse trabalho?
S: Infelizmente não é uma vida fácil, mesmo quando você é jornalista. Afinal, nós, que vivemos da escrita, ganhamos por produção, e esse é o motivo pelo qual tenho tantos títulos. A maioria das pessoas que conheço dessa área mantém pelo menos mais dois serviços juntamente com este. Eu mesmo não sou uma exceção. Mas o contato que mantemos com o público em geral é gratificante e não há nada melhor do que ouvir alguém dizer que comprou um livro seu e adorou a leitura...

CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo espaço para que você teça seus comentários finais, valeu.
S: Eu é que agradeço a oportunidade que você abriu para poder dialogar com seus leitores. E apenas lembro: muito rock´n´roll na veia e, na hora de escolher um livro, parodiando John Lennon, “Tudo o que dizemos é dê uma chance ao escritor nacional”.

Help: A lenda de um beatlemaníaco
Sérgio Pereira Couto - 286 páginas - Editora Idea

 Eu não sou fã de Beatles, conto nos dedos os discos e as músicas que gosto da banda, mas o que me levou a ler este livro, foi o próprio escritor, Sérgio Pereira Couto, que conheci durante a Bienal do Livro em Sampa, em agosto deste ano.
Comecei a ler a obra por curiosidade e logo nas primeiras páginas notei que havia algo diferente, interessante e intrigante. Terminei a leitura em pouco mais de três dias, devido a enorme curiosidade para saber o desfecho da trama. Quem é fã de Beatles com certeza curtirá ainda mais devido a enorme quantidade de informações da banda, mas quem não é fã, como é meu caso, fucará amarradão devido as idas e vindas da estória, muito bem amarrada pelo autor.
    Independente de gostar ou de rock, gostar ou não de Beatles, o livro é totalmente recomendável, pois quem gosta de uma boa trama policial, cheia de suspenses e surpresas, não pode perder este livro, pois emoções não faltam nas páginas desta obra.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CDs, disco, livro e filme que devem ser apreciados

CDs
 Os Pedrero - Sou feio mas tenho banda
Laja Records - Ideal Records - Pisces Records - MCR Company

O novo disco d'Os Pedrero é um hardcore misturado com punk muito bem gravado e com músicas que poderiam rolar em muitas rádios pelo mundo afora, não dependendo apenas de divulgação via Internet.
Além do bom e velho hardcore, em algumas músicas os caras parecem tirar uma onda com as bandinhas coloridas que infestam a grande mídia. E isso acaba sendo um ponto forte da banda, pois o rock fica mais "louco" e em alguns momentos sendo muito engraçado. A faixa de destaque da nova "bolachinha" é a música que dá título ao disco, "Sou feio mas tenho banda". "Ela não liga para meu cabelo podre e nem para minha barba de bode. Qual será o segredo de tanta fama? Sou feio mas tenho banda", diz um trecho da letra.
No álbum também há uma homenagem a um dos cantores preferidos de Mozine, Adelino Nascimento, que morreu em 2008. A banda fez uma versão da música "Meus olhos estão chorando" e  a chamou de Adelino Nascimento. Nesta faixa, Jimmy, vocalista da banda Matanza faz uma participação especial. Além de Jimmy, o CD conta com as particiapações de Philipe da Dead Fish e Kaka da banda Catchside.

Merda/DFC - O Ludo de Satã
Laja Records - Pisces Records - Chop Suey Discos - MCR Company

E a banda Merda, um dos projetos de Fábio Mozine, lançou mais um split CD, desta vez com a banda DFC. O disco contém seis faixas da Merda e nove da DFC e é um disco de hardcore doidão para ninguém botar defeito.
Além de músicas rápidas e de peso, as faixas da Merda tem, em duas músicas, umas viagens que lembram algo psicodélico e de total liberdade. A Merda continua com seu som rápido, cru, com muita pegada e zueira total, como os fãs esperam, o sarcasmo continua e vindo deles isso é muito bom.
Já quando começa o som da DFC, o som também é rápido, agressivo e com boas letras. Além das duas bandas, o disco conta com uma arte, capa e encarte do CD, dos melhores vistos nos últimos tempos. Disco totalmente recomendável as pessoas que tem uma mentalidade aberta para sons pesados e diretos.
Livro
   
 Cobain - Dos editores da Rolling Stone
Editora Spring - 142 páginas

Kurt Cobain foi sem dúvida um dos nomes mais importantes da história do rock, não só pelas músicas mas também por várias de suas atitudes. A revista Rolling Stone, publicação estadunidense especializada em rock, atualmente tem versão em português e aborda artistas de gosto duvidoso. Mas no final dos anos 80 e início dos anos 90 (século XX), com o rock dando seus últimos suspiros na grande mídia, em parte devido a Kurt Cobain, a revista contava com bons jornalistas e durante alguns anos, poucos, fizeram grandes reportagens sobre o principal nome da década passada.
Neste livro há vários textos escritos em várias fases da banda Nirvana. E entre um artigo e outro várias fotos de muitas das fases da banda.
Nos textos, é possível o leitor saber sobre a banda e o motivo para várias de suas atitudes, o fato de não se interessarem pelo sucesso, a preocupação com a música, principalmente se ela estava sendo escrita e executada com vontade e não somente para cumprir contrato. Vários livros foram escritos sobre o Nirvana e Kurt Cobain, mas este tem uma visão diferente e por ser uma espécie de coletânea, ele acabada servindo como uma "fotografia do momento", de como tudo estava acontecendo na época. O livro é leitura totalmente recomendável, não só para os fãs do Nirvana mas a todos os fãs de rock e pode ser encontrado, em Itatiba, na Livraria Toque de Letras.

Filme

Aconteceu em Woodstock
Universal Filmes - comédia - 16 anos - 120 minutos

O filme Aconteceu em Woodstock é baseado em uma história real e mostra os bastidores deste que se tornou um dos maiores festivais de rock de todos os tempos.
O ano é 1969, e o personagem principal, Elliot Tiber, vê seus pais com dificuldades financeiras e decidi ajudá-los. Neste meio tempo, um vizinho de Elliot aluga sua propriedade para que alguns jovens relizassem um concerto. E com a aproximação do festival, a pousade de Elliot começa a receber vários hospédes que traziam consigo muito dinheiro. O filme não traz em momento algum cenas dos shows, apenas a montegem do palco, o aluguel da fazenda, os bastidores, como as pessoas da "cidade" se relacionavam com as que viviam no campo. Aconteceu em Woodstock é somente um filme, baseado na vida real, mas poderia muito bem ser um documentário, pois mostra o retrato exato de uma geração.

Vinil

Os Estudantes - Perdão EP
Todo Destruído

Estamos nos últimos meses da primeira década do século XXI e o mundo está todo conectado, todo tecnológico, mas têm hábitos que não mudam. Uma delas é em relação a ouvir música.
Por mais que a Internet facilite o conhecimento e a pessoa consiga baixar um milhão de músicas, nada substitui o lance de você comprar um disco, seja ele em CD ou vinil, mas vinil é muito mais legal. E além de comprar vinil, o lance é comprar disco de banda boa, que você irá ouvir até furar.
E é disso que se trata esse maravilhoso lançamento da banda carioca Os Estudantes. Um vinil, sete polegadas, cinco músicas, três do lado A e duas no B. O som é fantástico, não somente pela qualidade da gravação, mas sim pelas composições da banda. Quem gosta de punk rock, hardcore, tem que ter este lançamento na coleção. As músicas soam crua, direta, não tem frescura, é tudo muito natural. A banda que está na estrada há quase dez anos, demora para lançar seu material, mas quando faz arrebenta, e este EP é a prova, confira!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

QUER GANHAR 1 KIT DE PRATO DE BATERIA ORION CYMBALS NOVO?

A Central Rock em parcer com a Orion Cymbals está sorteando 2 kits de Prato de bateria (SOLO PRO) Para concorrer é fácil! Basta enviar um e-mail para redacao@centralrocknet.com.br dizendo porque você merece levar pra casa este kit novinho. O sorteio será realizado no dia 12 de dezembro  no evento da Central Rock,  na pista de Skate de São Bernardo do Campo, através de "URNA".
Ao chegar no evento você precisa preencher o cupom de forma gratuita e aguardar o primeiro sorteio às 15h. A entrada é livre, mas para concorrer ao Kit é preciso levar 1 brinquedo (novo). Cada brinquedo vale 1 cupom. Portanto, quanto mais brinquedo mais chance de levar pra casa no mesmo dia esse Kit MARAVILHOSO!!!
NO MESMO DIA ESTAREMOS CADASTRANDO E RECEBENDO MATERIAIS DE BANDAS INTERESSADAS EM SAIR EM TURNÊ COM A CENTRAL ROCK EM 2011. A CENTRAL LEVARÁ O PLANETA & CIA PARA 10 CIDADES NO PRÓXIMO ANO. OS EVENTOS SERÃO EM LOCAIS PÚBLICOS, SEMPRE COM MUITA INFRAESTRUTURA DE SOM, SEGURANÇA E CONFORTO A TODOS!!!
UMA PANCADA DE SOLIDARIEDADE!!!

A Central tem o prazer de convida para festa de lançamento da décima edição da revista Central Rock (Dez. 2010). Nesta edição entrevista exclusiva com os protagonista do filme VIDA SOBRE RODAS, o cartunista MARCIO BARALDI e a banda GARAGE FUZZ que comemora 20 anos de estrada. Você também confere cobertura da 1a. CONVENÇÃO INTERNACIONAL DE TATUAGEM DE SBC e a divulgação de artistas e bandas independentes.

CENTRAL ROCK apresenta PLANETA & CIA

DESTAQUE DO EVENTO: GARAGE FUZZ | TROLL | DECRUX | SLEEPERS | UHUL | CARAPUÇA | ALTOFALANTES e AUTOGESTÃO
LOCAL: Pq. Cidade Escola da Juventude Cittá di Maróstica (PISTA DE SKATE)
DIA: 12/12/10
HORÁRIO: das 10h às 21h

ENTRADA: LIVRE (opcional levar 1 brinquedo para doação)
 
PLANETA & CIA: PROJETO MUSICAL ITINERANTE NUMA LINGUAGEM JOVEM

ATENÇÃO!
Evento Itinerante divulga bandas de renome nacional e descobre novos talentos de uma forma solidária. O evento tem por objetivo divulgar através de artistas, músicos, bandas, independentes e/ou de renome nacional, as questões e os cuidados com o Meio Ambiente e a importância da música na vida do jovem.

A música é um instrumento de inclusão capaz de afastar a criança e o jovem da violência. Além disso, ela contribui com o desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras, emocionais e afetivas. Numa linguagem jovem o evento deve atrair cerca de 5  mil jovens e até mesmo pessoas da maior idade para esta edição do evento que traz em sua programação a banda GARAGE FUZZ entre outras convidadas. O evento quer contar com o seu apoio na divulgação e presença para que juntos façamos a diferença.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Hora do Canibal completa 2 anos

 Arquivo Pessoal
  Vinicius França, Ivan Gomes e Fabinho Boss, onde tudo começou, Nova Rádio Web

O programa A HORA DO CANIBAL completou dois anos em 10 de novembro de 2010. Nesse tempo foram 92 programas transmitidos, sendo a maioria ao vivo.

Arquivo Pessoal
Vinicius França e Ivan Gomes durante os primeiros programas d'A HORA DO CANIBAL

A ideia de fazer um programa no estilo do Canibal partiu do nosso operador de aúdio Boss, que em 2008 era proprietário da Nova Rádio Web, que até meados do referido ano era uma rádio voltada para o despertar da consciência. Com a mudança de estilo, Boss começou a rolar muito pop rock na programação da rádio e o primeiro programa a ser produzido para a rádio foi o Radiola, apresentado e dirigido por Rafael Piera.
  Arquivo Pessoal
Uma das primeiras entrevistas feitas fora de Itatiba. Esta foi realizada na casa de Claúdio, baterista da banda Lunettes, em Campinas

As mudanças da rádio começaram entre setembro e outubro, mesmo período em que os amigos Vinicius França e Ivan Gomes lançavam o zine Canibal Vegetariano. Boss que acompanhava o trabalho de Ivan Gomes desde a época do zine Atitude Underground, convidou os amigos a participarem de seu programa, Rádio Livre, para falarem um pouco sobre o Canibal. Como éramos convidados, Boss permitiu que fizessemos a seleção musical do programa.

 Arquivo Pessoal
Fábio Maçola, guitarrista da Rock'n'Watts e da Barco Bêbado foi o primeiro convidado a fazer um som ao vivo no programa

Boss gostou do resultado final e fez a proposta para transformar o zine em um programa de rádio, ideia que Vinicius e Ivan acataram. Em 10 de novembro de 2008, uma segunda-feira, ia ao ar pela primeira vez o programa A HORA DO CANIBAL, que desde o início teve o objetivo de misturar todos os estilos de rock, dando preferência às bandas independentes.

 Arquivo Pessoal
Kid Vinil foi o primeiro entrevistado do programa em dezembro de 2008, um mês após a estreia

Nesses dois anos mudanças ocorreram. Vinicius devido a vários de seus compromissos profissionais precisou deixar a co-produção e apresentação do programa. No final de 2009, Boss encerrou as atividades da Nova Rádio Web. Mas devido ao reconhecimento de alguns ouvintes e amigos, principalmente do guitarrista e vocalista da banda Keps, Joey Keps, desde janeiro deste ano o programa é transmitido pela Central Rock FM 107,1 mhz de São Bernardo do Campo. Em maio, o proprietário da rádio Itatweb, Michel, passa a transmitir o programa, que faz entrevistas em externas, no estúdio, que leva bandas para fazer um som ao vivo e tudo mais e segue aí, rolando um som.

 Arquivo Pessoal
Monaural, banda paulistana, que veio em um sábado para Itatiba somente para participar do programa 

Aproveitando a oportunidade, agradeço ao Boss pelo apoio, Vinicius pela força e pelas ideias, que fez A HORA DO CANIBAL ser o que é atualmente, nossa amiga Andréia Rejane, que apresentou alguns programas, a nossa advogada Andréa Lima, que nos dá total apoio jurídico e ainda nos acompanha em várias baladas e madrugadas de trabalho. Agradecemos a advogada Cinthia Cunha. A jornalista Tatiana Rostaiser Petti, que gravou as vinhetas do programa, ao Daniel ETE, baixista da banda campineira Drákula que cedeu a música "zombie birdman" para ser a trilha do programa e a todas as bandas que foram entrevistadas e fizeram um som, são tantas que o espaço seria pequeno para citar o nome de todas. Ao Ayuso, da banda Mandíbula, ao Joey Keps, pessoal do Guarujá (Stúdio Phabiño), toda a galera da região Nordeste, muita audiência por lá, galera do Paraná, interior de Sampa, Miguel Facal de Buenos Aires e todos nossos ouvintes que estão espalhados por este planetinha que pedem músicas, opinam, críticam e tudo mais. A todos vocês nosso muito obrigado. Não podemos esquecer de agradecer ao diretor da Central Rock, Anderson e a Michel, diretor da Itatweb.

  Arquivo Pessoal
Brazilian Cajuns Southern Rebels, banda de Londrina/PR, fez som ao vivo no programa durante passagem da banda pelo estado de São Paulo. Junto com eles estava o baterista Márcio Fidelis da banda Sprint 77, de São Paulo

Para ouvir o programa A HORA DO CANIBAL é simples, basta acessar: http://www.radioitatweb.com.br/
http://www.centralrockfm.com.br
http://ahoradocanibal.podomatic.com//

 Arquivo Pessoal

Marcos, vocalista da banda uruguaia Motosierra, junto com Ivan. Primeira entrevista gringa gravada para o programa

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eles poderiam estar matando


 

Exposição com:


 Daniel Ete, Mayra Vescovi, Estenio Est, Ron Selistre, Francis K. e Michel Munhoz


Abertura, 16 de novembro, terça feira, 
no Z CARNICERIA
rua Augusta 934
São Paulo - SP

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Entrevista feita pelo zine Canibal Vegetariano é matéria de capa em revista dos Estados Unidos

A entrevista que o Fanzine Canibal Vegetariano realizou no início deste ano com a banda Os Estudantes, foi matéria de capa da revista Maximum Rock'N'Roll, com sede em San Francisco, Califórnia, Estados Unidos. Em mais de 30 anos de publicação, pela primeira vez uma banda brasileira foi matéria de capa, com entrevista realizada por nós, do ZINE CANIBAL VEGETARIANO, o que nos deixa muito orgulhosos. Abaixo você confere as fotos da revista e a entrevista original em português.

Capa da edição de agosto de 2010 com Os Estudantes na capa. Primeira uma banda brasileiro consegue este feito

Na matéria rock'n'roll estes Estudantes são dez!

Eles se consideram anti-profissionais, mas ano passado fizeram dois grandes shows, um em Campinas, no Festival Auto Rock e outro em Bragança Paulista, no Festival Cardápio Underground. Em dez anos de carreira lançaram um split CD, com uma banda de Curitiba, e lançaram em vinil o 1º álbum. A seguir, você confere a entrevista que a banda carioca Estudantes, concedeu ao blog/zine Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano: Para começar peço que façam uma apresentação da banda, integrantes, instrumentos e influências.
Vitão:
Eu faço os vocais. Escuto basicamente som parecido com o que a gente faz, punk e hardcore velho. Consigo escutar algo de outros estilos também, pode ser jazz, blues, rap, pop, funk, surfmusic, metal... desde que seja boa música, tô ouvindo...
Manfrini: Eu toco guitarra, e adoro punk/harcore do início dos anos 80!
Diogo: Bateria, meio o que o Vitão citou, predominando sub-gêneros do punk até aproximadamente 2003, de lá pra cá não ouvi muita coisa nova, exceto os discos novos de bandas antigas e discos antigos que eu não conhecia. Ao criar as baterias dos Estudantes, sofri acidentalmente uma certa influência do Iron Maiden, mas com os tempos descaralhados e com bem menos peças no kit.
Dony: Eu toco baixo, com distorção. Estou na banda a pouco mais de 1 ano, eu era fãnzinho dos estudantes hehe, até a hora que me ligaram perguntando se eu estaria afim de entrar pra banda, me amarrei na idéia e topei!  Gosto de ouvir as coisas quase que de sempre, Black Flag , Flipper, Bad Brains, Kennedys, Cramps, The Sonics, The Seeds, Link Wray, Ventures, Sabbath, Mc5,  Stooges, Melvins e sei lá, mais um monte de coisas.

CV: Como é tocar rock pauleira, hardcore, em uma cidade como o Rio de Janeiro? Como é a cena rock local? Há vários espaços para shows?
Dony:
É como comer gengibre com banana e mijar no ralo.
Manfrini: É aquela coisa, a gente sempre reclama, mas também se diverte...se não, não estaríamos nessa há tanto tempo.
Vitão: Um pouco complicado. Tem alguns lugares legais como a Audio Rebel, Planet Music... às vezes rola em algumas boates do “rock” também.
Diogo: Nossos shows aqui ficaram meio falidos depois que boa parte dos nossos amigos desistiram de ir. Os que rolam no subúrbio são sempre bons! Um fato curioso: aqui rola um sol bizarro durante dias seguidos, mas quando tem show dos Estudantes, quase sempre chove!

Créditos devidamente dados ao FANZINE CANIBAL VEGETARIANO

CV: Duas apresentações de vocês no interior de São Paulo, em 2009, chamaram muito a atenção da galera rock, devido a energia e fúria que vocês demonstram no palco. De onde vem toda a raiva e ao mesmo tempo tesão pela música?
Dony:
Bem, shows fora de casa, é sempre outra coisa, até porque aqui no Rio é uma merda, 97,9 % dos shows que fazemos por ano aqui, é no mesmo lugar, aí fode, dá no saco tá ligado?! Aí é natural, quando vamos tocar em outro estado, bate aquela adrenalina, aí a coisa fica quente.
E de onde tiramos tanta raiva? Pode ter certeza que é do calor infernal que faz aqui no "Hell de Janeiro", já passou um dia de verão aqui no Rio? “Cumpadi”, é sinistro, 42 graus na mente, e sensação térmica de 60 graus, parece que nossas mentes estão derretendo. Ainda mais eu, que sou o único suburbano da banda, onde não tem mar nem porra nenhuma. Mar aqui, só se for de sangue, bagulho doido!
Vitão: Eu moro em Botafogo, colado no cemitério, pelo menos bate uma brisa dos defuntos. Bom, como a gente não é banda profissional, tem show que é bom e tem show que é uma merda. Tem show que a platéia se amarra mas a gente acha um lixo e vice-versa. Quanto ao ódio, é isso, a gente é roqueiro e mora no Rio, isso já basta como explicação. Mas respeito com a nossa cidade, só nós podemos falar mal dela (risos)...
Diogo: O Manfrini pode falar melhor sobre a raiva, tem até música nova sobre isso. No meu caso vem de ter que trabalhar muito pra pagar as contas, viver em um país zoado, de usar o transporte público e de não querer ter um carro para não acabar preso no trânsito sem lugar pra estacionar. Podiam anunciar de fato a data certa do fim do mundo para poder largar tudo e seguir tocando rock até o juízo final, como disse o Manfra em uma noite alcoólica. O tesão vem de berço, é algo que se descobre e, em alguns casos, se perde. Felizmente, no meu caso ele aumenta. A vida de adulto costuma fazer as pessoas buscarem sentimentos bons que fluíam enquanto você era mais jovem, a vida era uma festa e você entregava sua alma em tudo que fazia. Tocar é bom pra caralho e você se lembra disso cada vez que faz. Ponto.
Manfrini: Acho que procuramos dar o máximo de nós nos shows, se não for assim, não faz sentido… E dar aqui, não é algo artificial, representado… música é uma forma de arte, de expressão humana, e no palco é a hora de soltar todo essa energia, todos os sentimentos, bons e ruins. A raiva, no sentido de gana, vontade, paixão, é o que nos faz, seres humanos, seguirmos vivos.

É o zine levando o rock independente nacional para o exterior

CV: Vocês estão juntos desde o ano 2000. Em 2001 vocês lançaram um split CD com a Evil Idols, e depois houve uma espera longa para o lançamento do primeiro album de vocês. Qual o motivo, vamos dizer assim, da demora?
Vitão:
Somos lerdos e anti profissionais. E tivemos vários baixistas mais anti profissionais que a gente.
Manfrini: Bom, acho que não houve um motivo, mas sim motivos…
Primeiro, trocamos de baixista um monte de vezes. Depois, todos nós estudávamos, ou trabalhávamos, e preferíamos gastar nosso tempo livre fazendo outras coisas… sei lá, tomando cerveja por exemplo (risos). Levamos a banda como um hobby eventual….Fazíamos 5 shows e 3 músicas por ano... Até que chegou uma hora em que estávamos com um monte de músicas prontas sem registro, e com uma formação estável, o que deixava o som bem redondo… Estava muito legal pra não ter registro…
Diogo: Eu estou sempre enrolado com projetos e já perdi muito tempo com noitadas, mulheres e bebida, aquela confusão. Risos.
Vitão: Hobby nada! Isso pra mim é sério (risos)!!!

 "Acho que procuramos dar o máximo de nós nos shows, se não for assim, não faz sentido…" Manfrini (guitarrista)

 É o zine de Itatiba, interior de São Paulo, para o mundo

CV: Este álbum foi lançado em vinil. De quem foi a ideia e quantos foram lançados? As vendas atingiram a expectativa da banda?
Vitão:
Foram 100 prensados. Eu e Manfrini decidimos lançar em vinil, mas o dinheiro tava curto, só deu para fazer 100. Acabou rapidinho. Até superaram as expectativas. Depois a Laja lançou em CD, mas CD ninguém quer saber...
Manfrini: Como o Vitão falou, a ideia de lançar em vinil foi minha e dele. Muita gente falou que estávamos viajando, que deveríamos lançar em CD e tal. Mas nós batemos o pé, gastamos uma grana do nosso bolso e fizemos a bolacha. Agora, nosso bolso era pequeno, e, infelizmente só deu pra fazer 100 cópias. Que saíram bem rápido… Mas o lance legal, não foram as vendas em si, mas a capacidade do disco em divulgar nosso som. Para uma banda que não lançava nada há 7 anos, sendo que a única coisa lançada tinha sido aquele split capenga (da nossa parte) com a Evil Idols, a receptividade foi muito boa. Fiquei feliz, porque as pessoas que curtem o som que eu gosto de ouvir e fazer gostaram do disco.
Diogo: Toda hora me pedem uma cópia, mas estou guardando uma extra para vender no e-bay se alguém da banda bater as botas antes de mim.

CV: Como vocês veem o mercado musical atualmente. O CD ninguém liga, atualmente encontra-se tudo na Internet e grátis. Agora, com o vinil, que até há algum tempo era considerado obsoleto, existe uma grande procura.
Manfrini:
Na verdade, o que importa, é uma forma de divulgar o som que nós fazemos, é fazer com que as pessoas que gostam da nossa música possam ouví-la. Particularmente, eu gosto muito de comprar vinil, acho, hoje, a forma mais legal de se ouvir música. Não é uma coisa descartável como o CD, ou mp3, rola todo um ritual de colocar o disco na vitrola, a capa é grande..entende?
Mas a Internet e o mp3 possuem um viés interessante também, pela facilidade de acesso a uma gama de bandas legais desconhecidas de todo o mundo...
Vitão: Atualmente eu compro só vinil. No máximo disco de banda nacional que só saiu em CD. O único problema que eu acho de pessoal baixar e só ouvir no computador é que geralmente elas ouvem em caixinhas vagabundas que deixam o som um lixo... Você gasta uma fortuna no estúdio pra deixar o som decente pra nada...
Diogo: O nosso som é meio feio e combina com o formato vinil, se o seu equipamento é antigo, como o meu, os ruídos completam o caos. O CD ganha disparado do mp3, com um bom equipamento e caixas potentes, mas não dura e não tem apelo visual. Não faço a mínima idéia de como anda o mercado real para quem vive disso, mas fico feliz de pessoas como Mozine (Laja) e Boka (Pecúlio) estarem na ativa, são tipo heróis.

Três páginas de entrevista com Os Estudantes na revista gringa

CV: O que melhorou e o que piorou na cena independente nacional desde que vocês começaram a banda?
Dony:
O que melhorou é que a cena está cada vez pior, e isso é ótimo, daqui a dez anos não existirá mais nenhuma banda boa, será o fim!
Vitão: Hummm... o acesso pela Internet facilitou muito o trabalho de divulgação do som e principalmente em fazer contatos no exterior. O pior são as bandas de visual ridículo e som idem.
Manfrini: Os fotógrafos! De resto continua ruim como sempre foi. Talvez um pouco diferente, mas ainda ruim... Até porque, se fosse boa não teria graça. Não ia dar para reclamar de tudo, e ficar imaginando como na gringa seria bem melhor isto, ou aquilo... (risos)
Diogo: O novo “hardcore sertanejo” não é legal, definitivamente. A Internet é bacana e a maior presença feminina no público de rock foi a maior conquista das últimas duas décadas.

"Somos lerdos e anti-profissionais. E tivemos vários baixistas mais anti-profissionais que a gente" Vitão

CV: Quais os planos dos Estudantes para 2010?
Vitão:
Bom, já estamos gravando sons novos. Daqui a pouco estaremos com dois lançamentos inéditos. Cinco músicas num split CD e outras cinco em vinil que vai sair pelo selo americano “todo destruído”.
Dony: De repente um filme pornô dos Estudantes, nós 4 em um super clima transado. E quem sabe, contratar um sanfoneiro para dar um tiquinho de brasilidade para o som da banda.
Manfrini: Ano passado, falei que nos planos de 2009 estava, entre outros, uma tour na Europa. Bom, não rolou…Então, sem planos ousados para 2010 (risos)... Estamos esperando nosso novo 7" vir dos EUA, o split de cinco bandas que vai sair aqui no Brasil mesmo. E pretendemos tocar o máximo possível por ai...
Diogo: Eu espero arranjar algum tempo para editar algum material videográfico da banda.

CV: Agradeço pela entrevista e deixo o espaço para divulgação de venda de material, ou que vocês considerarem mais importante.
Dony:
É nóis! Uhu!
Vitão: Para entrar em contato, escutar som, foto, etc... checa o nosso myspace. Abraço!
Diogo: Nos convide para tocar em sua cidade, nós gostamos de conhecer novos lugares. Só estamos meio velhos pra dormir no sofá de neguinho, esquema patrão, por favor! Abraços!
Manfrini: Sintam raiva, faz bem à saúde! Ah, e não sejam passivos, desconfiem de tudo que tentarem lhe enfiar goela abaixo!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Promoção 2 Anos do programa A HORA DO CANIBAL

 

O programa A HORA DO CANIBAL que é transmitido semanalmente pelas rádios Central Rock FM, de São Bernardo do Campo, e Itatweb, Itatiba, completa dois anos no próximo 10 de novembro e para comemorar esta importante data vamos sortear cinco CDs para os ouvintes.
Para concorrer, os ouvintes devem enviar e-mail para nkrock@hotmail.com até 15 de novembro informando qual CD quer receber em sua casa com nome completo e endereço. Também é válida a participação com algum texto ou frase bem tosca, dependendo do absurdo, a pessoa pode ganhar o CD imediatamente sem sorteio. Mas é preciso escolher o disco antes. Caso haja mais de um texto ridículo, para o mesmo CD, a entrega do prêmio será através de sorteio
Serão entregues cinco CDs:

Rock'n'Watts: banda itatibense de rock independente com influências de rock "clássico" que lançou um EP com quatro músicas próprias no final de 2009.
Lunettes: banda campineira formada por quatro garotas e um rapaz que está em férias atualmente devido a maternidade da vocalista Valkiria. A banda tem influências de punk, rock e new wave e tem disco com material próprio lançado em 2008.
Espasmos do Braço Mecânico: banda de São Bernardo do Campo, lançou este ano o primeiro registro com sete canções próprias intitulado de Volume 1. Faz um som bem particular com influências de bandas indies dos anos 90 (século XX) comm grunge.
Drákula: banda de Campinas que ano passado lançou o primeiro CD "Comando Fantasma". A banda faz um som que mistura punk rock, garage e surf music. A banda é a responsável pela faixa de abertura e fundos do programa A HORA DO CANIBAL.
Crash Course: Coletânea com seis bandas de vários pontos do planeta, sempre artistas independentes que tem influências de punk rock e rock'n'roll em geral.  


Qualquer pessoa, de qualquer canto do planeta pode participar, até animais de estimação, caso consigam enviar e-mail. Mesmo os donos e funcionários das rádios nas quais o programa é transmitido podem enviar seus e-mails para concorrer, assim como bandas que participam do programa. Boss e Canibal não participam pois já tem esses CDs, caso contrário seria permitido a entrega dos discos aos caras.   

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Surfistas? Punks? Roqueiros? Talvez sejam de tudo um pouco...Conheça The Barfly Surfers

Formada há dois anos, a The Barfly Surfers é uma banda que mistura punk rock, surf music e faz um som instrumental daqueles que deixa qualquer roqueiro alucinado e em shows faz a galera agitar e abrir rodas de pogo. Batalhando seu espaço no mercado independente, Japa e Gustavo bateram um papo com o editor do zine/blog Canibal Vegetariano sobre o som que produzem, cena brasileira entre outro assuntos, confira.

 Arquivo Pessoal
 Los três amigos que se reuniram para curtir rock e fazem um som instrumental muito massa

Canibal Vegetariano: Como surgiu a The Barfly Surfers? Por que este nome? E faça uma apresentação do pessoal.
Japa:
Em 2008 mudei para São Paulo, tinha umas bases perdidas, então chamei o Gustavo para fazer um som. Começamos nós dois, depois de um tempo sentimos que faltava alguma coisa, chamamos o Matel, que já era um velho conhecido. Estava formado o Barfly Surfers. O Gustavo toca bateria, o Matel guitarra e eu toco baixo e faço algumas vozes. O nome teve uma influência de um filme baseado no Bukowski. Mas na real mesmo é uma junção e BAR + FLY, que é uma gíria capixaba, usada para dizer que vamos dar uma volta fumando um cigarrinho do capeta.
Gustavo: Eu sou Gustavo, FYP, gostava de rock pauleira e hoje em dia vivo pelo reggae (risos).
Bicho, a ideia do nome é meio doida. Quando era só Japa eu, sempre comentávamos "deixa que o nome surge em alguma hora, do nada" e o tempo foi passando, Matel entrou na onda conosco e fomos sempre seguindo nessa ideia. Ja estávamos quase desistindo do "surgir do nada" que acabou rolando. Num rock, tomando uma cervejinha, rolou.

CV: Como vocês fazem para ensaiar e compor material, afinal, cada integrante é de uma cidade e de Estados diferentes. Isso rola de boa?
G:
Infelizmente, todos vivem na mesma cidade hoje em dia! (risos)
J: Atualmente moro em São Bernardo do Campo. Na verdade somos de cidades diferentes (Vila Velha/ES, Araraquara/SP, São Paulo), mas atualmente todos moramos em Sampa. Mesmo assim não é uma tarefa tão fácil ensaiar sempre.

CV: Por que vocês decidiram seguir a linha surf music instrumental?
G:
Pô, eu  passei a ouvir muitos outros tipos de música, Japa sempre curtiu várias linhas também e Matel nem se fala, sempre estudou, foi atrás de coisa nova, coisa doida. Creio que decidimos fazer algo um pouco diferente do que estávamos acostumados, mas sem deixar a pegada rock que todos gostamos.
J: As coisas acontecem muito por acaso no Barfly Surfers. E já nem sei se ainda somos surf music, ou se um dia fomos isso. Tudo que a gente fizer, de um jeito ou de outro sai punk rock. Na verdade somos instrumental por preguiça de ter que fazer letra. E não foi por causa dessa onda de bandas instrumentais. Só foi assim que resolvemos pensar o som que queríamos fazer. Gostamos de pensar, se não tem nada para falar, é melhor calar a boca!

Arquivo Pessoal
The Barfly Surfers ao vivo em Bragança Paulista no festival Cardápio Underground

CV: Rogério, como é tocar em uma banda como a Merda, no Morto pela Escola e na The Barfly Surfers? Há muita diferença para você?
J:
No Morto Pela Escola não toco mais. Mas não vejo uma grande diferença. Na verdade é tudo rock. É tudo punk rock. O legal de tocar em vários projetos diferentes é tocar com várias pessoas diferentes.

CV: Espaço para rock no Brasil sempre foi ruim e agora é pior. Como vocês vêem a cena de rock independente na atualidade?
G:
Rapaz, sei lá viu, estranha, se não fosse a união de quem realmente se move por algo, estaríamos todos fodidos.
J: Já tivemos tempos piores para o rock independente. Sem lugar, aparelhagem... Atualmente algumas coisas melhoraram, outras nem tanto. Os idiotas sempre estarão por aí. Foda-se!!

CV: Como funciona para vocês o lance de CD? Vocês já lançaram algum, ainda pretendem fazer algo? E pensam em soltar algum registro em vinil?
J:
Nosso primeiro foi só lançado virtualmente pelo Chiveta NOT Records, que na verdade é um blog mas topou entrar nessa de lançar a gente no mundo virtual. E tivemos uma boa resposta mesmo não tendo saído em formato físico. Estamos pensando em lançar o próximo em CD, mesmo sendo uma mídia já meio falida, mas ainda tem seu espaço. E lançar em vinil é um sonho ainda, mas vamos atrás disso.
Gustavo: Vinil, por mim, lançava só vinil.

CV: Citem os cinco discos mais importantes para cada integrante.
G:
FYP - Dance My Dunce; Bob Marley - Catch a Fire; Planet Hemp - Usuário; Tim Maia - 1971; Pannonia Allstars Ska Orchestra - Budapest Ska Mood
J: Vou fazer de bandas: Dead Kenndys; Misfits; Ratos de Porão; Black Sabbath; AC/DC.

Arquivo Pessoal
Capa do primeiro disco da banda que foi lançado apenas na Internet

CV: Atualmente vocês conseguem viver somente de música ou trabalham em outras funções?
J:
Não! Todos temos trabalhos chatos e “normais”.
G: Todos trabalhamos e isso chega a dar uma segurada na banda, mas graças a Jah, sempre que da, conseguimos nos reunir para fazer um sonzinho e ficar a vontade.

CV: Se isso ainda não ocorre com vocês, mesmo assim acreditam que um dia poderão viver somente da música de vocês?
G:
Eu não acredito nisso não. Se fosse para viver de música antes eu deveria fazer um curso de empreendedorismo para conseguir mandar bem no mundo de negociatas, jabás e afins.
J: Não, eu não acredito em milagres!!!

CV: Qual a importância dos meios alternativos de informações para a cena rock brasileira na atualidade?
G:
Sem vocês, a gente não anda.
J: A situação seria muito mais complicada. Tem uma galera fazendo umas coisas bem legais. É lógico que existe muita merda. Isso faz parte.

CV: Deixo o espaço para vocês, falem, escrevam, xinguem...
G:
Obrigado pelo espaço, valeu mesmo e lembrem-se, LEGALIZAR É A SOLUÇÃO!
J: Valeu !!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Magnetita: Pelo retrovisor banda visualiza seu futuro

Eles estão de olho no que foi feito no passado sem perder a visão no futuro. Com a mistura de letras de protesto e som pesado, a banda itatibense Magnetita "enfia" o pé na porta do rock independente e lança seu primeiro disco. Para saber mais sobre a banda, nós conversamos com o guitarrista Sérgio Spell, que falou abertamente sobre o atual momento do grupo. Esta entrevista foi publicada na edição nº 4 do Fanzine Canibal Vegetariano, lançada em 23/09/2010.

Canibal Vegetariano: Faça-nos a apresentação dos integrantes da banda e seus respectivos instrumentos.
SS:
Daniel Nikimba (voz), Edu Limas (bateria), Rogério Minutti (contra-baixo) e Sérgio Spell (guitarra e voz)
                             
CV: A banda está lançando o primeiro registro que conta apenas com músicas autorais. Quando vocês pensaram que estava na hora de compor? E qual  motivo de gravar apenas músicas próprias?
SS:
Estávamos ensaiando covers até que bateu um certo questionamento sobre tal situação, já tínhamos algumas músicas prontas e outras foram compostas em ensaios da banda. Achamos que não há futuro para bandas que só tocam os mesmos velhos e cansados hits do rock (não que a banda não goste de tocar covers). Uma banda tem falar algo de si, e o que pensa, ou será apenas mais um grupo que pertuba parentes e vizinhos, com ensaios das mesmas ladainhas que todo mudo não aguenta mais.

Lucas Selvatti
Dá esquerda para direita: Rogério (baixo), Daniel (vocal), Dú (bateria) e Sérgio (guitarra)
CV: Como foi o processo de gravação?
SS:
Totalmente independente (risos)... Gravamos numa sala com apenas um microfone para a bateria, montamos as guias e depois os arranjos foram sendo finalizados juntamente com as vozes. Gravamos tudo em mais ou menos um mês, mas a mixagem demorou um pouco mais, já que é difícil se chegar num resultado satisfatório, usando apenas uma mesa de som e software de gravação.

CV: Após o lançamento do álbum, vocês já realizaram shows em Itatiba e Vinhedo. Quais serão os próximos passos?
SS:
Nosso próximo show será no evento “Praça Viva” (Praça da Bandeira de Itatiba/SP) em 16 de outubro. Estaremos fazendo o lançamento oficial do álbum Magnetita. Outras apresentações ainda estão sendo discutidas pela banda.

CV: Como músicos vocês devem gostar de todo o álbum. Mas geralmente tem aquela música que se destaca mais. Existe uma que a banda fala "essa é a música", ou cada um tem uma preferida?
SS:
Gostamos muito da faixa 2 “Eu não caio não”, é unânime.. A razão deve ser por causa da pegada um pouco mais pesada e sua mensagem de protesto aos que se dizem “ministros de Deus” e enganam milhares de pobres coitados sem esperança, que deixam seu dinheiro para sustentar esse "circo" chamado religião.

Lucas Selvatti
A banda durante um de seus ensaios
CV: Sérgio, você como principal compositor da banda, quero saber qual sua influência na hora de escrever as letras? Livros, filmes, músicas...
SS:
Eu gosto de livros embora não leia tanto quanto deveria. Adoro cinema. E ouvir outras bandas é com certeza parte desse processo. Adoro trilhas sonoras, é assim que componho, crio os riffs depois fico ouvindo e me auto-sugestionando sobre qual tema se encaixa, então os textos vão "pintando" em minha mente como um mosaico.

CV: Ouvindo o disco, eu senti a banda Magnetita mesclando o peso das bandas brasileiras dos anos 90 com temáticas das letras dos anos 80. Como vocês definem o estilo da banda?
SS
: Essa é a resposta mais difícil de todas (risos). Não sabemos muito como categorizar, talvez seja “roque errou brasileiro” (mais risos), somos o Magnetita e acreditamos no nosso som que tem influência das boas bandas brasileiras dos anos 80 (século XX) e do grunge.

CV: Quais as influências musicais de cada um? E com as diferenças, como vocês conseguiram chegar na sonoridade apresentada pela banda?
SS:
Daniel gosta de bandas como Titãs, Paralamas, Nação Zumbi, Sepultura, Pantera, Alice in Chains...etc. Eduado curte Smashing Pumpkins, Nirvana, Kings of  Leon, Foo Figthers e etc. O Rogério é o mais progressivo, curte desde MPB a Dream Theather e bandas de metal em geral. Eu gosto muito de Black Sabbath, Pink Floyd, Nirvana, Audioslave, Pearl Jam, etc.

CV: Quais bandas do cenário independente atual que vocês curtem, por quê?
SS:
Vênus Voltz é uma banda de Campinas da qual somos amigos do baterista “Du”, e o som deles é bem alternativo e cheio de misturas. Gostamos também de Valverdes, um power trio simplista mais bem porrada, gostamos muito de bandas que um dia foram independentes, como REM, que ficou na estrada durante anos tocando e vendendo discos por conta própria.

CV: O primeiro álbum de vocês acabou de ser lançado e tem muito para ser trabalhado. Mas vocês continuam compondo? Existe uma previsão de quando vocês pretendem gravar novamente?
SS:
Já temos um single e estamos tocando nos shows, “O coringa”, e outras músicas sendo elaboradas, mas não temos previsão de gravar, pois nosso foco é tornar esse primeiro disco bem conhecido.

Lucas Selvatti
Magnetita, foto da capa do 1º CD da banda
CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo o espaço para as considerações finais.
SS: Agradecemos o apoio de todo o cenário independente de Itatiba nossas esposas, famílias e amigos, ao Zine, ao pessoal d'A Hora do Canibal (Ivan e Boss), Tati, Lucas Selvatti, Pró-Rock e também à Secretaria de Cultura de Itatiba (Simone , Ana Lúcia, etc). A todos vocês nosso grande abraço!!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Brasil o país da impunidade?!

Peço desculpas a nossos leitores, mas hoje deixo um pouco de lado nossos temas musicais para fazer um desabafo.

Tem uma música de uma banda chamada Maria Bacana, que os punks paulistanos dos Inocentes regravaram há dez anos que chama-se "Repeat Please", e uma das frases mais legais da letra diz: "Têm dias que a vida parece coca-cola sem gás...", genial. Têm dias que são assim mesmo. Têm dias que você liga o rádio ou a TV ou abre algum jornal e não acredita no que vê, ouvê ou lê.
E o último dia 22 de setembro foi isso mesmo. De repente, o metrô de São Paulo enfrentou problemas que há muito tempo não se via. Pessoas ficaram horas presas nos vagões e algumas precisaram ser encaminhadas ao hospital. Algumas horas depois, Soninha Francine, ex-vj da MTV e apresentadora do RG, na TV Cultura, ex-petista e atualmente membro do PPS, "entra na net" e começa a questionar se o problema ocorreu realmente ou o fato foi premeditado, pois estamos a dias das eleições. Motivo para discussões, mas ninguém repercutiu.



Eduardo Alcantara de Oliveira

 Metrô paralisado em São Paulo. Soninha suspeita de sabotagem

Horas depois, uma forte chuva desaba sobre a várias cidades do Estado de São Paulo e Guarulhos, na Grande São Paulo, foi uma das mais prejudicadas devido a uma forte chuva de granizo que deixou muitas pessoas "ilhadas" e com parte de suas casas destruídas. Dois assuntos que renderiam muito para o fim da noite e para o início da quarta-feira.


Guilherme Kastner/Diário de Guarulhos/Futura Press

Chuva de granizo em Guarulhos. Nós, humanos, com certeza somos os responsáveis pelas mudanças ckimáticas a catastrofes que coorrem, ou não?

Mas, no final da noite, uma notícia sobre o esporte mais popular do planeta e do Brasil, o futebol, virou o motivo de discussões acolouradas nas padarias, pontos de ônibus e na chegada ao emprego. O motivo, a demissão do técnico Dorival Júnior, técnico do Santos Futebol Clube, time que conquistou dois títulos este ano e ainda aspira um terceiro. Ele teria sido mandado embora por punir o que muitos jornalistas esportivos e pessoas em geral consideram um dos melhores jogadores do país na atualidade, o atacante Neymar.
Para quem não sabe, há uma semana, Neymar teria xingado o técnico Dorival e o capitão do time, o zagueiro Edu Dracena, pois o técnico não permitiu que ele cobrasse um pênalti devido ao grande número de erros que ele cometeu nos últimos jogos. Os insultos e xingamentos foram filmados. O assunto repercutiu além da esfera esportiva e ganhou manchete nos principais jornais. Dois dias depois, o técnico ameaçou se demitir caso o atleta não fosse punido de maneira exemplar por não acatar uma ordem hierárquica.
O atleta foi suspenso por tempo indeterminado, não jogou no último domingo e na véspera (ontem) de um clássico regional, o técnico optou por não escalá-lo para que a punição prosseguisse. Poucas horas depois Dorival foi demitido. O atleta está envolvido em polêmicas desde o início do ano, e não foi punido nenhuma vez. O clube teve uma grande chance de ganhar muitos milhões de euros há um mês quando um clube inglês tentou levar Neymar. O presidente não aceitou, aumentou o valor da rescisão, aumentou o salário do atleta. O futebol dele continuou o mesmo, para mim, futebol de um jogador comum, como muitos outros por aí. Muitas pessoas o chamam de jóia, até hoje não sei porque. Mas, opiniões são para serem argumentadas e respeitadas.



Santosfc.com.br

Técnico Dorival Júnior fez um trabalho ético e pregando respeito. Foi demitido por punir atleta, que pensa que é craque, mas não passa de mau educado e indisciplinado

Agora você deve estar se perguntando, o que o país tem a ver com isso? Para mim tudo, aqui, infelizmente é o local em que pessoas mal educadas e sem preparo, e algumas sem caráter, são levadas a sério e tratadas com todo respeito. Enquantos os cidadãos que trabalham e pagam seus impostos em dia e respeitam hierárquias, leis e ordens, são cada vez mais mal tratadas, desrespeitadas. O que ocorreu mostra apenas que as crianças e jovens estão tendo péssimos exemplos e para eles, agir como Neymar será o correto. Dorival foi demitido por fazer um trabalho baseado em ética e honestidade e punindo pessoas que não respeitam a convivência em grupo. Dorival foi demitido porque ele não tem uma multa de milhões de euros. Seriedade e compromisso atualmente não são valores prezados pela sociedade, e sim o dinheiro o o dinheiro que uma pessoa possa render.
Aconteceu com Neymar o que aconteceu com muitos políticos no Brasil nos últimos anos, principalmente no período do governo Lula e como acontece com muitas pessoas ricas que se envolvem em crimes e não são punidas. Os caras que participaram do mensalão, que carregaram dinheiro na cueca ou meia estão presos? Claro que não! Ninguém neste país é punido, aqui é a terra do tudo é permitido quando convém a meia dúzia de pessoas. O Brasil ainda é o país em que ladrões de galinha e de pote de manteiga são presos. O governo, no caso Lula, faz questão de dizer que as pessoas com grande participação nos esquemas de fraude são seus "companheiros". E as recentes acusações de tráfico de influências na Casa Civil? Que punição terá as pessoas envolvidas? E por que o Lula fala tão mal da imprensa?
Com tantos maus exemplos e com tanta impunidade, como podemos pensar que este país um dia será sério e de primeiro mundo? Que motivo tem uma pessoa a ficar dizendo que tem orgulho de ser brasileiro? O título acima é "Brasil o país da impunidade?! Mas acredito que poderia ser "Uma nação de alienados" ou "Uma nação de idiotas". Afinal, o que estamos fazendo para mudar?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Bebers Operário participa de 'baile' em Campinas

Neste próximo sábado os itatibenses do The Bebers Operário apresentam-se em Campinas em um festival muito massa de hardcore. Se você gosta de ouvir um som, bailar, tomar uma cerveja e curtir o sábado a tarde, corra para o Bar Decontrol em Campinas. Mais informações confira no cartaz lindão ao lado.

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