segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Memória Punk: Pânico em SP


Documentário produzido no auge do punk no Brasil mostra como era o público e a ideologia de quem fazia parte deste movimento que foi um dos mais importantes na história da música mundial

 O documentário Pânico em SP mostra como era a cena punk no Brasil em seu auge, início dos anos 80, século XX. O Brasil vivia o final da ditadura militar e na periferia de São Paulo, jovens reclamavam sobre a repressão, falta de oportunidades, além de outros problemas vividos à época. O texto que vocês irão ler foi escrito por Claudio Morelli, free-lancer na área de comunicações, roteirista, diretor de fotografia e diretor de trabalhos institucionais.   
                Em 1982 eu cursava o 8º semestre do curso de Cinema na ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP). Era o último semestre e o grupo tinha direito a dois curtametragens em 35 mm. Ao mesmo tempo, eu tomava contato com o movimento punk através do Marião (Mario Dalcêndio Jr., amigo velho de guerra) que já estava vagando por aquelas searas. A empatia foi imediata e comecei a frequentar os ambientes dos punks (o salão no Pari, a Galeria do Rock, o Largo São Bento, etc).
                Devido a tudo isso propus um projeto de documentário ao grupo e ele foi aceito. Optamos pela bitola de 16 mm. Por questões de maior mobilidade e facilidade no manuseio. A ideia era documentar os espaços, a música, as opiniões, o comportamento, a vestimenta, tudo enfim; no entanto eu queria documentar de uma forma que eles mesmos se expressassem, sem interferência da produção. Nada de narrador descrevendo nada, e muito menos uma montagem que pudesse direcionar o espectador a uma opinião, fosse de simpatia ou antipatia. O filme seria como uma colagem, com cenas curtas, um ritmo frenético como a música punk.

 Mas, por que eu simpatizei com os punks logo de cara? Para começar, imediatamente percebi que aquela ideia de punks como vândalos destrutivos não correspondia à realidade. Eles tinham uma ideologia e motivos para a rebeldia.         
Estávamos nos estertores da ditadura militar e esses jovens da periferia testemunhavam a repressão aos trabalhadores, que lutavam por salários e, associados aos universitários e à intelectualidade, exigiam liberdade de opinião, de expressão e de manifestação. Além disso, esses mesmos jovens não viam no horizonte nenhuma possibilidade de ascensão social ou desenvolvimento pessoal e material.
                Daí a revolta. O símbolo e a ideia de Anarquia tomou conta desses grupos e nada de autoridades, nada de poder, nada de governo (que, obviamente, era o títere da repressão). Agruparam-se então em torno dessas ideias. Óbvio que havia os mais exaltados, que acabavam saindo da linha e cometendo pequenos delitos de violência. Por causa deles, todo o movimento punk era mal visto pela sociedade em geral e, principalmente, pelos encastelados com seus cães-de-guarda.
                Mas essa não era a regra. Os punks eram pacíficos, quando muito armavam confusões entre eles mesmos, entre os diversos grupos que compunham o movimento (Carolina, ABC, etc.). Não saíam por aí depredando mansões ou queimando BMW.      

Quanto a drogas, poucos usavam e a mais consumida era cola de sapateiro. Bebiam pinga com groselha. A rebeldia estava nos trajes (pretos, quase sempre), jaqueta de couro paramentadas com adereços característicos de peças de montaria, calça de brim, e, principalmente o coturno. Acho que o coturno era uma forma de se opor à repressão, tomando delas um de seus símbolos. As meninas (que não eram muitas, é verdade) se vestiam praticamente da mesma maneira.
                O alemão era uma exceção; vestia-se sempre com roupas de cores berrantes, com adereços estranhos. Era comum o símbolo da Anarquia ser desenhado nas costas. Às vezes podia-se encontrar uma ou outra suástica, mas tenho certeza que era apenas para chocar as pessoas. É verdade que na época já existiam os skinheads, com suas idiotices repugnantes, que se trajavam como os punks. Também por isso os punks eram associados ao vandalismo, graças aos skins.

Mas, a coisa que mais me atraía mesmo era a música. A proposta era genial. Na época não havia nada de importante no rock. Tudo tinha virado balada, disco ou então egressos do heavy metal do início da década de 1970 com seus virtuosismos, trajes glamorosos e alienação ideológica. A solução punk para isso foi bem simples: faça você mesmo sua música, basta aprender três acordes, ninguém precisa mais que isso. Uma boa distorção na guitarra, bateria frenética e, principalmente, letras que expressem o que você vive, sua revolta, sua indignação, seu "no future".
Essa música levava à dança. Uma dança que exorcizava os desejos, uma dança que representava uma luta, com empurrões e chutes cadenciados. Resumindo, tudo isso me encantou, e eu, junto com o Marião, me juntei a eles, começamos a fazer parte deles. Nós frequentavamos o Largo São Bento nos fins-de-semana, ia aos salões e tudo mais.
           Foi essa identificação resultou no filme Pânico em SP, cujo nome vem de uma música dos Inocentes. E o filme tentou ser tão punk quanto eles e nós. Para saber mais, assista ao filme. De vez em quando ele roda por aí.

Todas as fotos são do Arquivo Pessoal de Cláudio Morelli

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

NoctVillains - Friends and Wines


Produção Independente
A banda paulistana NoctVillains lançou seu EP "Friends and Wines". O CD tem seis músicas com uma sonoridade que passeia entre os anos 80 e 90 do século passado.
E o destaque deste lançamento é, sem dúvida, a faixa de abertura "Sorry". Com uma entrada de violão simples mas muito marcante e a voz de Roxy Perrota é algo muito agradável de se ouvir, ela não soa grave como a maior parte das cantoras de MPB, mas também não é aquela voz fraca que cantoras pop insistem em fazer. A de Roxy, é a voz feminina que encaixa perfeitamente ao que a música pede.
A primeira faixa termina e logo vem a segunda que é outro grande potencial a hit, "Dangerous Day". Música que mescla o melhor do pop com o rock alternativo. Após, mais quatro faixas, todas com destaque especiale ritmos e instrumentos diferentes, com participação de vários amigos da banda durante as canções.
O EP foi todo gravado de maneira independente, mas nem por isso pense que a gravação é tosca. Muito pelo contrário, a gravação é algo totalmente profissional. Com instrumentos e vozes bem claros e limpos, é possível ouvir todos os músicos de maneira limpa, inclusive às vozes sobrepostas que dão um toque especial a cada faixa.
Se você se interessar, procure ouvir este EP que faz parte da 'Promoção do Capeta" do programa A HORA DO CANIBAL em parceria com o fanzine/blog Canibal Vegetariano. Se você curtir o som, saiba como participar e um CD pode ser seu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Promoção do 'Capeta' no Canibal Vegetariano

Canibal Vegetariano
O Fanzine/Blog Canibal Vegetariano convida todos seus leitores e também ouvintes do programa A HORA DO CANIBAL para participar desta verdadeira promoção do Capeta, homenagem ao carnaval brasileiro, que começa a valer "agora" e prossegue até 29 de fevereiro. Não é zueira, neste ano teremos esse dia.
Na promoção do Capeta, o leitor/ouvinte pode enviar quantos e-mails quiser e escrever "porque a promoção tem este nome?". As repostas mais criativas ganham CD's e camisetas. Serão sorteadas duas camisetas da banda paulistana NoctVillains. Devido ao formato, as camisetas serão sorteadas somente para ouvintes/leitores do sexo feminino.

Canibal Vegetariano

Os CDs serão entregues para as pessoas que se interessarem pelas "bolachas". Serão sorteadas os discos: um CD da banda mineira Aterro. Esse CD é recomendado para pessoas que gostam de thrash metal e hardcore. Além do Aterro, os ouvintes/leitores podem ganhar dois CDs da banda paulistana NoctVillains. Projeto paralelo de Vagner Sousa, baixista da banda The Concept. Neste disco, a banda flerta com sons dos anos 1980 com bandas do século 21. Também serão sorteados três CDs da coletânea Rock São Paulo vol.4. O disco tem bandas de vários estilos, entre as bandas neste registro estão Dance of Days, Elevadores e NoctVillains.

  É isso aí, serão entregues seis CDs e duas camisetas. Para participar basta enviar e-mails para nkrock@hotmail.com. Moradores de Itatiba receberão o prêmio em local a combinar. Quem for de outras localidades, recebe o brinde em casa.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Les Fleurs: uma viagem sem limite

Canibal Vegetariano
André
A banda itatibense Les Fleurs, antes chamada Les Fleurs du Mal, volta às atividades depois de um hiato de cinco anos, devido, principalmente, ao rolê que um dos membros originais, André Fujiwara, deu pelo lado oriental do planeta.
E as mudanças da banda não param apenas no nome, elas também ocorrem na formação, repertório e decisões polêmicas, uma delas a troca de músicos humanos por computadores e programas pré-programados. Para saber mais sobre o retorno e todas as mudanças, o cara chato que sempre escreve no fanzine/blog Canibal Vegetariano, foi conferir um ensaio da banda e entre uma cerveja e outra, trocou uma ideia com os membros atuais: André Fujiwara, guitarra, backing vocals, Reginaldo Maciel, vocais, guitarra, violão, Richard Kraus, teclado e Daiane Zep, vocais, backing vocals.

Canibal Vegetariano
Reginaldo e Daiane
A primeira pergunta durante o bate papo foi; por que vocês optaram por se apresentar sem baixista e baterista? "Cara, desde o início, tivemos vários problemas com bateristas, nunca pelo lado pessoal, mas sim musical, nossas ideias não batiam, estávamos muito além do que muita gente toca, pois fazemos uma salada musical e temos muitas influências distintas", disse Reginaldo Maciel.
André também comentou sobre as mudanças. "Aqui no Brasil é difícil encontrar músicos que topam tocar junto com algo programado. Pelo atual momento da banda, teríamos fácil, umas dez pessoas tocando juntas, mas sabemos que isso é inviável por várias razões e aproveitamos para trabalhar mais com a tecnologia", comentou.

Canibal Vegetariano
Richard
REPERTÓRIO/ A banda atualmente deixou um pouco de lado o as composições próprias e no retorno eles apostam em versões para músicas obscuras da cultura pop e também hits conhecidos das várias fases do rock'n'roll. "Nossa viagem musical ocorre de New Order a Kinks, do início do rock nos anos 50 a bandas do século 21. Misturamos tudo devido ao gosto de cada um. Estamos curtindo muito esse momento", comentou Richard.
                Sobre a entrada de uma mulher na banda, os três disseram que isso era algo que eles pensavam há tempos. "Sempre gostamos de experimentar, de não limitar nossas ideias, e sempre tivemos bem claro que seria muito legal ter um vocal feminino e isso está rolando atualmente, o que nos deixa ainda mais a fim de nos apresentarmos", afirmaram.
              
Canibal Vegetariano
A banda
Para quem pensa que a banda toca somente cover pode esquecer. Em pouco mais de sete anos de banda, com intervalo, já dito, de cinco anos, eles lançaram um EP "Rock'n'roll french bitch" e um álbum "Dancing on the bottle neck". "Fizemos pouquissimas cópias, mas registramos dois CD's com músicas próprias e ainda temos um pronto, ainda não lançado. Ele é um projeto que fizemos com Mateus Machado, poeta, em que musicamos vários poemas de seu livro 'Pandora's Pussy'", declarou André. "Atualmente deixamos essas músicas de lado para nos dedicarmos as versões, pois queiram ou não, é mais fácil para descolar shows em bares, mas não abandonamos as composições, tanto que na apresentação do dia 11, vamos apresentar uma canção inédita", encerrou André.
                A banda Les Fleurs faz sua primeira apresentação após retorno no próximo dia 11, em Itatiba. O local será o bar Ponto Alto, no bairro Cruzeiro a partir das 22h.