terça-feira, 23 de abril de 2013

Arte feita com bom humor


Rodrigo Birai
 Hoje nós deixamos um pouco a música de lado para falar com um rapaz que há anos se dedica a arte dos quadrinhos, charge, caricaturas, entre outras expressões artísticas. Cléverton Gomes é o cara que com traços finos e rápidos, faz caricaturas de anônimos e famosos e surfa na onda da ironia e crítica social, com charges sempre relevantes e atuais. Para saber mais sobre este tipo de arte, conversamos rapidamente com o homem da prancheta.

Canibal Vegetariano: Cara, como pintou o desenho em sua vida? Quais são suas influências?
Cléverton Gomes: Desde criança curto muito fazer desenhos em geral. Enquanto a galera jogava futebol, eu desenhava. As influências são as mais diversas que se possa imaginar. Desde Maurício de Souza, Ziraldo, irmãos Caruso, Ique, J. Carlos, Wall Disney, a pintores como Monet, Van Gogh, Da Vinci, Rembrant, Picasso, entre outros. Gosto de arte em geral e procuro variar estilos sempre que posso.

Rodrigo Birai
CV: E o lance das caricaturas, desde quando você as desenha e o que ainda pode ser aperfeiçoado?
CG: As caricaturas surgiram naturalmente. Como falei, entre as diversas tentativas de variar estilos comecei a fazer caricaturas ainda criança e não parei mais. As pessoas que acompanham meu trabalho incentivaram a divulgar esses desenhos que hoje são feitos em menos de um minuto, mas tenho muito o que melhorar, nunca sabemos tudo.

CV: Como é a reação de quem você desenha? Conte algo inusitado que já lhe ocorreu durante seu trabalho.
CG: Já desenhei muita gente, nas mais diversas situações e lugares e ainda pretendo fazer isso o resto da minha vida. É muito legal ver a reação da pessoa desenhada, muitas vezes ela se identifica de tal forma que coloca seu desenho em uma moldura, faz uma camiseta personalizada, entre outras possibilidades. Certa vez participava de um programa de rádio, quando de repente o  locutor falou: "Quem ligar agora ganhará uma caricatura falada", ou seja, uma espécie de retrato falado em forma de caricatura. O ouvinte passou o perfil físico da pessoa e fiz o desenho. Mais tarde a ouvinte foi até a rádio para retirar o desenho e segundo ela, a caricatura ficou parecida com a pessoa.

Rodrigo Birai
CV: Você faz muitas caricaturas de artistas, como eles veem esse tipo de arte? E como foi desenhar a galera do 'Ícones dos anos 80'?
CG: É muito bacana ter contato com as pessoas em geral, pois se percebe de imediato como a pessoa se sente ao ver sua imagem em forma de desenho. Quando tenho a possibilidade de desenhar artistas de grande repercussão e se deparam com as mais diversas situações, noto que eles também gostam muito do traço e da rapidez que o trabalho é feito. Normalmente o contato com esses artistas é bem rápido e eles curtem muito a possibilidade de serem  caricaturados ao vivo em segundos e levar essa lembrança para casa. Sobre o pessoal dos anos 80, me senti muito privilegiado em desenhar esses artistas que marcaram época no cenário musical nacional. Cresci ouvindo essas músicas e já os desenhei várias vezes, desde a minha infância, antes de vê-los pessoalmente. Estar frente a frente com Kid Vinil, Kiko Zambianchi, Guilherme Isnard, George Israel entre outros e desenhá-los, foi show! 

CV: Nesse dia, você de caricaturista deixou a prancheta e foi desenhado. Como é a sensação de estar do outro lado? E o Guilherme Isnard, leva jeito para isso?
CG: Cara, foi muito legal. Assim que terminei a caricatura do Isnard, ele pegou a prancheta das minhas mãos e me disse: "agora sou eu que vou desenhá-lo" e assim o fez. É interessante estar do outro lado da prancheta...(risos). Curti demais o desenho e a humildade do Isnard que se mostrou um bom caricaturista.

CV: Como é o mercado de caricaturas no Brasil? Você já esteve no exterior, como é o esquema por lá?
CG: Hoje se popularizou mais as caricaturas no Brasil, após o longo periodo histórico de censura no País, as pessoas vem se simpatizando com esse estilo artístico. Mas ainda tem muito o que melhorar. O Brasil ainda está em atraso nessa área cultural. Outros paises já valorizam a arte muitos anos antes e com certeza veem o valor dessas obras com outros olhos. Eu, como tantos outros profissionais, faço minha parte para que essa linha do humor e arte faça cada vez mais parte de nossas vidas.

CV: Como o brasileiro trata a arte, de maneira geral?
CG: O brasileiro é sensacional se tratando de bom humor e criatividade e isso ajuda demais na criação de trabalhos artísticos, porém a valorização da arte no País ainda é muito banalizada. É interessante que os educadores de maneira geral aplique com mais frequência a importância da arte e não deixe que a população apenas a veja como 'algo bonitinho'. A arte deve ser analisada, interpretada e discutida, pois mostra visões variadas, muitas vezes, de situações que deixamos passar despercebidas.

Rodrigo Birai
CV: E as charges, muitas delas polêmicas, de onde surge ideia para este tipo de 'notícia' resumida com humor e quase sem palavras?
CG: As ideias para montar uma charge surgem de situações diárias. Desde assunto políticos de grande destaque a momentos do dia-a-dia. Histórias contadas pelas pessoas também auxiliam na criação dessas charges. É necessário estar atento aos assuntos variados para elaborar uma charge. E legal ver a satisfação das pessoas ao verem e comentarem esse trabalho de rápida interpretação.

CV: Valeu pelo papo, deixo espaço para suas considerações finais e faça seu merchan.
CG: Gostaria de agradecer ao Canibal Vegetariano pela oportunidade de falar um pouco sobre meu trabalho. E gostaria de aproveitar a oportunidade de convidar a todos para que conheça um pouco mais do trabalho de Cleverton Gomes através do blog: www.clevertoncaricaturas.blogspot.com, também no facebook - Cleverton Gomes e do grupo 'O Cleverton já me desenhou'. Quem curtir vídeos, tem uma page no youtube: www.youtube.com/clevertonnaweb. O telefone para contato é o (11)9 9708-9601. Abraço a todos e até a próxima.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Uma viagem no tempo

Canibal Vegetariano
Sem sair do lugar, público que esteve na Festa do Caqui sexta-feira pode voltar aos anos 80 e curtir grandes hits da época ao som de vários artistas
Canibal Vegetariano

                Vários artistas que fizeram história nos anos 80 se apresentaram durante a quarta noite da 11ª Festa do Caqui, realizada em Itatiba. Sem sair do lugar, o público presente cantou e relembrou canções que marcaram a história do cancioneiro popular.

                Escalados para participar da festa estavam Kid Vinil, Kiko Zambianchi, George Israel, Marcelo Nova, Ritchie e Guilherme Isnard. Os artistas foram acompanhados por músicos que integram as bandas Pato Fu e Ultraje a Rigor, entre os mais conhecidos estava o baixista Mingau, que tocou com nomes importantes do punk brasileiro nos anos 80, como Ratos de Porão, Inocentes e 365.
Canibal Vegetariano

                O primeiro a subir ao palco foi o inglês radicado no Brasil, Ritchie que levou o público ao delírio com suas canções mais conhecidas como “A vida tem dessas coisas” e “Menina veneno”. Na sequência veio Kiko Zambianchi, que com seu bom humor habitual conquistou a galera e fez a galera cantar “Rolam as pedras”, “Primeiros erros” e relembrou músicas de sua autoria regravadas por outras bandas do cenário do rock nacional. Assim que Kiko deixou o palco, foi a vez de Guilherme Isnard tomar conta do microfone principal e trazer a 
lembrança de canções de sua banda Zero, principalmente da música “Quimeras”.
Canibal Vegetariano 

                George Israel foi o quarto a se apresentar e o saxofonista da banda Kid Abelha fez o público relembrar músicas de bandas como Barão Vermelho, do cantor e compositor Cazuza e também de sua banda, como “Eu tive um sonho”. Antes de sair do palco, o músico dividiu espaço com a quinta atração da noite, Kid Vinil. Juntos, Kid fez a parte de saxofone no mega hit “Tic tic nervoso”.
                Ainda no palco, Kid mandou o maior sucesso de sua carreira “Sou boy”. Ele relembrou um dos maiores hits da década de 80 “Até quando esperar”. Kid também deu início a música “Aluga-se”, de autoria de Raul Seixas, no meio da canção, ele deixou o palco e o final ficou a cargo de Marcelo Nova, vocalista da banda Camisa de Vênus.
Canibal Vegetariano

                Além de “Aluga-se”, “Marceleza” ainda executou “Simca chambord”, “Só o fim” e relembrou uma música sua em parceria com “Raulzito”, “Pastor João e a Igreja invisível”, onde com uma garrafa d’água, fez menção de ser água benta e jogou para abençoar (ou amaldiçoar?) o público. 
Canibal Vegetariano
Ao final, sem Marcelo Nova, os outros cinco nomes voltaram ao palco e juntos relembraram “Ciúme” da banda Ultraje Rigor e fecharam a noite com “Meu erro” dos Paralamas do Sucesso.






sexta-feira, 12 de abril de 2013

As pedras ainda rolam


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Kiko Zambianchi é músico de Ribeirão Preto e fez parte da geração rock 80. Autor de hits que marcaram época, cantor e compositor falou ao Canibal Vegetariano sobre sua carreira de 29 anos, sucesso, as novidades que estão por vir e também sua paixão pelo Santos Futebol Clube. Abaixo você confere entrevista na íntegra e algumas músicas famosas do compositor. 

Canibal Vegetariano: Kiko, como você resume seus 29 anos de carreira? Se pudesse voltar no tempo, mudaria algo?
Kiko Zambianchi: Mudaria várias coisas, mas estou satisfeito com o rumo que a minha carreira tomou. Tive meus altos e baixos mas, sabendo das dificuldades de vencer como artista no Brasil, me considero um vencedor.

" Gostaria que o rock no Brasil fosse mais unido"

CV: Nos anos 80, não havia facilidade para se comunicar. Como foi começar a carreira em Ribeirão Preto?
KZ: Comecei a dar os primeiros passos da minha carreira em Ribeirão mas foi em São Paulo que tudo aconteceu. Em Ribeirão participava de festivais e fiz meus primeiros shows com a banda que tinha chamada "Vida de Rua". Era mais complicado gravar e mostrar o seu trabalho na época, mas tínhamos diretores artísticos e eles faziam uma triagem do que seria lançado no mercado. Essa era a meta de qualquer artista que estivesse começando.

CV: O que te levou a ser músico? Quais são suas principais influências?
KZ: Meu pai sempre me fez escutar música clássica e durante minha infância toda, ouvi todos os compositores clássicos ao mesmo tempo que ouvia nas rádios as primeiras músicas dos Beatles. Depois os Rolling Stones, Secos e Molhados, Rita Lee, Caetano, Gilberto Gil. Toda aquela miscelânea musical dos anos 80 foram influências na minha vida.


CV: Fale um pouco sobre seu trabalho acústico, gravado em Ribeirão. Tem previsão de lançamento? Como rolou a ideia para gravar esse disco?
KZ: Primeiramente, esse disco seria um DVD, mas como tivemos problemas com as imagens, ele virou um CD. Gravei músicas que fizeram parte da minha carreira e algumas inéditas. Foi muito legal gravar esse disco e a ideia apareceu depois que notei que era um dos poucos que não havia lançado um disco acústico.

CV: Depois deste trabalho, você pretende seguir esta linha ou voltará para o "rock'n'roll"?
KZ: Estou louco pra tocar guitarra… acho que nem vou aguentar por muito tempo sem usar a minha 335 nos meus shows. Violão é o meu instrumento, adoro tocá-lo nos shows, mas estou com saudades de fazer mais barulho e o próximo disco vai ter muita guitarra.

CV: Sobre o show que você participará em Itatiba hoje, com vários ícones dos anos 80, como você avalia essa reunião?
KZ: É muito bacana reunir amigos e poder fazer um show dividindo a responsabilidade com eles. Quando comecei a fazer esse tipo de show, achava estranho, mas com o tempo acho que me acostumei com a ideia e hoje gosto bastante. Todos os show que fazemos acabam com uma grande festa e é isso que mais importa para qualquer artista.

CV: O que você pretende apresentar ao público?
KZ: Nesse show toco quatro músicas, às vezes cinco, e faço as minhas mais conhecidas mais um cover da Legião.

CV: A regravação de Hey Jude foi um sucesso enorme no final dos anos 80? Ele estará neste show? Esse sucesso da música, mudou algo para você? O quê?
KZ: Ela foi gravada em 1990 e por essa razão a música não faz parte desse show (risos). Essa música foi gravada para fazer parte da trilha sonora de uma novela da Globo, chamada "Top Model", e para a novela foi melhor do que para mim naquele momento. Preferiria continuar subindo as escadas degrau por degrau, mas essa música foi um sucesso tão grande que desestruturou um pouco minha carreira. Hoje em dia já não tenho tantos problemas em relação a ela, mas na época não gostei de ter gravado e não esperava tanto sucesso.


CV: Quais suas cinco bandas clássicas do rock nacional e o que você tem ouvido atualmente?
KZ: Não tenho ouvido muitas bandas, mas gosto e sou amigo de mais do que cinco bandas, então prefiro deixar em branco essa questão. Gostaria que o rock no Brasil fosse mais unido e voltasse a trabalhar pela música nacional. Estamos precisando de pessoas que tenham essa noção.

"Violão é o meu instrumento, adoro tocá-lo nos shows, mas estou com saudades de fazer mais barulho" 

CV: Uma pergunta sobre futebol. Como você se tornou santista?
KZ: Eu nasci em 1960… tinha jeito de torcer pra outro time? Me tornei santista por que quando era criança meu padrinho levou eu e meu irmão na Vila Belmiro e eu fui recebido pelo Pelé, no meio do campo!! O que mais uma criança precisaria para começar a torcer pelo Santos??

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para suas considerações finais.
KZ: Abraço.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O eterno 'herói' do Brasil


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Quase cinco anos após sua última apresentação em Itatiba, Kid Vinil volta à cidade para participar de uma jam session com vários músicos que marcaram época nos anos 80, como Kiko Zambianchi, George Israel, Ritchie entre outros. Antes de sua apresentação, ele falou com o Canibal Vegetariano sobre o show com seus amigos, novas bandas, volta da rádio rock entre outros assuntos da cultura pop. Abaixo você confere a entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Kid, como será o show ‘ícones dos anos 80’? Quais músicas você apresentará?
Kid Vinil: Nesse show, que funciona como uma jam session, a média de músicas para cada participante vai de 5 a 8 canções. No meu caso serão meus hits, "Sou Boy", "Tic Tic Nervoso", "Comeu" e mais alguns covers como "Até quando esperar" que eu canto com o Mingau, "Será" da Legião Urbana. No bis provavelmente faremos todos, alguma dos Ramones, "Bete Balanço" do Barão Vermelho.

CV: Já rolou algum show deste estilo? Qual sua opinião sobre este evento?
KV: Essas reuniões de galera dos anos 80 (século 20) ocorrem há um bom tempo. Tudo começou há cerca de 10 anos no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. O Léo Jaime reuniu um time que tinha Ritchie, a BLitz, o Kiko Zambianchi e eu. Fizemos vários shows com essa formação. Depois fizemos aquele dvd Anos 80 - Multishow, que vendeu mais de cem mil cópias. Continuamos a fazer essas reuniões, mas nem sempre com o mesmo time. Tudo depende da disponibilidade e da agenda de cada um, daí vamos montando o cast. O Mingau atualmente é quem orquestra essas jam sessions. A banda de apoio sempre foi essa galera do Ultraje a Rigor. Já corremos várias cidades pelo Brasil. É um formato que deu certo e resgata muita coisa legal dos 80. Eu particularmente me divirto muito, no palco, fora do palco, trocamos ideias, relembramos acontecimentos. Um exercício muito saudável com músicos altamente competentes, puro prazer!

"Parece que a Internet reduziu um pouco esse interesse em garimpar coisas e obter a informação de fontes confiáveis como sites importantes lá de fora, revistas etc. Aquele trabalho de pesquisa que fazíamos em outras décadas, quando não havia internet, através de revistas, lojas de discos etc., acabou"

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CV: Você esteve em Itatiba em 2008. O que o público verá de diferente em sua apresentação?
KD: Na verdade esse show, como eu disse, é uma jam session de vários intérpretes e músicos. Acho que a diferença está na festa que vamos proporcionar.

CV: O single 'Sou Boy' completa 30 anos em 2013. O que mudou nessas três décadas? Sua paixão pela música ainda é a mesma?
KV: A música tornou-se um clássico com o passar dos tempos. As pessoas me reconhecem por causa dessa música e do "Tic Tic Nervoso". Para mim é muito importante ter uma ou mesmo duas músicas que me identifiquem. Acho que a realização de todo artista é um dia ter uma música que seja sucesso em todo pais e que marque para sempre sua carreira. Comigo aconteceu isso e me prevaleço disso até hoje. Tenho o maior prazer sempre que a canto, pois se não fosse essa música eu seria um "zé ninguém".

CV: E a banda Magazine? Tem possibilidade de retorno para comemorar o aniversário do single?
KV: Talvez, conversamos a respeito no ano passado e eles ficaram animados em fazermos alguns shows dos nossos 30 anos. Vamos ver se rola, tudo depende de empresários. Às vezes é mais fácil eu mesmo me vender como Kid Vinil em certos eventos do que encaixar a banda, mas estamos tentando. Acho que merecemos uma comemoração.

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CV: Já pediram para você regravar o hit 'Sou Boy'?
KV: Não, acho que a gravação original é definitiva, jamais regravaria. Tem tudo a ver com uma época e um momento do rock brasileiro. Hoje mesmo regravada e atualizada para moto boy, não faria mais sentido.

CV: E seu programa na Brasil 2000, como você o avalia? Quem é o público que ouve?
KV: O programa é somente pela internet e hoje poucas pessoas têm saco de ouvir programas na Net, infelizmente. Não tenho muita resposta, mesmo pelo facebook e twitter. Me dá impressão de que as pessoas não estão muito interessadas no novo. Perderam um pouco o interesse por boa música, não estou generalizando, tem uma parcela, mesmo que pequena, que ainda gosta de se informar. Parece que a Internet reduziu um pouco esse interesse em garimpar coisas e obter a informação de fontes confiáveis como sites importantes lá de fora, revistas etc. Aquele trabalho de pesquisa que fazíamos em outras décadas, quando não havia internet, através de revistas, lojas de discos etc., acabou. Hoje a informação é pulverizada e confunde muito, se as pessoas não procurarem nos lugares certos.

CV: Mesmo com programa em outra rádio, qual sua opinião sobre o retorno da 89 FM?
KV: Eu adoraria estar por lá fazendo um programa, talvez daí eu conseguisse maior retorno, mas infelizmente não sei se a atual diretoria está a fim disso. De qualquer forma acho importante a volta da rádio rock, pois tínhamos ficado somente com a Kiss FM no ar e faltava outra rádio, uma vez que a Brasil 2000 foi arrendada pela Eldorado e ficaram transmitindo a programação rock apenas pelo site.

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CV: Você é um dos pioneiros do punk no Brasil, como vê o estilo atualmente?
KV: Hoje existem boas bandas influenciadas pelo punk, principalmente na Califórnia. Gosto do OFF!, do Fidlar, no Texas tem o Dikes Of Holland em Nova Yorque tem The Men, no Canada Fucked Up (essa última mais para o hardcore, mas muito boa). A nova geração americana tem muito de punk no seu trabalho, acho isso importante. No Brasil não acompanho muito essa cena, pois fica muito no underground e quase não tenho acesso, mas sei que existem bandas influenciadas pelo punk por aqui.

CV: Qual banda que mais te chamou atenção nesse começo de ano? Por quê?
KV: O disco que mais ouvi nesse inicio de ano foi da banda californiana Fidlar, punk simples, poucos acordes, mas gostoso de ouvir.

"'Sou Boy' tornou-se um clássico com o passar dos tempos. As pessoas me reconhecem por causa dessa música e do 'Tic Tic Nervoso"'

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CV: O que podemos esperar do rock para os próximos anos?
KV: É difícil prever alguma coisa, mas se as coisas continuarem nesse ritmo de bandas novas com qualidade, principalmente na América, acho que teremos uma resposta ao Britpop e ao grunge, que todos esperam há muito tempo.

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para seus comentários finais.
KD: Um abraço a todos.
   

quarta-feira, 3 de abril de 2013

'Chuva de tijolos' nas caixas de som


Músicas com batidas eletrônicas misturadas com guitarras, belas melodias, linhas de baixo e algumas bases com violão. Este é um resumo simples do disco 'Robsongs'. Vocalista e guitarrista da banda paulistana, The Concept, Robson Gomes aproveitou tempo livre de sua banda e em um estúdio improvisado e caseiro, gravou um EP com quatro músicas. Sobre este lançamento, conversamos com o cantor e compositor para saber mais de sua carreira e planos.

Canibal Vegetariano: Por que Robsongs?
Robson Gomes: Robsongs seria Robson + Gomes + dos Santos, até meu nome é musical (risos).

CV: Desde quando você produz este trabalho solo?
RG: Comecei a aprender e a produzir minhas próprias musicas em 2010. Sabia o que tinha na cabeça, mas ainda não conseguia externar da maneira que eu queria. Fui obrigado a aprender a produzir minhas próprias músicas por necessidade, por falta de recursos financeiros para fazer as captações em estúdios profissionais e também por que sempre quis fazer isso...

CV: Como foi o processo de gravação? Houve participações especiais?
RG: Ligava o computador, montava tudo que era possível aqui no meu quarto, gravava parte por parte, instrumento por instrumento... Os recursos sempre foram os mínimos necessários e tudo isso em um penthium 4. Mas não se engane, o computador não faz nada por você, existem samplers, presets, programas, plug ins, mas nas minhas músicas nada foi sampleado, tudo feito na unha... O computador não toca por você, apenas faz o trabalho que os rolos analógicos faziam e fazem até hoje e facilita a vida de compositores e produtores como eu. Claro que adoraria ter um ótimo estúdio ao meu dispor, mas a realidade é outra e não vou deixar de registrar minhas músicas por romantismo de certos puristas. Para mim, o que importa mesmo é a música e não como ela foi feita. Tudo foi feito e arranjado por mim, sem nenhuma participação e coisas como as vozes e violão tive que gravar no estúdio de um amigo por não ter o silêncio necessário para fazer as captações, pois moro em uma avenida muito barulhenta.

CV: Cara, como você define as músicas que compõe. Esta é para o Robsongs e esta para The Concept?
RG: Com o coração mesmo. Certas estruturas harmônicas acho que cabem melhor em determinado trabalho e também por uma questão sonora e estética mesmo.

CV: Como pretende divulgar este trabalho? Haverá shows solo?
RG: Sim, já fiz duas apresentações solo, com programações e futuramente pretendo também formar uma banda, que sempre foi a ideia primordial.

CV: Discos, dizem que eles estão em baixa, algo que não acredito. Você pretende lançar este trabalho em CD ou vinil, ou apenas em MP3 pela internet?
RG: Os dois primeiros singles estão disponíveis tanto para compra digital, quanto a compra física no site oficial da The Blog That Celebrate Itself Records, no Bandcamp ou através do email:  renatomalizia@hotmail.com. Quanto ao formato em vinil é um sonho que tenho e sim, é muito cogitado. As pessoas que realmente apreciam música, fazem questão de comprar as obras em formato físico e ajudar o artista a continuar produzindo seus trabalhos.

CV: Quais foram suas influências para gravar este EP e como seus companheiros de banda encaram este trabalho solo?
RG: Minhas influências são várias, desde, V.U. a Brian Jonestown Massacre. Meus companheiros de banda me apoiam, pois sabem que tenho necessidade e que sou uma pessoa extremamente prolífera musicalmente...

CV: Qual sua opinião sobre o momento que vivemos em questões musicais. Como estão as casas de shows, o público e os bares? O que mudou do início da década de 90 para agora?
RG: Acho que finalmente está surgindo uma cena nacional bem consistente, algo que nos anos 90 também existiu e curiosamente, são as pessoas dessa mesma época que estão novamente recriando algo que se perdeu por falta de seriedade e união das bandas. Aqui não houve uma cena e todas as outras bandas eram rivais, ao contrário de muitos outros países que se apoiavam e celebravam uns aos outros.

CV: O que mais o público pode esperar de Robson Gomes para este 2013?
RG: Um novo single que deve sair em breve e até o fim do ano um disco inteiro de novas composições e muitas outras surpresas.

CV: Deixo espaço para suas considerações finais, grato pela entrevista.
RG: Agradeço imensamente o interesse por minhas músicas e as pessoas que vem me apoiando desde o início, especialmente Renato Malizia e Dimitry Uziel e The Blog That Celebrate Itself Records, meus amigos e familiares e essencialmente Deus por existir e me permitir exprimir todos esses sentimentos.  

'Chuva de tijolos' em formato de rock

                'Os dias caem como uma chuva de tijolos', essa é uma parte da canção "Chuva de Tijolos" que abre o disco de RobSongs. Com uma mescla de pop, rock e música eletrônica, Rob faz o ouvinte ficar ligado em suas linhas de baixo entre batidas mecânicas e uma voz que lembra algumas bandas shoegaze.
                O disco de Robson Gomes, guitarrista da banda The Concept, é um EP que mescla o melhor do pop rock "tradicional" com estilos mais modernos e letras que refletem certo desespero social em relação ao tempo, estilo de vida entre outros assuntos existenciais.
                Com músicas gravadas no melhor estilo "Do Yourself" (faça você mesmo), Robson gravou músicas muito pessoais mas que com certeza atingiram em cheio pessoas que estão à busca de novas sonoridades e experimentações. Se você ainda não tem esse EP em sua coleção, entre em contato no endereço citado na entrevista, pois o disco está para ser descoberto por pessoas que não tem pré-conceitos musicais.