quarta-feira, 26 de junho de 2013

Três discos que você precisa ouvir

 Krias de Kafka - O mundo não acaba nunca - independente
                O que escrever sobre uma banda que lança um disco muito rock'n'roll e ainda por cima traz letras poéticas entre as melodias? Há sim o que escrever, pois é um disco para quem gosta de boa música e curte acompanhar o embalo com o encarte na mão, para sacar o que é cantado e refletir.
                Sobre o registro, é preciso dizer que a qualidade sonora é algo muito bom, bem gravado, com todos os instrumentos bem audíveis, mesmo quando entra o vocal, ponto positivo para gravação. O disco ainda tem um belo trabalho gráfico e vêm com ficha técnica, letras e agradecimentos.
                As músicas são casos a parte, são nove registros e é difícil escolher um destaque, mas como em todo disco, sempre tem aquela que chama mais atenção, seja pelo som ou pela letra. Os riffs de guitarra são precisos, assim como a marcação da bateria e os vocais de Matheus Novaes, em alguns momentos, nos leva ao desespero, no bom sentido da palavra.
                Entre todas as músicas, a terceira faixa "Coca Cola e diazepan" é uma das melhores canções que ouvi nos últimos tempos, ela é rock, pop, punk, simples e complexa ao mesmo tempo, se é que isso seja possível. Outra faixa que merece destaque é quinta, "Johnny Thunders", em que Matheus grita do fundo da alma "...cada esquina, avenida vazia, do meu carnaval...". Como disse em uma entrevista com eles, Krias de Kafka fazem rock e ponto!

Lomba Raivosa - Choula - Laja Records

                O trio paulistano Lomba Raivosa lançou recentemente mais um disco, desta vez intitulado "Choula". Nesta gravação os três companheiros misturam punk, ska, hardcore de maneira muito interessante, sem fazer dessa mistura algo chato.
                O disco tem clima bem descontraído com letras que sacaneiam muitas pessoas e comportamentos e desfilam pelos estilos descritos acima, mostrando que o rock sem compromisso quando feito de maneira natural é muito bom. Pois o rock não pode ser levado a sério mesmo, tem que uma dose de ridículo como uma vez disse Marco Butcher. E os caras fazem isso, tanto que se intitulam, "a pior banda do mundo".
                Apesar desse título, os caras mandam muito bem nesse novo registro que apresenta uma ótima gravação, sem citar o ótimo trabalho de arte gráfica e também do encarte do disco plástico. Das 15 músicas executadas em pouco mais de 20 minutos, os destaques são "Nostalgia", "Benguer", "Ego'n'Roll" e "Reveillon". E como o disco todo é um rock sem compromisso, ele é encerrado com "chave de ouro", em que Dinho, vocal do Capital Inicial, agradece aos que ouviram. Nota dez!

Shame - Aos pobres, podres e derrotados - Cachorro Sarnento

                Shame é uma banda de Paulínia que lançou em junho seu mais recente trabalho, intitulado "Aos pobres, podres e derrotados". O disco soa como bandas que misturam vários estilos, entre eles o punk e o hardcore, principalmente aquele do final dos anos 80 do século passado.
                O lançamento dos caras teve todo capricho nas gravações, algo que tem sido destaque nas gravações das bandas independentes atualmente, mas o que chama atenção é o trabalho de encarte, que na verdade é um poster, muito bem feito, com desenhos, colagens e as letras para quem quiser acompanhar.
                Ao ouvir o disco, lembro da banda ao vivo, já os vi no palco, e soa muito parecido, outro destaque para os caras. As letras e músicas são bem trabalhadas, eles não ficam apenas em um som linear e batendo "na mesma tecla" na hora de compor. Entre as sete faixas que compõem a "bolachinha", os destaques ficam para "Livre" e também "Paradigmas", mas isso é opinião pessoal, por isso compre os discos citados e tire suas próprias conclusões.

                

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Hora do Canibal voltou

O programa A HORA DO CANIBAL voltou e quem não consegue acompanhá-lo ao vivo, nas noites de segunda-feira, às 22h30, pela rádio Click Web, http://www.radioclickweb.com/ tem possibilidade de curtir o rock que rola solta no programa por meio do podcast. Para ouvir os absurdos, acesse os links.


Parte 1


Parte 2

sábado, 15 de junho de 2013

'Democracia é barulho'


Foi com essa frase que o filósofo Vladimir Safatle definiu os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, ocorrido na quinta-feira, onde várias pessoas ficaram feridas. Ainda de acordo com o filósofo, a pessoa que não gosta de barulho, deve buscar um local tranquilo e criar uma ditadura, pois democracia é o povo nas ruas.
O comentário do filósofo foi feito durante exibição ao vivo do Jornal da Cultura na quinta-feira, onde uma repórter da emissora acompanhava em meio ao caos, toda movimentação. Mesmo em canal estatal, o pensador não teve medo de tecer comentários firmes sobre a situação e criticou abertamente as autoridades.
Por meio desse pensamento, nós do Canibal Vegetariano não poderíamos deixar um momento como esse passar despercebido e resolvemos por nosso dedo mindinho nesse assunto. Talvez o que esteja em discussão não seja apenas um aumento abusivo na tarifa do transporte, mas sim todo inconformismo com os mandos e desmandos de autoridades e "politiqueiros" que posam de pseudodemocratas.
A reclamação não deve ocorrer apenas pelo aumento, mas sim por todo meio de transporte precário que nós brasileiros temos que conviver diariamente. Ônibus ruins, ruas esburacadas, insegurança, profissionais sem capacitação e muitos mal educados, impostos abusivos. Tudo isso em praticamente todas as cidades brasileiras, não apenas em São Paulo, no interior do estado também enfrentamos esses problemas.
Itatiba, cidade onde fica a galera do Canibal, o preço da tarifa ao usuário atualmente é R$ 2,50, sem somar os R$ 0,20 que a empresa recebe de subsídio da prefeitura, que na verdade somos nós mesmos que pagamos pois a administração municipal repassa dinheiro público, que é arrecadado por meio de impostos, em muitos casos, abusivos. Há informação que essa tarifa aumente para R$ 2,70 na próxima semana e com subsídio chegue a R$ 2,90.


Uma tarifa de R$ 2,90 para andar trechos de cerca de três, no máximo quatro quilômetros, há algo errado por aí. As ruas da cidade estão horríveis, falta iluminação suficiente, muitos buracos, excesso de carros e o trânsito não flui de maneira adequada. Pessoas são levadas ao estresse. Feita análise por esse ponto de vista, conseguimos entender que os manifestos precisam ocorrer, o povo precisa realmente invadir as ruas e clamar por seus direitos, pois na política partidária, o povo é patrão e prefeito, governador, vereador, presidente e deputados, são funcionários, mas é somente nesse sistema que o patrão nunca é ouvido.
Novamente citamos Safatle, pois ele comentou que todo manifesto tem que ir para as ruas, as principais, e parar tudo, pois só assim os integrantes serão ouvidos ou ao menos percebidos. Não se pode criar um "manifestódromo". O povo finalmente parece que acordou do pseudo sonho de país desenvolvido e passa cobrar seus funcionários.
Outro manifesto interessante ocorreu em Brasília, ontem, onde um grupo de cerca de 300 pessoas fechou uma das ruas que dá acesso ao estádio Mané Garrincha e gritou a presidente que o povo não quer ter estádios caríssimos para prática de um futebol pífio e sim moradia, saúde, educação e oportunidade.

Claro que nós do Canibal gostamos de futebol, mas antes da diversão, sabemos de nossas obrigações e nada mais certo do que fazer um "grita" contra toda a sujeira que está por trás da organização da Copa das Confederações e do Mundo. Vamos gritar juntos, pois quanto mais forte o grito, mais ecoa e a possibilidade de acordar pessoas que sonham viver em um país que cresce, mas na verdade retrocede, é grande. Penso que ainda existe uma luz no fim do túnel, de vela, mas há. Deixamos aqui os parabéns a todos que foram às ruas. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Don Ramón: garotada boa de hardcore

Divulgação

Formada por Artie Oliveira nos vocais, Pedro Lizard nas guitarras, Paulo Carvalho no baixo e João Cavera na bateria, a banda campineira Don Ramón lançou recentemente seu primeiro registro em quase dois anos de estrada. Com tanta energia e vontade de apresentar material para galera, nós do Canibal Vegetariano conversamos com Artie para saber mais sobre essa banda e os motivos que levaram a fazer um som tão visceral. Abaixo, você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Por que Don Ramón? Seria uma homenagem ao seu Madruga?
Artie Oliveira: Bicho, ao mesmo tempo em que é uma clara referência ao Madruga, o nome é uma piração minha por causa de uma pá de banda de barulheira com nome desse tipo (Derci Gonçalves, Charles Bronson só de exemplo de bate-pronto). Eu tava voltando para casa depois de um de nossos  ensaios e do nada veio o nome!

CV: Como surgiu a banda?
AO: O começo do Don Ramón é uma parada meio engraçada, porque fora eu, um office-boy pé rapado, a rapeize é tudo estudante, sendo dois secundaristas e um na faculdade. Tudo começou com o Lizard, o Paulo e o Du, que era o segundo guita e saiu um pouco antes da gente entrar em estúdio. Eles estudavam na mesma sala e um dia, se juntaram para tocar numa festinha que a escola deles promoveu. Até então era só diversão e tal, mas um dia eles decidiram levar a fita a sério e foi quando apareceu a primeira baterista, Ysa Gonzalez, que toca hoje no Luce e outra menina como vocalista, que logo saiu fora. Foi nessa que eu entrei: A Ysa anunciou que o “T.D.G.” precisava de vocalista e por intermédio de uma amiga nossa em comum, eu entrei na parada. Foi amor à primeira vista de ambas as partes: eu chego pra fazer o meu teste e dou de cara com um garoto de apenas 16 anos, o Lizard, vestindo uma peita do Morbid Angel. Na época, eu tava pulando de galho em galho atrás de banda e por consequência, minha voz tava uma merda e mesmo assim, eles adoraram ver aquele gordinho baixinho berrando pra cacete e circulando pela sala como se estivesse em cima do palco. Instantaneamente, eu virei o vocalista. Como a gente (Eu, Lizard, Du e o Paulo) tava na pira de mandar um Thrashcore, a Ysa acabou pulando fora. Ficamos na procura de um baterista por quase um ano e os poucos shows que rolaram nesse meio tempo, foi com camarada quebrando galho. O Cavera entrou na banda um pouco antes do Du se mandar e assim surgiu o Don Ramón como se encontra hoje!

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CV: Quais as principais influências de vocês?
AO: Coisa pra caralho: desde coisa bagaceira pique Leptospirose, Mukeka di Rato, Merda, Muzzarelas, Coice de Mula, passando por umas paradas “casca grossa” como o RDP, Dead Kennedys, Lethal Charge, Slayer, Black Flag, fora coisa bonitinha: Descendents, Offspring, Teenage Bottlerocket; Coisa clássica: Ramones, Misfits, Motorhead, Iron Maiden, Anthrax e finaliza em fita totalmente nada a ver com o que a gente toca: Helmet, Prong, Korn, Deftones, Magüerbes, Tolerância Zero, Adrede, Huaska...

CV: Como rola o trabalho de composição dentro da banda?
AO: É naquelas de “junta os pedaços e vê no que dá”! Tem coisa nossa que é material velho que eu tinha feito pro Carcaça (minha primeira banda). Tem hora que eu ou o Paulo chegamos com letra, o Lizard vem com uma levada/riff de guita e o Cavera traduz isso no jeito dele de tocar. Em outras, um vem com o som todo pronto e ele é refeito pra poder encaixar na pegada de todo mundo, enfim... É um processo muito doido que gera as musiquinhas juvenis que a gente faz! (risos).

CV: Fale um pouco sobre o primeiro registro da banda. Onde foi gravado? Como rolou esse processo, pois o resultado, em minha opinião, ficou acima da média.
AO: Fico feliz para caralho que você tenha gostado do Fat Boy, mano! A gente gravou esse disquinho cheio de gordura e hormônio adolescente num estúdio legal pra cacete daqui de Campinas, chamado de “República do Som” entre janeiro e março desse ano! A produção dele foi sob minha batuta e o gordinho cabuloso da capa foi assinado pelo Vicente Tortello, camarada meu da época do Carcaça e professor do Lizard. Volta e meia eu vejo que geral anda elogiando o play a rodo sem saber que, na real, se trata de um disco feito com a modesta quantia de R$ 600. A gente mixou no estúdio mesmo e eu levei para casa para Masterizar. O resultado final dele, pelo tipo de gravação que a gente fez (Ao Vivo e em Hi-Fi), ficou soando muito “década de oitenta” e eu te garanto que nós quatro piramos grandão no jeito que as músicas ficaram.

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CV: Quais os lugares que a banda tem se apresentado? Vocês cobram cachê?
AO: Os últimos shows nossos foram: em Limeira num puta rolê lindo ao lado do Zumbi Radioativo (Americana), Lagostas Inflamáveis (Campinas), Nosegrind (Monte Mor) e o The Flamini Bridge (Hortolândia). Depois desse, rolou um em Valinhos com o B-Elleven Tour (Monte Mor). O pouco de grana que a gente recebeu nesses shows, ou foi de rateio de bilheteria ou foi da venda do nosso play e tem servido pra gente fazer algum corre nosso, desde ensaio até Merch mesmo.

CV: Como será o processo de divulgação deste trabalho?
AO: O “Fat Boy Strikes Again!” ta circulando por aí desde o dia 15/04, tanto pela internet (via BandCamp: http://donramonfuckinrules.bandcamp.com/) quanto na nossa mão nos shows e em meia dúzia de loja de disco, como a Chop Suey, daqui mesmo! Nosso próximo show é dia 07/06, em Indaiatuba, no Plebe Bar. Depois disso, é muitíssimo provável que a gente saia, junto com o Zumbi Radioativo, em turnê pelo interior em Julho. A gente tem que fazer esse disquinho circular grandão por aí de um jeito ou de outro, campeão!


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CV: O que podemos esperar do Don Ramón para os próximos anos?
AO: Para os próximos anos pode ter certeza que todo mundo vai ser maior de idade, engordar, envelhecer e ter pelo menos um full-length na roda! Isso aqui (ter banda, produzir material e fazer qualquer corre relacionado a som) é a minha vida desde que eu tinha 16 anos. Pelo pouco que a gente circulou por aí, isso a cada dia tá virando a rotina dos meninos, o que me deixa feliz pra porra, já que pela primeira vez, eu sou o tiozão da banda, tanto de idade quanto de tempo dentro do independente!

CV: Deixo espaço para as considerações finais e claro, para o merchan de vocês.
AO: Valeu aí Canibal Vegetariano pela entrevista! Estamos nessa já vai pra dois anos, temos um disquinho “bão dimais da conta, sô!” que custa um pouco menos do que uma passagem de busão pra Americana e queremos tocar em qualquer lugar que tiver nesse esse mundão sem porteira de “Chessuis”. Pra quem quiser trocar ideia diretamente com esse gordinho que vos fala e a patotinha juvenil, anota aí: http://www.facebook.com/donramonbr. E é isso é tudo, pessoal!