domingo, 16 de março de 2014

O punk rock das Gerais

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Formada há 8 anos em Uberaba, a banda mineira Bernes faz punk rock de primeira qualidade que faz o ouvinte sair com vontade de pogar em qualquer local em que rola o som. Em entrevista ao Canibal Vegetariano, eles falaram um pouco sobre a história e o trabalho que realizam.

Canibal Vegetariano: Por favor, apresentem-se aos nossos leitores.
Bernes: Salve, prazer...Berne's, punk rock do Triângulo Mineiro, simples e direto, sem frescura...

CV: Há quanto tempo vocês estão juntos e como surgiu a banda? Houve alguma mudança de formação?
B: Estamos vivos nessa merda de underground brasileiro desde 2006, de forma ininterrupta e sem mudanças na formação...o nosso maior trunfo além da amizade que em breve completa 10 anos! Tudo começou por causa da banda, a vontade de fazer um som próprio nervoso e a falta de pessoas pra abraçar a ideia nos uniu...e também o fato de morarmos no mesmo bairro em Uberaba/MG.

CV: O nome da banda é muito curioso, como rolou a escolha?
B: O nome soa como uma crítica à nossa querida cidade natal, Uberaba, capital mundial do gado Zebu, onde praticamente tudo gira em torno desse rico mercado e onde produtores, criadores e demais coronéis fazem a festa...enfim, juntamente com um acontecimento inusitado de um rolê nosso, batizaram a banda...não teve como fugir desse nome (risos). Quando a banda estava para iniciar suas atividades, presenciamos um maluco retirando um berne ao vivo em um programa de tv...daí não teve como pensar em outra coisa... Para quem não sabe, berne é a larva transmitida por moscas, muito comum em bovinos, e também cães e humanos.

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CV: Quais são as influências da banda?
B: Primariamente as mais variadas bandas de punk rock e hardcore...e demais bandas que cada um tem o costume de ouvir em particular, que com certeza acabam influenciando nos detalhes de cada composição pessoal!

CV: Como é o cenário underground em Minas Gerais, principalmente para quem faz punk rock/hardcore como vocês?
B: O cenário por aqui já foi maravilhoso e tinha tudo para ser foda, mas infelizmente não sei o que acontece...a cena independente brasileira como um todo é bem desorganizada e aqui não tem como ser diferente...o melhor de tudo é que para nós pouco importa, se tem show a gente vai e faz, se não tem a gente ensaia, faz música e foda-se o resto...tamo aí firme e forte sempre! Não é uma cena tosca cheia de pau no cu que vai nos desanimar...

CV: Ouvindo o disco de vocês, ele tem letras bastante críticas. Como vocês viram todas as manifestações que ocorreram no país este ano?
B: Nossas letras abordam sobre o triste cotidiano empurrado para debaixo do tapete...as manifestações foram lindas...algo maravilhoso de se ver para quem vive num país de ladrão e calado até então..não deveria parar por aí até que providências seríssimas fossem tomadas em relação a educação, saúde e transporte...é uma vergonha um país com tanto recurso ser do jeito que é...vamo acordar mais uma vez galera!

CV: Com todos protestos, avenidas fechadas, gastos exorbitantes com a Copa do Mundo, o que vocês esperam de 2014 e o ano pode ser bom para o punk, devido a todas as contestações?
B: 2014 provavelmente vai ser um caos nesse país...com certeza novas manifestações vão rolar nos jogos da Copa, e o bacana é que vai dar para captar bastante imagem caótica para clipes, e altas bandas punks se formando igual foi ano passado.



CV: Voltando para o disco de vocês, quanto tempo ele levou para ficar pronto? Em algumas faixas há boas melodias e alguns lances que fogem um pouco do espírito punk, com levadas de baixo estilo, diria Chilli Peppers, isso foi proposital?
B: Infectodemia foi uma verdadeira novela...cerca de 2 anos para ficar pronto, porém tudo feito com muito carinho! Como foi nossa primeira experiência na gravação de um full length, então fomos com cuidado...rolou muita expectativa e cobrança em fazer algo decente por ser o primeiro filho...fizemos vários testes com diferentes timbres possíveis, e demorou um pouco para chegar em um acordo...sem contar que aquele jeitinho mineiro de fazer as coisas também constou! É muito bom ouvir elogios sobre as melodias e levadas do disco, e não é a primeira vez...não é nada premeditado, apenas reflexo de tudo que ouvimos.

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CV: Como vocês estão divulgando o novo trabalho?
B: A divulgação atual ainda é a do nosso primeiro disco, o querido Infectodemia, que tem 16 faixas autorais e você pode adquirir diretamente conosco! Queremos passar por vários estados brasileiros divulgando esse trabalho antes de entrarmos em estúdio novamente, e enquanto isso reunindo material pra gravação... temos idéias para alguns videoclipes e propostas para algumas turnês malucas que esperamos dar certo neste ano.

CV: Deixo espaço para considerações finais.
B: Primeiramente agradecer a vocês do Canibal Vegetariano pele espaço e carinho, e que continuem firmes com esse zine, as bandas e leitores agradecem! A quem interessar possa, deixo o endereço do nosso humilde site, onde você encontra todas as infos...espalhem para os seus amiguinhos! http://www.bernesoficial.com.br/.  Beijos, abraços e feliz 2014 pra vocês.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Promoção ‘Capetinha da Páscoa’


O programa A HORA DO CANIBAL, em parceria com o zine/blog Canibal Vegetariano e com a rádio ClickWeb, lança para você a promoção: “Capetinha da Páscoa, o que trazes para mim?”.
O vencedor desta promoção, para lá de tosca, levará (ou receberá) para casa quatro lindos CDs de bandas independentes que já rolamos no programa. As bandas participantes são: Motor City Madness (Porto Alegre), banda de rock’n’roll insana do Rio Grande do Sul. Na edição 5 do zine tem resenha dos caras. Também temos cds da banda A Phoyce (Guarujá), que faz hardcore brutal; Bad Cookies (Guarujá), com influência de grunge, punk e rock’n’roll. Como representantes de Itatiba, temos a Fake Vulgarys e seu indie rock.
Para participar é fácil, basta enviar quantas frases quiser para zinecanibal@hotmail.com. Como sempre rola em nossas promoções, a mais tosca será vencedora. Para tentar vencer o “Capetinha da Páscoa” não há limite de idade, sexo, nem porra nenhuma. Você que já ganhou pode participar e faturar novamente. Se você não tem internet, peça para sua avó, vô, tia, todos podem enviar. Não perca a chance de faturar estes lindos prêmios!!!!
  

domingo, 2 de março de 2014

Uma vida dedicada ao punk/hardcore

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Jão, guitarrista da banda Ratos de Porão há 32 anos, membro fundador do grupo, falou ao fanzine Canibal Vegetariano sobre suas três décadas de carreira em uma das bandas mais bem sucedidas do Brasil. Além do RDP, ele lembrou o começo da Periferia S/A e também do trabalho que tem com banda de sua mulher.

Canibal Vegetariano: Jão, por favor, apresente-se para os jovens leitores que ainda não te conhecem.
Jão: Meu nome é Jão, sou guitarrista e fundador do grupo Ratos de Porão [RDP] banda à qual toco há 32 anos. Toco também no Periferia S/A, banda onde além da guitarra, faço vocal e no Trassas!

CV: Com quantos anos você começou a tocar guitarra e quais foram suas influências. Elas ainda persistem? Quais outras influências você adquiriu ao longo dos anos?
J: Comecei a tocar violão com 11 anos. Com 13 ganhei minha primeira guitarra, com 14 fundei o RDP. Quando começei como guitarrista, minhas influências eram o punk e o hardcore que rolavam na época. E essas influências permanecem até hoje. Ao longo dos anos tive outras influências, como o thrash metal, que ajudaram a moldar meu som de guitarra.

CV: Como foi formada a Ratos de Porão? Em algum momento no início da carreira, algum dos fundadores imaginou que a banda seria tão reconhecida após três décadas?
J: O RDP foi formada por três punks que não tinham nada pra fazer e é obvio que naquele tempo não tinhamos noção nem se a banda iria durar um ano, quanto mais três décadas.

CV: Você começou a carreira como vocalista e depois ficou apenas com a guitarra e quem assumiu o vocal foi o Gordo. Como rolou essa mudança?
J: Cara, quando fundei o RDP já tocava guitarra e todas a músicas ali compostas eram minhas. Resolvi assumir o vocal, mas era tímido e isso me atrapalhava, não conseguia ficar sem um intrumento na mão. Aí vi o Gordo cantando numa banda, achei que seria interessante um cara extrovertido como ele assumir os vocais.

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CV: Você chegou a pensar em desistir da carreira de músico em algum momento, principalmente no início, devido as dificuldades impostas pelo mercado?
J: Para mim sempre foi dificil ser músico. Venho de familia operária, onde muitas vezes qualquer manifestação artística era vista como sinônimo de vagabundagem, fora as inúmeras dificuldades como ter um bom instrumento etc... por isso muitas vezes pensei em desistir.

CV: Como você definia o som da banda há três décadas? E hoje? Quais foram as principais mudanças?
J: O RDP há 30 anos era hardcore/punk, mas devido as muitas influências que tivemos ao longo dos anos pode-se dizer que o RDP, atualmente, é um Punk /Hardcore crossover.

CV: E o mercado musical, mudou algo nesse tempo? Se houve mudança, foi positiva ou negativa?
J: O mercado musical é um assunto muito complexo, existe a música da mídia e a música independente que é onde me situo mais. Acho que dentro do underground brasileiro muita coisa mudou, temos mais lugares para tocar do que na época, mais bandas, etc...

CV: Apesar de não aparecer na grande mídia, o Ratos tem grande público que acompanha as apresentações da banda. Quem é o público de vocês atualmente?
J: Cara, o público do RDP sempre  foi se reciclando, mas muita gente é fiel e continuou acompanhando a trajetória da banda, nosso público é punk, banger e hardcore em geral.

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CV: A banda ainda tem aquele estigma de ser mais conhecida no exterior do que no próprio país?
J: Acho que não, até porque no Brasil temos um grande público.

CV: Qual seu disco favorito? 
J: Brasil.

CV: Nessas três décadas de banda, qual música você não aguenta mais tocar e qual você gostaria de tocar, mas o público ou galera da banda diz que não rola ao vivo?
J: Não aguento mais tocar "Pobreza" e gostaria de tocar a "Onisciente Coletivo", mas não sei se o Gordo consegue cantá-la ao vivo.

CV: Qual o melhor momento que você viveu com a banda? E o pior?
J: Não tem um melhor e um pior. A vida é cheia de altos e baixos, então nós pegamos os bons momentos e curtimos e tentamos esquecer os maus momentos!

CV: Vamos falar um pouco da Periferia S/A, outra banda da qual você faz parte. Como rolou o disco que vocês gravaram em meados da década passada? Além do processo de gravação, como foi reunir a galera? Qual o projeto da banda para o futuro?
J: O Periferia começou tocando músicas do começo da carreira do Ratos, isso foi em 2003 e na época o Gordo havia feito a cirurgia de redução de estômago, o Ratos tinha ficado quase um ano parado e o projeto seria apenas para tocar durante o tempo em que o Ratos estava parado. Mas aí foi tão legal tocar com o Jabá e o Betinho que fundaram o RDP comigo, que decidimos montar outra banda e aí surgiu o Periferia S/A. O Periferia está com CD na fábrica para sair, isso já deveria ter ocorrido há um certo tempo.

CV: Quando vocês lançaram o disco, como foi a recepção dos fãs do Ratos de Porão?
J: Acho que os fãs da facção punk e hardcore gostaram mais do que os fãs bangers.

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CV: Como é trabalhar com a esposa? O que vocês ouvem quando estão em casa?
J: Não encaro como trabalho e sim como comprometimento por uma banda que hoje eu admiro! O que ouvimos em casa é bem complexo né meu, quem imagina que a gente só escuta crust, punk e hardcore está enganado. Escutamos muito Jazz, músicas dos anos 60,70, às vezes um sambas antigos e etc...

CV: Planos do Jão para 2014?
J: Em 2014 quero lançar um DVD de 30 anos do Ratos que eu produzi. Vai sair o novo CD da banda. Também será lançado o novo Periferia e pretendo gravar o CD do Trassas, além de comprar um sofá novo!

CV: Cara, agradeço pela entrevista e deixo espaço para seus comentários finais. Abraço.
J: Quero agradecê-lo pela entrevista e a todos os fãs que acompanham meu trabalho ao longo desse anos.