domingo, 24 de maio de 2009

Vocais calmos e instrumentos em fúria. Conheça a banda FireFriend

A banda FireFriend está preparando o 5º disco em quatro anos de banda

A banda paulistana FireFriend foi formada em 2006 e o nome foi retirado de um estranho livro de Willian Burroughs. Desde então, os amigos têm se apresentado em várias cidades pelo País afora e já estão preprando mais um disco que será lançado em breve. Para você que está sempre a procura de uma nova banda, com uma postura diferente do que é encontrada por aí, nós do blog/zine Canibal Vegetariano, conversamos com a baixista e vocalista Julia Grassetti, para que ela falasse tudo sobre a banda. Leia a entrevista e ouça o som.

Canibal Vegetariano: Quando teve início a Fire Friend? Por que Fire Friend? Até hoje os integrantes são os mesmos da primeira formação? Quando se conheceram?
Julia Grassetti: Começamos em 2006 e o nome da banda é FireFriend – veio de um livro estranho do W.Burroughs. Nosso primeiro baterista, Woodsky, saiu da banda porque sabia que aqui não teria condições de comprar todo o whisky necessário para uma vida razoável. Yuri e eu nos conhecemos em 2006, o Pablo procurou a gente depois de ver um poster da banda no mesmo estúdio onde ensaiávamos. E agora temos um novo guitarrista, Judaz.

CV: O som de vocês é uma mistura de vários elementos do rock. Como vocês chegaram nessa sonoridade e quais são as influências?
JG: Vivemos cercados de fanstasmas – são eles que decidem a bagunça dos ensaios. Cada um de nós tem seus próprios fantasmas e cada vez mais fazemos as músicas juntos, nos ensaios.

CV: Como vocês dividem o trabalho das composições? Pois você em algumas músicas toca baixo, canta, às vezes vai para o teclado. O Yuri faz vários efeitos na guitarra e canta. Vocês compõem juntos ou separados?
JG: Juntos e separados. Quem tem uma idéia leva para o ensaio e, juntos, vamos moldando as músicas. Dubster (do Safari), por exemplo, veio de uma idéia de bateria do Pablo. Já a Anti-Heróis e Aspirinas veio do Yury, pronta para tocar.

CV: Vocês estão juntos desde 2006 e já lançaram alguns CD's. E os shows? Quais são os locais que vocês já se apresentaram e marcaram a banda?
JG: Nós estamos juntos há 3 anos, ainda estamos moldando o nosso som – fizemos uns 30 shows bem barulhentos desde o final de 2006, em umas 12 cidades diferentes. Um dos shows que mais gostamos de fazer foi justamente o que você viu, em Campinas.

CV: E o novo trabalho será lançado em vinil? Vocês acreditam que esse formato tem um apelo comercial? O movimento em sebos está aumentando, o que você pensa sobre a grande procura de discos em uma época em que o MP3 é tão popular e em muitos casos não é preciso pagar.
JG: Naturalmente não nos interessa o apelo comercial e também não gostamos de ouvir MP3. Temos muitos CD's e LP's em casa e sabemos que quem ouve apenas MP3 não faz idéia do que está perdendo. Não tem a menor graça você abrir uma pasta no computador e ter a discografia completa dos Beatles, ou do Hendrix. Gosto de pegar o disco na mão, ver a capa, ouvir do início ao fim. Odeio essa coisa shuffle. Gosto mesmo é de lado A e lado B.

Arte da capa do disco Safari da banda FireFriend

CV: Vocês fazem um som parecido com o estilo Shoegaze. No Brasil, há mais bandas parecidas com a FireFriend? E vocês já tentaram ou pretendem tentar uma carreira internacional?
JG: Nosso som é uma mistura de vários elementos do rock. Não considero a FireFriend Shoegaze. De fato, tocamos insuportavelmente alto, os vocais são enterrador e não fazemos o estilo banda líder de torcida.., mas misturamos muitas influências, de Led Zeppelin a My Bloody Valentine. Não sei se existem muitas bandas que fazem essa mistura aqui no Brasil. Conheci uma banda outro dia na Internet que gostei muito. Chama-se Loomer, do Sul. Estão para lançar um EP, vale a pena conferir.
Quanto a 2º pergunta, qualquer lugar longe de nossas casas e do estúdio onde ensaiamos é outro país falando outra língua – então, nós começamos nossa carreira internacional num show na Funhouse, perto da av. Paulista, em 2006.

CV: Muitas bandas independentes reclamam que atualmente não dá para se viver somente do trabalho de banda. E vocês estão conseguindo? E antes da banda o que cada um fazia?
JG: Nem estamos tentando – do contrário, estaríamos produzindo alguma picaretagem infantilizada com violãozinho, música sertaneja com guitarras, bondes, melancias, releituras de clássicos da MPB, fusões regionalistas, etc – qualquer um sabe a lista.

CV: Julia, como é ser uma mulher tocando em uma banda de rock? Desde que existe o rock há mulheres cantando e tocando, mas atualmente está aumentando a presença feminina. A que você credita este aumento? E como é o tratamento dos homens que estão na platéia?
JG: Não vejo muito mistério nisso. Acho até curioso quando alguém comenta, com notória surpresa, que eu toco bem, como se fosse raro mulher tocar bem em banda de rock. Talvez até seja, mas porque em alguns casos a presença feminina é usada apenas para chamar atenção do público, algo meio sexual mesmo. Como não me coloco dessa maneira, nunca tive problema algum com a platéia. Pelo contrário, muitos vem conversar sobre música depois, e é sempre um barato.

"Acho até curioso quando alguém comenta, com notória surpresa, que eu toco bem, como se fosse raro mulher tocar bem em banda de rock"

CV: Julia, valeu pela entrevista, deixo o espaço para suas considerações finais, e deixe os contatos para shows, venda de material da banda e as próximas datas das apresentações.

JG: Obrigada pelo espaço e pela força, e parabéns pelo seu trabalho! Espero que a FireFriend volte logo a Campinas para um show ultrabarulhento.
Estamos produzindo um EP novo, será nosso 5º disco. Acompanhem as novidades no www.firefriend.com.
Rock and Roll a todos!

PS: Todas as fotos foram retiradas do perfil de Julia Grassetti

quinta-feira, 7 de maio de 2009