quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Lunettes - Le Diaboliche, uma falsa santa, uma pazza e um attore porno (2008)




Gravadora: Golden Shower Records / Scatter Records


O fato da Lunettes ser de Campinas é mero acidente, um feliz erro de cálculo. Digo feliz, pois sempre há oportunidade de conferir a banda de perto. Mas voltando ao erro, não é difícil imaginar a banda tocando, ao lado de nomes como Blondie, Ramones, Television, etc. na longínqua CBGB de finais da década de 70. Porém - por mais estranho que pareça – as letras em inglês sobre relacionamentos amorosos, sacanagem, ciúmes, independência e tudo mais que compõe o universo feminino, têm uma esperteza tipicamente brasileira. Isso dá um estranho sotaque nacional ao grupo. Além disso, vale ressaltar, que as letras afirmam a independência feminina sem cair nos fáceis chavões de discursos feministas.

Isso tudo, aliado à mistura de punk, new wave e rock garageiro do grupo (temperada pelo teclado à la década de 80) cria um disco explosivo e surpreendente. É difícil apontar destaques em meio a tanta música boa. Mas, mesmo assim, se você quer comprovar o que estou falando, ouça: “It’s Just fun”, “Give it up”, “Norma Desmond”, “9171”, “Sad Love and Dying”, “Cherry” e “Golden Shower”. Essa última, com sua letra bem sacada e sacana, já é uma espécie de hit nos shows. Bem, resumindo: se você quer um disco que seja dançante, sem deixar de ser torto; pop, sem deixar de ser sujo; romântico, sem deixar de ser sacana; ouça Lunettes e fim de papo! (VFS)


Sem medo de ser pop - entrevista com a banda Superdrive

A banda campineira Superdrive foi formada em 2003 e no início teve algumas mudanças de formação. Mas desde 2006 se mantém estável. Na entrevista a seguir, você confere mais sobre a banda e a história de André Biaggio, guitarrista e vocalista. Com influências de Big Star, Replacements e uma leve pitada de punk rock, o grupo está lançando uma música em uma coletânea americana.

A banda (André à direita)


CV: Como rolou o convite para gravar a coletânea do selo Stereorrific de New Jersey? E como foi o processo de gravação? Vocês gravaram as músicas aqui e enviaram para o selo?

AB: Conheço os donos Jeff e Joel Mellin desde 1999 quando fiz contato através do extinto mp3.com, que era bem parecido com o myspace de hoje. A coletânea comemora dez anos do selo e eles convidaram diversas bandas para participar fazendo versões de músicas dos seus artistas . Nós escolhemos You Sweet You uma música originalmente acústica do Jeff Mellin, dai fizemos uma versão com bastante guitarra e feedback, gravamos no estúdio de Mário Porto que já trabalhou com o Ira!. Envíamos pra eles masterizarem por lá.


CV: Além da música na coletânea, vocês planejam lançar algum disco novo? Se sim, como ocorrerá esse lançamento (através de algum selo, na internet, de maneira independente, etc.)?

AB: Na verdade já lançamos, que foi o single com duas inéditas mais três do CD anterior. Não temos vínculo com nenhum selo, é tudo independente.


CV: A banda já contou com vários integrantes, passando por diversas formações. Como está a formação atual? Vimos que cada integrante dessa nova formação tem influências distintas. Como vocês chegaram a essa sonoridade? As mudanças alteraram de alguma forma o som da banda?

AB: Sim. Formei a banda ao lado do guitarrista Armando Turtelli(Astromato) na época éramos muito ligados no som do Jesus & Mary Chain, mas com o tempo nos afastamos um pouco das guitarreiras e microfonias típicas do estilo.Hoje o som tá mais ROCKÃO. O Japa (baixo) e o Mantovani (batera) são mais ligados em Heavy Metal e Hard Rock. Enquanto eu e o Fernando (Guitarras) gostamos mais de indie rock . O Fernando toca no No Class, por isso, acaba tendo uma pegada mais punk nos riffs.


CV: Antes do Superdrive, quais foram os outros projetos que você teve? E atualmente, você tem outros projetos além da banda?

AB: Já toquei no Lethal Charge durante um ano, logo no início da banda, depois formei o Slowdown em 1996, saí e formei o Raindrops. Hoje toco apenas com o Superdrive que já completou cinco anos.


CV: Há dez anos você tocava no Raindrops com dois integrantes de Itatiba (André e Anderson), chegando inclusive a gravar o ep “Sweet Girl”. Por que a banda se separou após o lançamento?

AB: Na verdade eu continuei por mais algum tempo, gravei o SoundTracks com nove músicas ao lado do Armando e do baixista Reginaldo, que tocava guitarra no Orestes Prezza. O André Fujiwara foi o primeiro a sair, nem lembro direito o motivo, depois me desentendi com o Anderson que irônicamente estava morando aqui em Campinas na época.



CV: O que mudou no cenário musical de Campinas e região desde o lançamento do EP do Raindrops? Está mais fácil ou mais difícil para divulgar o trabalho?

AB: Bem mais fácil, porém tirando o Bar do Zé que fica em Barão Geraldo não tem muito espaço, de vez em quando rolam uns festivais na antiga estação FEPASA que se transformou num espaço cultural gratuito. Mas a internet é a grande revolução!Longa vida ao myspace.


CV: Estamos acompanhando o cenário musical de Campinas e observamos que existem muitas bandas de vários estilos. Pode-se dizer que existe uma cena na cidade?

AB: De certa forma existe, e ela se concentra no já citado Bar do Zé. Algumas bandas vêm se destacando mais, recentemente o Del O Max lançou um vinil, o Muzzarellas que é um veterano, também lançou. Acho isso um puta lance bacana. Acaba por criar uma identidade.


CV: Como foi fazer a abertura do show do Placebo em Campinas? Quais foram os critérios para o processo de seleção para ser a banda de abertura desse show? Qual sua opinião sobre tais critérios, eles foram justos ou não?

AB: Ser escolhido foi ótimo entre tantos candidatos, porém o show foi um tanto sufocante com tanta gente esperando ansiosa pra ver o Placebo. Eu particularmente não consegui curtir estava muito preocupado com o horário (20 minutos) e tudo mais. Você tá acostumado a tocar em bares pequenos , de repente pega uma RED lotada com quase 3.000 pessoas, uma aparelhagem absurda e acaba por se perder no meio de tanto retorno. Não sei quais foram os critérios, mas sabia que não tínhamos chance de vencer a eliminatória pois cantamos em inglês.



CV: Agradecemos pela entrevista, deixamos aqui o espaço para você divulgar a banda, os próximos shows, o lançamento da coletânea, etc.

AB: Eu que agradeço! Adorei o Zine de vocês. O próximo show será dia 13 de dezembro no recém inaugurado Mãe de Pantanha: Av. Francisco José de Camargo Andrade 473(próximo ao bairro Castelo) em Campinas. Esse show comemora o lançamento da coletânea e vai contar com participação de uma banda que faz covers do Pixies. Quem quiser conferir o som do SUPERDRIVE:

www.myspace.com/superdriveband

www.bandasdegaregem.com.br/superdrive

Botinada



Gravadora: ST2 Music

Um DVD idealizado e produzido por Gastão Moreira, ex-VJ da MTV, ex-apresentador do Musikaos, contando toda a história do punk em terra tupiniquim, só poderia resultar em um dos melhores documentários já produzidos por aqui. O vídeo apresenta a história contada pelas pessoas que fizeram parte dela.
Neste DVD é possível conhecer como e onde começou o movimento punk no Brasil. Todos os principais nomes do estilo estão dando opiniões, contando histórias, aparecendo em fotos, trechos de shows. Ele mostra como a juventude dos anos 70 era foda, em plena ditatura militar eles ousaram no visual, na atitude e principalmente na música. Do início do movimento punk até hoje, se vão 30 anos, ou um pouco mais, e muitas das bandas que começaram o movimento, estão na ativa até hoje, casos de Cólera, Inocentes, que antes disso o Clemente tocou no NAI (Nós Acorrentados no Inferno) e Condutores de Cádaver, Ratos de Porão, Restos de Nada, Olho Seco entre outras.
Independente de seu estilo preferido, um relato desse merece ser apreciado, pois além de contar a história do punk, ele conta sem nenhuma censura, como funcionava a mídia brasileira nos duros tempos militares, como eles viam os jovens punk's, as brigas entre as gangues. Algo que é muito legal, é que além do DVD, junto vem uma coletânea em CD com várias músicas que rolaram durante o filme. (IG)

Leptospirose - Mula Poney


Gravadora: Laja Records- - Caveira da Força discos - Projeto Enéas Bomba Records

A banda Leptospirose está freqüentando as páginas do zine desde a época do "Atitude Underground", devido a série de lançamentos que os bragantinos realizam. Desta vez, além da entrevista com Quique, vamos escrever sobre o novo disco deles que acabou de sair do "forno": o Mula Poney. É uma tarefa difícil (por mais estranho que pareça) falar sobre um disco que ouvi mais de dez vezes em questão de dois dias. Mas vou tentar.

Para começar, a produção foi feita pelo Rafael Ramos, que se não me falha a memória, já produziu Matanza, Pitty e uma série de novas bandas que apareceram. A gravação está com uma qualidade impressionante, a "bolacha" foi gravada no estúdio do Rafael no Rio de Janeiro. É possível ouvir tudo nitidamente, com exceção das letras do Quique que precisam ser acompanhadas pelo encarte devido à velocidade. O disco tem 18 faixas com duração de 19 minutos e alguns segundos. É uma cacetada atrás da outra, parafraseando Gastão (ex-MTV e ex-apresentador do Musikaos), é uma "porrada na orelha". Mas uma porrada muito boa de se receber. As músicas quase não têm separação. Nem bem acaba uma pauleira e já entra outra, não dando nem tempo para o fã respirar.

Com este lançamento, o Leptospirose desponta como uma das principais bandas na cena independente nacional. Além da evolução ao vivo, eles evoluíram em estúdio e gravaram um puta disco. Parabéns ao caras. Os fãs de um bom rock agradecem este lançamento. Quer alguns destaques, ouça as faixas "Sebo", "My name is..." e "Prometo não parir pôneis". Mas vai ser difícil ouvir apenas essas, pois o disco tem um enorme poder conquistador e, com certeza, vai cativar cada ouvinte. Ficou interessado em ouvi-lo? Entre imediatamente nos endereços virtuais que o Quique deixou na entrevista. Se fosse para eu dar uma nota para o disco, sem sombra de dúvidas seria 10.

(IG)

Leptospirose: Puro Rock'n'Roll - Entrevista com Quique Brown

A banda Leptospirose, da vizinha cidade de Bragança Paulista, está lançando o segundo albúm (Mula Poney) em uma carreira de sete anos. Aproveitando a deixa, nós do zine Canibal Vegetariano, batemos um papo com Quique, vocalista e guitarrista, para que ele comentasse o atual momento da banda, turnês e as perspectivas com relação ao futuro do "Leptos".Além de tecer comentários sobre os eventos em que trabalha e todo o processo de gravação do novo disco.

A banda (Quique à esquerda)

Canibal Vegetariano: Quique, para começarmos, fale sobre a gravação do novo albúm "Mula Poney", desde a pré produção até o lançamento.
Quique: Velho Mula Poney é doidera pura, rock
and roll, forever young desde sempre. Pouco tempo depois do lançamento do “Invernada” Mozine me ligou dizendo que Rafael Ramos tinha pirado no disco e que queria produzir o próximo, ficamos felizassos com essa história e fomos compondo material em silêncio, quando fomos pra Europa grande parte do repertório do Mula Poney já estava no nosso ‘set list’ e com isso na mão, fomos aperfeiçoando os sons, chegamos no Brasil, fomos compondo outros sons até que juntamos 18 canções, ligamos pro Mozine, que ligou pro Rafael, que ligou pra nóis pedindo uma demo toscona estilo ensaio gravado em fita K7 e após receber o material mandou um e-mail dizendo faixa a faixa o que deveríamos ensaiar, marcando em seguida uma data lá no estúdio dele (Estúdio Tambor). Ensaiamos durante uns 45 dias todos os dias (mentira hehe) das 9 às 10 da manhã. Saímos de Bragança na segunda-feira 4 de agosto, chegamos no Rio umas 7 da manhã e fomos direto pra praia tentar encontrar a Eva Wilma mas nem rolou. Chegamos no estúdio na hora do almoço e dali, até às 4 da manhã do dia 8, o bicho pegou geral, disco gravado todo ao vivo, 50, 100, 150 takes de cada som tudo muito no talo, no pau, com bateria sem pele de resposta, um Vox monstro pra guitarra e um Orange pro baixo. As gravações eram muito intensas chegávamos no estúdio depois do almoço e íamos diretão até as 4, 5 da manhã, dávamos uma dormida, um pulo na praia e assim foi... Fizemos a captação do som e viemos embora, faz três dias que o disco chegou e o lance ficou muito monstruoso, agressivo, pesado, doidão, tenso, as músicas vieram grudadinhas, tipo mal termina o último acorde de um rock e a música seguinte já comparece. Neste momento estamos finalizando os lances pra lançar geral em várias cidades ainda este ano e várias outras no ano que vem.

CV: Em entrevistas com as bandas dos anos 80 e 90, se
mpre o pessoal perguntava "Existe uma pressão para que o segundo álbum seja melhor que o primeiro". No cenário independente de hoje, isso existe? Você acredita que o "Mula' seja o albúm que irá catapultar o Leptos no cenário nacional?
Q: Velho pra nóis aqui, este segundo lançamento passou total no teste do segundo álbum hehe, se existe alguém na pressão aqui
é o terceiro disco, pois esse sim (pelo menos por enquanto) tá fudido hehe. Acho que é um lance meio natural, Darwin saca? Quanto ao lance de catapulta acho que dentro do segmento alternativo subiremos alguns degraus com esse disco novo.


"É impossível viver da grana advinda de uma banda de rock independente no Brasil hoje em dia." (Quique Brown)

CV: Falando em cena nacional, como está a cena em nossa região? Principalmente Campinas e Bragança, que são duas cidades que
estão apresentando festivais e muitas bandas lançando discos de autoria própria.
Q: Velho o lance tá caminhando bonito até, várias bandas surgindo, se estabelecendo, travando contatos e por aí vai ... Em Campinas tá massa pra tocar depois de um longo inverno, tá tranqüilo agitar shows por lá, aqui tem o Jethro´s Bar do nosso amigo e lendário dono de bar Chups e alguns outros bares começando a abrir espaço pro independente com
o o Acervo do Tuzzi por exemplo.

CV: Vocês estão realizando uma turnê pelo Nordeste. Trace um comparativo da região Sudeste, Nordeste, os países vizinhos e Europa, de como é a estrutura de cada lugar, o público e etc.

Q: Cara o Nordeste eu ainda não conheço, mas dá pra perceber que o lance lá é bem bonito, galera empenhada em fazer acontecer, todo mundo divulgando junto, rádios marcando entrevista nos dias dos shows e por aí vai. Uma coisa que ainda é meio complicado por lá é a dificuldade radical de tocar durante a semana tipo: segunda, terça e tal ... No Sudeste o lance tá bacana mas poderia estar bem melhor, muitas cidades do interior de São Paulo conseguem hoje em dia organizar shows com uma certa facilidade, o que não necessariamente significa dizer que existem bares de rock em um monte de cidades e tal e sim bares que tipo deixam você montar uma estrutura, cobrar uma bilheteria e por aí vai. Um amigo meu: o Sergio Ugeda da ( A ) Amplitude Records tá agitando várias tours com shows todos os dias, por enquanto a parada (ainda em fase experimental) rola apenas no interior de São Paulo, mas a idéia central do rock é tour de 90 dias direto do Oiapóque ao Chuí.
Nos países vizinhos o lance é mais ou menos que nem aqui mesmo, na Argentina, principalmente em Buenos Aires, o lance é meio tenso graças àquela parada doida da discoteca que pegou fogo, mas mesmo com a fiscalização em cima e as várias exigências de alvará neguinho faz rolar.

No Uruguai a estrutura é fora do comum, amplificadores valvulados, passagem de som, mesas digitais, cerveja, volume no máximo e Mothorhead.
Na Europa a fita é sinistramente profissional, é ultra normal e tranqüilo fazer 30 shows em 30, dias por exemplo.
Uma tour de banda independente para dar ce
rto precisa necessariamente pelo menos pagar a diária do conjunto todo dia e pra que isso aconteça é radicalmente preciso que rolem shows todos os dias. Acho que o lance tá caminhando e só tende a melhorar geral.

CV: O Leptos, chega ao segundo disco, entre este e o primeiro, tem um split lançado junto com o Merda. Vocês já tocaram na Argentina, Uruguai e em alguns países europeus como a Alemanha. Fale um pouco sobre esses shows e quais os planos da banda para o futuro?
Q: Levando em conta que a onda estrutur
al foi respondida na questão anterior fica pra esta pergunta a questão emocional hehe fomos e voltamos (destas tours) sem dinheiro, é um lance meio egotrip que fica guardado na memória, pra num evento familiar ou de amigos a gente daqui 20 anos ficar contando pra geral com tipo, seu filho te olhando com o olho arregalado pensando coisas como: “Caralho-porra, pai louco do cão” Sua mulher dizendo como foram os dias de solidão em casa com as crianças pequenas, com todo mundo dando risada, se amando, convivendo etc. É uma experiência de vida incrível.
Falando na questão dos shows vou pegar três aqui: Buenos Aires “Remember Pub” quinta feira 31/08/2006 coisa doida total, lugar pequeno com umas duzentas pessoas espremidas e trocando fanzines d
entro. Montevidéu “BJ Bar” domingo 03/09/2006 equipamento de som gigantesco, passagem de som, cerveja, Motorhead e vontade de botar algodão na orelha, Nunchritz (Alemanha) “Kombi” juventude skate punk total, diversões eletrônicas!!! Os planos pro futuro são basicamene divulgar loucamente o Mula Poney, e tocar nos festivais independente de grande porte.


"Dentro da net o lance é monstro, rápido e de fácil acesso, mas cá entre nós, nada é tão monstro, quanto ler um zine impresso cagando, né?" (Quique Brown)

CV: Gostaria que você fizesse alguns comentários sobre o livro que você lançou, "Guitarra e Ossos Quebrados", e também falasse sobre seus projetos com o rock. Por exemplo, você continua com o Rock na 9? Cardápio Underground e etc... e o Jardim Elétrico?
Q: Muito doido lançar livro bicho, adorei escrever a parada, adorei o processo, os lançamentos, a recepção do público etc. Massa total! Recebi muitos e-mails de gente que leu e tal, great all! Os projetos não param né? É um lance doido que faço por que curto, o estilo Japan Way, pocket música, correria etc. O Rock na 9 já era, foi muito massa organizar isso durante uns três ou quatro anos só que já era, não da mais, os órgão públicos não conseguem entender um monte de coisas e neste caso não tem o que fazer a não ser pular pra outros pontos, outras atitudes pois como diriam os Beastie Boys "(You Gotta) Fight for Your Right (to Party!)". A 9 chegou num ponto onde bastava você organizar um evento lá pra tomar uma multa de 1.500 reais mais os honorários do seu advogado. Saiu recentemente uma matéria linda sobre o Mukeka di Rato onde num determinado momento o cara diz que: “... ‘O estado democrático de direito e seus órgão fiscalizadores’ como o Ministério Público (cujas iniciais interessantemente refletem sua atuação…MP - manda proibir o que não está fazendo mal a ninguém (shows de rock, raves etc…) e manda pouco no que se refere a defesa dos reais interesses do povo ...” matéria completinha aqui: http://www.iu.art.br/?p=3693 . O Cardápio Underground continua monstruoso, trata-se de um evento multicultural que rola todos os anos no mês de outubro, ano que vem a parada vai pra sua sexta edição consecutiva. A Escola de Música Jardim Elétrico é um projeto recente meu e do Velhote baixista do Leptos, trata-se de uma escola de música com cursos de tudo quanto é instrumento, estúdio para ensaio e prática de conjunto e loja de discos, CD's, camisetas, livros, revistas etc. Tamo começando, o lance tá ficando bonito. www.fotolog.com/escolaeletrica

CV: Você também é zineiro. Fale sobre a importância desse meio de comunicação (se é que tem alguma), para o cenário musical atual, blogs, orkut e como você acredita que a música será consumida e divulgada daqui a alguns anos?
Q: Zines, e-zines, blogs, rádios, web rádios etc. são veículos radicalmente importantes para a veiculação da informação independente. Dentro da net o lance é monstro, rápido e de fácil acesso mas cá entre nós, nada é tão monstro, quanto ler um zine impresso cagando, né? Ainda não sei como a música será consumida daqui uns anos, só sei dizer que com os ipods o lance tá meio tosco já que ao meu ver ele raramente funciona como os clássicos walkmans, na época dos walkmans a gente tinha em casa um disco ou fita que era passado pro k7, que poderia então ir com a gente pra todo canto. Pra ter uma fita você ia, na casa do amigo, ficava lá trocando idéia enquanto a fita era gravada e tal ... Acredito que este processo mais lento coopera mais com a assimilação completa da música. Hoje em dia é comum uma criança chegar pra você e dizer: “ - Baixei a discografia do Frank Zappa”. E aí eu penso: Como esse cara vai fazer pra ouvir e assimilar isso de uma vez? Particularmente eu prefiro ficar 5, 6, 7 anos atrás de um disco do que tipo me contentar com um link. Nada me impede de baixar uns lances e tal, mas a idéia central é ter o produto final em 7, 10 ou 12 polegadas, em CD e tal. Não consigo imaginar o futuro, acho que o consumo de mídias tende a diminuir radicalmente nos próximos anos, já estão sendo vendidos por aí (EUA, Europa e Japão) LP's que vem com um cartão de memória pra você abaixar o disco uma única vez. As bandas ganharão dinheiro com shows, camisetas, ringtones etc. E os discos serão disponibilizados na net ou adquiridos em vinil, CD, cartão de memória ...

CV: Atualmente, você acredita que é possível uma pessoa largar tudo, e viver de música em nosso país com banda independente? O que é sucesso para você?
Q: É impossível viver da grana advinda de uma banda de rock independente no Brasil hoje em dia. O que o cara pode fazer é ser multifacetado tipo ter uma loja independente, uma banda, uma mini produtora de shows, uma estamparia etc. Caso contrário é tenso. Se daqui uns anos for possível organizar shows todos os dias Brasil afora, aí sim poderá haver alguma esperança pros jovem que souberem trabalhar legal, entrar numas de encarar uma vida doida – on the road – por pelo menos alguns anos.
Bicho sucesso é um lance amplo né? Basicamente é aquilo que emplaca, desde produtos de supermercado, passando por marcas de roupa, carros e pessoas. O conceito global de sucesso está meio falido, a pegada hoje é bem mais intimista – particular – de rede, ou seja neguinho faz sucesso no seu bairro, no clube, etc.

CV: Qual o recado você pode dar para a molecada que tem seus 13, 14, 15 anos e que estão começando a descobrir o rock?
Q: O conhecimento não tem fim.

CV: O espaço é seu para as considerações finais. Valeu pela entrevista. Nos encontramos por aí.
Q: Ivan, valeu por tudo meu chefe.

www.myspace.com/leptospirose
www.fotolog.com/leptospirose
cardapiounderground@hotmail.com


Festival Planeta Terra (08/11/2008)

A equipe do zine Canibal Vegetariano esteve no festival Planeta Terra conferindo de perto este evento que contou com a presença de mais de 15 mil pessoas. Confira abaixo a resenha / relato do festival.


Mais uma resenha?


O leitor do zine, ao ver o título desse texto, deve estar se perguntando: “Pra que mais uma resenha desse festival, com tantas na internet e até mesmo em grandes jornais?” Sim, essa pergunta é muito pertinente e, de certa forma, foi o ponto de partida para o que irei escrever. Eu poderia fazer algo sério, seguindo os padrões jornalísticos em voga na grande mídia, mas não. Acho melhor fazer algo diferente. Uma espécie de relato que desconstrói a falsa impessoalidade pregada por tais padrões. E é isso que irei fazer: colocarei aqui impressões captadas por um fã de rock. É isso mesmo leitor: um fã de rock falando pra você de uma experiência que ele teve. Por isso, encare este texto com uma conversa de bar. Puxe a cadeira, senta aí e vai ouvindo o que tenho a dizer.



Pra começo de conversa...


Cheguei ao local do show por volta das cinco da tarde. Como não conheço São Paulo, nem vou tentar descrever onde era o lugar. Logo de cara, o que mais impressionava era a organização do evento: filas bem definidas, funcionários indicando onde ficar e checando se estava tudo em ordem, panfleto com mapa do local e horário dos shows, etc. Não havia do que reclamar e nem como se perder: estava tudo na mão do público. Em um segundo momento, já dentro do evento, o que se destacava era o ambiente. O show ocorreu em uma indústria abandonada, repleta de imensos galpões, uma espécie de retrato de uma São Paulo pós-industrial, habitada por fábricas fantasmas. E nada mais adequado para um show de rock do que esse clima de decadência e sujeira de contornos cinza. E foi nesse ambiente que pude presenciar, em uma maratona de mais de dez horas, shows de diversas bandas de vários estilos e lugares.


Ao que interessa...


Primeiro tempo


O primeiro show que vi foi o da Malu Magalhães (vale ressaltar que não pude acompanhar todos os shows, pois muitos ocorriam simultaneamente e também cheguei um pouco atrasado no evento). A menina fenômeno estava no palco principal destilando seu repertório de canções folk pop. Para quem não conhece, Malu tem uns quinze anos e foi considerada pela mídia (leia-se MTV, Globo, Folha de São Paulo, etc.) como garota prodígio e destaque na internet. Vou ser sincero com vocês, não consegui enxergar a razão pra tanto hype. O que antes me cheirava a jabá dos grandes, se confirmou mais ainda, ali diante da performance ao vivo da cantora. Entre “papapapapapas” e “tchutchutchutchutchus”, uma coisa não saía da minha cabeça: “As peripécias vocais dessa garota não me convencem não!”. O fato é que a meiguice de Malu, se deixada de lado, revelam uma menina com um talento normal, nada que justifique o bombardeio feito pela grande mídia. Por isso, não agüentei e, depois de uma meia hora, fui conferir o que rolava em outros lugares.

No palco dentro de um galpão (“Indie Stage”), quem tocava era a banda Animal Collective. Não tinha ouvido o som dos caras antes e, depois da apresentação ao vivo, pensei: “Agora que não quero ouvir mesmo!”. Com um misto de indie rock, recheado de pitadas de experimentalismo e eletrônica, o Animal Collective não empolgou o público presente, chegando mesmo a despertar umas vaias pelo excesso de estrelismo e frescurices dos músicos. Novamente, dei uma conferida e, não demorei muito, para tirar meu time de campo.

Já era umas oito da noite quando o Jesus and Mary Chain subiu ao palco principal. Para mim, é difícil não falar bem dos caras. Gosto muito do som da banda e, depois do show, virei ainda mais fã deles. Conhecidos pela sua indiferença diante do público, com shows na década de 80 que duravam 10 minutos e geralmente acabavam em pancadaria na platéia, eles desconstruíram toda essa imagem com uma performance impecável. Os irmãos Reid provaram que estão mais vivos do que nunca, por meio de um repertório recheado de clássicos: “Just Like Honey”, “Reverence”, “Sidewalking”, “Happy when it rains”, “Head on”, “Cracking up”, entre outras. Ah, vale lembrar que eles tocaram uma música inédita: “Kennedy Song”. Li em algum lugar uma crítica, dizendo que foi um show morno. Em um país acostumado com programas de auditório e artistas-macacos - que pulam pra lá e pra cá, fazendo de tudo para serem captados pelas lentes das câmeras -, um show sóbrio que prioriza a música antes de tudo, causa

um enorme estranhamento. Por isso, leitor, não se deixa enganar por tais críticas: o show do Jesus and Mary Chain foi de uma qualidade impressionante e não pecou em nada.

Após o anestesiante show do Jesus, corri para o Indie Stage, onde dei uma sacada no show da banda Foals que já caminhava pro final. Fiquei impressionado com a qualidade dos músicos e com a empolgação deles. Experimentalismos e energia contagiante, esse pode ser um resumo do que vi. Uma pena eles terem tocado na mesma hora do Jesus. Ao acabar o show, fiquei com um gostinho de quero mais.


Segundo tempo


Já havia se passado quatro horas de shows, que - diga-se de passagem - iniciaram-se sempre pontualmente, e muito ainda estava por vir. Às dez em ponto, foi a vez do Offspring subir ao palco. Veteranos do punk rock e talvez a banda mais conhecida da noite, eles fizeram um show burocrático que agradou somente aos fãs. Sim todos os clássicos e hits estavam lá: “Gone away”, “Americana”, “Why don’t you get a job?”, “Come out and Play”, “Self Steem”, etc. O leitor pode pensar: “Repertório de jogo ganho”. Porém, o fato é que a banda é uma espécie de cão que ladra mas não morde. A época deles já passou e, na minha humilde opinião, foi sepultada, principalmente, com o disco “Americana”.


As irmãs Deal (Breeders)


À meia noite, Bloc Party e Breeders se apresentaram em palcos diferentes. Depois do vexame do Bloc Party na MTV (para quem não sabe, os caras fizeram um playback, muito do vagabundo, em uma suposta apresentação ao vivo no VMB), muita gente foi ver o Breeders. E eu não fui exceção. Gosto das duas bandas, mas optei pelas irmãs Deal. E não me arrependi. O show foi incrível: em um palco menor, as guitarras falaram alto, detonando, no bom sentido, os ouvidos de quem estava por lá. Só pedradas no set list: “Cannoball”, “No Aloha”, “I Just want to get along”, “Divine Hammer”, “Huffer”, os covers “Shocker in Gloomtown” (Guided by voices) e “Happiness is a warm gun” (Beatles), entre outras. O público cantou junto as músicas e o Indie Stage quase veio abaixo com “Cannoball” e “Divine Hammer”. Impressionante!

Para fechar a noite, quem subiu ao palco principal foi o Kaiser Chiefs. A simpatia do vocalista Ricky Wilson e as músicas dançantes da banda empolgaram o público que não ficou parado por um segundo. Os sucessos radiofônicos “Everyday I Love You Less And Less”, “Ruby”, “Modern Way”, “Na Na Na Na Naa’ (esta recebida pelos fãs com vários cartazes com "Na" escritos) e “I Predict a Riot”, fizeram a alegria de fãs e não fãs. E foi lá pelas três da manhã que eles terminaram o show, com um público cansado, mas sedento por mais.


Abraços e até


Bem pessoal, essas foram as impressões de um fã de rock comum. Tentei compartilhar com vocês minhas opiniões de um festival que esbanjou profissionalismo (coisa rara nesse nosso país de tolerância a atrasos, principalmente, quando se trata de shows de bandas gringas). Realmente foi uma noite incrível e espero estar presente no próximo festival do Terra. (VFS)

Quem disse que o ROCK morreu?

Entra ano e sai ano, sempre alguém solta: "o rock morreu". Aí eu pergunto: como isso aconteceu? Para mim quem faz este tipo de comentário está completamente equivocado, no mínimo, muito desinformado, pois acredito que o rock nunca esteve em uma fase tão boa e tão real. Por que real?
O verdadeiro rock está voltando ao underground. Enfim, saiu dos holofotes da mídia. As bandas, apesar de ralarem mais, ganharam a liberdade de fazer o tipo de música que estão a fim. Isso faz com que elas não fiquem presas a conceitos obsoletos de produtores e gravadoras, que estão sempre querendo lapidar isso ou aquilo para que o som fique acessível e eles consigam ganhar um "rio" de dinheiro, explorando a música como se fosse uma laranja em rádios, mtv e programas de auditório.
Quer ver como o rock está ficando cada vez mais forte? É só observar a quantidade de festivais que rolam pelo mundo afora. Mas para dar uma idéia clara para o leitor, vou me limitar apenas ao nosso país. Aqui, nós temos festivais em Cuiabá (Mato Grosso), em Rio Branco (Acre), em Goiânia (o já tradicional Goiânia Noise e o Bananada), além de vários festivais nos estados do Nordeste. Em Natal, no Rio Grande do Norte, tem o Mada (Música Alimento da Alma). No Paraná, em Londrina, existe o Festival Demo Sul, que este ano trouxe uma das bandas mais clássicas da cena de Seattle, Mudhoney.
Em nossa região, sempre tá rolando uma parada ou outra, seja em bares, barracões, estações de trem... onde tem espaço e dá plugar os instrumentos, a galera do rock vai. E a quantidade de bandas, boas bandas, que estão aparecendo, gravando discos de maneira independente e fazendo turnês?
Na edição de outubro do zine Canibal Vegetariano, há várias resenhas de shows: festival Auto Rock em Campinas, Primeiro Grito Urbano em Itatiba, entre outros. Isso só demonstra que a procura pela música rock continua. O que mudou foi somente o apelo comercial que o rock possuía a alguns anos atrás.


BANDAS

E as bandas? Bem, atualmente existem bandas de todos os estilos e para todos os gostos. Em Bragança Paulista, tem o Leptospirose, que está lançando o segundo disco de música própria (sem contar o EP junto com o Merda). Os caras fazem um rock pesado, rápido e urgente. Ainda em Bragança, tem o punk rock do Racha Cuca (que já tocou em Itatiba). Em Campinas, tem o indie rock do Instiga que já lançou o terceiro álbum, a Lunettes que faz um rock, meio pós punk, muito original. Tem também a banda clássica de punk rock Muzzarelas. Isso sem falar em Superdrive, Radiare, Del-O-Max, que, inclusive, lançou recentemente um álbum somente em vinil. Há ainda a Letal Charge, que toca "metal", o Drákula que mistura punk rock com surf music, Violentures, etc.
Em Amparo tem o Executer, banda de thrash metal qu
e está na estrada a mais de 20 anos. Outro local, que tem uma grande quantidade de bandas e de boa qualidade, é o Sul de Minas Gerais. Quem já ouviu o Grindcore do Stomachal Corrosion sabe que eles não perdem em nada para qualquer banda gringa. Vila Velha, no Espírito Santo, deu origem ao Mukeka de Rato, Merda e os Pedreros. Caruaru, em Pernambuco, tem uma banda de thrash metal, o Alkymenia, que acabou de lançar o primeiro EP. Esses foram alguns exemplos de como está o cenário rock na região e no país.
Outro detalhe: se o rock estivesse morto, com certeza, eu não teria escrito esse texto, não existiria o zine, o blog e muito menos os programas "A Hora do Canibal" e o "Radiola", ambos estão na grade da Nova Rádio Web (http://www.novaradioweb.com.br/). O rock hoje é um "tiozão" com mais de 50 anos, já tem muita experiência e está cada vez mais com a cabeça aberta para novas experiências. Uma das maiores qualidades deste estilo é que ele nunca se conformou em se manter de um único jeito, sempre viveu uma metamorfose. Quando ele estava se acomodando, sempre vinha (e ainda vem) alguém para sacudi-lo e mostrar que há outros caminhos a serem percorridos.
A missão do zine nisso tudo, nesta explosão silenciosa do rock, é informar, apresentar bandas e ser apresentado a elas, é derrubar muros e construir pontes, pois já existem motivos diversos que fazem com que as pessoas fiquem cada vez mais distantes uma das outras. Por que quem gosta de rock tem que viver de maneira segmentada, sempre naquele nicho? O rock é inquieto, ele gosta de fusões e misturas excêntricas. Como o rock nasceu? Da mistura da música branca (country) e a música negra (blues). Isso em um país, cuja sociedade vivia em um conflito racial dos mais estúpidos, como se não fossem seres humanos. Hoje, o que nos divide é o dinheiro, o emprego, os locais em que moramos e freqüentamos. Por que deixar que a cultura, principalmente a música, nos separe? As mudanças sempre acontecem aos poucos: derrubando a barreira cultural, conseguiremos força para o restante. Rock sempre: sem preconceitos e idéias pré-concebidas. Antes de falar, ouça! (IG)

Instiga - Tenho Uma Banda

A banda campineira Instiga está lançando seu terceiro álbum. Antes um quarteto, agora eles são um power trio e dos bons. Uma prova da técnica dos caras está neste novo disco: ótimas músicas, muito bem tocadas e gravadas.

Comentar sobre o estilo que a banda segue é algo um pouco complicado, pois como você acabou de ler na entrevista, eles possuem muitas referências, de diversas vertentes do rock. Mas o importante é que a música que eles fazem é muito boa. O disco começa com uma faixa instrumental intitulada Puma, para quem gosta de ouvir bons músicos, é um prato cheio. Na seqüência vem a faixa "Tem uma Banda”, com várias mudanças de andamento e uma letra interessante.

Vale ressaltar que o disco foi todo gravado de maneira independente, eles não tiveram qualquer apoio de gravadora. Aí o leitor pode pensar: "deve ser um cd fraquinho". Quem achou isso está completamente enganado. O álbum foi gravado no Estúdio do Mário, em Barão Geraldo, Campinas. O disco é bem produzido, bem gravado e tem um excelente trabalho gráfico, com todas as letras e informações adicionais. Quem estiver a fim de adquirir a "bolachinha" da banda, é só acessar o endereço que o vocalista e guitarrista Christian deixou na entrevista.

Para aqueles que estão sempre buscando bandas novas com trabalhos sérios, o "Tenho uma Banda" é um cd altamente recomendável. Para encerrar, gostei de todo o disco, mas sempre temos nossas preferidas, por isso, cito: "Nerd's", "Heitor e Ana", "Aquela da Cachorrinha" e "Tem uma Banda". (IG)

Tem uma banda do lado de cá: entrevista com Instiga

A banda Instiga, que começou sua carreira em 2001 no município de Campinas, já foi um quarteto e atualmente é um trio formado por Christian Camilo (vocal, guitarra), Gabriel Duarte (baixo) e Sérgio Lombardi (bateria). Eles já estão no terceiro disco (Tenho uma Banda) que foi lançado recentemente de maneira independente. Com influências que vão de Led Zeppelin a Nirvana, Nick Drake a All, passando por Beirut e Debussy, o guitarrista Christian concedeu uma entrevista ao Canibal Vegetariano, falando sobre o novo disco, cena de Campinas, os futuros projetos da banda, etc.

Canibal Vegetariano: Vocês estão lançando o terceiro disco de uma carreira de sete anos, de onde vem a inspiração para as composições? Vocês já receberam propostas para assinar com alguma gravadora?
Christian: Não recebemos propostas de gravadoras ainda. A inspiração vem da vontade de ter bons discos, e boas músicas.....acredito que as letras são leves, não são carregadas de poesia, mas são carismáticas....às vezes são até crônicas de algum fato, de algum amigo da banda...de algo cotidiano.

CV: Este terceiro disco teve o apoio da Prefeitura de Campinas. Como vocês conseguiram esse apoio e como funciona o incentivo? Quais são os critérios? O Festival Auto Rock também tem o apoio da Prefeitura. Como vocês vêem esse incentivo da entidade pública e qual sua importância?
C: Teve o apoio sim. O Gabriel fez um projeto quando abriu o edital e felizmente eles aprovaram. Sei que o Auto Rock teve apoio no último ano....mas nos anteriores acredito que não teve.
Se o apoio vier para mais artistas e estes derem retorno acho fenomenal.....e até essencial para músicos e artistas que não têm recurso financeiro. Só acho que a burocracia desse tipo de incentivo é uma barreira lamentável....

CV: Quais os lugares que vocês já tocaram? Já teve alguma turnê pelo exterior? Se não houve, existe essa possibilidade?
C: Já tocamos em muitas cidades do Estado de São Paulo. Fizemos turnê em 2007 para o sul (tocamos em Curitiba, Florianópolis e Joinville). Tocamos em BH e é corriqueiro nos apresentarmos em São Paulo...Já tocamos nos principais clubes e boates do circuito underground da capital.


CV: Atualmente, quais as maiores dificuldades em ter uma banda? O estilo que vocês tocam chega a ser um pouco discriminado por parte do público?
C: Não sei nem por onde começar.........é fácil fazer música e tocar bem. Quando começa envolver shows, compromissos, ensaios e grana é que a coisa complicada para toda banda que quer levar a sério a possibilidade de fazer shows e gravar discos.
Quanto ao público dos nossos
shows nunca senti discriminação...acho nosso som bem acessível, ao mesmo tempo que é experimental não deixa de ser pop. Nada mais indie....sei que não existem muitas bandas assim no cenário nacional, apesar de conhecer várias.


CV: Campinas é uma cidade que está contribuindo em muito com a cena independente do País. Existe uma cena local ou é cada um por si?
C: Mais ou menos........ Existem poucas pessoas que se movimentam para tentar fomentar a cena local. O ET, o Milton do Bar do Zé e a festa Rock 'n' Beats são alguns ícones do rock na cidade. Mas a sensação que tenho é que tem muito mais banda de rock do que shows e espaços pra shows. Fica todo mundo esperando ser convidado pra tocar...assim fica limitado.


CV: Voltando ao Instiga, vocês têm um membro morando na Bélgica. Ele continua fazendo parte da banda? Como é o processo criativo de vocês. Todos compõem juntos ou cada um traz seu material de casa?
C: O Heitor já voltou. Ele não é mais integrante fixo, mas ele é meu parceiro de composição desde 1999...temos muitas composições juntos.
No Instiga o processo de composição é bem democrático, todos podem dar sugestões mas geralmente a iniciativa ou a idéia nasce de algum riff ou letra que alguém tenha criado e então trabalho em cima. Graças ao 'e-mail' o Heitor pode participar do processo de produção, enviando rascunhos e dando sugestões para o Instiga

CV: Os membros da banda, vivem de música ou vocês tem trabalhos paralelos? Se trabalham fora, você acredita que isto dificulta a criação de músicas, álbuns e etc.?
C: Todos os integrantes da banda estão vivendo da música (os integrantes 'fixos'), contudo, o volume de trabalho que temos é grande e isso cria algumas dificuldades de compromissos.

CV: Como vocês encaram esse lance de internet. Vocês são a favor da disponibilização de músicas grátis na rede ou preferem vender os CD's?
C: Somos a favor 'em termos'. Queremos ter o controle, ou pelo menos saber que fonte está disponibilizando nossa música. Logicamente que aprovamos o compartilhamento entre usuários.

CV: Após o lançamento desse novo disco "Tenho uma Banda", quais os próximos passos a seguir?
C: Tocar em festivais, ganhar mais experiência e fazer clipes.

CV: Christian, o espaço é seu. Divulgue onde a galera pode encontrar os discos, camisetas entre outros produtos da banda. Obrigado pela entrevista.
C: Entrem no site do Instiga – www.instiga.com
E deixo o email da banda para dúvidas sobre onde comprar nosso disco (estamos distribuindo o "Tenho uma banda" pelo Estado de São Paulo) e outros artigos.
contato@instiga.com