sábado, 31 de agosto de 2013

Rock em homenagem à cerveja: conheça a ‘Circus Boy’

Arquivo Pessoal 
Formada a partir de uma brincadeira entre amigos, A Circus Boy, nome em homenagem a uma marca de cerveja, antes um quarteto, atualmente trio, está junto desde 2008 e há ‘batalham’ na cena independente. Atualmente a banda é formada pelo Alexandre Cruz [bateria], Paulo Button [baixo] e Pedro Mendes [vocais e guitarra]. Para saber mais da história da banda, o Canibal Vegetariano conversou com Pedro Mendes, vocalista e guitarrista.

Canibal Vegetariano: No show de vocês, o vocalista estava com camiseta do Ramones e batera do Nirvana. Achei o som muito mais trabalhado do que dessas bandas. O que vocês ouvem em casa?
Pedro Mendes: Vixi! Acho que vai muito de épocas porque ouvimos muitas bandas. Então em algumas épocas estamos ouvindo mais bandas do que as outras, mas isso sempre muda. Juro, não sei como responder essa pergunta, se eu responder vou deixar de citar 20 bandas por cada membro!

CV: Quais as principais influências?
PM: Acho muito difícil citar todas nossas influências ainda mais quando abrimos para cada membro. Mas tentando fazer o resumo mais resumido possível e mesmo assim deixando de citar MUITA coisa, Ale: Motorhead, Button: punk/ harcore, Red Hot e Rage Against. Eu: muito blues e o hard rock clássico dos anos 70.

CV: Como é o processo de composição, letra e música, de vocês?
PM: É algo muito natural. Sempre que temos alguma ideia de melodia ou algum riff, nos reunimos para desenvolvê-la. Assim como as letras, às vezes alguém aparece com uma pronta em outros momentos escrevemos juntos.

CV: Quando será lançado o primeiro EP ou CD da banda?
PM: Lançamos o primeiro EP em maio deste ano, foi o ‘The Mudd, The Blood And The Beer’. Em agosto fomos até o estúdio para gravarmos o nosso 2º EP que a princípio se chama ‘Metachimera’, se não mudarmos de ideia até o lançamento.

Arquivo Pessoal 
CV: O som de vocês tem o que muitos chamam de "peso". Quais são os locais que vocês mais se apresentam? Já foram barrados em algum lugar por causa da sonoridade?

PM: Sem dúvida o local onde mais nos apresentamos foi o Bar do Zé em Campinas. Ainda não tivemos nenhum problema por causa da sonoridade, a única coisa que acontece geralmente é pedirem para nós abaixarmos um pouco o som no palco, porém quase nunca é viável.

CV: Que visão vocês têm sobre a cena independente atual?
PM: Sobre a cena atual de Campinas estamos cada vez mais contentes. Por muitos anos a cena independente ficou parada ou fechada à pouquíssimas bandas que não era do nosso gosto. De alguns anos para cá, algumas bandas conseguiram movimentar a cena cultural e estamos começando a colher os pequenos frutos desse trabalho. Ainda há muito caminho a ser percorrido, pois ainda existem poucas produtoras independentes, poucas casas que abrem suas portas para as bandas independentes e também espaço zero nas rádios.

CV: Quais os próximos passos da Circus Boy?
PM: Entraremos em estúdio para gravarmos o 2º EP. Pretendemos gravar o 3º até o fim desse ano ainda para lançarmos uma compilação de todos no ano seguinte. Estamos estudando a possibilidade de lançar algum clipe também, mas não é nosso foco principal. O que queremos sem dúvida, além de compor e gravar, é conseguir o maior número de shows possíveis para conseguirmos divulgar cada vez mais nosso trabalho.

Arquivo Pessoal
CV: Deixo espaço para declarações finais e merchandising. Grato pela entrevista, abraço!
PM: Gostaríamos de agradecer MUITO ao espaço dado pela equipe do Canibal Vegetariano e parabenizá-los pelo trabalho. Voltando a pergunta que nos foi feita anteriormente, isso é uma das coisas que faltam para levantar a cena da cidade, um blog, uma revista, ou qualquer tipo de meio de comunicação que ajude a divulgar o trabalho das bandas autorais. Mais uma vez, parabéns pela iniciativa!
Para todo mundo que quiser ouvir e/ou baixar o nosso EP é só entrar na nossa fanpage do Facebook pois temos todo o material disponível, inclusive links para o Youtube com vídeos de shows e entrevistas, abraços!


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

'O mundo do rock é lindo'

Canibal Vegetariano
Já devo ter utilizado essa frase, do mestre Daniel ETE, vocalista e baixista da banda Drákula, como título de algum outro texto que escrevi, mas nenhum vem em minha cabeça neste momento, mas ele define muito bem o que ocorreu no último domingo, 18 de agosto, em Campinas, dia do encerramento da 7ª edição do Festival AutoRock.

Sete bandas estavam programadas para tocar na Concha Acústica na Lagoa do Taquaral, e na escalação estavam bandas consagradas no cenário independente como Mukeka di Rato, Drákula, Maguerbes, Rock Rocket, além de Motor City Madness, Adrede e Gasolines.
Canibal Vegetariano
O primeiro show, da banda Gasolines, estava marcado para 14h, mas como a galera do Canibal Vegetariano tem que rodar cerca de 45 quilômetros, não conseguimos acompanhar a banda e quando chegamos, a Motor City Madness já detonava seu rock'n'roll, que era muito convidativo, principalmente quando se tem cabelos compridos. Vi pouco da apresentação, mas o que vi me agradou e muito. Espero que retornem em breve para acompanhar outra apresentação.
O clima da tarde de domingo, inverno brasileiro, estava interessante, temperatura amena, em queda, e muito vento. A cerveja demorava para esquentar e as bandas subiam ao palco com mais garra. Após o show do Motor, foi a vez dos campineiros da Drákula subirem ao palco e detonarem. Com músicas dos seus três registros e a mistura de garage, punk e rock'n'roll, a Drákula ganhou fácil a plateia presente e sedenta de rock. Show espetacular.

Canibal Vegetariano
Com o passar do tempo, a temperatura caia de maneira considerável, a Maguerbes, banda de Americana, subiu ao palco e mandou ver seu som. Mas o clima nos obrigava a frequentar em demasia o toalet e também a barraquinha de lanche. Do show vi pouco, mas o som estava bom para quem acompanhava de fora.
Assim que a Maguerbes deixou o palco, foi a vez da Rock Rocket agitar a galera que comparecia em bom número. Com rock sujo e cru, os paulistanos fizeram a molecada abrir rodas de pogo e levou muita gente para próximo do palco para dar "mosh" e também se aproximar mais dos músicos. E a galera presente conhecia a banda, muitas músicas foram cantadas em coro.
Saiu Rock Rocket e subiu ao palco os capixabas da Mukeka di Rato. Minutos antes do show, Mozine, baixista da banda, disse que o vocalista, Sandrinho, estava com infecção na garganta e nem viajou para Campinas.

Canibal Vegetariano
Em formato power trio, os capixabas subiram ao palco e com Mozine e Paulista [guitarra] nos vocais, eles passaram por quase 20 anos de carreira de maneira rápida e direta. Entre os destaques da apresentação, a banda executou “Minha Escolinha”, “Rambo quer matar Che Guevara”, “Praia da Bosta”, “Maconha”, entre outros clássicos do cancioneiro hardcore. Em uma apresentação rápida, eles levaram a alma dos roqueiros presentes ao evento.

Canibal Vegetariano

No encerramento, estava prevista a banda campineira Adrede. Mas o frio aumentou de maneira considerável e uma garoa caiu. Como tínhamos muitos quilômetros para rodar, a galera resolveu fazer um pit stop na lanchonete mais próxima e, em trechos com muita chuva, encarar os vários quilômetros de volta para casa com a esperança de chegar vivo em 2014 em ter um outro domingo de inverno como o deste 18 de agosto. Só os vivos contarão esta história.

domingo, 11 de agosto de 2013

'Corazones Muertos' e rock vivo

Canibal Vegetariano
A terceira noite do Auto Rock 2013, festival de cultura independente realizado em vários pontos de Campinas, por dez dias, foi uma daquelas inesquecíveis, devido as bandas Aqueles [Campinas] e Corazones Muertos [Argentina].
O sábado começou muito quente, mas durante a noite, um forte vento soprou no interior de São Paulo e o clima deixou a noite de inverno ainda mais convidativa para o rock'n'roll. Independente de clima, a galera do Canibal Vegetariano estaria presente e com vento frio, ainda mais. 
Depois de um ano, os campineiros da Aqueles subiram novamente ao palco. Parece que o tempo nem passou e que os integrantes, por motivos profissionais, ficaram longe. Apesar de no final, eles comentarem que erraram muito, quem estava na pista aproveitou cada nota, cada música.

Canibal Vegetariano
Toda apresentação é uma festa rock'n'roll pois a banda não se prende a rótulos, eles fazem rock, punk, hardcore e se divertem no palco e divertem quem acompanha. Além de tudo isso, sempre tem os amigos que sobem ao palco para cantar junto, um que deu duas "palhinhas" com os caras foi o vocalista da banda Don Ramon, Artie Oliveira.

Canibal Vegetariano
             
 Público feliz e aquecido, os argentinos/brazucas da Corazones Muertos subiram mais tranquilos, mas com responsabilidade de não deixar a festa acabar. E foi isso que fizeram, os caras ganharam rapidamente a empatia do público e com bons riffs e rock com várias influências, principalmente anos 60 e garage rock, os caras mandaram muito bem.
Canibal Vegetariano
Em cerca de uma hora, os caras não deram tempo para o público pensar em deixar de curtir, uma música seguida da outra, deixou a galera em estado de êxtase e com sorriso no rosto, afinal, não é todo dia que vemos uma banda tão competente com apresentação tão sincera e rock'n'roll. Os caras mostraram que o Muertos só está no nome da banda, pois no palco, estão mais vivos que nunca e façamos votos para que assim continuem.


                

terça-feira, 6 de agosto de 2013

'Um imenso cemitério de esperanças frustradas'


Essa frase que abre o texto é do sociólogo, e um dos maiores pensadores da atualidade, o polonês, Zygmunt Bauman. Ela reflete muito bem o que tem ocorrido atualmente em nosso país e principalmente na cidade onde fica "a sede" do Canibal Vegetariano, Itatiba, um pequeno município do interior do Estado de São Paulo.
                Nós, população, vivemos a cada dia com novas esperanças de uma cidade, um estado, um país melhor, mas na realidade, um dia tem sido mais difícil do que o outro e isso gera estresse, preocupação, envelhecimento precoce, entre outros problemas de saúde enfrentados pela sociedade atual, como depressão e também síndrome do pânico. Mas quando paro para pensar, o que seria um país melhor? Talvez o que penso ser o melhor não seja o ideal, assim como o melhor para você não seja o ideal para mim.
                Além dos problemas psíquicos e físicos, estamos expostos a todo excesso de violência, seja por parte do que costumamos chamar de bandidos ou mesmo por autoridades que são pagas com nosso dinheiro para nos proteger, ou ao menos para nos passar uma pseudo-sensação de segurança. Mas violência maior é praticada por aqueles que estão no poder e não fazem nada para tentar amenizar os sofrimentos de seus semelhantes e ainda lucram sobre a desgraça alheia.
                Quando surge a palavra semelhante ocorre que alguém pode estar longe do senso de igualdade, assim como eu, que não acredito no "todos iguais", da Granja dos Bichos, do mestre George Orwell, em a "Revolução dos Bichos", outros também podem não acreditar. Penso que cada ser humano é único e por isso ele é semelhante ao outro e compartilha o mundo com outros semelhantes e animais de outras espécies, sem esquecer que também somos animais.
                Somos animais e compartilhamos um planeta considerado pequeno com cerca de outras 29.999.999 espécies. Mas pensamos que somos os maiorais e que tudo que existe foi criado para que eu possa mandar, desmandar e que tudo tem de ser da maneira como penso e quero que seja. Ledo engano. Você, assim como eu, é um quase nada, apenas um dente nessa grande engrenagem humana e mundana.
                Mas, de volta ao cemitério, poucos oportunistas fazem com que nossa existência seja um perambular por caminhos sem chances de melhorias. Enquanto o povo acorda todo dia para o trabalho, escola e outras atividades, sempre há alguém tramando algo para desviar ou apenas obscurecer seu caminhar nessa efêmera passagem mundana.
                Assim como nós, eles também passarão, mas se sentem deuses no poder e verdadeiros imortais, acima de tudo aquilo que nos torna mais humanos, os fracassos, os medos diários, além de toda angústia e revolta. Enquanto os dito poderosos apenas ficam ali, brincando em seus castelos de areia, prestes a ruir, nós estamos na batalha para construir um mundo, não melhor, talvez menos indigno, e quando o povo resolve sair às ruas para fazer suas cobranças para uma vida menos sufocante, ele é reprimido, seja moralmente ou fisicamente.
                Atos de violência como os registrados em Itatiba no último dia 2, na Câmara Municipal, a dita Casa do Povo, onde apenas os funcionários falam, pois os patrões, nós, temos que manter o que eles chamam de obediência e silêncio fúnebre. Fale e vá preso, assim funciona a democracia por eles ditada. Nós somos cobrados a todo momento por nossos superiores, em nossos locais de trabalho, mas eles não permitem isso. Até parece que eles mandam em algo.
O que ocorreu naquele espaço, dito público, foi algo que passou de todos os limites do tolerável. No local não havia "pessoas do mal", havia apenas estudantes, professores, pessoas que pensam e sonham com um mundo menos cruel, mas ali, eles se depararam com o máximo que a crueldade humana pode fazer: arrogância, desrespeito, falta de diálogo, de tolerância e incapacidade de ver as situações por outros pontos de vista.
                Ali, naquele momento, não foi a nossa pseudo-democracia ferida e sim nossos semelhantes, pessoas que tem capacidade de pensar e sonhar, independente do sonho, querem uma mudança, pois sentem que não dá mais para viver em um mundo no qual a injustiça, a mentira, a ganância e desrespeito prevalecem. Não foi nossa pseudo-democracia ferida, foi a esperança, a possibilidade de mudança.
                Tudo passa e tudo muda, a todo momento, mas os homens parecem temer essa metamorfose constante, muitos preferem engessar seus ideais e tentam frear a impulsividade em seus semelhantes, pois acreditam na eternidade do momento que é somente um sopro de tempo. Para deixarmos esse "cemitério", precisamos seguir as utopias, ou como dizia o mestre Paulo Freire, "o inédito viável".