Essa frase que abre o
texto é do sociólogo, e um dos maiores pensadores da atualidade, o polonês,
Zygmunt Bauman. Ela reflete muito bem o que tem ocorrido atualmente em nosso
país e principalmente na cidade onde fica "a sede" do Canibal
Vegetariano, Itatiba, um pequeno município do interior do Estado de São Paulo.
Nós, população,
vivemos a cada dia com novas esperanças de uma cidade, um estado, um país
melhor, mas na realidade, um dia tem sido mais difícil do que o outro e isso
gera estresse, preocupação, envelhecimento precoce, entre outros problemas de
saúde enfrentados pela sociedade atual, como depressão e também síndrome do
pânico. Mas quando paro para pensar, o que seria um país melhor? Talvez o que
penso ser o melhor não seja o ideal, assim como o melhor para você não seja o
ideal para mim.
Além dos problemas
psíquicos e físicos, estamos expostos a todo excesso de violência, seja por
parte do que costumamos chamar de bandidos ou mesmo por autoridades que são
pagas com nosso dinheiro para nos proteger, ou ao menos para nos passar uma
pseudo-sensação de segurança. Mas violência maior é praticada por aqueles que
estão no poder e não fazem nada para tentar amenizar os sofrimentos de seus
semelhantes e ainda lucram sobre a desgraça alheia.
Quando surge a
palavra semelhante ocorre que alguém pode estar longe do senso de igualdade,
assim como eu, que não acredito no "todos iguais", da Granja dos
Bichos, do mestre George Orwell, em a "Revolução dos Bichos", outros
também podem não acreditar. Penso que cada ser humano é único e por isso ele é
semelhante ao outro e compartilha o mundo com outros semelhantes e animais de
outras espécies, sem esquecer que também somos animais.
Somos animais e
compartilhamos um planeta considerado pequeno com cerca de outras 29.999.999
espécies. Mas pensamos que somos os maiorais e que tudo que existe foi criado
para que eu possa mandar, desmandar e que tudo tem de ser da maneira como penso
e quero que seja. Ledo engano. Você, assim como eu, é um quase nada, apenas um
dente nessa grande engrenagem humana e mundana.
Mas, de volta ao
cemitério, poucos oportunistas fazem com que nossa existência seja um
perambular por caminhos sem chances de melhorias. Enquanto o povo acorda todo
dia para o trabalho, escola e outras atividades, sempre há alguém tramando algo
para desviar ou apenas obscurecer seu caminhar nessa efêmera passagem mundana.
Assim como nós,
eles também passarão, mas se sentem deuses no poder e verdadeiros imortais,
acima de tudo aquilo que nos torna mais humanos, os fracassos, os medos
diários, além de toda angústia e revolta. Enquanto os dito poderosos apenas
ficam ali, brincando em seus castelos de areia, prestes a ruir, nós estamos na
batalha para construir um mundo, não melhor, talvez menos indigno, e quando o
povo resolve sair às ruas para fazer suas cobranças para uma vida menos
sufocante, ele é reprimido, seja moralmente ou fisicamente.
Atos de violência
como os registrados em Itatiba no último dia 2, na Câmara Municipal, a dita
Casa do Povo, onde apenas os funcionários falam, pois os patrões, nós, temos
que manter o que eles chamam de obediência e silêncio fúnebre. Fale e vá preso,
assim funciona a democracia por eles ditada. Nós somos cobrados a todo momento
por nossos superiores, em nossos locais de trabalho, mas eles não permitem
isso. Até parece que eles mandam em algo.
O que ocorreu naquele espaço, dito público, foi algo que passou de todos
os limites do tolerável. No local não havia "pessoas do mal", havia
apenas estudantes, professores, pessoas que pensam e sonham com um mundo menos
cruel, mas ali, eles se depararam com o máximo que a crueldade humana pode
fazer: arrogância, desrespeito, falta de diálogo, de tolerância e incapacidade
de ver as situações por outros pontos de vista.
Ali, naquele
momento, não foi a nossa pseudo-democracia ferida e sim nossos semelhantes,
pessoas que tem capacidade de pensar e sonhar, independente do sonho, querem
uma mudança, pois sentem que não dá mais para viver em um mundo no qual a
injustiça, a mentira, a ganância e desrespeito prevalecem. Não foi nossa pseudo-democracia
ferida, foi a esperança, a possibilidade de mudança.
Tudo passa e tudo
muda, a todo momento, mas os homens parecem temer essa metamorfose constante,
muitos preferem engessar seus ideais e tentam frear a impulsividade em seus
semelhantes, pois acreditam na eternidade do momento que é somente um sopro de
tempo. Para deixarmos esse "cemitério", precisamos seguir as utopias,
ou como dizia o mestre Paulo Freire, "o inédito viável".
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