domingo, 22 de junho de 2014

Peso, distorção e melodias em noite de muito rock

Canibal Vegetariano
 Guitarras suingadas, com peso, distorção e riffs cortantes marcaram a última noite de outono durante apresentação das bandas Doctor Mars, de Indaiatuba, e Topsyturvy, Mogi das Cruzes, no Bar do Zé, em Campinas.
Era a última noite de outono mas o vento costumeiro das noites de inverno deixou a noite convidativa para que a equipe do Canibal Vegetariano fosse até Campinas para curtir muito rock'n'roll, fazer contatos e claro, fotografar e escrever sobre uma das bandas mais incríveis do underground nacional, a Topsyturvy.
Em nossa chegada, fomos bem recebidos com o som de Fugazi que exalava das caixas de som, a noite seria especial, pois toda a discotecagem seria somente com esta banda incrível, do genial Ian MacKaey. Enquanto ouvíamos a seleção de muito gosto, aproveitamos para por o papo em dia e até fazer alguns acertos para próxima edição do Fanzine Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano

Depois de tudo que rola antes de um show fomos para pista e a primeira a se apresentar foi Doctor Mars. Power trio insano de Indaiatuba que fez o bom público presente agitar, dançar pela pista do BDZ. Com guitarra distorcida, mas com peso e suingue não muito comum, a banda mostrou orignilidade no som que deixou os presentes felizes. A banda fez uma apresentação impecável e rápida, foi um verdadeiro "arrasa quarteirão".
A apresentação da galera de Indaiatuba deixaria qualquer banda preocupada em se apresentar depois, mas a Topsyturvy é uma das bandas mais interessantes e competentes do cenário independente nacional. Quando os caras subiram ao palco mostraram todo o poder de sua música e em segundos conquistou o público. Foi uma apresentação rápida, mas muito técnica e a banda está cada vez mais introsada. Eles fizeram o final perfeito de uma noite perfeita. Após as apresentações, só nos restou comer o lanche da madrugada e "cair" na estrada, com a certeza de que o rock tem um vindouro futuro.

domingo, 8 de junho de 2014

Barco Bêbado retorna em show psicodélico no Bar do Celso

Canibal Vegetariano
A banda Barco Bêbado fez retorno em grande estilo em show apresentado no Bar do Celso, no sábado, 6 de junho. A banda que estava inativa há algum tempo, voltou com força máxima e fez muito marmanjo ficar com os pelos arrepiados devido a sonoridade apresentada e a força das canções.
Sempre é bom tocar em qualquer local, mas o Bar do Celso tem algo diferente, não há uma explicação lógica, é diferente, apenas isso. E os caras da Barco Bêbado mostraram isso. Com suas canções que mesclam o rock'n'roll sessentista com psicodelia e outras influências, os caras quase botaram o bar abaixo. Matheus Machado, o vocalista, além de uma performance extremamente inspirada, tocou seu violino e em algumas músicas agregou cítara na sonoridade do grupo, que deixou o clima ainda mais fantástico.

Canibal Vegetariano

Felizmente uma das bandas mais legais a surgirem em Itatiba retornou e eles ainda conseguiram que André Fujiwara, outro nome importante do rock da cidade, registrasse toda a performance em vídeo, quem sabe em breve a banda lança um DVD "Psicodelias no Bar do Celso", com certeza seria muito bem vindo e serviria como uma aula de rock'n'roll.
Outra banda a se apresentar neste dia foi a Fake Vuklgarys, também de Itatiba, e que tem chamado atenção principalmente de blogs do exterior, devido ao lançamento do EP "A man who says". Neste show os caras apresentaram algumas das músicas do EP. Elas funcionam muito bem ao vivo, principalmente minha favorita "Sin City". O som dos caras é padrão de banda gringa.

Sandra Hungaro

O quarteto fez uma apresentação muito competente, talvez tenham exagerado um pouco nas versões de outras bandas, mas o importante é que eles estão entrosados como músicos e isso na hora de compor facilita muito e em breve, com mais canções próprias no set list, com certeza farão muitos shows Brasil afora e também exterior.
Quem também fez apresentação foi a banda KiBosta, que depois de dois ensaios apresentou o que os caras chamam de "podreragem". Apresentação curta, mas como quem escreve estava na banda, é melhor não tecer comentários. Para isso uso o que Caio Guttnerr, baixista da Fake Vulgarys, declarou: "a banda [KiBosta] chamou atenção de maneira positiva". Matheus Machado, vocalista da banda Barco Bêbado também opinou sobre a "podreragem". "Ficou muito massa, bem louco, uma mistura interessante de hardcore com rock'n'roll". E assim foi mais uma tarde de rock'n'roll no Bar do Celso.

domingo, 1 de junho de 2014

Garrafa Vazia: alto teor de punk rock

Divulgação
Formada por três caras, Mariones (baixo e vocal), Hebert (guitarra e vocal) e Vadio Bateria, a banda Garrafa Vazia, de Rio Claro, está há 16 anos na estrada e desde 2011 com formação estável e com vários lançamentos. Para saber mais sobre a história da banda e a cena na região central do Estado de São Paulo, falamos com o baixista Mariones, que passou a limpo a história do trio. Abaixo você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Como a banda foi formada e qual origem do nome? Houve troca de formação?
Mariones: Formada em Rio Claro no interior de São Paulo, esquemão de brodagem, interiorzão, Horto Florestal, ruas planas e bebida barata. Começou em 98, quando eu e o Danilo Lebre começamos a compor umas podreiras no quarto dele. Mas muita coisa rolou, Danilão mudou para Santos e só em 2009 o negócio ficou mais sérião. Aí surgiu o nome Garrafa Vazia. A história do nome vem de uma velha fita vhs: em 1990, na Copa da Itália, o Osmar Santos preparava-se para narrar o jogo eliminatório das oitavas-de-final entre Colômbia e  Camarões .
Apresentando as seleções, ele soltou a "crássica" frase que ficou cravada na memória: “agora é que eu quero ver quem tem Garrafa Vazia pra vender!”. O nome vem daí, tom de deboche. Quanto às mudanças de formação, passamos por algumas, até  estabelecer a definitiva em 2011, acima citada Mariones [voz e baixo],  Hebert [guitarra e vocais] e Vadio [bateria].
Daí surgiram os registros: Os Garrafa [2011]; Pedrerage Sessions #01 [2012]; Greatest Shits [2012]; split Hippies not Dead & Garrafa Vazia [2013].

CV: A pegada punk rock é muito presente no som de vocês. Quais são as principais influências da banda?
M: É um lance bacana. Cada um escuta uma coisa e toca outra. O Hebert curte Smiths e Olho Seco. O Vadio vem de uma escola mais ‘american punk’ , mas também ouve muito blues, enquanto sou chegado num punk 77, num sonzão quente dos 60/70 e numas podreiras variadas, do sonzão mais extremo ao pop mais cafonão.



CV: Como rola o processo de composição?
M: É bem sossegado, descontraído. Às vezes eu arranho algo no violão, mostro para rapaziada, aí o Hebert já coloca a guitarrinha marota dele e o Vadio põe a baqueta pra dançar. Às vezes o Hebert aparece com um riff malandro e logo tudo vira um enorme bolinho de arroz, uma folia noise. Às vezes o Vadio acelera ou diminui a marcha, sugere o let’s brenfs, sabe? Ou vice-versa, versa-vice. Não que essa seja a tônica, cada som tem uma história, ou também não, mas o primeiro movimento é sossegadão. Composição no Garrafa é prazer podrão, um processo bem tranquilo, sempre num  cooperativismo supimpa, alegre, divertido, reunião e comunhão, esquemão família pedrerage, sempre!

CV: Ao ouvir as músicas de vocês, é possível sacar ironias e humor. Como surgiu esse lance no som de vocês e na apresentação do trabalho?
M: Como o Hebert diz ,as coisas acontecem num “climão de churras”. A gente gosta de tocar e se divertir, mandar um som num esquemão descontraídão, não se levando tanto a sério. E você comentou da ironia, gosto bastante da frase do escritor francês Victor Hugo: “é pela ironia que começa a liberdade”.

CV: Como é a cena musical em Rio Claro?
M: Rio Claro é muito rica musicalmente e, mais especificamente no “róque”, por aqui há referências muito fodidas, como o Dezakato e o Mordeth, bandas históricas, com mais de vinte e tantos anos de história, muita estrada e registros de ouro no underground. Atualmente rolam também bandas muito responsa, como o Carniceiro, Funeral  Sex, Anguere, Sinaya. E anualmente acontece o Equinócio, festival referência aqui na cidade, geralmente realizado na Antiga Estação Ferroviária, onde muitas bandas fodidas já se apresentaram.

CV: Qual análise que vocês fazem sobre os locais para shows das bandas independentes na região?
M: Existem os bares “rock” , com conceito “alternativo”, mas a gente não fica muito esperando as coisas caírem do céu. A gente se reúne com o pessoal das outras cidades e costuma fazer a nossa correria, organizar o som, faz os intercâmbios, seja na praça, em um butecão, o esquema é a ideia de movimentação, interação, amizade.  “Cavamos” nosso espaço, sem chororô. E ah: estão acontecendo muitos bailes elegantes aqui no interior! E se for para citar as bandas que estão quebrando tudo por aí, vixi, tem muita banda fodida aqui no interiorzão!!

Divulgação

CV: Qual o pior momento que tiveram? E o melhor?
M: Sinceramente, acho que não houve pior momento. E o melhor é o fato de estarmos vivos, reunidos, podendo rolar uma podreira, sem neurose – aliás, muito pelo contrário: é muito 'bão' a gente viver num puta climão massa, divertido, seja ensaiando, compondo, organizando os bailes com os irmãos, viajando, gravando, escutando novas bandas, trocando altas ideias com o pessoal, vivendo e se divertindo, curtindo os dias.

CV: Quais os planos para o restante deste ano?
M: A gravação do disco de inéditas “Back to Bacana”, mais o segundo disco da série Pedrerage Sessions, além da participação em algumas coletâneas e em um tributo. E ah: uma “surpresa” especial vem aí para o final de ano também!

CV: Grato pela entrevista, deixo espaço para considerações finais.
M: Nós que agradecemos Ivan, e os amigos que acompanham o ótimo trampo de vocês! Muito obrigado pelo espaço! Vida longa ao Canibal Vegetariano, ao underground e ao rock do capeta! Abração!