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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Garrafa Vazia esbanja 'litros' de punk rock

Fotos: Arquivo pessoal
A banda Garrafa Vazia é de Rio Claro, interior do Estado de São Paulo. Com muitos anos de estrada, a banda lançou recentemente o álbum "Back to Bacana". Devido a este fato, conversamos com os caras para saber mais sobre o trabalho e também como eles veem a atual cena, tanto no interior como no Brasil em geral. O papo na íntegra você confere abaixo.

Canibal Vegetariano: Vamos começar pela apresentação da banda: nomes, instrumentos, há quanto tempo estão juntos e houve alguma mudança na formação?
Hebert: O embrião do que viria a ser o Garrafa Vazia começou em 98, com o Mário Mariones (baixo e voz) e uns camaradas. A banda surgiu definitivamente em 2009, e em 2011 adotou a formação atual, comigo (Hebert) na guitarra e vocais e o Vadio comandando o batuque dos infernos.

CV: Quais são as principais influências da banda?
H: O punk rock 77 dá a tônica ao som da banda, mas cada um curte uma porrada de sons distintos, de Gories a Guilherme Arantes, e essa distinção nas influências acabam trazendo um gostinho de quero mais ao nosso som.

CV: Como rola o processo de composição das músicas e também das letras?
H: Rola de uma forma bem democrática. Geralmente o Mariones chega com as letras e melodias, aí nos os ensaios colocamos a “magia” de cada um, viradinhas malucas, solinhos propositalmente nas coxas e afins.

CV: Comentem sobre a cena de Rio Claro e cidades da região. Como está o atual momento para shows?
Mário Mariones: A cena de Rio Claro é fértil e 100% chapação. A cidade tem bandas fodas de punk rock, hardcore, metal, rock and roll. Posso destacar aqui algumas como Dezakato, Mordeth, Sacristia, Hal 9000, Marsh Gas. Do pessoal mais recente o Interceptor, Anguere, Funeral Sex, Carniceiro, Craniana, Coaggula, Head Bones, Delunes, Reagan, Foca Alada, o pessoal que toca em bandas de outras cercanias, como o Netão do Mullet Monster Mafia e o Matheus Campos do Krokodil. A cena é densa e prolífica, e o maior festival de Rio Claro é o Equinócio. Realizado anualmente, ele chega agora em sua décima quarta edição trazendo o Olho Seco e será uma grande honra para nós mais uma vez fazer parte do festival.
Já passaram por aqui Korzus, Ratos de Porão (em 2013, tocamos nesse dia, foi demais), Genocídio, Krisiun, só pra citar algumas. É um festival de caráter solidário, filantrópico que atrai uma legião de pessoas – e neste ano a entrada novamente será um litro de leite que será encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade. A Antiga Estação Ferroviária vai tremer dia 9 de maio a partir da uma da tarde. Outro festival bacana é o Rock Feminino, que em sua última edição trouxe o Girlschool, com apresentação única e exclusiva no Brasil por aqui.
As cidades do interior de SP estão pegando fogo. Sabe aquela coisa de buteco, praça, farmácia e vizinhança na calçada, velhos amigos trocando ideia, tomando uma, curtindo um som? E é foda não citar São Carlos como um dos grandes centros catalisadores de toda essa usina - particularmente para nós do Garrafa. Ponto de encontro de amigos e bandas fudidaças. Inclusive é lá que estamos gravando nossos últimos trampos, com os irmãos da Pé de Macaco S/A, uma produtora audiovisual fodida, que faz a diferença.


CV: Como vocês veem o surgimento de várias bandas, de diversas vertentes do rock, principalmente no interior. Isso pode contribuir para aumento do público e também de locais para shows?
MM: Sem dúvida. Muitas bandas do barulho estão surgindo. É o velho ciclo de gerações em contínua formação e transformação. Quase sempre de forma solidária e criativa. Como diria o Hugo Brito, do Hippies not Dead: “o underground é construção”.

CV: Qual a principal “enrascada” que vocês entraram e qual o momento mais positivo de vocês como banda?
MM: Vixi, rolaram várias. No quesito bad trip: tocamos algumas vezes em São Paulo e no ABC nesses anos, e numa delas foi um pouco tenso, com o pessoal falando que uma gangue ia jogar bomba no local do evento, então o ambiente estava realmente contendo uma apreensão extra (risos). Em outras praias já rolou de sermos boicotados em festivais, geralmente pelo pessoal da mesa de som, que dá aquela tesourada no volume, sei lá porque, mas tudo isso é legal, faz parte.  Outra ocasião engraçada foi de um sujeito que viu a gente tocar num festival bacana e logo depois a todo custo insistiu que queria “empresariar” a banda e tal, cheio de conversa que “tinha um escritório e vários contatos”, daí a gente virou e disse “opa, firmeza”.
Momentos positivos foram alguns, bem agradáveis! Tocar com o Cólera e o Biohazard no Araraquara Rock em 2010 (conversámos na época com o Rédson sobre a possibilidade dele produzir um CD do Garrafa, e as conversações estavam adiantadas), tocar no extinto Porão em São Paulo com os punks cantando junto e pogando sem parar – ANIMAL - tocar em Santa Gertrudes no Revolution Pub, num festival organizado pela gente com uma puta galera e o lendário Excomungados tocando na sequência, tocar em Minas Gerais num festival muito massa (World Trash, grande festival!) junto com o Hippies not Dead, dividir o palco com o GBH em Americana, as sonzeras insanas em São Carlos, um bailão alucinante em São José dos Campos, outro em Avaré (no aniversário de 20 anos dos brothers do Ratazana) um rolê mágico em Rio Claro na casa de uns amigos, ao lado do mestres do Retaliatory de Belém fechando a noite, tocar ao lado dos irmãos destruidores do Shitfun de Petrolina, Pernambuco... são muitos momentos que a gente guarda com a maior alegria e satisfação. A gente é sem frescura, tranquilão, o que vale é a intensidade e a broderagem, o chão é nossa casa.


CV: Quem é o público que os ouve?
MM: Do ouvinte “macro” ao “micro”, e “para todas as idades”. Penso que é a galera que curte aquele som toscão, divertidão, mas é difícil rotular: talvez seja o pessoal que ouça rock and roll em geral (ou não), metal, punk rock, aquele rock cachaça torto, ou que ouve um som mais cru e sem firula. E tem os doideira lá da gringolândia também.

CV: Quais as metas da banda para os próximos meses?
MM: Vamos gravar um trampo novo agora em junho. E vamos soltar mais um split de inéditas ao lado do lendário Hippies not Dead, banda fodida de São Carlos, irmãos atuantes no underground desde 1995.

CV: Grato pelo papo e deixo espaço para “merchan”, críticas e o que quiserem falar.
MM e H: Nós que agradecemos, brigadão pelo espaço! Sempre escutamos o Canibal Vegetariano, queria inclusive aqui deixar um abraço ao Vareta Baqueta do Ação Tóxica, que foi quem me apresentou (Mariones) esse grande programa radiofônico que faz a alegria da galera nas noites de segunda. O blog é bem bacana também, mesclando sonzera com cultura em geral, jornalismo de prima. E no mais é isso aí capetada: valeu pela força! Ouçam nosso novo disco, “Back to Bacana”, e aumentem o som que o pogo é o fogo, união e fuleragem sempre! Abração!
Facebook: https://www.facebook.com/pages/GARRAFA-VAZIA/206708446038506?fref=ts 

domingo, 1 de junho de 2014

Garrafa Vazia: alto teor de punk rock

Divulgação
Formada por três caras, Mariones (baixo e vocal), Hebert (guitarra e vocal) e Vadio Bateria, a banda Garrafa Vazia, de Rio Claro, está há 16 anos na estrada e desde 2011 com formação estável e com vários lançamentos. Para saber mais sobre a história da banda e a cena na região central do Estado de São Paulo, falamos com o baixista Mariones, que passou a limpo a história do trio. Abaixo você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Como a banda foi formada e qual origem do nome? Houve troca de formação?
Mariones: Formada em Rio Claro no interior de São Paulo, esquemão de brodagem, interiorzão, Horto Florestal, ruas planas e bebida barata. Começou em 98, quando eu e o Danilo Lebre começamos a compor umas podreiras no quarto dele. Mas muita coisa rolou, Danilão mudou para Santos e só em 2009 o negócio ficou mais sérião. Aí surgiu o nome Garrafa Vazia. A história do nome vem de uma velha fita vhs: em 1990, na Copa da Itália, o Osmar Santos preparava-se para narrar o jogo eliminatório das oitavas-de-final entre Colômbia e  Camarões .
Apresentando as seleções, ele soltou a "crássica" frase que ficou cravada na memória: “agora é que eu quero ver quem tem Garrafa Vazia pra vender!”. O nome vem daí, tom de deboche. Quanto às mudanças de formação, passamos por algumas, até  estabelecer a definitiva em 2011, acima citada Mariones [voz e baixo],  Hebert [guitarra e vocais] e Vadio [bateria].
Daí surgiram os registros: Os Garrafa [2011]; Pedrerage Sessions #01 [2012]; Greatest Shits [2012]; split Hippies not Dead & Garrafa Vazia [2013].

CV: A pegada punk rock é muito presente no som de vocês. Quais são as principais influências da banda?
M: É um lance bacana. Cada um escuta uma coisa e toca outra. O Hebert curte Smiths e Olho Seco. O Vadio vem de uma escola mais ‘american punk’ , mas também ouve muito blues, enquanto sou chegado num punk 77, num sonzão quente dos 60/70 e numas podreiras variadas, do sonzão mais extremo ao pop mais cafonão.



CV: Como rola o processo de composição?
M: É bem sossegado, descontraído. Às vezes eu arranho algo no violão, mostro para rapaziada, aí o Hebert já coloca a guitarrinha marota dele e o Vadio põe a baqueta pra dançar. Às vezes o Hebert aparece com um riff malandro e logo tudo vira um enorme bolinho de arroz, uma folia noise. Às vezes o Vadio acelera ou diminui a marcha, sugere o let’s brenfs, sabe? Ou vice-versa, versa-vice. Não que essa seja a tônica, cada som tem uma história, ou também não, mas o primeiro movimento é sossegadão. Composição no Garrafa é prazer podrão, um processo bem tranquilo, sempre num  cooperativismo supimpa, alegre, divertido, reunião e comunhão, esquemão família pedrerage, sempre!

CV: Ao ouvir as músicas de vocês, é possível sacar ironias e humor. Como surgiu esse lance no som de vocês e na apresentação do trabalho?
M: Como o Hebert diz ,as coisas acontecem num “climão de churras”. A gente gosta de tocar e se divertir, mandar um som num esquemão descontraídão, não se levando tanto a sério. E você comentou da ironia, gosto bastante da frase do escritor francês Victor Hugo: “é pela ironia que começa a liberdade”.

CV: Como é a cena musical em Rio Claro?
M: Rio Claro é muito rica musicalmente e, mais especificamente no “róque”, por aqui há referências muito fodidas, como o Dezakato e o Mordeth, bandas históricas, com mais de vinte e tantos anos de história, muita estrada e registros de ouro no underground. Atualmente rolam também bandas muito responsa, como o Carniceiro, Funeral  Sex, Anguere, Sinaya. E anualmente acontece o Equinócio, festival referência aqui na cidade, geralmente realizado na Antiga Estação Ferroviária, onde muitas bandas fodidas já se apresentaram.

CV: Qual análise que vocês fazem sobre os locais para shows das bandas independentes na região?
M: Existem os bares “rock” , com conceito “alternativo”, mas a gente não fica muito esperando as coisas caírem do céu. A gente se reúne com o pessoal das outras cidades e costuma fazer a nossa correria, organizar o som, faz os intercâmbios, seja na praça, em um butecão, o esquema é a ideia de movimentação, interação, amizade.  “Cavamos” nosso espaço, sem chororô. E ah: estão acontecendo muitos bailes elegantes aqui no interior! E se for para citar as bandas que estão quebrando tudo por aí, vixi, tem muita banda fodida aqui no interiorzão!!

Divulgação

CV: Qual o pior momento que tiveram? E o melhor?
M: Sinceramente, acho que não houve pior momento. E o melhor é o fato de estarmos vivos, reunidos, podendo rolar uma podreira, sem neurose – aliás, muito pelo contrário: é muito 'bão' a gente viver num puta climão massa, divertido, seja ensaiando, compondo, organizando os bailes com os irmãos, viajando, gravando, escutando novas bandas, trocando altas ideias com o pessoal, vivendo e se divertindo, curtindo os dias.

CV: Quais os planos para o restante deste ano?
M: A gravação do disco de inéditas “Back to Bacana”, mais o segundo disco da série Pedrerage Sessions, além da participação em algumas coletâneas e em um tributo. E ah: uma “surpresa” especial vem aí para o final de ano também!

CV: Grato pela entrevista, deixo espaço para considerações finais.
M: Nós que agradecemos Ivan, e os amigos que acompanham o ótimo trampo de vocês! Muito obrigado pelo espaço! Vida longa ao Canibal Vegetariano, ao underground e ao rock do capeta! Abração!