Fotos: Arquivo pessoal
A banda Garrafa Vazia é de Rio Claro, interior do Estado de São Paulo. Com muitos anos de estrada, a banda lançou recentemente o álbum "Back to Bacana". Devido a este fato, conversamos com os caras para saber mais sobre o trabalho e também como eles veem a atual cena, tanto no interior como no Brasil em geral. O papo na íntegra você confere abaixo.
Canibal Vegetariano: Vamos
começar pela apresentação da banda: nomes, instrumentos, há quanto tempo estão
juntos e houve alguma mudança na formação?
Hebert: O embrião do que viria a ser o Garrafa Vazia começou
em 98, com o Mário Mariones (baixo e voz) e uns camaradas. A banda surgiu
definitivamente em 2009, e em 2011 adotou a formação atual, comigo (Hebert) na
guitarra e vocais e o Vadio comandando o batuque dos infernos.
CV: Quais são as
principais influências da banda?
H: O punk rock 77 dá a tônica ao som da banda, mas cada um
curte uma porrada de sons distintos, de Gories a Guilherme Arantes, e essa
distinção nas influências acabam trazendo um gostinho de quero mais ao nosso
som.
CV: Como rola o
processo de composição das músicas e também das letras?
H: Rola de uma forma bem democrática. Geralmente o Mariones chega
com as letras e melodias, aí nos os ensaios colocamos a “magia” de cada um,
viradinhas malucas, solinhos propositalmente nas coxas e afins.
CV: Comentem sobre a
cena de Rio Claro e cidades da região. Como está o atual momento para shows?
Mário Mariones: A cena de Rio Claro é fértil e 100% chapação.
A cidade tem bandas fodas de punk rock, hardcore, metal, rock and roll. Posso
destacar aqui algumas como Dezakato, Mordeth, Sacristia, Hal 9000, Marsh Gas.
Do pessoal mais recente o Interceptor, Anguere, Funeral Sex, Carniceiro,
Craniana, Coaggula, Head Bones, Delunes, Reagan, Foca Alada, o pessoal que toca
em bandas de outras cercanias, como o Netão do Mullet Monster Mafia e o Matheus
Campos do Krokodil. A cena é densa e prolífica, e o maior festival de Rio Claro
é o Equinócio. Realizado anualmente, ele chega agora em sua décima quarta
edição trazendo o Olho Seco e será uma grande honra para nós mais uma vez fazer
parte do festival.
Já passaram por aqui Korzus, Ratos de Porão (em 2013,
tocamos nesse dia, foi demais), Genocídio, Krisiun, só pra citar algumas. É um
festival de caráter solidário, filantrópico que atrai uma legião de pessoas – e
neste ano a entrada novamente será um litro de leite que será encaminhado ao
Fundo Social de Solidariedade. A Antiga Estação Ferroviária vai tremer dia 9 de
maio a partir da uma da tarde. Outro festival bacana é o Rock Feminino, que em
sua última edição trouxe o Girlschool, com apresentação única e exclusiva no Brasil
por aqui.
As cidades do interior de SP estão pegando fogo. Sabe aquela
coisa de buteco, praça, farmácia e vizinhança na calçada, velhos amigos
trocando ideia, tomando uma, curtindo um som? E é foda não citar São Carlos
como um dos grandes centros catalisadores de toda essa usina - particularmente
para nós do Garrafa. Ponto de encontro de amigos e bandas fudidaças. Inclusive
é lá que estamos gravando nossos últimos trampos, com os irmãos da Pé de Macaco
S/A, uma produtora audiovisual fodida, que faz a diferença.
CV: Como vocês veem o
surgimento de várias bandas, de diversas vertentes do rock, principalmente no
interior. Isso pode contribuir para aumento do público e também de locais para
shows?
MM: Sem dúvida. Muitas bandas do barulho estão surgindo. É o
velho ciclo de gerações em contínua formação e transformação. Quase sempre de
forma solidária e criativa. Como diria o Hugo Brito, do Hippies not Dead: “o
underground é construção”.
CV: Qual a principal
“enrascada” que vocês entraram e qual o momento mais positivo de vocês como
banda?
MM: Vixi, rolaram várias. No quesito bad trip: tocamos
algumas vezes em São Paulo e no ABC nesses anos, e numa delas foi um pouco
tenso, com o pessoal falando que uma gangue ia jogar bomba no local do evento,
então o ambiente estava realmente contendo uma apreensão extra (risos). Em
outras praias já rolou de sermos boicotados em festivais, geralmente pelo
pessoal da mesa de som, que dá aquela tesourada no volume, sei lá porque, mas
tudo isso é legal, faz parte. Outra
ocasião engraçada foi de um sujeito que viu a gente tocar num festival bacana e
logo depois a todo custo insistiu que queria “empresariar” a banda e tal, cheio
de conversa que “tinha um escritório e vários contatos”, daí a gente virou e
disse “opa, firmeza”.
Momentos positivos foram alguns, bem agradáveis! Tocar com o
Cólera e o Biohazard no Araraquara Rock em 2010 (conversámos na época com o
Rédson sobre a possibilidade dele produzir um CD do Garrafa, e as conversações
estavam adiantadas), tocar no extinto Porão em São Paulo com os punks cantando
junto e pogando sem parar – ANIMAL - tocar em Santa Gertrudes no Revolution
Pub, num festival organizado pela gente com uma puta galera e o lendário
Excomungados tocando na sequência, tocar em Minas Gerais num festival muito
massa (World Trash, grande festival!) junto com o Hippies not Dead, dividir o
palco com o GBH em Americana, as sonzeras insanas em São Carlos, um bailão
alucinante em São José dos Campos, outro em Avaré (no aniversário de 20 anos
dos brothers do Ratazana) um rolê mágico em Rio Claro na casa de uns amigos, ao
lado do mestres do Retaliatory de Belém fechando a noite, tocar ao lado dos
irmãos destruidores do Shitfun de Petrolina, Pernambuco... são muitos momentos
que a gente guarda com a maior alegria e satisfação. A gente é sem frescura,
tranquilão, o que vale é a intensidade e a broderagem, o chão é nossa casa.
CV: Quem é o público
que os ouve?
MM: Do ouvinte “macro” ao “micro”, e “para todas as idades”.
Penso que é a galera que curte aquele som toscão, divertidão, mas é difícil
rotular: talvez seja o pessoal que ouça rock and roll em geral (ou não), metal,
punk rock, aquele rock cachaça torto, ou que ouve um som mais cru e sem firula.
E tem os doideira lá da gringolândia também.
CV: Quais as metas da
banda para os próximos meses?
MM: Vamos gravar um trampo novo agora em junho. E vamos
soltar mais um split de inéditas ao lado do lendário Hippies not Dead, banda fodida
de São Carlos, irmãos atuantes no underground desde 1995.
CV: Grato pelo papo e
deixo espaço para “merchan”, críticas e o que quiserem falar.
MM e H: Nós que agradecemos, brigadão pelo espaço! Sempre
escutamos o Canibal Vegetariano, queria inclusive aqui deixar um abraço ao
Vareta Baqueta do Ação Tóxica, que foi quem me apresentou (Mariones) esse
grande programa radiofônico que faz a alegria da galera nas noites de segunda. O
blog é bem bacana também, mesclando sonzera com cultura em geral, jornalismo de
prima. E no mais é isso aí capetada: valeu pela força! Ouçam nosso novo disco, “Back
to Bacana”, e aumentem o som que o pogo é o fogo, união e fuleragem sempre!
Abração!
Facebook: https://www.facebook.com/pages/GARRAFA-VAZIA/206708446038506?fref=ts
Nenhum comentário:
Postar um comentário