Fotos: Divulgação
Não é zoeira, a afirmação acima é do jovem Pirocca, de
prenome Arthur, guitarrista e vocalista da banda Bikini Hunters, de
Veranópolis, cidade que fica na serra gaúcha. Além dele, fazem parte do time o
baixista Lenon Peruzzo e o baterista Davi de Lima. Recentemente o power trio
lançou seu primeiro registro e desde então tem chamado atenção das pessoas que
gostam de ouvir bom rock e música honesta. Para saber mais sobre o trabalho
dessa gurizada, conversamos com Arthur, escrever Pirocca pegaria mal, que deu
uma geral na história da banda.
Canibal Vegetariano: Algo que chama atenção na banda é o
nome. Ele tem algum significado?
Arthur Pirocca: Acho que ele fala por si só. Bikini Hunters,
um nome descontraído e que mostra um pouco o nosso lado brega cafajeste. O nome
surgiu quando ainda nem tínhamos ensaiado juntos, veio das nossas influências
da surf music e do bubblegum, mesmo sendo bem difícil ver garotas de biquíni
aqui na serra gaúcha, devido às temperaturas negativas e tudo mais (risos).
CV: Há quanto tempo estão na estrada? Já passaram por alguma
mudança na formação?
AP: Bicho, quando fazem essa pergunta eu até fico meio
tenso, porque já estamos com nove anos de banda. Temos uma demo bem tosca (mas
que temos muito carinho por ela e a galera ainda pede para tocarmos nos shows)
gravada em 2006! Claro que paramos várias vezes, voltamos e até então nunca
tínhamos levado a sério. Posso dizer que a Bikini Hunters começou a existir de
verdade no ano passado, quando decidimos que ou fazíamos algo (um disco,
saíamos tocando por aí e tudo mais) ou nem valia mais a pena ficar tocando só
por tocar. Essa é a terceira formação. Só resta eu da primeira (devo ser chato
afú!). Todo mundo virou gente séria e eu continuo nessa maldição que é o rock. O
primeiro a sair foi o Vini (baterista) que decidiu se tornou aviador e deu
lugar ao Davi. Algum tempo depois o Lenon entrou na banda no lugar do Gordo,
que decidiu deixar a banda para casar, adotar 28 gatos e estudar engenharia.
Coisas da vida. As influências mudaram mas o baile segue.
CV: Vamos falar sobre o disco de vocês. Como rolou o
processo de gravação?
AP: A coisa foi extremamente rápida e divertida. Nosso
mestre, Davi Pacote, chegou a comentar que no ritmo que estávamos indo era um
possível recorde do estúdio. Em um sábado gravamos todas baterias e baixos. No
domingo estávamos de ressaca, chegamos tarde ao Hill Valley Studios mas
gravamos todas guitarras, com algumas participações fundamentais, como a do
próprio Pacote e do Akiro (um grande amigo nosso). No outro fim de semana
estávamos gravando as vozes e aí surgiu o Sérgio (Caldas) da Motor City
Madness. O cara toca em uma das melhores bandas do Brasil e nem por isso deixou
de ser humilde ao extremo. Chegou lá e cantou, deu pitaco, tomou umas quantas
geladas e passou o dia inteiro lá com a gente. Fizemos uma baita parceria e até
tocamos juntos no final do ano passado. Foram três dias de total diversão e que
deixou gostinho de quero mais, fazer um novo álbum para logo!
AP: As influências musicais são diversas. O Lenon gosta de
sujeira, Motorhead e Nirvana, por exemplo. O Davi gosta de uns hardcores
podreiras, tipo Ratos de Porão, Mukeka di Rato, mas também é bastante ligado ao
rockabilly. E eu sou bem eclético, mas sempre acabo deixando tudo soar com uma
pitadinha de Ramones. Então, a coisa é “bemmm” diversificada sonoramente. Sobre
as letras, chegamos em uma fase muito foda da banda que estamos fazendo muita
coisa juntos. Alguém lança uma ideia ou alguma coisa que aconteceu entre nós e
as coisas vão sendo escritas por nós três (sempre com algumas biritas na
cabeça, mas isso é detalhe). Ainda acontece de um ou outro levar alguma canção
quase pronta, mas no final a gente sempre conclui em conjunto as canções, sem
muito apego para xingar a música do outro ou elogiar.
CV: Como está sendo o trabalho de divulgação deste trabalho?
AP: Acho que isso foi surpreendentemente animador para nós.
Entramos em contato com alguns blogs depois que lançamos o disco e a coisa foi
se tornando uma bola de neve, um blogueiro via o disco no blog do outro e
divulgava e assim sucessivamente, tanto que o disco já saiu há algum tempo e
ainda tem gente falando dele quase toda semana. No soundcloud são
aproximadamente mil plays por mês e querendo ou não, isso anima demais banda. A
internet proporciona essas coisas, faz rádios de lugares onde nem dá para
imaginar tocarem o nosso som, faz pessoas totalmente desconhecidas virem nos
conhecer para bater um papo e dizer que gostam das músicas. Enfim, acho que só
depois do disco estar pronto conseguimos entender uma das coisas mais legais do
rock, que é conhecer muita gente bacana e que gosta de som igual nós.
CV: Aproveitem e comentem como está a atual cena rock não
somente no município de vocês, Veranópolis, mas também no Rio Grande do Sul.
AP: No nosso município o pessoal é chorão e preguiçoso. Uns
reclamam que não têm chance mas nunca gravaram nada realmente relevante, outros
vivem naquela maldita onda de fazer covers para poderem tocar por aí. Acho que
ao mesmo tempo que tem várias portas abertas e é só correr atrás, o pessoal
está um pouco acomodado; nós somos um exemplo disso! Olha quanto tempo ficamos
praticamente “parados”, mas quando começamos a nos mexer as coisas começaram a
acontecer. Bandas boas têm por todo canto aqui no RS, a citada anteriormente,
Motor City Madness, é uma pedrada e estão rolando pelo Brasil todo, a Flanders
72 voltou de turnê na Europa não faz muito tempo, algumas bandas focam mais em
tocar aqui no sul mesmo (Os Horácios, Júlio Igrejas, Os Torto), e vejo que tem várias
bandas legais pra caramba que também estão gravando e correndo atrás, a Estive
Raivoso é um exemplo delas. Enfim, acho que tem muita banda acontecendo e
fazendo um som honesto aqui no Sul (e isso é o mais importante). Mas “eu também
vou reclamar” e dizer que se o rock não rola tanto por aí, é por culpa do
público que não valoriza as bandas “desconhecidas” ou de som autoral; preferem
ver um cover, ou pagar ingressos caros para ver bandas “consagradas”
antigamente e que hoje já não lançam mais nada de legal e fazem shows bem sem
energia.
AP: Cara, deixa a “ceva” gelando que logo, logo estamos por
aí um barulho (risos). Esse papo de nos largarmos por aí fazendo som é uma
constante nos ensaios, deixamos o show redondinho e agora o foco é tocar. O
disco foi uma grata surpresa e nos animou muito. Aquele medinho ou comodismo de
não sair por aí para tocar por ser uma puta função (e acreditem, é!), não está
mais rolando com a gente. Só queremos tocar em todo canto, finalmente
percebemos que funcionamos assim, na pressão, marcando e fazendo as coisas e
depois pensando nas consequências. Nunca botamos muita fé no nosso próprio som
e acho que esse foi um grande erro, o que descreve bem isso, foi um dia que um
de nós da Bikini, não lembro quem, estava com um disco físico nosso (sonho
realizado) na mão e disse: “bichosss... se essa banda não fosse nossa, eu
ouviria ela com certeza!”. Gostamos realmente do que fizemos, estamos felizes
por estarmos tocando com bandas que curtimos para caramba e continuamos compondo
sem parar. Achamos que os novos sons que estão surgindo estão ainda mais
divertidos, têm um jeitão todo nosso (no disco que lançamos ainda dá pra
perceber algumas coisas bem “ramônicas”). Então, queremos tocar sem parar até o
fim do ano, para chegarmos lá e podermos gravar coisas novas e ainda mais
legais.
CV: Agradeço pela atenção e deixo espaço para “merchan” e
considerações finais.
AP: Nós é que agradecemos o apoio de sempre, é um enorme
prestígio a Bikini Hunters ser curtida por um cara que entende tanto de som
quanto tu. Então, vamoooosss ao business:
O Facebook é legal porque a galera dá umas risadas com as
nossas asneiras, anda vindo um pessoal bater papo com a gente (e isso é foda
demais!), têm bandas querendo marcar uns rolês juntos, galera comprando discos
e camisetas, enfim, dá um “like” na “page” que coisa toda acontece lá: www.facebook.com/bikinihunters
E óbvio, aumenta todo o volume do teu som e ouçam a Bikini
Hunters: soundcloud.com/bikinihunters
VAMOOOOSSSSSS NÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓSSSSSSSS!!!!
São nove canções em 25 minutos, uma mistura de power pop com
punk rock, assim pode ser definido o som do trio da serra gaúcha Bikini
Hunters. Em seu primeiro álbum, a banda mostra várias influências ao longo das faixas
que foram gravadas nos estúdios Hill Valley.
Das faixas que compõem o disco, o destaque vai para “Bárbara”,
que tem os elementos citados acima e a letra é muito boa, os caras falam sobre
uma garota argentina fã de Ramones. Outra que se destaca é “Hot rod king”, com
participação do vocalista e guitarrista da Motor City Madness, Sérgio Caldas.
Ele ainda participa das faixas “Não tive tempo” e “Tudo o que eu queria”. Além
do responsável pela voz do Motor City, Akirão e Pacote também participam do
disco com guitarras e teclado.
Como todo bom registro musical precisa de arte e boa
gravação. A qualidade do trabalho é muito boa assim como a arte da capa mostra
um pouco do perfil da banda, música para diversão. O encarte vem com todas
informações e as letras para que o fã acompanhe junto com a banda as belas
canções ali registradas. Para o primeiro registro feito de maneira
independente, os caras merecem todos os parabéns e nosso respeito.
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