sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

É somente rock'n'roll, mas nós adoramos

Canibal Vegetariano
Os dias 14 e 15 de dezembro foram marcados por dois ótimos festivais de rock  indepedente realizados na região. No sábado e domingo, Valinhos foi palco do Ponta Urbana enquanto no domingo, em Campinas, ocorreu o Quintal do Gordo.
No sábado a equipe do Canibal Vegetariano esteve presente em Valinhos. Uma praça pública com quadra coberta, quadra poliesportiva, campo de futebol, pista de skate, muito gramado e espaço para um bom palco no qual várias bandas se apresentariam.

Canibal Vegetariano

Quando chegamos o som rolava solto pelo local e um bom público estava espalhado pela área de lazer. Fizemos um lanche, tomamos uma cerveja para refrescar e acompanhamos as bandas. As duas últimas chamavam muito nossa atenção, devido ao tempo em que "batalham" na cena punk rock.
Gritando HC era uma delas. Com quase 20 anos de carreira, os paulistanos fizeram um show fantástico, cheio de energia e com a galera com muito "pogo" e parte dela sobre o palco, junto com a banda, para deixar o clima ainda mais festivo. A noite de sábado foi encerrada com a Ação Direta que fez um show correto e com "muito peso". Algumas rodas foram abertas, mas o público estava um tanto quanto cansado devido a maratona de shows durante o sábado que foi muito quente.

Canibal Vegetariano

DOMINGO/ No domingo, depois de passar a tarde em Campinas, no início da noite retornamos para Valinhos para acompanhar o encerramento do Ponta Urbana que seria feito pela banda Muzzarelas. Os campineiros, em uma série de seis shows para comemorar o retorno às atividades após 3 anos de hibernação, fez mais uma apresentação daquelas que marcaram história e a galera levantou poeira durante a apresentação que durou cerca de pouco mais de uma hora.

QUINTAL DO GORDO/ Antes de irmos para Valinhos, fomos até o Quintal do Gordo, na Vila Industrial em Campinas, para acompanhar shows das bandas Don Ramón [Campinas] e Shame [Paulínia].
Para variar um pouco, a Don Ramón fez mais uma apresentação sensacional em que o crossover tomou conta do palco e fez a "molecada" pogar sem medo, mesmo com a alta temperatura do final da tarde de um domingo de primavera. Artie Oliveira, vocalista, e sua trupe, fizeram ótimo show e deixou muita gente empolgada.

Canibal Vegetariano

Após os campineiros foi a vez da banda Shame. Os caras mostraram muita empolgação e mantiveram o pique da apresentação da Don Ramón. O público foi novamente contagiado e aproveitou cada segundo da apresentação. Depois da apresentação de dois shows, "caímos" na estrada e fomos para Valinhos, e esta história você já leu.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Promoção 'Loucos para dar...'

O programa A HORA DO CANIBAL em parceria com o fanzine/blog Canibal Vegetariano e rádio Click Web anuncia mais uma promoção. Desta vez, o ouvinte/leitor deverá completar a frase: "estou louco para dar...". A frase mais insana e criativa levará para casa três CDs: Don Ramón, split CD Estudantes/Evil Idols e Lomba Raivosa.
Para concorrer a estes prêmios "divinos", basta enviar quantas frases toscas quiser para o email: zinecanibal@hotmail.com. A promoção será realizada até 14 de janeiro de 2014. A avaliação da "pior/melhor" frase ficará a critério do apresentador do programa ou este imbecil poderá colocar em votação entre os ouvintes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

'Amantes Invisíveis': música globalizada

Divulgação
Formada em Londres, capital inglesa, a banda Amantes Invisíveis começou a partir do projeto de um músico grego que conheceu uma cantora brasileira, nas ruas da 'Terra da Rainha'. Da união entre a brasileira e o grego, além do casamento, rendeu uma banda que faz música pop de ótima qualidade, com influências de outros ritmos de vários cantos do planeta. Para saber mais sobre o trabalho da dupla, conversamos com a vocalista Marina Ribeiro.

Canibal Vegetariano: Por favor, apresentem-se aos leitores do Canibal Vegetariano, nome completo, instrumentos e etc.
Marina Ribeiro:Nós somos uma banda bem mutante eu diria... Já tivemos oito integrantes agora somos cinco. Perdemos os três eruditos que tocavam violinos e viola clássica. Agora o time é: Marina Ribeiro – baixo e vocal; Alexis Gotsis – Guitarra, Clayton Vilaça – Guitarra, Joaquin Rodriguez – Bateria, Salomão Terra – Violão, teclados e percussão.

CV: A história de vocês é curiosa: a dupla se conheceu em Londres. Como rolou esse lance, expliquem melhor.
MR: Eu (Marina) fui pra Londres em Março de 2005, fui para morar, trabalhar, viver... Aí em agosto de 2005, numa escola de inglês conheci Klaus Stahr, baixista, tocando em Londres até hoje... Bom, ele me disse que tinha um amigo grego que amava música brasileira e procurava uma cantora. Marcamos um encontro num pub e assim conheci o Alexis. Começamos a compor juntos, até aí 'Os Amantes', uma onda mais Brasil “exportação”. Logo nos casamos e continuamos compondo... A ideia de uma banda de indie rock veio de um outro projeto que o Alexis tinha com a cantora inglesa Trudie Dawn Smith, que tava enrolado.... nos apropriamos das ideias desse projeto e começamos a colocar letras em português nas músicas. Assim víramos 'Os Amantes Invisíveis'.

CV: Uma brasileira e um grego se conhecem em Londres e veem ao Brasil para gravar. O que levou vocês a escolherem o Brasil para esse trabalho?
MR: Em 2009 decidimos vir ao Brasil para dar corpo aos 'Amantes Invisíveis'. O Brasil acabou sendo uma alternativa boa por termos apoio da família, mas principalmente por cantar em português, isso era algo que não abríamos mão à época.

CV: É inevitável fugir da clássica pergunta: quais as influências da banda e de cada integrante também, pois temos um grego e é interessante o comentário dele sobre sua visão da cena musical.
MR: As influências são muitas. Eu, a brasileira, até 2005 só ouvia MPB (Música Popular Brasileira) e só em Londres fui capturada por esses vários sons do mundo moderno.... Foi uma alegria sem fim porque até aí eu sofria por só gostar de músicas da década de 60 e 70. Já o grego sempre foi antenado, foi para Londres fugido da música grega, ouvia de tudo, tocava maracatu, enfim , as influências da banda vão da tropicália até The Arcade Fire, via ritmos brasileiros regionais e os arranjos de cordas de Rogério Duprat. Tudo sobre a batuta da da mão direita suingueira de Jorge Ben.



CV: Vocês são uma dupla, mas no palco chegam até oito pessoas. Como rolou a gravação? Houve também participação de músicos contratados?
MR: Pois é, foi bem diferente do que a gente idealizou. Conseguimos aprovar a gravação do disco na Rouanet em 2010 e o que a gente queria mesmo era gravar em fita, com todo mundo ao vivo, bem no estilo anos 60. Por fim, não conseguimos captar e tivemos que bancar tudo. O disco inteiro virou um EP e acabamos gravando digitalmente. Gravamos as cordas no nosso estúdio caseiro com o Romulo Salobrena, que é um violista incrível, e fomos para São Paulo, eu (Marina), Alexis e Clayton. Mandamos as músicas para o batera, o Pedro Falcão, e ele tirou tudo, gravou em um dia... Foi ótimo. O Pedro é batera da Lulina, do 3 Cruzeiros, muito talentoso... Gravamos aonde a gente queria mesmo, no Estúdio El Rocha e a Master foi feita em Londres no Unity Mastering.

CV: O som de vocês tem uma levada pop muito interessante, isso foi proposital ou ocorreu ao acaso?
MR: As composições são praticamente todas do Alexis e ele tem esse espírito pop. Acho que vem das influências mesmo... O Arcade Fire e o Jorge Ben tem refrões incríveis e o Radiohead e Tom Jobim tem harmônias que parecem ter a mesma origem... O Alexis ouve essas coisas aparentemente muito diversas mas acaba encontrando algo em comum nelas, algo pop.

Divulgação

CV: Façam uma comparação, se possível, da atual cena inglesa, independente, com o que vocês têm visto no Brasil.
MR: Acho que a cena inglesa ainda vive numa ressaca pós Brit Pop, além de Franz Ferdnand, Artic Monkeys está em declínio, não existe mais uma cena, um som de algum lugar como já aconteceu em Manchester e Bristol. Quem anda produzindo música de vanguarda, na minha opinião, são os Estado Unidos, o Canadá além da “cena Pitchfork” que inclui, pontualmente, gente de todo lugar (Sigur Ros- Islandia, Triangulo del Amor Bizarro- Espanha, Jaga Jazzist – Noruega, The Tallest Man on Earth - Suécia).
No Brasil, apesar de ser um país enorme, existe o domínio da cultura de massa, não existe gosto além da ditadura da grande mídia. A minoria que sai dessa influência não tem interesse no novo e como consequência disso temos uma MPB repetitiva de cadeiras cativas. A cena independente acaba caindo nisso, repetindo Los Hermanos, a última banda “alternativa” que conseguiu se sobressair. Existem bandas como Ruspo, Curumin, Lê Almeida, Lulina, etc, gente que realmente faz trabalhos legais e ousados mas o que vejo é que, num país de 200 milhões de habitantes, eles não tem o público que mereciam.

CV: Quais os planos da banda para 2014?
MR: 2014 é um mistério hahaha. Estamos sempre compondo, agora voltamos a ensaiar e vamos fazer uns shows por aqui mesmo. Estamos planejando um disco completo para o meio do ano. Além disso, estou trabalhando no meu projeto solo, Atenas, que vai ser lançado até o fim do ano pelo Um Distante Maestro Discos.

CV: Como as pessoas podem comprar o EP de vocês?
MR: Não podem comprar. Está disponível para download no www.umdistantemaestro.com.br

domingo, 24 de novembro de 2013

Uma noite de 'mosh's' e 'banhos' de cerveja

Enio C. Nascimento

A noite de 22 de novembro de 2013 foi histórica! Só quem esteve presente no Woodstock Bar, em Campinas, pode relatar o que foi essa noite /madrugada de primavera brasileira quando Don Ramón e Muzzarelas subiram ao palco para tocar rock'n'roll.
Apesar do dia chuvoso, o clima ainda estava quente e a galera do Canibal Vegetariano percorreu mais de 40 quilômetros para acompanhar uma apresentação da Muzzarelas que prometia ser histórica por alguns motivos: 1 - os caras têm mais de 20 anos de carreira; 2 - eles subiram ao palco após longo tempo sem apresentações. Devido a isso e ao fato que teríamos a abertura da banda do camarada Artie Oliveira, fomos com boas expectativas para o evento. Quando chegamos o clima já era totalmente rock! Bom público aguardava abertura da casa enquanto ouvíamos a passagem de som.

Enio C. Nascimento

A abertura do evento ficou por conta da Don Ramón e os caras não decepcionaram, ao contrário, foram muito além das expectativas. Quem os ouviu em disco sabe que agressividade é sinônimo da banda, mas ao vivo eles são ainda melhores. Os vocais "insanos" de Artie não ficam apenas no disco, no palco ele faz ainda mais guturais extremos e não perde a voz, segue no mesmo pique do início ao fim.
Além de apresentar músicas do primeiro registro deles "Fat boy strikes again", os caras ainda mandaram músicas que estão em um "demo" que foi entregue à nós do Canibal logo que chegamos. Das novas músicas, o destaque, sem dúvida, é "Sapatênis caramelo [pisante dos inferno]". Show sensacional em que o público correspondeu com "boas rodas" e alguns mosh's. O clima estava perfeito para "chegada" da Muzzarelas.

MUZZA/ Logo após apresentação da Don Ramón, fomos ao lado externo da casa para dar uma aliviada no calor que dentro do salão estava o verdadeiro "bafo do capeta". Refeitos do calor, voltamos para acompanhar a Muzzarelas.
Com a pista totalmente "tomada", o clima ficou ainda mais quente. Logo a banda começou apresentação e aí boa parte da galera agitou ao som dos clássicos da Muzzarelas, que é uma das bandas mais importantes, se não a mais importante do interior do Estado de São Paulo, e uma das principais bandas do underground nacional. Os caras deram uma verdadeira aula de rock'n'roll.

Enio C. Nascimento

Para a banda parece que os 20 anos não passaram, devido a energia que eles transmitem do palco. Mas pelo público, percebemos o carinho com o qual são tratados. Todas as músicas foram acompanhadas em coro, galera presente no palco e muitos "mosh's" foram feitos. O clima ficava mais quente, aí começou a "chover" cerveja, para refrescar o público que não parava de pogar e curtir.
Os caras ainda tiraram "onda" com as bandas que tocam cover e fizeram alguns, algo muito engraçado diga-se de passagem. Eles citavam nomes de músicos que morreram e ficavam parados. Depois de mais de uma hora de apenas clássicos, a Muzzarelas encerrou sua apresentação com o som de uma de uma banda que é a grande referência da maioria de seus integrantes, Ramones! Encerramento perfeito para uma noite extremamente rock'n'roll.
PS: Escrevo esse texto na manhã de domingo [24], de algum lugar do Rio de Janeiro, ainda com muito zumbido nos ouvidos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Rock instrumental direto dos pampas

Divulgação

A banda gaúcha The Experience Nebula Room é um power trio que executa ótimas canções de rock'n'roll instrumental com influências que vão desde o rock clássico dos anos 1970 até ao peso do grunge e stoner rock dos anos 1990. Para saber mais sobre o trio, formado por Rafael Rechia [guitarra], Eduardo Custódio [baixo e bateria em algumas músicas] e Nicholas Lucena [bateria e baixo em algumas faixas], conversar com o guitarrista e baixista para saber mais sobre o trabalho que tem se destacado não apenas no underground nacional como em mídias do exterior. Abaixo você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Para começarmos: o nome da banda é muito interessante e longo, há algum significado?
Rafael Rechia: O nome surgiu totalmente sem querer, queríamos algo sonoro, bonito de estar numa capa de disco, e que ao mesmo tempo remetesse a aquela aura dos anos 70. O “Experience” sem sombra de dúvidas é por causa do primeiro e fenomenal disco “Are You Experienced”, de 1967, do mestre Jimi Hendrix, que é uma forte influência na estética da nossa banda, tanto pela formação de power trio quanto pela sonoridade.
Sempre gostamos dessa ideia de ser um trio, nesse tipo de formação cada músico se obriga a dar o máximo de si sempre. Se prestar bem atenção, a abreviação “TENR” remete a primeira inicial do nome dos músicos da banda, e com isso criamos uma serie de combinações até chegar ao “Experience Nebula Room”, e o mais legal que tudo se encaixou perfeitamente (nome + proposta e sonoridade da banda).

Divulgação

CV: Vocês fazem som instrumental de uma maneira um tanto diferente do que muitos estão acostumados. Como surgiu a ideia de montar a banda e porquê optaram por fazer instrumental?
Eduardo Custódio: A ideia do instrumental aconteceu naturalmente, pois estávamos acostumados a fazer jams sessions nas ruas da nossa cidade. Essas jams atraiam um público muito legal, o que nos surpreendeu, pois não esperávamos uma resposta assim para rock instrumental (um tanto quanto pesado e barulhento). Com o fim das bandas que tínhamos na época, criar a The Experience Nebula Room foi uma maneira de “oficializar” e organizar as jams que fazíamos.
RR: Quando participamos do primeiro Grito Rock de Rio Grande, em 2011, nosso repertório era consideravelmente grande, quase todo instrumental, com exceção da canção “Devil’s Mountain” de nossa autoria. A canção é um blues bem tristonho, que remete a aquela aura de bandas como Grand Funk Railroad nos primeiros discos. Era legal, mas começamos a notar que nossas músicas 100% instrumentais tinham uma aceitação muito boa pela galera, sendo assim, não pensamos duas vezes e resolvemos assumir esse estilo de rock alternativo instrumental.

CV: O Rio Grande do Sul tem uma cena rock muito forte e respeitada em todo país. Quais as influências da banda? Vocês misturam com algo regional?
EC: Direta e conscientemente, não misturamos com sons regionais, mas, acredito que é impossível não trazer, mesmo que de forma inconsciente, as peculiaridades da música da nossa região. Uma vez li (acho que no ensaio do Vitor Ramil) que a milonga tinha a característica de ser cíclica e repetitiva, quase como um mantra, o que liguei a algumas músicas da TENR, que giram em torno de uma ideia criando um clima e texturas. E foi bem legal, o que eu achava que poderia ser uma limitação na verdade pode ser uma característica positiva nossa (um diferencial).
RR: Quanto às influências é isso mesmo, queríamos extrair o que se tinha de melhor dos anos 70, timbres, atitude, psicodelia e aliar ao peso, sujeira e atitude do grunge e stoner rock dos anos 90, praticamente nossas influências, é o que ouvimos desde que nos conhecemos por gente.

CV: Como é a cena atual no estado de vocês e quais os espaços que vocês costumam se apresentar?
EC: Geralmente conseguimos espaços em bares e fora da nossa cidade quando ocorrem festivais. A cena é um tanto quanto limitada, principalmente pela falta de grana que acaba impedindo shows em lugares mais distantes e com maior frequência.
RR: A cena musical do Rio Grande do Sul é riquíssima, temos excelentes músicos e artistas dos mais distintos gêneros. No entanto a valorização e espaços para divulgação da arte ainda é bastante limitada como o Eduardo citou acima. Tem que ser uma via de mão dupla – o artista traz a arte e as casas de cultura devem remunerá-los justamente pelo trabalho (o que ainda não é uma realidade).

CV: Vi um clipe de vocês e ele é muito bem produzido. Vocês acreditam que o clipe ainda ajuda na divulgação do trabalho? E discos físicos, vocês têm?
EC: Atualmente, a divulgação é praticamente toda via internet, o que faz com que tenhamos um empenho maior em ter um material de maior qualidade para apresentar. O clipe ajudou bastante, pois gerou o "buzz" que queríamos nesse período em que ainda não temos nosso próximo trabalho concluído. A ideia de fazer um clipe ajudou muito à banda porque é uma forma de arte que vai além da música  e que nos permite divulgar, além do YouTube, na TV. Quanto aos discos físicos, ainda não fizemos, mas não é uma ideia descartável. Pretendemos fazer tiragens pequenas para ampliar a divulgação dos nosso trabalho, principalmente em shows.
RR: O clipe de “Ignition” foi um dos materiais que produzimos que mais me orgulho. A música foi gravada em 2011 pelo produtor fonográfico Bruno Pires, e o vídeo foi gravado pelo Thiago Gonçalves no fim de 2012, em uma tarde ensolarada, na nossa bela paisagem de campos que só se vê aqui no Rio Grande do Sul. O material ficou parado por um bom tempo até que o Marcos Alaniz (vocalista da The Sorry Shop) se prontificou a editar o clipe. O resultado final foi surpreendente, o Marcos conseguiu dirigir e organizar toda a estética concebida pelo Thiago e captar a essência da banda.
Em Julho de 2013 lançamos o clipe e o resultado foi fantástico. O clipe repercutiu muitíssimo bem, em 2 dias chegamos a 1000 visualizações no Youtube (o que considero um número significativo para uma banda independente de rock instrumental). Diversos sites resenharam e divulgaram o clipe e para nosso espanto o clipe foi publicado na seção de vídeo da renomada revista NME [New Musical Express], sim, a NME de Londres, no Showlivre.com da UOL e esses dias apareceu no programa Demo Tape na TVE de São Carlos - SP... Realmente é uma alegria imensurável ver nosso clipe circulando pelo mundo a fora.



CV: Vocês sabem quem é o público da banda? Quem se identifica com esse tipo de som?
EC: O interessante é que nosso som é bem abrangente. Sinto que em bandas padrão (não instrumentais) o tipo de vocal e vocalistas delimita muito o público.  E com a The Experience Nebula Room, conseguimos tocar tanto em lugares em que o público é aquele mais acostumado com música pop quanto em lugares em que o pessoal escuta música underground. Não ter um tipo de público definido é algo bacana pois não cria rótulos.

CV: Quais os planos da banda para 2014?
EC: Lançar mais músicas novas, nas quais já estamos trabalhando. Ainda não sabemos se será um single, EP ou um disco fechado. Tudo depende (como toda banda independente) de tempo, dinheiro e as demais variáveis.
RR: Estamos em fase de pré-produção. Temos ouvido muitas coisas novas, testado melodias, efeitos, estéticas diferentes e compondo bastante. A produção tem sido um processo bem lento, não queremos fazer o disco as pressas para simplesmente lançar algo novo, queremos lançar um disco bom, e que acima de tudo nos orgulhemos por tê-lo feito. Nós já temos alguns nomes, títulos e temáticas, mas nada ainda 100% definido. As novas músicas tem mostrado outro lado da TENR que não exploramos muito nos primeiros registros fonográficos, um lado mais noventista, mais direto e às vezes um pouco dançante, mas sem perder a essência dos trabalhos anteriores.

Divulgação

CV: Com a qualidade da música de vocês, a banda já se apresentou no exterior? Há planos para isso?
RR: Tocar no exterior é uma das metas sim. Nosso som tem tido uma aceitação muito boa e acredito que levantar voos mais altos é questão de tempo mesmo. Assim que lançarmos material novo pretendemos fazer uma divulgação bem boa, divulgar bastante nos meios afins, e ampliar nossa rede de contatos. Então músicos, produtores que se interessarem em fazer parcerias com a gente é só entrar em contato com a gente pelo Facebook ou pelo nosso email, fica o convite.

CV: Deixo espaço para as considerações finais.
The Experience Nebula Room: Gostaríamos de agradecer a todos leitores e ouvintes do Canibal Vegetariano e do A Hora do Canibal, bem como para todos os sites, blogs e amigos que têm apreço pelo nosso som, que acreditam no rock instrumental, e permitem com que o rock ‘n’ roll continue pulsando fortemente nos dias de hoje. Nosso muito obrigado, e sintam-se a vontade para entrar em contato com a gente e ouvir e espalhar o som da The Experience Nebula Room por todos os cantos.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Promoção do Pelado II - A missão!

A partir do momento em que você ler este post, até o próximo dia 25, está valendo a "Promoção do Pelado II - A missão", no programa  A HORA DO CANIBAL em parceria com o zine/blog Canibal Vegetariano e Rádio Click Web.
Para participar e ganhar um lindo CD da banda paulistana Lomba Raivosa - Choula - os interessados em receber este belo "disquinho" devem enviar e-mail para zinecanibal@hotmail.com, com alguma frase tosca sobre nudez, foto do participante ou mesmo vídeo correndo nú por aí. A ideia é abordar a nudez, vale até recorte de revista, mas nada de revistas manjadas sobre ensaios nus. Não há limites para e-mails, envie quantos achar necessário.
Quem não mora em Itatiba, deve enviar o endereço completo no e-mail pois caso vença, receberá o prêmio no conforto de seu lar sem custo algum. Por conter nudez, a promoção é válida apenas para pessoas acima dos 18 anos e que não tenha juízo, pois alguém com cabeça no "lugar" não participará de uma coisa dessa.

domingo, 10 de novembro de 2013

Meia década de loucuras

Canibal Vegetariano
Vinicius, Ivan e Boss, nos estúdios da Nova Rádio Web
 A melhor definição para escrever sobre o aniversário de cinco anos do programa A HORA DO CANIBAL realmente é a expressão citada acima, meia década de loucuras. Hoje, 10 de novembro de 2013, completamos cinco anos de um programa voltado para o rock'n'roll, mas não para tocar "mais do mesmo" e sim apresentar novas bandas e as várias facetas desse senhor quase sexagenário.

A HORA DO CANIBAL foi criado em outubro de 2008, dias depois do lançamento da primeira edição impressa do Fanzine Canibal Vegetariano. Devido ao lançamento do zine, nosso camarada e então diretor da Nova Rádio Web, Boss, vulgo Fabinho de Oliveira, chegou um dia qualquer e convidou a mim e ao meu camarada Vinicius França, para participarmos de seu programa, "Rádio Livre", para divulgarmos o zine.

Canibal Vegetariano
Kid Vinil foi o primeiro entrevistado do programa
Convite feito, convite aceito. Vinicius e eu fizemos uma playlist com os sons que gostávamos de curtir e das bandas que havíamos entrevistado para primeira edição. Durante esse programa, Boss teve a ideia de transformar o zine/blog em programa de rádio. Em uma semana, criamos nome, quadros, vinhetas e nossa camarada Tatiana Petti, foi até o estúdio e gravou várias vinhetas. Fãs da banda Drákula, fomos até Campinas falar com Daniel ETE para liberar a música Zombie Birdman, pois ela era ideal para ser trilha do programa.

Com tudo pronto, precisaríamos de um apoio jurídico, devido a alguém não gostar do que falássemos e prontamente nossa amiga e advogada Andréa Lima, aceitou cuidar de nosso departamento jurídico. Tudo acertado, em 10 de novembro de 2008 rolou o primeiro programa. De lá para cá, muita coisa mudou.

No final de 2008, Vinicius saiu em férias e ficou ausente por duas semanas, nossa amiga e ouvinte Rejane Castaldi se propôs a cobrir o descanso de nosso camarada. Cerca de dois meses depois, Vinicius precisou deixar o programa. Ali deu-se a impressão que seria o fim de um projeto que começava a ganhar espaço. Novamente Boss entrou na "fita" e pediu para este que vos escreve seguir com o projeto, pois, apesar de tudo, seria capaz de tocá-lo. E assim, chegamos a cinco anos.

Canibal Vegetariano
Brazilian Cajuns Souhern Rebels, de Londrina/PR,
 para tocar ao vivo no programa 
Nessa meia década de tantos programas, ele foi sendo reformulado inconscientemente, devido as mudanças de emissoras, chegamos a ser transmitidos em rádio FM especialiazada em rock, devido a mudança de público, ao próprio formato com bandas em apresentações acústicas, convidados de diferentes estilos. Nesse tempo de programa, músicos, políticos, jornalistas, ativistas ambientais, manifestantes, professores, advogados e ouvintes foram entrevistados em um programa que é politicamente incorreto, não por vontade própria, simplesmente porquê nasceu dessa maneira.

Em data tão importante como esta, agradeço a todas as bandas que acreditaram e acreditam no projeto, pois sem essas bandas que tocam em bares, porões e estúdios não existiria o Canibal Vegetariano, muito menos esse programa.

Canibal Vegetariano
Quique Brown e Matias Picon, durante programa gravado
na cozinha da casa da mãe do apresentador
Agradeço ao Boss, Vinicius, Andréa Lima, Rejane Castaldi, Tatiana Petti, David "Geffen", entre tantas outras pessoas, que sempre apoiaram e contribuíram muito para este "sucesso". Quantos horas em estradas para acompanhar shows, gravar entrevistas, divulgação do trabalho. Quantas noites sem dormir, eventos organizados. Valeu a todos, obrigado também a você que lê este blog e ouve o programa. Seu apoio é fundamental para o desenvolvimento e crescimento da cena independente.



domingo, 3 de novembro de 2013

Doce em forma de rock e melodias


Oriundos de Minas Gerais, os integrantes da banda 'Churrus' fazem som com muitas influências distintas que segundo o guitarrista Matheus Lopes, vão de Tim Maia a Slayer. Para saber mais sobre o trabalho do grupo que está há alguns anos na estrada, conversamos com Matheus sobre vários assuntos. A entrevista na íntegra você confere abaixo.

Canibal Vegetariano: Para começar, apresente aos nossos leitores, nomes, instrumentos e outras informações que acharem necessárias.

Matheus Lopes: A banda atualmente tem Túlio Panzera (guitarra/vocal), Matheus Lopes (guitarra/vocal), Luis Couto (guitarra/teclado/vocal), Bruno Retez (baixo) e recentemente o Daniel Mascarenhas assumiu a bateria no lugar do PF Souza que teve de deixar a banda pois se mudou para São Paulo a trabalho.

CV: O nome de vocês é muito curioso, 'Churrus'. Como pintou a ideia desse nome para banda?
ML: Essa é uma pergunta complicada, pois ninguém sabe ao certo de como pintou esse nome. É certo que ele não foi escolhido em meio de outros nomes. O que me lembro é de antes de a banda surgir, o Túlio Panzera sempre gravava discos de suas músicas, sendo cada um deles com um nome diferente. Um em particular que me chamou a atenção e me fez procurá-lo para montar a banda se chamava Churrus – Piano. Como começamos a tocar as músicas desse disco, sempre nos referíamos ao projeto naturalmente como Churrus, e assim ficou.



CV: Ouvindo o trabalho de vocês percebe-se ótima qualidade de gravação e influências de bandas gringas. Vocês se inspiraram em alguma banda específica quando começaram a compor?
ML: Existem bandas que mexem mais com a gente em diferentes épocas, acho que no Churrus nota-se em todos discos o quanto nós escutamos e nos inspiramos em bandas como Teenage Fanclub, Guided by Voices, Wilco, Pavement, Beulah e Pernice Brothers. Porém, vai muito além disso. Gosto muito do rock anos 50/60, Motown, Funk, Punk 77, NWOBHM, Hardcore americano dos 80, Thrash americano dos 80, Grunge, Shoegaze, Lo-Fi, Britpop, Indie, surf music, além de muita coisa da música brasileira. Escutamos de tudo e isso de alguma forma acaba por refletir em nossas músicas nem que seja de uma maneira bem discreta. Se você escutar com atenção, pode perceber muitas influências além dessas que citei acima. Como seria impossível citar todas essas bandas que nos influenciam, tentarei simplificar dizendo que vai de Tim Maia a Slayer.

CV: Falando em composição, como vocês trabalham as músicas? E as letras, como surgem?
ML: Não acho que exista um método/técnica de compor na banda. Gosto de sentar com a guitarra ligada e um programa de gravação no computador. Vou tocando e gravando pedaços de música de uma forma bem fragmentada, daí, quando menos espero, enxergo uma canção naquilo e começo a juntar os pedaços de modo que ela crie forma. O Túlio já gosta de compor direto com um violão na mão. O Luis, o Bruno e o PF (que são os outros integrantes que já contribuíram com músicas para a banda) eu nem faço ideia de como fazem suas composições. No final das contas, para a gravação final dos discos, cada um chega com suas músicas e a gente vai testando arranjos e riffs nessas até achar que está legal. Nessa parte todos participam.

CV: Vocês lançaram o álbum em julho pela Midsummer Records. Como rolou este contato e como tem sido a recepção do público em relação a este trabalho?
ML: No lançamento do nosso primeiro disco The Greatest Day em outubro de 2007, organizamos um pequeno festival de duas bandas em São João Del Rei/MG chamado All Stars Festival II (o primeiro foi em 2003 em BH) e para esse evento chamamos a banda Pelvs. Foi uma noite muito legal em que se criou uma amizade bacana entre as bandas. A nosso pedido, um integrante da Pelvs, acho que foi o Gordinho, levou um exemplar de nosso álbum até as mãos do Rodrigo Lariú, que é o dono da MMRecords. Bom, parece que ele gostou e desde então a gente faz parte do selo.
Quanto a recepção do último disco Transcontinental tem sido excelente. Até agora, felizmente, só recebemos críticas boas tanto do público, quanto dos blogs, e-zines, bandas e outros do meio.



CV: E os espaços para shows, vocês conseguem com facilidade ou ainda existe muita dificuldade para conseguir espaço para tocar?
ML: Apesar de ser difícil hoje em dia uma banda de rock que não é cover arrumar lugar pra tocar, nossa maior dificuldade para subir ao palco não é essa. Nosso problema é arrumar data em que todos estão disponíveis uma vez que todos trabalham em áreas diversas, e mais, 3 moram em BH [Belo Horizonte] e 2 em São João Del Rei. Isso, infelizmente nos faz recusar convites para oportunidades únicas de tocar.
Voltando à pergunta. Aqui em São João Del Rei existem lugares em que a gente toca as vezes, mas a prioridade desses lugares não é de bandas que tocam músicas autorais. Então existe sim certa dificuldade de espaço. Porém em BH é bem tranquilo de arrumar lugar. Com certeza Aobra em BH é nosso palco favorito e que mais vezes tocamos. Nunca recusaram espaço e sempre a casa é cheia. Já tocamos no Rio de Janeiro algumas vezes e em São Paulo também e vejo nossos amigos do The John Candy, Lê Almeida e Single Parents sempre tocando, portanto, acho esses lugares tem espaço sim.

CV: Quais os planos da banda para 2014?
ML: Nós estamos numa época complicada agora. Como já disse antes, acabamos de trocar de baterista e agora estamos atrás de alguém para substituir o Túlio temporariamente. Ele acabou de ir para a Inglaterra para uma temporada de 1 ano no qual ele fará um pós-doutorado. Nossa intenção é manter a banda na ativa e fazendo shows enquanto o disco ainda é novidade. Para o ano de 2014 não podemos esperar nenhuma novidade quanto a lançamento de material novo como um EP ou álbum, mas acho bem possível saia um ou mais vídeos de músicas do Transcontinental.


CV: Agradeço pelo papo e deixo espaço para considerações finais.
ML: Gostaria de lhe agradecer encarecidamente por seu interesse em nossa banda e por essa entrevista. O que você faz no blog e na rádio é o que mantém vivo esse espírito do rock’n'roll que a gente tanto é apaixonado. Meus parabéns e continue assim. Gostaria também de mandar um abraço aos amigos das bandas The John Candy, Lê Almeida, Camera, Radiotape, Single Parents, Mallogro e Pelvs.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Promoção A HORA DO CANIBAL e O Grande Ogro

Devido a comemoração de cinco anos do programa A HORA DO CANIBAL e também do fanzine/blog Canibal Vegetariano, nós, em parceria com a banda instrumental paulistana O Grande Ogro, realizamos promoção para presentear um ouvinte/leitor com o novo EP da banda.
Com quatro músicas de rock instrumental, os paulistanos mostram muita versatilidade e faz rock sem frivolidades, além de citar uma certa urgência nos temas. Além do CD, o vencedor levará para casa três adesivos.

Para participar, basta o ouvinte enviar e-mail para zinecanibal@hotmail.com ou enviar mensagem para Canibal Vegetariano no Facebook. A frase mais tosca leva para casa a “bolachinha”. Caso o vencedor seja de Itatiba poderá retirar o brinde na sede da rádio Click Web. Caso more em outra cidade, receberá o brinde no conforto de seu lar, sem despesas de envio. A promoção vale até os primeiros dias de novembro.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quando a poesia encontra o rock'n'roll

Arquivo Pessoal 
O poeta itatibense Mateus Machado lançou recentemente mais um livro de poesias "A beleza de todas as coisas". Aproveitando a oportunidade, o fanzine/blog Canibal Vegetariano falou com o poeta sobre esta obra e também sobre o cenário musical, pois o autor é envolvido em outras áreas de manifestações artísticas. A entrevista na íntegra você confere abaixo.

Canibal Vegetariano: Mateus, sobre o que você escreve neste livro?
Mateus Machado: É sobre um conceito oriental, da tradição indiana, que diz que toda a manifestação da vida, boa ou ruim, é um ato sagrado. Já não se trata mais das nossas dualidades, herdadas sobretudo da tradição bíblica e da cultura judaico-cristã. Tal conceito rompe com os limites de nossas dicotomias; bem/mal, certo/errado, luz/trevas etc. Para uma mentalidade ocidental é um conceito difícil de assimilar. A crise espiritual de um povo se reflete em sua crise poética, na ausência criativa, na má interpretação e compreensão de seus próprios símbolos. Em culturas antigas, como os egípcios, havia três maneiras de exprimir seus pensamentos; a primeira era clara e simples, a segunda era simbólica, metafórica, e a terceira era sagrada. Havia o sentido próprio, figurado e transcendente em uma mesma palavra. A Beleza de Todas as Coisas é a manifestação do poder divino em tudo, porque a vida se alimenta de si própria. A vida, e seu ciclo de nascimento, morte e ressurreição, que é um tema mítico universal, é do que fala minha poesia. Outro tema central é o sagrado feminino, ou como diz Joseph Campbel “é a histórica rejeição do feminino, da Deusa-Mãe, implícita na história do Jardim do Éden". A vida é um fogo que se auto consome.

CV: Você lançou outros livros de poesia e também uma estória de ficção, em parceira com Nádia Grecco. Neste novo trabalho, teve influência da astrologia?
MM: O interesse pela Astrologia surgiu desde muito cedo. Quando me formei Astrólogo percebi que poderia usar esse sistema, carregado de uma linguagem simbólica, dentro da minha poesia. Tal recurso eu comecei a usar no meu segundo livro de poesia, A Mulher Vestida de Sol, porém, hoje em dia uso com mais autoridade. Mas a linguagem astrológica na poesia não é algo novo. Dante Alighieri (1265-1321) na Divina Comédia faz uso da Astrologia.

"Governar um país cuja população tenha, ao menos, um nível “médio” de educação e, consequentemente, de argumentação crítica, seria um pesadelo para os políticos corruptos"

CV: Você se formou no assunto e o que isso mudou na sua maneira de escrever e pensar sobre literatura e o mundo em geral?
MM: Sim. Para você ter uma melhor compreensão do Mundo e sua dinâmica se faz necessário primeiro conhecer a si próprio. Somos uma linguagem simbólica. Um Astrólogo entenderá o verso “Urano poderoso na Casa do Destino”, ele encontrará um leque de possibilidades interpretativas no contexto do poema. Um leitor que não conhece Astrologia não terá o mesmo alcance. Mas em nossos dias de Google, qualquer pesquisa se torna rápida e fácil. Um leitor comum ainda pode contar com a força das imagens, e essas mesmas imagens universais estão estampadas no seu inconsciente, faz parte de sua herança primitiva.

Canibal Vegetariano

CV: Como é o mercado de poesia no Brasil? Ele chega a ser mais complicado do que outras formas de literatura?
MM: A Poesia é marginal, sempre foi. Mesmo em culturas antigas como a pré-islâmica, quando os poetas eram tão ou mais importantes que os príncipes, ou na cultura celta em que ser poeta era também exercer um sacerdócio, no caso os Druídas, a classe mais alta entre o povo celta. Costuma se dizer que culturalmente o Brasil não é um país de leitores de poesia, como acontece com outros países da América Latina. Há poetas consagrados aqui no Brasil que se fossem viver com o dinheiro da venda de seus livros morreriam de fome. No entanto há leitores de poesia no Brasil sim. O que falta é interesse e  investimento por parte da indústria editorial de grande porte, da mídia de modo geral, do governo...claro que, governar um país cuja população tenha, ao menos, um nível “médio” de educação e, consequentemente, de argumentação crítica, seria um pesadelo para os políticos corruptos.

CV: Na hora de escrever, quais são suas influências? Cite seus escritores favoritos, não apenas em poesia.
MM: Minhas influências são todas as coisas que gosto. Neste livro você encontrará referências de filmes, artes plásticas, música, mitologia, literatura etc. A lista de escritores favoritos é bem extensa, isso porque tenho muitos interesses. Citarei apenas alguns autores contemporâneos e clássicos que me influenciaram neste livro especificamente: Joseph Campbel (mitólogo), Mircéa Eliade (poeta e estudioso das religiões), Neil Gaiman, James Joyce, Nick Cave, Roberto Piva, Ana Akhmátova, Jorge Luis Borges, Liv Ullman (atriz), Dante, Blake, etc.

CV: Falando em escritores e parafraseando Antonio Abujamra. Qual seu escritor favorito e qual você ainda não descobriu?
MM: Favoritos são muitos, pode ficar com os já citados acima. Os que ainda não descobri com mais profundidade são Antonin Artaud, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Hilda Hilst, no entanto, eles já estão entre os meus preferidos.

CV: Você também toca em banda de rock. Como a música pode influenciar um escritor ou poeta?
MM: A leitura de maneira geral pode acrescentar maior conteúdo, maior senso crítico, estético, perspectivas diferentes na música, na vida de cada pessoa. Só tem a acrescentar. Sempre existiu uma parceria entre poesia e música, desde a época dos trovadores medievais.

Arquivo Pessoal

CV: Falta poesia no rock atualmente?
MM: Falta poesia em muita coisa, no rock sobretudo. Mas também há muita coisa boa sendo feita atualmente, de artistas consagrados como Nick Cave até bandas que estão começando agora. O problema é a indústria da música com sua cultura de enlatados e música fast food. O que é bom dificilmente tem espaço na grande mídia. A figura do poeta hoje em dia virou uma piada, a própria poesia virou um pastiche mal feito. Para a Poesia ser respeitada nos dias de hoje é necessário que ela se imponha como ato terrorista, baseada em uma fé extrema, cega se for preciso, mas falta coragem, falta paixão, falta sabedoria para se olhar por dentro. A pergunta é: Quem vai querer um poeta na idade do Rock?

CV: Você como escritor, como vê a chegada dos e-books?
MM: A era de Gutemberg está chegando ao fim. Há muita vantagem nos e-books (e desvantagens também, afinal, quem vai querer um Mundo perfeito?). Mas os livros impressos ficarão ativos por muito tempo ainda. Como sempre, a Poesia sobreviverá.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Duas décadas de uma obra-prima

Onde você estava em setembro de 1993? Consegue lembrar-se de algo que tenha lhe marcado tanto? Como era o mundo há 20 anos? Perguntas difíceis de responder, mas há exatas duas décadas, o mundo recebia uma obra-prima composta por uma das bandas mais populares daquela época, o Nirvana. Naquele mês de setembro, entre o final do verão e início de outono no hemisfério norte, fim de inverno início de primavera no sul, onde está o Brasil, recebíamos em nossas lojas o novo disco, tão aguardado, "In Utero".
Claro que àquela época não tínhamos tanto dinheiro para sair comprando discos, eram tempos muito difíceis em nosso país, desemprego, recessão, inflação fora de controle, governo que tentava encontrar alguma saída para uma nação a beira da falência e com muitos jovens sem esperança no futuro que se tornava cada vez mais presente.
As dores de amor, da alma, as crises existenciais, tudo isso fazia parte do dia a dia de muitos adolescentes. A chegada do novo disco do Nirvana trazia algo que falava diretamente a grande parte dessas pessoas, pois era um disco 'sujo', agressivo, um grito de socorro com microfonia, guitarras distorcidas, vocais melancólicos e letras que falavam muito sobre sofrimento de várias espécies, entre espiritual e físico.
Foi com esse disco que muitos moleques da época passaram a entender o que era rock, que o Nirvana mostrou do que era capaz e de quanto a banda era boa. Brigas com gravadora, agentes, gravações feitas no melhor estilo de banda de garagem, álbum feito para "não vender". O título original seria um soco na cara de muitos "I hate myself i want to die" [eu me odeio e quero morrer], mostrava o quanto Kurt não estava nada satisfeito com sua fama e com o "zilhão" de cobranças que recebia. A gravadora barrou e depois de muitas reuniões chegaram ao título final "In Utero".
Não é necessário dizer que assim que chegou às lojas o álbum “tomou” de cara o primeiro posto nos mais vendidos e gerou muitos comentários entre críticos e fãs. As letras eram ainda mais ácidas do que as de "Nevermind" e "Bleach". Em uma delas, logo na primeira faixa, "Serve the Servants", ele cita: "a angústia adolescente deu bom lucro, agora fiquei chato e velho". O primeiro single do disco foi "Heart shaped box", onde ele afirma que "queria poder devorar seu câncer quando seu corpo ficasse roxo" e em outra parte grita "jogue para baixo seu cordão umbilical para que eu possa subir de volta".
A letra mais polêmica foi da quarta faixa, "Rape me" [Me estupre]. "Me estupre, me estupre meu amigo, me estupre, me estupre de novo, me odeie, faça e repita", cantava Kurt sobre melodia que tinha seu estilo de composição, guitarra limpa, suja, sussurros e gritos desesperados. Em outra faixa, "Francis Farmer will have her revenge on Seatle", o vocalista abre o refrão com "sinto falta do conforto de ficar triste".
Entre idas e vindas, entre o som brutal, nervoso, com vontade de destruir o mundo, há canções calmas, com pitadas de depressão e melancolia. Para resumir, em todo tom triste do álbum, dá para sentir que ele é tão bom quanto os outros, ou até melhor, depende de como você está no dia em que o coloca para ouvir. Neste mês, esta obra completa duas décadas, e ele soa tão atual como poucos, pois a angústia e a revolta fazem parte da natureza humana, goste você ou não.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Grande Ogro apenas no nome

Arquivo Pessoal
Banda paulistana formada há dois anos, faz som instrumental e esbanja qualidade musical no primeiro EP lançado recentemente. Para conhecer mais sobre esta banda, que promete no cenário independente, o Canibal Vegetariano falou com os caras sobre influências, espaço para música própria e outros assuntos.

Canibal Vegetariano: Por que O Grande Ogro?
O Grande Ogro: A referência vem de um disco "El gran orgro"(At the Drive-in), pois queremos fazer um som pesado e nome como a banda veio a calhar muito bem, traduzimos e deixamos em português.

CV: Como foi formada a banda e há quanto tempos estão juntos? Houve mudanças na formação?
GG: Com a saída de integrante de uma outra banda, mais necessidade que sempre tínhamos de tocar, tivemos uma outra formação inicial mas era só a ideia. Com a participação de Jackson, passamos a ser "O Grande Ogro". Temos dois anos de vida com a mesma formação.

CV: Quais são as principais influências da banda?
GG: Cada um tem suas banda preferidas ou gosta de uma e de outra banda, pode ser no rock ou não, definir isso é difícil, chegar e falar que temos uma principal influência é como limitar o pensamento, é como se limitar para criação e para vida, mas no geral em um senso comum.

CV: Por que optaram pelo som instrumental?
GG: Podemos explorar mais musicalmente sem nos preocuparmos em seguir um vocal um frontmam. Ter essa ruptura do normal, algo que sempre os seres mais comuns esperam, fazer a música se tornar mais abstrata, pesada, suja, subversiva, minimalista, com contra tempo.

CV: O som de vocês tem ‘peso’. Quais são os espaços nos quais se apresentam?
GG: Sim, sempre pensamos no peso, deixar denso, como dito na outra pergunta acima, minimalista, etc. Tocamos na rua e em uma calçada, em estação de trem, fornecido pelo estado, o espaço, casa de show ou não, praças públicas, na garagem do Jackson, etc. Onde chamarem, tocamos, desde que todos da banda concordem.
Arquivo Pessoal

CV: Como é o trabalho de composição?
GG: Conversas, ideias, tudo que venha a mente e possa ser traduzido em sonoridade, a junção de pensamento, ideias são expostas e trabalhadas em conjunto, nos reunimos em ensaios com a banda completa e algumas vezes fazemos só as cordas, para ter algo mais concreto na hora de ir para o estúdio ensaiar,uma base é colocada e daí vão surgindo as ideias, é isso. Ou chega com uma ideia ou frase, no caso das cordas a gente quebra e muda tudo, ou não, pode ser uma ideia única e muito boa que só acrescentamos algumas coisas, mas é bem demorado em muitas das vezes...

CV: Qual o melhor momento da banda até o momento e o pior?
GG: Melhor momento sempre depois que um show é bom.

CV: Qual show marcou a banda?
GG: Que tocamos na calçada no extremo leste de São Paulo, fizemos com uma banda amiga o Discrepante, toda banda devia adotar isso.

Arquivo Pessoal

CV: Discos, vocês já lançaram quantos? Quais os planos para o futuro?
GG: Disco nenhum, temos um EP só que é em CD que estamos fazendo a distribuição dele da nossa forma e com as nossas condições, pois não temos patrocinadores e nem gravadora, fazemos por nós mesmos. O futuro é estar na mesma pegada de ensaios e por em práticas as ideias, fazer nosso trabalho e deixar o som, tocar em mais lugares, comer solto…

CV: Deixo espaço para considerações finais, abraço!
GG: Vá aos nossos shows, conheçam O Grande Ogro, escutem mais músicas feitas por bandas nacionais. Saia do mundo virtual e conheça o real! E leia muito, isso vai te ajudar bastante.

http://ograndeogro.wix.com/ograndeogro
http://www.facebook.com/pages/O-Grande-Ogro/238454302886593?ref=ts&fref=ts

domingo, 8 de setembro de 2013

O grito da independência

Canibal Vegetariano
Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, e, no Bar do Celso, quem deu as cartas foi o rock independente. Uma das bandas mais antigas de Itatiba comemora 10 anos e o bar foi escolhido para um show especial, apresentação do novo vocalista, Rodrigo Garcia e apresentações de bandas como Cadillac Rosa e Oskar Face. Brazilian Cajuns, de Londrina, estava programada mas devido a morte do avô de três integrantes da banda, eles cancelaram a apresentação.
                Devido aos compromissos profissionais, a galera do Canibal Vegetariano chegou atrasada à apresentação e perdeu o show da Oskar Face, mas quem viu disse que os paulistanos mandam muito bem no ska.
Canibal Vegetariano
                A galera chegou no início da apresentação dos itatibenses da The Bebers Operários. Como há muito não via a banda, a curiosidade era imensa, pois eles estavam com novo vocalista. E a apresentação dos caras fez jus ao aniversário de 10 anos. Street punk no talo, com duas guitarras ‘dialogando’ em boa frequência e o novo vocalista manda bem e segurou a onda. Entre as canções, velhas conhecidas e eles ainda mandaram uma homenagem aos Garotos Podres, com Anarquia Oi!.
                
Canibal Vegetariano
Após pancadaria do Bebers, foi à vez do rockabilly do Cadillac Rosa. Os rapazes de Porto Ferreira rodaram muito mas fizeram uma apresentação antológica no Bar do Celso. Com várias pessoas a caráter, estilo anos 50, do século passado, a banda fez todo mundo dançar, inclusive quem estava atrás do balcão. Com a ausência da Brazilian Cajuns, eles tiveram mais tempo e homenagearam os amigos paranaenses com a música “depois daquele tiro”.
                Depois de muitas horas de rock, o que restou foi voltar para casa e saber que ainda há esperanças para novas bandas e para quem acredita na independência do rock, pois a do Brasil é cada dia mais difícil.

                 

                

sábado, 31 de agosto de 2013

Rock em homenagem à cerveja: conheça a ‘Circus Boy’

Arquivo Pessoal 
Formada a partir de uma brincadeira entre amigos, A Circus Boy, nome em homenagem a uma marca de cerveja, antes um quarteto, atualmente trio, está junto desde 2008 e há ‘batalham’ na cena independente. Atualmente a banda é formada pelo Alexandre Cruz [bateria], Paulo Button [baixo] e Pedro Mendes [vocais e guitarra]. Para saber mais da história da banda, o Canibal Vegetariano conversou com Pedro Mendes, vocalista e guitarrista.

Canibal Vegetariano: No show de vocês, o vocalista estava com camiseta do Ramones e batera do Nirvana. Achei o som muito mais trabalhado do que dessas bandas. O que vocês ouvem em casa?
Pedro Mendes: Vixi! Acho que vai muito de épocas porque ouvimos muitas bandas. Então em algumas épocas estamos ouvindo mais bandas do que as outras, mas isso sempre muda. Juro, não sei como responder essa pergunta, se eu responder vou deixar de citar 20 bandas por cada membro!

CV: Quais as principais influências?
PM: Acho muito difícil citar todas nossas influências ainda mais quando abrimos para cada membro. Mas tentando fazer o resumo mais resumido possível e mesmo assim deixando de citar MUITA coisa, Ale: Motorhead, Button: punk/ harcore, Red Hot e Rage Against. Eu: muito blues e o hard rock clássico dos anos 70.

CV: Como é o processo de composição, letra e música, de vocês?
PM: É algo muito natural. Sempre que temos alguma ideia de melodia ou algum riff, nos reunimos para desenvolvê-la. Assim como as letras, às vezes alguém aparece com uma pronta em outros momentos escrevemos juntos.

CV: Quando será lançado o primeiro EP ou CD da banda?
PM: Lançamos o primeiro EP em maio deste ano, foi o ‘The Mudd, The Blood And The Beer’. Em agosto fomos até o estúdio para gravarmos o nosso 2º EP que a princípio se chama ‘Metachimera’, se não mudarmos de ideia até o lançamento.

Arquivo Pessoal 
CV: O som de vocês tem o que muitos chamam de "peso". Quais são os locais que vocês mais se apresentam? Já foram barrados em algum lugar por causa da sonoridade?

PM: Sem dúvida o local onde mais nos apresentamos foi o Bar do Zé em Campinas. Ainda não tivemos nenhum problema por causa da sonoridade, a única coisa que acontece geralmente é pedirem para nós abaixarmos um pouco o som no palco, porém quase nunca é viável.

CV: Que visão vocês têm sobre a cena independente atual?
PM: Sobre a cena atual de Campinas estamos cada vez mais contentes. Por muitos anos a cena independente ficou parada ou fechada à pouquíssimas bandas que não era do nosso gosto. De alguns anos para cá, algumas bandas conseguiram movimentar a cena cultural e estamos começando a colher os pequenos frutos desse trabalho. Ainda há muito caminho a ser percorrido, pois ainda existem poucas produtoras independentes, poucas casas que abrem suas portas para as bandas independentes e também espaço zero nas rádios.

CV: Quais os próximos passos da Circus Boy?
PM: Entraremos em estúdio para gravarmos o 2º EP. Pretendemos gravar o 3º até o fim desse ano ainda para lançarmos uma compilação de todos no ano seguinte. Estamos estudando a possibilidade de lançar algum clipe também, mas não é nosso foco principal. O que queremos sem dúvida, além de compor e gravar, é conseguir o maior número de shows possíveis para conseguirmos divulgar cada vez mais nosso trabalho.

Arquivo Pessoal
CV: Deixo espaço para declarações finais e merchandising. Grato pela entrevista, abraço!
PM: Gostaríamos de agradecer MUITO ao espaço dado pela equipe do Canibal Vegetariano e parabenizá-los pelo trabalho. Voltando a pergunta que nos foi feita anteriormente, isso é uma das coisas que faltam para levantar a cena da cidade, um blog, uma revista, ou qualquer tipo de meio de comunicação que ajude a divulgar o trabalho das bandas autorais. Mais uma vez, parabéns pela iniciativa!
Para todo mundo que quiser ouvir e/ou baixar o nosso EP é só entrar na nossa fanpage do Facebook pois temos todo o material disponível, inclusive links para o Youtube com vídeos de shows e entrevistas, abraços!


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

'O mundo do rock é lindo'

Canibal Vegetariano
Já devo ter utilizado essa frase, do mestre Daniel ETE, vocalista e baixista da banda Drákula, como título de algum outro texto que escrevi, mas nenhum vem em minha cabeça neste momento, mas ele define muito bem o que ocorreu no último domingo, 18 de agosto, em Campinas, dia do encerramento da 7ª edição do Festival AutoRock.

Sete bandas estavam programadas para tocar na Concha Acústica na Lagoa do Taquaral, e na escalação estavam bandas consagradas no cenário independente como Mukeka di Rato, Drákula, Maguerbes, Rock Rocket, além de Motor City Madness, Adrede e Gasolines.
Canibal Vegetariano
O primeiro show, da banda Gasolines, estava marcado para 14h, mas como a galera do Canibal Vegetariano tem que rodar cerca de 45 quilômetros, não conseguimos acompanhar a banda e quando chegamos, a Motor City Madness já detonava seu rock'n'roll, que era muito convidativo, principalmente quando se tem cabelos compridos. Vi pouco da apresentação, mas o que vi me agradou e muito. Espero que retornem em breve para acompanhar outra apresentação.
O clima da tarde de domingo, inverno brasileiro, estava interessante, temperatura amena, em queda, e muito vento. A cerveja demorava para esquentar e as bandas subiam ao palco com mais garra. Após o show do Motor, foi a vez dos campineiros da Drákula subirem ao palco e detonarem. Com músicas dos seus três registros e a mistura de garage, punk e rock'n'roll, a Drákula ganhou fácil a plateia presente e sedenta de rock. Show espetacular.

Canibal Vegetariano
Com o passar do tempo, a temperatura caia de maneira considerável, a Maguerbes, banda de Americana, subiu ao palco e mandou ver seu som. Mas o clima nos obrigava a frequentar em demasia o toalet e também a barraquinha de lanche. Do show vi pouco, mas o som estava bom para quem acompanhava de fora.
Assim que a Maguerbes deixou o palco, foi a vez da Rock Rocket agitar a galera que comparecia em bom número. Com rock sujo e cru, os paulistanos fizeram a molecada abrir rodas de pogo e levou muita gente para próximo do palco para dar "mosh" e também se aproximar mais dos músicos. E a galera presente conhecia a banda, muitas músicas foram cantadas em coro.
Saiu Rock Rocket e subiu ao palco os capixabas da Mukeka di Rato. Minutos antes do show, Mozine, baixista da banda, disse que o vocalista, Sandrinho, estava com infecção na garganta e nem viajou para Campinas.

Canibal Vegetariano
Em formato power trio, os capixabas subiram ao palco e com Mozine e Paulista [guitarra] nos vocais, eles passaram por quase 20 anos de carreira de maneira rápida e direta. Entre os destaques da apresentação, a banda executou “Minha Escolinha”, “Rambo quer matar Che Guevara”, “Praia da Bosta”, “Maconha”, entre outros clássicos do cancioneiro hardcore. Em uma apresentação rápida, eles levaram a alma dos roqueiros presentes ao evento.

Canibal Vegetariano

No encerramento, estava prevista a banda campineira Adrede. Mas o frio aumentou de maneira considerável e uma garoa caiu. Como tínhamos muitos quilômetros para rodar, a galera resolveu fazer um pit stop na lanchonete mais próxima e, em trechos com muita chuva, encarar os vários quilômetros de volta para casa com a esperança de chegar vivo em 2014 em ter um outro domingo de inverno como o deste 18 de agosto. Só os vivos contarão esta história.

domingo, 11 de agosto de 2013

'Corazones Muertos' e rock vivo

Canibal Vegetariano
A terceira noite do Auto Rock 2013, festival de cultura independente realizado em vários pontos de Campinas, por dez dias, foi uma daquelas inesquecíveis, devido as bandas Aqueles [Campinas] e Corazones Muertos [Argentina].
O sábado começou muito quente, mas durante a noite, um forte vento soprou no interior de São Paulo e o clima deixou a noite de inverno ainda mais convidativa para o rock'n'roll. Independente de clima, a galera do Canibal Vegetariano estaria presente e com vento frio, ainda mais. 
Depois de um ano, os campineiros da Aqueles subiram novamente ao palco. Parece que o tempo nem passou e que os integrantes, por motivos profissionais, ficaram longe. Apesar de no final, eles comentarem que erraram muito, quem estava na pista aproveitou cada nota, cada música.

Canibal Vegetariano
Toda apresentação é uma festa rock'n'roll pois a banda não se prende a rótulos, eles fazem rock, punk, hardcore e se divertem no palco e divertem quem acompanha. Além de tudo isso, sempre tem os amigos que sobem ao palco para cantar junto, um que deu duas "palhinhas" com os caras foi o vocalista da banda Don Ramon, Artie Oliveira.

Canibal Vegetariano
             
 Público feliz e aquecido, os argentinos/brazucas da Corazones Muertos subiram mais tranquilos, mas com responsabilidade de não deixar a festa acabar. E foi isso que fizeram, os caras ganharam rapidamente a empatia do público e com bons riffs e rock com várias influências, principalmente anos 60 e garage rock, os caras mandaram muito bem.
Canibal Vegetariano
Em cerca de uma hora, os caras não deram tempo para o público pensar em deixar de curtir, uma música seguida da outra, deixou a galera em estado de êxtase e com sorriso no rosto, afinal, não é todo dia que vemos uma banda tão competente com apresentação tão sincera e rock'n'roll. Os caras mostraram que o Muertos só está no nome da banda, pois no palco, estão mais vivos que nunca e façamos votos para que assim continuem.


                

terça-feira, 6 de agosto de 2013

'Um imenso cemitério de esperanças frustradas'


Essa frase que abre o texto é do sociólogo, e um dos maiores pensadores da atualidade, o polonês, Zygmunt Bauman. Ela reflete muito bem o que tem ocorrido atualmente em nosso país e principalmente na cidade onde fica "a sede" do Canibal Vegetariano, Itatiba, um pequeno município do interior do Estado de São Paulo.
                Nós, população, vivemos a cada dia com novas esperanças de uma cidade, um estado, um país melhor, mas na realidade, um dia tem sido mais difícil do que o outro e isso gera estresse, preocupação, envelhecimento precoce, entre outros problemas de saúde enfrentados pela sociedade atual, como depressão e também síndrome do pânico. Mas quando paro para pensar, o que seria um país melhor? Talvez o que penso ser o melhor não seja o ideal, assim como o melhor para você não seja o ideal para mim.
                Além dos problemas psíquicos e físicos, estamos expostos a todo excesso de violência, seja por parte do que costumamos chamar de bandidos ou mesmo por autoridades que são pagas com nosso dinheiro para nos proteger, ou ao menos para nos passar uma pseudo-sensação de segurança. Mas violência maior é praticada por aqueles que estão no poder e não fazem nada para tentar amenizar os sofrimentos de seus semelhantes e ainda lucram sobre a desgraça alheia.
                Quando surge a palavra semelhante ocorre que alguém pode estar longe do senso de igualdade, assim como eu, que não acredito no "todos iguais", da Granja dos Bichos, do mestre George Orwell, em a "Revolução dos Bichos", outros também podem não acreditar. Penso que cada ser humano é único e por isso ele é semelhante ao outro e compartilha o mundo com outros semelhantes e animais de outras espécies, sem esquecer que também somos animais.
                Somos animais e compartilhamos um planeta considerado pequeno com cerca de outras 29.999.999 espécies. Mas pensamos que somos os maiorais e que tudo que existe foi criado para que eu possa mandar, desmandar e que tudo tem de ser da maneira como penso e quero que seja. Ledo engano. Você, assim como eu, é um quase nada, apenas um dente nessa grande engrenagem humana e mundana.
                Mas, de volta ao cemitério, poucos oportunistas fazem com que nossa existência seja um perambular por caminhos sem chances de melhorias. Enquanto o povo acorda todo dia para o trabalho, escola e outras atividades, sempre há alguém tramando algo para desviar ou apenas obscurecer seu caminhar nessa efêmera passagem mundana.
                Assim como nós, eles também passarão, mas se sentem deuses no poder e verdadeiros imortais, acima de tudo aquilo que nos torna mais humanos, os fracassos, os medos diários, além de toda angústia e revolta. Enquanto os dito poderosos apenas ficam ali, brincando em seus castelos de areia, prestes a ruir, nós estamos na batalha para construir um mundo, não melhor, talvez menos indigno, e quando o povo resolve sair às ruas para fazer suas cobranças para uma vida menos sufocante, ele é reprimido, seja moralmente ou fisicamente.
                Atos de violência como os registrados em Itatiba no último dia 2, na Câmara Municipal, a dita Casa do Povo, onde apenas os funcionários falam, pois os patrões, nós, temos que manter o que eles chamam de obediência e silêncio fúnebre. Fale e vá preso, assim funciona a democracia por eles ditada. Nós somos cobrados a todo momento por nossos superiores, em nossos locais de trabalho, mas eles não permitem isso. Até parece que eles mandam em algo.
O que ocorreu naquele espaço, dito público, foi algo que passou de todos os limites do tolerável. No local não havia "pessoas do mal", havia apenas estudantes, professores, pessoas que pensam e sonham com um mundo menos cruel, mas ali, eles se depararam com o máximo que a crueldade humana pode fazer: arrogância, desrespeito, falta de diálogo, de tolerância e incapacidade de ver as situações por outros pontos de vista.
                Ali, naquele momento, não foi a nossa pseudo-democracia ferida e sim nossos semelhantes, pessoas que tem capacidade de pensar e sonhar, independente do sonho, querem uma mudança, pois sentem que não dá mais para viver em um mundo no qual a injustiça, a mentira, a ganância e desrespeito prevalecem. Não foi nossa pseudo-democracia ferida, foi a esperança, a possibilidade de mudança.
                Tudo passa e tudo muda, a todo momento, mas os homens parecem temer essa metamorfose constante, muitos preferem engessar seus ideais e tentam frear a impulsividade em seus semelhantes, pois acreditam na eternidade do momento que é somente um sopro de tempo. Para deixarmos esse "cemitério", precisamos seguir as utopias, ou como dizia o mestre Paulo Freire, "o inédito viável".