quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Rock instrumental direto dos pampas

Divulgação

A banda gaúcha The Experience Nebula Room é um power trio que executa ótimas canções de rock'n'roll instrumental com influências que vão desde o rock clássico dos anos 1970 até ao peso do grunge e stoner rock dos anos 1990. Para saber mais sobre o trio, formado por Rafael Rechia [guitarra], Eduardo Custódio [baixo e bateria em algumas músicas] e Nicholas Lucena [bateria e baixo em algumas faixas], conversar com o guitarrista e baixista para saber mais sobre o trabalho que tem se destacado não apenas no underground nacional como em mídias do exterior. Abaixo você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Para começarmos: o nome da banda é muito interessante e longo, há algum significado?
Rafael Rechia: O nome surgiu totalmente sem querer, queríamos algo sonoro, bonito de estar numa capa de disco, e que ao mesmo tempo remetesse a aquela aura dos anos 70. O “Experience” sem sombra de dúvidas é por causa do primeiro e fenomenal disco “Are You Experienced”, de 1967, do mestre Jimi Hendrix, que é uma forte influência na estética da nossa banda, tanto pela formação de power trio quanto pela sonoridade.
Sempre gostamos dessa ideia de ser um trio, nesse tipo de formação cada músico se obriga a dar o máximo de si sempre. Se prestar bem atenção, a abreviação “TENR” remete a primeira inicial do nome dos músicos da banda, e com isso criamos uma serie de combinações até chegar ao “Experience Nebula Room”, e o mais legal que tudo se encaixou perfeitamente (nome + proposta e sonoridade da banda).

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CV: Vocês fazem som instrumental de uma maneira um tanto diferente do que muitos estão acostumados. Como surgiu a ideia de montar a banda e porquê optaram por fazer instrumental?
Eduardo Custódio: A ideia do instrumental aconteceu naturalmente, pois estávamos acostumados a fazer jams sessions nas ruas da nossa cidade. Essas jams atraiam um público muito legal, o que nos surpreendeu, pois não esperávamos uma resposta assim para rock instrumental (um tanto quanto pesado e barulhento). Com o fim das bandas que tínhamos na época, criar a The Experience Nebula Room foi uma maneira de “oficializar” e organizar as jams que fazíamos.
RR: Quando participamos do primeiro Grito Rock de Rio Grande, em 2011, nosso repertório era consideravelmente grande, quase todo instrumental, com exceção da canção “Devil’s Mountain” de nossa autoria. A canção é um blues bem tristonho, que remete a aquela aura de bandas como Grand Funk Railroad nos primeiros discos. Era legal, mas começamos a notar que nossas músicas 100% instrumentais tinham uma aceitação muito boa pela galera, sendo assim, não pensamos duas vezes e resolvemos assumir esse estilo de rock alternativo instrumental.

CV: O Rio Grande do Sul tem uma cena rock muito forte e respeitada em todo país. Quais as influências da banda? Vocês misturam com algo regional?
EC: Direta e conscientemente, não misturamos com sons regionais, mas, acredito que é impossível não trazer, mesmo que de forma inconsciente, as peculiaridades da música da nossa região. Uma vez li (acho que no ensaio do Vitor Ramil) que a milonga tinha a característica de ser cíclica e repetitiva, quase como um mantra, o que liguei a algumas músicas da TENR, que giram em torno de uma ideia criando um clima e texturas. E foi bem legal, o que eu achava que poderia ser uma limitação na verdade pode ser uma característica positiva nossa (um diferencial).
RR: Quanto às influências é isso mesmo, queríamos extrair o que se tinha de melhor dos anos 70, timbres, atitude, psicodelia e aliar ao peso, sujeira e atitude do grunge e stoner rock dos anos 90, praticamente nossas influências, é o que ouvimos desde que nos conhecemos por gente.

CV: Como é a cena atual no estado de vocês e quais os espaços que vocês costumam se apresentar?
EC: Geralmente conseguimos espaços em bares e fora da nossa cidade quando ocorrem festivais. A cena é um tanto quanto limitada, principalmente pela falta de grana que acaba impedindo shows em lugares mais distantes e com maior frequência.
RR: A cena musical do Rio Grande do Sul é riquíssima, temos excelentes músicos e artistas dos mais distintos gêneros. No entanto a valorização e espaços para divulgação da arte ainda é bastante limitada como o Eduardo citou acima. Tem que ser uma via de mão dupla – o artista traz a arte e as casas de cultura devem remunerá-los justamente pelo trabalho (o que ainda não é uma realidade).

CV: Vi um clipe de vocês e ele é muito bem produzido. Vocês acreditam que o clipe ainda ajuda na divulgação do trabalho? E discos físicos, vocês têm?
EC: Atualmente, a divulgação é praticamente toda via internet, o que faz com que tenhamos um empenho maior em ter um material de maior qualidade para apresentar. O clipe ajudou bastante, pois gerou o "buzz" que queríamos nesse período em que ainda não temos nosso próximo trabalho concluído. A ideia de fazer um clipe ajudou muito à banda porque é uma forma de arte que vai além da música  e que nos permite divulgar, além do YouTube, na TV. Quanto aos discos físicos, ainda não fizemos, mas não é uma ideia descartável. Pretendemos fazer tiragens pequenas para ampliar a divulgação dos nosso trabalho, principalmente em shows.
RR: O clipe de “Ignition” foi um dos materiais que produzimos que mais me orgulho. A música foi gravada em 2011 pelo produtor fonográfico Bruno Pires, e o vídeo foi gravado pelo Thiago Gonçalves no fim de 2012, em uma tarde ensolarada, na nossa bela paisagem de campos que só se vê aqui no Rio Grande do Sul. O material ficou parado por um bom tempo até que o Marcos Alaniz (vocalista da The Sorry Shop) se prontificou a editar o clipe. O resultado final foi surpreendente, o Marcos conseguiu dirigir e organizar toda a estética concebida pelo Thiago e captar a essência da banda.
Em Julho de 2013 lançamos o clipe e o resultado foi fantástico. O clipe repercutiu muitíssimo bem, em 2 dias chegamos a 1000 visualizações no Youtube (o que considero um número significativo para uma banda independente de rock instrumental). Diversos sites resenharam e divulgaram o clipe e para nosso espanto o clipe foi publicado na seção de vídeo da renomada revista NME [New Musical Express], sim, a NME de Londres, no Showlivre.com da UOL e esses dias apareceu no programa Demo Tape na TVE de São Carlos - SP... Realmente é uma alegria imensurável ver nosso clipe circulando pelo mundo a fora.



CV: Vocês sabem quem é o público da banda? Quem se identifica com esse tipo de som?
EC: O interessante é que nosso som é bem abrangente. Sinto que em bandas padrão (não instrumentais) o tipo de vocal e vocalistas delimita muito o público.  E com a The Experience Nebula Room, conseguimos tocar tanto em lugares em que o público é aquele mais acostumado com música pop quanto em lugares em que o pessoal escuta música underground. Não ter um tipo de público definido é algo bacana pois não cria rótulos.

CV: Quais os planos da banda para 2014?
EC: Lançar mais músicas novas, nas quais já estamos trabalhando. Ainda não sabemos se será um single, EP ou um disco fechado. Tudo depende (como toda banda independente) de tempo, dinheiro e as demais variáveis.
RR: Estamos em fase de pré-produção. Temos ouvido muitas coisas novas, testado melodias, efeitos, estéticas diferentes e compondo bastante. A produção tem sido um processo bem lento, não queremos fazer o disco as pressas para simplesmente lançar algo novo, queremos lançar um disco bom, e que acima de tudo nos orgulhemos por tê-lo feito. Nós já temos alguns nomes, títulos e temáticas, mas nada ainda 100% definido. As novas músicas tem mostrado outro lado da TENR que não exploramos muito nos primeiros registros fonográficos, um lado mais noventista, mais direto e às vezes um pouco dançante, mas sem perder a essência dos trabalhos anteriores.

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CV: Com a qualidade da música de vocês, a banda já se apresentou no exterior? Há planos para isso?
RR: Tocar no exterior é uma das metas sim. Nosso som tem tido uma aceitação muito boa e acredito que levantar voos mais altos é questão de tempo mesmo. Assim que lançarmos material novo pretendemos fazer uma divulgação bem boa, divulgar bastante nos meios afins, e ampliar nossa rede de contatos. Então músicos, produtores que se interessarem em fazer parcerias com a gente é só entrar em contato com a gente pelo Facebook ou pelo nosso email, fica o convite.

CV: Deixo espaço para as considerações finais.
The Experience Nebula Room: Gostaríamos de agradecer a todos leitores e ouvintes do Canibal Vegetariano e do A Hora do Canibal, bem como para todos os sites, blogs e amigos que têm apreço pelo nosso som, que acreditam no rock instrumental, e permitem com que o rock ‘n’ roll continue pulsando fortemente nos dias de hoje. Nosso muito obrigado, e sintam-se a vontade para entrar em contato com a gente e ouvir e espalhar o som da The Experience Nebula Room por todos os cantos.

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