domingo, 27 de julho de 2014

Ira! volta aos palcos em show com clássicos e lados B

Canibal Vegetariano
A banda paulistana Ira!, com 34 anos de carreira, sete anos parada por brigas internas, voltou há alguns meses aos palcos, com nova formação, mas com a mesma pegada rock de tempos atrás. A turnê de retorno da banda passou por Itatiba no sábado (26 de julho) e os caras não economizaram em hits e também lados B.
Um bom público esteve presente ao Itatiba e a expectativa para rever os paulistanos, que há 10 anos havia se apresentado na cidade, era grande. Quando a banda subiu ao palco foi ovacionada pelo público e após algumas palavras de Nasi, os caras mandaram ver no som. A abertura do show, se não me falha a memória, foi com "Longe de tudo".
Após a primeira música, foi um "desfile" de hits de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. Os caras tocaram "Tarde vazia", "Flores em você", "Envelheço na cidade", "Núcleo base", "Mudança de comportamento", "15 anos", "É assim que me querem", "Tolices". Também executaram músicas que ficaram muito conhecidas quando gravadas no álbum "Acústico MTV", como "Girassol" e "Quero Sempre Mais".
Entre os muitos hits de uma carreira de mais de três décadas, os caras fizeram questão de executar duas músicas de um dos álbuns mais clássicos da banda que ainda é obscuro para muitos, o "Psicoacústica", de 1988. Desse disco, que influenciou muita gente da década de 90, a banda apresentou "Manhãs de domingo" e "Rubro zorro".

Canibal Vegetariano

Também houve espaço para músicas que são consideradas lados B, mas que mesmo assim quem acompanha a banda soube cantar com tranquilidade e ao mesmo tempo ficou espantada pela lembrança, como "Prisão das ruas", "O bom e velho rock'n'roll". Eles também relembraram a ótima versão que fizeram para "Bebendo vinho", grande clássico do gaúcho Wander Wildner.
O show da banda nem parecia de músicos veteranos e consagrados, foi uma apresentação contagiante e também uma viagem no tempo. Os novos músicos e o fato da banda ser um quinteto em nada alterou a proposta sincera das músicas. O destaque negativo foi o princípio de confusão que por alguns segundos interrompeu a apresentação. Nasi aproveitou a deixa, "deu bronca" e pediu para que o produtor da banda ajudasse os seguranças a retirarem os que tentaram, em vão, atrapalhar uma noite de rock'n'roll.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Boka diz que internet é aliada na venda de discos

Will Edu
No domingo 20 de julho, a galera do Canibal Vegetariano invadiu Bragança Paulista para acompanhar o terceiro dia do Festival de Inverno e também o show da banda Ratos de Porão. Antes da apresentação da banda, conversamos com o guitarrista Jão e também com o baterista Boka.
Dono da Pecúlio Discos, o batera falou sobre a tecnologia e disse que a internet é uma aliada na venda de discos, para ele, a tecnologia não o atrapalha. “Essa discussão se atrapalha ou não está muito datada, pois quem compra disco, k7 continuará a fazê-lo, isso está muito bem definido”, comentou.
Boka disse também que a Pecúlio cresceu com a popularidade da web. “Minha loja/selo cresceu conforme o acesso à internet em nosso país cresceu. Consigo comercializar pela internet e também nos shows, em alguns lugares muita gente procura discos, em outros não, mas sempre tem público para isso no rolê”, afirmou o batera.
 Ainda sobre a Pecúlio Discos, Boka comentou que o selo tem dois novos lançamentos. “Relancei o Carniceria Tropical, do Ratos de Porão, e vamos lançar o primeiro álbum do Facada. Neste momento temos feito menos lançamentos pois tenho me dedicado mais à loja”, declarou.

RATOS
Canibal Vegetariano

O batera também comentou sobre o novo álbum, “Século Sinistro”, de sua banda, Ratos de Porão. “Acredito que é um disco com todos os elementos que a banda tem. O pessoal gostou muito, temos muitos shows agendados”, disse Boka. Perguntado sobre se a internet ajudou na divulgação do novo álbum ele acredita que sim. “Esse é o fenômeno. No último álbum de material próprio nem Orkut existia, hoje as redes sociais contribuem muito na divulgação”, apontou.
Mesmo com todos os prós da internet, o batera falou também sobre o lado ruim. “O que acho negativo é que gravar um disco dá muito trabalho, é algo grandioso, tem todo um fundamento e atualmente não há muito reconhecimento por parte do público, que tem um milhão de músicas no Ipod, mas nunca viu uma capa, não tem um disco, esse é o outro lado”, encerrou.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pode haver cobras na cama, mas teve Ratos em Bragança

Canibal Vegetariano
A banda Ratos de Porão foi a responsável pelo encerramento do primeiro fim de semana do 13º Festival de Inverno de Bragança Paulista, que será realizado até meados de agosto. Com o show do novo álbum "Século Sinistro", os paulistanos fizeram a galera agitar em terras bragantinas.
O show estava marcado para 16h mas o portão abriu pouco depois. Antes dos veteranos do hardcore, houve apresentação de duas bandas, mas a galera do Canibal não acompanhou devido a outros trabalhos. O primeiro foi falar com Jão, guitarrista e um dos fundadores do Ratos para saber como é o novo trabalho da banda. Depois, batemos um papo com Boka, batera do RDP e fechamos o ciclo de conversa com o mestre Quique Brown, secretário de Cultura de Bragança Paulista. Essas entrevistas estarão disponíveis em breve neste blog.
Com o papo em dia, restou-nos posicionarmos à frente do palco para fotografar a apresentação da banda e também curtir o sempre bom repertório recheado de clássicos. Entre músicas de "Século Sinistro" e outras de álbuns anteriores, a banda fez bom show e desta vez a impressão que tivemos é que eles estavam mais para o punk/hardcore do que para o crossover/metal.

Canibal Vegetariano

O público vibrou e cantou a maior parte das músicas. Ao final do show os presentes pediram bis, mas a banda não retornou, pois os caras tocaram por mais de um hora de maneira ininterrupta e não deixaram "pedra sobre pedra". Outro ponto positivo desse terceiro dia foram as bancas de discos e camisetas que espalharam-se pelo Ciles dos Lavapés, que fez muito marmanjo se sentir na Disneylândia.

domingo, 13 de julho de 2014

Meivorts: do sonho juvenil à realidade

Motim Records
A banda valinhense Meivorts está na estrada há 10 anos e para completar uma década, os amigos Vih (vocalista), GC (baixo), Diego Kirk e Gui Trento (guitarras) e Carlos (batera) lançaram o EP Autocontrole. Para saber mais sobre esta novidade, conversamos com Gui Trento e Carlos para que falassem sobre o tempo de estrada, o novo trabalho e a cena da região. Abaixo, você confere o papo na íntegra.

Canibal Vegetariano: De onde vem a inspiração para o nome da banda? Há quanto tempo estão juntos e houve alguma mudança na formação?
Carlos: O nome da banda surgiu através de um amigo do Vih, o Turíbio, que conhecia um Sr. eletricista que tinha o apelido de “meiovort”.  Achamos engraçado, acrescentamos um S no final do nome e ae ficou Meivorts, eu já pensei em mudar este nome , mas depois de tantos anos como Meivorts, se tornou inviável.

Gui Trento: A banda surgiu em 2004, foi a união de amigos que andavam de skate e curtiam um som, aquela velha história, gostávamos das mesmas bandas e tínhamos o sonho juvenil de montar uma banda, adesivar uma van e conquistar o mundo, fazendo shows em todos os lugares possíveis, bueiros sujos e becos escuros! Entre idas e vindas completamos, em Janeiro de 2014, dez anos de Meivorts. A banda já chegou ter vários guitarristas, eu mesmo sai em um período, e outras pessoas passaram pelas guitarras também. Chegamos a  encerrar nossas atividades em 2010 (após a Tour “Hora de Mudar”). Mas a vontade de dar continuidade foi maior que qualquer problema interno, e voltamos a ativa bem rápido. Após esta volta, lançamos em 2012 dois singles, “Coragem” e “Desacordos”, ainda com o Alessandro na guitarra. E agora em 2014 lançamos nosso segundo EP, “Autocontrole”, via Motim Records.

CV: Quais as influências de vocês?
GT: Temos influências variadas, mas basicamente gostamos de ouvir rock e todas as suas vertentes: do metal ao punk-hardcore. Gostamos de Metallica, Slayer, Pantera, mas também gostamos de Minor Threat, Descendents, Black Flag, Bad Brains, Stiff Little Fingers, Pennywise, Offspring, Bad Religion e Rancid, e também bandas novas como Belvedere, Rise Against, Satanic Surfers, Pulley, Millencolin, etc, no geral bandas de hardcore melódico ou punkrock da Califórnia anos 90… gosto bastante do Reffer também! E claro, as bandas da região sempre nos inspiram, seja musicalmente, ou mesmo acompanhando a dura batalha de ser independente no interior: Muzzarelas, Labataria, FISTT, etc.
C: Dead Fish, Dilema, Mutação, Fast Falling, Tolerancia 0, Cólera, Porcos Cegos,  August Burns Red, All That Remains.

Divulgação

CV: Falem sobre o novo trabalho. Como foi o sistema de gravação, composição e como avaliam o resultado final?
GT: O EP “Autocontrole” é o resultado do nosso trabalho nos últimos 2 anos. As músicas foram compostas entre 2012/2013, e finalizadas no começo deste ano. Gravamos o disco no Chapola Estúdio, em Jundiaí. Já tínhamos gravado duas outras músicas com o Alexandre Chapola, que é um produtor foda que conhece a banda e sabe o tipo de som que nos agrada, então foi bem bacana trabalhar novamente com ele.
A composição geralmente parte de uma letra do Vih e do Carlos, então tentamos fazer jam sessions nos ensaios, juntando acordes e riffs que achamos legais e tocamos no intervalo de uma música e outra. Então montamos a base da música e tocamos ela um milhão de vezes até encaixar tudo em seu lugar, depois vamos adicionando camadas de riffs e guitarras oitavadas até chegar em um resultado que agrade a todos na banda.
O resultado final é que a evolução é nítida, em relação ao nosso primeiro EP “Hora de Mudar” (lançado em 2010). Antes era mais cru, mais simples e mais direto, tanto o som quanto as letras. Agora, com a entrada de mais um guitarrista, e com as influências de Metal que o Diego trouxe pra banda, certamente as músicas ficaram mais trabalhadas, com várias passagens e viradas, riffs e solos que certamente agradam o público do metal.
Até o momento recebemos vários elogios, tanto sobre a evolução e a qualidade das músicas, quanto à qualidade da gravação. Podemos ser uma banda independente, mas precisamos ter um trabalho de qualidade para divulgar, certo?

CV: Agora que o disco foi lançado, como será o trabalho para divulgação?
GT: O disco foi lançado e está sendo distribuído via Motim Records, que é um selo independente que criamos este ano para auxiliar os artistas e bandas independentes da cidade e também da região. Existe um cronograma de divulgação online, já lançamos via iTunes [é o independente invadindo o mainstream!) e Bandcamp, que é uma excelente plataforma para artistas independentes conseguirem monetizar seu trabalho, tanto para música quanto para o merchandising (camisetas, bonés, etc].
Será distribuído também o disco físico, já estamos enviando para várias pessoas, bandas, blogs e sites conhecidos no ramo musical, selos, zines, gravadoras, etc. Além da venda nos shows da banda. Em breve confirmaremos a Tour Autocontrole 2014, com shows passando por várias cidades, com destaque para Rio de Janeiro, Santos e Curitiba.

Renata Nascimento

CV: Vocês lançaram o disco em formato digital e também em CD. Qual tem tido mais procura?
GT: Tivemos um bom número de plays na primeira semana de lançamento do disco no Bandcamp, mas a procura por CDs também é grande. Muitas pessoas mandaram mensagens pedindo para reservar o CD, com medo que acabasse.  Acho que esse revival por discos de vinil fez com que as pessoas tivessem mais carinho e dedicassem mais tempo a um encarte, a entender o conceito todo do disco, não somente escutar, mas ler a letra e cantar junto, e o CD promove esse fenômeno também.

CV: Sobre nossa região, como vocês analisam a atual cena e locais para tocar?
GT: Não acredito que exista uma cena. Acho que existe sim, principalmente em Campinas, muitas bandas e muitos organizadores comprometidos com a organização de shows. Existe um movimento, um cenário independente alternativo (tanto de artistas plásticos como bandas independentes) que agita culturamente a cidade e mantém a chama acesa. Um bom exemplo é o Hector Vega (Zazá), responsável pelo Café in Sônia, que organiza shows e exposições com frequência. O Quintal do Gordo, que é um excelente local para tocar e encontrar amigos (arrisco dizer: o melhor pico de Campinas e Região). Tem o Daniel ET (Chop Suey/Muzzarelas) e o pessoal da Disorder, que sempre apoia os eventos na cidade, mas saindo de Campinas, a coisa piora. Sabemos que o Léo Dias (Fast Falling) tá fazendo um trabalho bacana lá em Indaiatuba, e o Filipe Furlan (Inesperado) tá agitando as coisas em Jundiaí, e claro, tem vários zines e impressos de qualidade que apoiam esse movimento independente, e o Canibal Vegetariano certamente é um deles. Fora isso, sabemos da existência de alguns coletivos e grupos independentes, mas parece que são grupos e eventos isolados, nada muito homogêneo.
O problema é que as bandas ficam esperando as coisas caírem do céu, chegar o produtor milionário que vai levá-los para a Warped Tour. Isso não vai acontecer. A galera precisa se movimentar, criar eventos, fazer shows nas esquinas, se apropriar dos espaços públicos, não depender tanto do outro, mas apenas de si mesmo. Precisamos de mais pessoas como o Zazá, o Leo e o Filipe, sim, mas precisamos que as bandas se movimentem e não fiquem esperando cair do céu, mas sim fazer as coisas acontecerem.

CV: Como é a cena em Valinhos?
GT: Não existe cena. O que existe são células isoladas organizando eventos isolados. Não existe integração [ainda]. Quem faz um trabalho bacana em Valinhos é o Douglas Araújo, organizador do festival Ponta Urbana, todo ano ele faz o festival e tenta, de alguma maneira, juntar as bandas de Valinhos e região. Existia no passado um movimento bacana em Vinhedo, então as bandas e o público de Valinhos ia todo para lá. O que falta em Valinhos são lugares para tocar [casas de show, bares, etc, como o Orca's e o também falecido Altas Horas Rock Bar, em Vinhedo]. Agora em julho teremos o primeiro Valinhos Rock Festival, organizado pelo Jocimar Camargo, que nada mais é do que uma sequência do árduo trabalho do Douglas, que conseguiu abrir as portas da Prefeitura de Valinhos e da Secretaria de Cultura para o rock independente da cidade. Mas ainda estamos longe de ter uma "cena" homogênea, com artistas e bandas interagindo de uma maneira honesta e verdadeira.
Seguindo o espírito do faça você mesmo, sempre que possível, conseguimos organizar eventos em botecos pequenos e até mesmo em lava-rápido, qualquer lugar que esteja disponível para para vender cerveja e juntar uma galera afim de curtir o bom e velho rock 'n roll.

Link para ouvir o EP Autocontrole: http://motimrecords.bandcamp.com/album/autocontrole

Impressões de 'Autocontrole'

Divulgação
No início desta semana a trupe do Canibal Vegetariano recebeu um pacote com três discos da Meivorts, o novo EP Autocontrole. Ao colocar no toca CD, de cara o ouvinte percebe que a qualidade de gravação não deve em nada para qualquer banda que atualmente "sofre" em alguma gravadora.
As músicas do EP soam hardcore melódico, com muita influências de bandas estadunidenses da década de 90, do século passado. As letras retratam o dia a dia de pessoas que trabalham, estudam, argumentam e têm dúvidas. Outro ponto positivo para gravação é que o ouvinte consegue todos os instrumentos, isso ajuda para sacar e pegada dos caras.
Também precisamos destacar o ótimo trabalho artístico para apresentação do trabalho. Capa simples, mas com uma arte muito bem sacada e que dá uma ideia do que as letras apresentam. Os caras também capricharam na parte interna que vem com encarte com letras e todas as informações sobre a banda. E os caras que colecionam ou utilizam adesivos são brindados com o logo tipo da Meivorts. Trabalho muito bem feito que merece ser apreciado pelos fãs de rock.

domingo, 6 de julho de 2014

'Devemos deixar de ser paga-pau de gringo'

Arquivo Pessoal
A frase acima foi dita por um dos nomes mais importantes da cena metal da região de Jundiaí, Rafael “Barba” Morassutti, falou ao blog/zine Canibal Vegetariano. Em um longo bate papo, ele falou sobre seus novos projetos e também comentou sobre o fim de uma das bandas mais legais da cena trash, a Stupid Vision. A conversa, na íntegra, você acompanha a partir de agora.

Canibal Vegetariano: Rafael, atualmente você toca em quatro bandas, entre elas e Hmennon. Fale um pouco de cada. Em todas você é baixista?
Rafael Barba: Sim, 3 são autorais e uma cover. Sou baixista em todas, mas em uma também faço o vocal principal.

HMENNON
Na estrada desde 2006, a banda faz um som pesado com letras cantadas em português, uma mistura de Raimundos com Charlie Brown Jr., tem uma proposta bem diferente das bandas nacionais que estão na cena hoje. Lançamos o EP “Na Hora H” em 2011, com 3 faixas, um clip em 2012 e em 2013 lançamos o single “Conflito”, com um “lyric video” também. E para 2014 pretendemos gravar um full album.
DHARMA 101
Banda formada em 2009. Uma pegada mais hard rock internacional. Entrei na banda em 2013, substituindo Felipe Andreoli, que gravou os baixos das 12 faixas do CD lançado em 2013 intitulado “Beautiful Kharma”. Na verdade fui chamado para fazer um “free lance”, mas estou no line up da banda até então.
GODZORDER
Thrash metal, formada em 2013. Um estilo de som mais agressivo, pesado e cadenciado. Nessa banda faço baixo e vocal principal. Tem apenas um single lançado até o momento, está “engatinhando” ainda, mas tem feito vários shows e já tem material suficiente para um full album. Talvez grave um EP em 2014.
ED FORCE ONE
Cover de Iron Maiden Formada em 2009 com a intenção de fazer apenas um show tributo a banda em um evento em Jundiaí. Mas devido a tamanha repercussão positiva por parte do público, decidiu-se manter o projeto. Hoje a banda conta com mais de 40 músicas em seu repertório e continua se apresentando pela região.

 CV: E a linha musical dessas bandas, é a mesma, ou alguma difere da outra? Como você controla sua agenda?
RB: Bom, como você pode ver, todas são bandas de Rock, porém são 4 estilos bem distintos, cada um com sua própria “pegada”, timbre e característica. Eu praticamente encarno um baixista pra cada uma, tipo... o Rafael que você ve tocando no Ed Force One não é o mesmo tocando no Hmennon ou no Dharma 101 ou no Godzorder, saca...
E quanto à agenda, primeiramente nunca marco nada que eu não tenha certeza que vou conseguir cumprir e desse modo até agora não tive problemas. Já cheguei a tocar com duas bandas no mesmo dia em cidades diferentes e já houve caso de as 4 bandas tocarem num mesmo mês, no mesmo dia, no mesmo evento, no mesmo palco. Daí tem que saber administrar bem a coisa toda pois são muitos ensaios, reuniões com todo mundo, correria. Mas consegui dar conta dos compromissos.

CV: E as gravações? Você já gravou com todas essas bandas? 
RB: Gravações oficiais em estúdio, com produtor somente com o Hmennon. Com o Godzorder houve a gravação do single, mas a própria banda produziu junto com o dono do estúdio.

CV: Qual foi sua maior influência para ser baixista e há quanto tempo está na estrada?
RB: Minhas maiores influências foram (e ainda são) James Hetfield e Max Cavalera.
Isso é curioso porque sou baixista e tenho influências de guitarristas/vocalistas, embora não sirva pra tocar guitarra. O único baixista que eu considero ter me influenciado foi Rex Brown, do Pantera. Comecei a tocar em 1992, já em uma banda. Aprendi a tocar sozinho. Nunca fiz aulas com professores.

CV: Falando em influência, quais suas bandas favoritas?
RB: Metallica, Sepultura (fase com o Max), Pantera, D.R.I., Ramones, Slayer, Anthrax, Testament, Machine Head, Fight (um projeto já extinto do Rob Halford), Macabre, Alice in Chains, Raimundos (fase com o Rodolfo), Megadeth, Nirvana, Iron Maiden, Brujeria...  Minha identidade musical se deve a essas influências.

Arquivo Pessoal 

CV: Vamos falar um pouco sobre a Stupid Vision. Como ela começou e qual motivo para o fim. Existe possibilidade de retorno?
RB: Cara, essa é uma looooooonga história. Acho que ainda vou escrever um livro sobre isso (risos). O que posso dizer é que foi minha primeira banda, começou em 1992 tocando só cover de bandas de rock e metal, e chegou a acabar em 1995. No ano seguinte fui convidado a entrar em uma banda que ainda não tinha nome, mas tinha o mesmo propósito musical, e assim sendo sugeri restaurar o nome Stupid Vision para continuar com o projeto. Tocamos algumas vezes, inclusive em Itatiba. Em 1997, após a saída do então vocalista, acabei por assumir a voz principal e começamos a compor e nesse mesmo ano aconteceu o primeiro show com essa formação, que, com exceção do segundo guitarrista que mudou umas quatro vezes, se manteve até 2008, quando o primeiro guitarrista deixou a banda uma semana antes de um show que iria rolar num evento na região. O novo segundo guitarrista havia entrado há pouco tempo, o baterista vinha se mostrando desanimado, não dava tempo de achar um substituto para tocar no show e não tínhamos ensaiado. Então, com receio de manchar a imagem da banda, achei melhor cancelar a apresentação. Depois disso a banda simplesmente se dissolveu e sumiu da cena.
Quanto à retornar, nunca descartei essa possibilidade pois, para mim, fiquei “devendo” aquele show que cancelei. E também porque todos que conheceram a banda me perguntavam se não ia voltar, e diziam que era foda, puta som legal... E isso entrava na minha mente e me tirava o sono!
Então, depois de 5 anos, decidi que era hora de retomar o projeto. Convoquei novos integrantes, que inclusive já conheciam e gostavam da banda. Começamos a ensaiar e o negócio fluiu como se nunca tivesse parado. Foi então que em junho de 2013 o Stupid Vision subiu ao palco pela primeira vez depois de 5 anos de silêncio, e eu senti que consegui sanar minha “dívida”. Porém, este foi definitivamente o último show do Stupid Vision.
Novos tempos, novas ideias, novos integrantes, nova imagem. Isso pedia por uma nova identidade. Aquele espírito e aquela energia intensa permanece, hoje renovados numa nova banda que se chama GODZORDER.

Arquivo Pessoal

CV: O cenário musical independente passa por momento muito bom. E o metal independente, como tem rolado no Brasil?
RB: Não sei dizer se posso responder a nível de Brasil, mas vejo bandas independentes alçando voos bem altos totalmente por conta própria, se livrando de intermediários e apostando em parcerias diretas para atingir seus objetivos. As bandas estão se preocupando cada vez mais em apresentar um trabalho de boa qualidade e isso vem fortalecendo o underground, atraindo mais fãs e mídia.

CV: Você vê alguma mudança positiva do cenário musical de quando você começou para hoje?
RB: Tudo evoluiu de certa forma, desde a qualidade das bandas aos equipamentos de som, estúdios... E essa interatividade da banda com o público, esse contato mais direto através da internet tornou a coisa mais dinâmica e frenética. Já não se precisa esperar tanto tempo para ver o resultado do seu trabalho perante a mídia. Porém, hoje tudo começa muito rápido e dura muito pouco. Difícil ver bandas evoluindo dentro da sua própria proposta musical.
Arquivo Pessoal

CV: Como é a cena em Jundiaí e na região?
RB: Não considero que no Brasil exista uma cena metal underground, acho que ainda falta muito para isso se solidificar por aqui. Estive nos Estados Unidos em 2012 em turnê com uma banda e vi que lá a coisa é bem diferente. A galera faz funcionar e acontecer e todos participam, respeitam e valorizam. E lá não existe banda cover! Por aqui posso dizer que já foi melhor até os idos de 2004, 2005. Depois disso a cena, tipo, se “prostituiu”, se perdeu na onda das bandas cover, virou balada e o rock virou moda. Todo mundo toca ou quer tocar e ninguém mais quer ser plateia. Só há o mais do mesmo, o cover do cover. Perdeu-se o interesse pela criação por parte de quem toca, pois perdeu-se o interesse do público em conhecer algo novo. E isso já está saturado, andando em círculos e logo vai se enterrar no próprio buraco que já cavou.
Mas parece que isso ta mudando, ou pelo menos está dando indícios que vai melhorar. A coisa está querendo se reciclar e vejo isso em outros lugares também, com bandas já extintas retomando o trabalho, lançando material novo mostrando que ta na hora de acabar com essa” baguncena”. Como se estivessem voltando para mostrar que essa galerinha da nova geração não soube representar o underground e só poluiu o ambiente com entulho musical. Isso está impulsionando a coisa toda para cima. Espero e quero que continue assim.

CV: Agradeço pelo papo e deixo espaço para suas considerações finais.
RB: Quero agradecer pela oportunidade de me expressar, é um grande prazer pra mim, e dizer também que acredito que no Brasil é possível SIM ter uma cena metal underground sólida e respeitável, mas para isso acontecer é preciso acabar com o individualismo, com a hipocrisia, com a molecagem e aprender a valorizar o bom trabalho dos artistas nacionais, e isso vale pra todo tipo de manifestação artística.
Devemos deixar de ser “paga-pau” de gringo e nos dar ao respeito de valorizar nossos próprios talentos, quando dignos de mérito. É assim que a coisa começa a acontecer de verdade... Um grade abraço à todos!