domingo, 13 de julho de 2014

Meivorts: do sonho juvenil à realidade

Motim Records
A banda valinhense Meivorts está na estrada há 10 anos e para completar uma década, os amigos Vih (vocalista), GC (baixo), Diego Kirk e Gui Trento (guitarras) e Carlos (batera) lançaram o EP Autocontrole. Para saber mais sobre esta novidade, conversamos com Gui Trento e Carlos para que falassem sobre o tempo de estrada, o novo trabalho e a cena da região. Abaixo, você confere o papo na íntegra.

Canibal Vegetariano: De onde vem a inspiração para o nome da banda? Há quanto tempo estão juntos e houve alguma mudança na formação?
Carlos: O nome da banda surgiu através de um amigo do Vih, o Turíbio, que conhecia um Sr. eletricista que tinha o apelido de “meiovort”.  Achamos engraçado, acrescentamos um S no final do nome e ae ficou Meivorts, eu já pensei em mudar este nome , mas depois de tantos anos como Meivorts, se tornou inviável.

Gui Trento: A banda surgiu em 2004, foi a união de amigos que andavam de skate e curtiam um som, aquela velha história, gostávamos das mesmas bandas e tínhamos o sonho juvenil de montar uma banda, adesivar uma van e conquistar o mundo, fazendo shows em todos os lugares possíveis, bueiros sujos e becos escuros! Entre idas e vindas completamos, em Janeiro de 2014, dez anos de Meivorts. A banda já chegou ter vários guitarristas, eu mesmo sai em um período, e outras pessoas passaram pelas guitarras também. Chegamos a  encerrar nossas atividades em 2010 (após a Tour “Hora de Mudar”). Mas a vontade de dar continuidade foi maior que qualquer problema interno, e voltamos a ativa bem rápido. Após esta volta, lançamos em 2012 dois singles, “Coragem” e “Desacordos”, ainda com o Alessandro na guitarra. E agora em 2014 lançamos nosso segundo EP, “Autocontrole”, via Motim Records.

CV: Quais as influências de vocês?
GT: Temos influências variadas, mas basicamente gostamos de ouvir rock e todas as suas vertentes: do metal ao punk-hardcore. Gostamos de Metallica, Slayer, Pantera, mas também gostamos de Minor Threat, Descendents, Black Flag, Bad Brains, Stiff Little Fingers, Pennywise, Offspring, Bad Religion e Rancid, e também bandas novas como Belvedere, Rise Against, Satanic Surfers, Pulley, Millencolin, etc, no geral bandas de hardcore melódico ou punkrock da Califórnia anos 90… gosto bastante do Reffer também! E claro, as bandas da região sempre nos inspiram, seja musicalmente, ou mesmo acompanhando a dura batalha de ser independente no interior: Muzzarelas, Labataria, FISTT, etc.
C: Dead Fish, Dilema, Mutação, Fast Falling, Tolerancia 0, Cólera, Porcos Cegos,  August Burns Red, All That Remains.

Divulgação

CV: Falem sobre o novo trabalho. Como foi o sistema de gravação, composição e como avaliam o resultado final?
GT: O EP “Autocontrole” é o resultado do nosso trabalho nos últimos 2 anos. As músicas foram compostas entre 2012/2013, e finalizadas no começo deste ano. Gravamos o disco no Chapola Estúdio, em Jundiaí. Já tínhamos gravado duas outras músicas com o Alexandre Chapola, que é um produtor foda que conhece a banda e sabe o tipo de som que nos agrada, então foi bem bacana trabalhar novamente com ele.
A composição geralmente parte de uma letra do Vih e do Carlos, então tentamos fazer jam sessions nos ensaios, juntando acordes e riffs que achamos legais e tocamos no intervalo de uma música e outra. Então montamos a base da música e tocamos ela um milhão de vezes até encaixar tudo em seu lugar, depois vamos adicionando camadas de riffs e guitarras oitavadas até chegar em um resultado que agrade a todos na banda.
O resultado final é que a evolução é nítida, em relação ao nosso primeiro EP “Hora de Mudar” (lançado em 2010). Antes era mais cru, mais simples e mais direto, tanto o som quanto as letras. Agora, com a entrada de mais um guitarrista, e com as influências de Metal que o Diego trouxe pra banda, certamente as músicas ficaram mais trabalhadas, com várias passagens e viradas, riffs e solos que certamente agradam o público do metal.
Até o momento recebemos vários elogios, tanto sobre a evolução e a qualidade das músicas, quanto à qualidade da gravação. Podemos ser uma banda independente, mas precisamos ter um trabalho de qualidade para divulgar, certo?

CV: Agora que o disco foi lançado, como será o trabalho para divulgação?
GT: O disco foi lançado e está sendo distribuído via Motim Records, que é um selo independente que criamos este ano para auxiliar os artistas e bandas independentes da cidade e também da região. Existe um cronograma de divulgação online, já lançamos via iTunes [é o independente invadindo o mainstream!) e Bandcamp, que é uma excelente plataforma para artistas independentes conseguirem monetizar seu trabalho, tanto para música quanto para o merchandising (camisetas, bonés, etc].
Será distribuído também o disco físico, já estamos enviando para várias pessoas, bandas, blogs e sites conhecidos no ramo musical, selos, zines, gravadoras, etc. Além da venda nos shows da banda. Em breve confirmaremos a Tour Autocontrole 2014, com shows passando por várias cidades, com destaque para Rio de Janeiro, Santos e Curitiba.

Renata Nascimento

CV: Vocês lançaram o disco em formato digital e também em CD. Qual tem tido mais procura?
GT: Tivemos um bom número de plays na primeira semana de lançamento do disco no Bandcamp, mas a procura por CDs também é grande. Muitas pessoas mandaram mensagens pedindo para reservar o CD, com medo que acabasse.  Acho que esse revival por discos de vinil fez com que as pessoas tivessem mais carinho e dedicassem mais tempo a um encarte, a entender o conceito todo do disco, não somente escutar, mas ler a letra e cantar junto, e o CD promove esse fenômeno também.

CV: Sobre nossa região, como vocês analisam a atual cena e locais para tocar?
GT: Não acredito que exista uma cena. Acho que existe sim, principalmente em Campinas, muitas bandas e muitos organizadores comprometidos com a organização de shows. Existe um movimento, um cenário independente alternativo (tanto de artistas plásticos como bandas independentes) que agita culturamente a cidade e mantém a chama acesa. Um bom exemplo é o Hector Vega (Zazá), responsável pelo Café in Sônia, que organiza shows e exposições com frequência. O Quintal do Gordo, que é um excelente local para tocar e encontrar amigos (arrisco dizer: o melhor pico de Campinas e Região). Tem o Daniel ET (Chop Suey/Muzzarelas) e o pessoal da Disorder, que sempre apoia os eventos na cidade, mas saindo de Campinas, a coisa piora. Sabemos que o Léo Dias (Fast Falling) tá fazendo um trabalho bacana lá em Indaiatuba, e o Filipe Furlan (Inesperado) tá agitando as coisas em Jundiaí, e claro, tem vários zines e impressos de qualidade que apoiam esse movimento independente, e o Canibal Vegetariano certamente é um deles. Fora isso, sabemos da existência de alguns coletivos e grupos independentes, mas parece que são grupos e eventos isolados, nada muito homogêneo.
O problema é que as bandas ficam esperando as coisas caírem do céu, chegar o produtor milionário que vai levá-los para a Warped Tour. Isso não vai acontecer. A galera precisa se movimentar, criar eventos, fazer shows nas esquinas, se apropriar dos espaços públicos, não depender tanto do outro, mas apenas de si mesmo. Precisamos de mais pessoas como o Zazá, o Leo e o Filipe, sim, mas precisamos que as bandas se movimentem e não fiquem esperando cair do céu, mas sim fazer as coisas acontecerem.

CV: Como é a cena em Valinhos?
GT: Não existe cena. O que existe são células isoladas organizando eventos isolados. Não existe integração [ainda]. Quem faz um trabalho bacana em Valinhos é o Douglas Araújo, organizador do festival Ponta Urbana, todo ano ele faz o festival e tenta, de alguma maneira, juntar as bandas de Valinhos e região. Existia no passado um movimento bacana em Vinhedo, então as bandas e o público de Valinhos ia todo para lá. O que falta em Valinhos são lugares para tocar [casas de show, bares, etc, como o Orca's e o também falecido Altas Horas Rock Bar, em Vinhedo]. Agora em julho teremos o primeiro Valinhos Rock Festival, organizado pelo Jocimar Camargo, que nada mais é do que uma sequência do árduo trabalho do Douglas, que conseguiu abrir as portas da Prefeitura de Valinhos e da Secretaria de Cultura para o rock independente da cidade. Mas ainda estamos longe de ter uma "cena" homogênea, com artistas e bandas interagindo de uma maneira honesta e verdadeira.
Seguindo o espírito do faça você mesmo, sempre que possível, conseguimos organizar eventos em botecos pequenos e até mesmo em lava-rápido, qualquer lugar que esteja disponível para para vender cerveja e juntar uma galera afim de curtir o bom e velho rock 'n roll.

Link para ouvir o EP Autocontrole: http://motimrecords.bandcamp.com/album/autocontrole

Impressões de 'Autocontrole'

Divulgação
No início desta semana a trupe do Canibal Vegetariano recebeu um pacote com três discos da Meivorts, o novo EP Autocontrole. Ao colocar no toca CD, de cara o ouvinte percebe que a qualidade de gravação não deve em nada para qualquer banda que atualmente "sofre" em alguma gravadora.
As músicas do EP soam hardcore melódico, com muita influências de bandas estadunidenses da década de 90, do século passado. As letras retratam o dia a dia de pessoas que trabalham, estudam, argumentam e têm dúvidas. Outro ponto positivo para gravação é que o ouvinte consegue todos os instrumentos, isso ajuda para sacar e pegada dos caras.
Também precisamos destacar o ótimo trabalho artístico para apresentação do trabalho. Capa simples, mas com uma arte muito bem sacada e que dá uma ideia do que as letras apresentam. Os caras também capricharam na parte interna que vem com encarte com letras e todas as informações sobre a banda. E os caras que colecionam ou utilizam adesivos são brindados com o logo tipo da Meivorts. Trabalho muito bem feito que merece ser apreciado pelos fãs de rock.

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