O Brasil, assim como outros países, vive um momento que
podemos chamar de crise. Com o descontentamento imediato da população, algumas pessoas
pensam que a solução de todas nossas mazelas está em pedir a cabeça de alguém e
rapidamente a presidente Dilma Rousseff foi eleita para ter seu cargo na alça
de mira. A palavra mais ouvida nos últimos dias é que a presidente tem que
passar pelo impeachment.
Dilma talvez não seja a presidente dos sonhos de muitos
brasileiros, a eleição do ano passado deixou isso muito claro, mas o que será
que motiva muitas pessoas a pedirem sua saída após dois meses de seu segundo
mandato? Quais as reais intenções para ver a presidente fora? Claro que o
governo erra, não há pessoa que não cometa erros, mas será que os erros dela
são maiores do que outros que passaram pelo cargo? Isso também não justifica,
sabemos que é tão criminoso aquele que rouba um milhão quanto aquele que rouba
um real, mas porque diferenciamos tanto a maneira como lidamos com isso?
Outro ponto que é preciso destacar é que atualmente não
vivemos em um regime ditatorial e sim democrático. Dilma não governa sozinha,
temos ministros, existe o Senado, a Câmara dos Deputados, temos governadores,
prefeitos e vereadores. E o atual momento de crise que vivemos, com tantos para
mandar, a culpa é somente da presidente? Será que a população ao tirá-la de seu
cargo, todos nossos problemas serão resolvidos da noite para o dia? E qual
parcela de culpa de cada cidadão nesta atual crise que vivenciamos?
Apontar para alguém e afirmar que ela está errada é uma
atitude simplista e fácil demais, mas será que enxergamos a situação por todos
os ângulos possíveis para tentarmos realmente detectar o que ocorre? Quando temos
tantos problemas é preciso analisar a situação por seus vários pontos de vista
e também olharmos para o passado.
É inevitável as comparações com outros governantes e
períodos, é através da análise da história que podemos evitar erros cometidos
em outrora. Dilma inicia seu segundo mandato com muitos problemas e muitos
reclamam que ela enganou a população durante sua propaganda eleitoral. Mas quem
viveu em 1999 lembra-se que o início do segundo mandato de Fernando Henrique
Cardoso (FHC) também foi muito conturbado. A crise pela qual passamos àquela
época foi parecida com a atual ou até pior, mas ninguém falou em impeachment.
O argumento de que a corrupção nunca foi tão grande como o momento
atual também é infundado. Talvez nunca tenha sido tão divulgado os casos
ocorridos como neste período e também talvez nunca houve tanta apuração. Como
vamos acreditar que os governos militares não foram tão corruptos quanto o
atual se no auge da ditadura, jornais eram impressos com receita de bolo pois
nada podia ser publicado?
Dizer que existe somente um culpado pode ser um grande erro
que cometemos pois já paramos para pensar, caso a presidente deixe seu cargo,
em quem irá substitui-la? Muitos dizem em uma nova eleição, mas quem seriam os
candidatos? Será que não há pessoas interessadas em ‘golpismo’ por trás de tudo
isso? A quem interessaria um novo pleito eleitoral? O que teríamos de novo?
Como poderemos deixar o país nas mãos de um congresso tão
ruim quanto o atual? E por que não se discute as situações dos estados? A atual
situação do Estado de São Paulo, considerado o mais desenvolvido da nação,
também é muito ruim. Estamos a poucos meses de um colapso no abastecimento de
água, denúncias de corrupção também são realizadas e escândalos tão ignóbeis
quanto os casos da Petrobras e do BNDES. Por que ninguém mais comentou sobre o
desvio na construção do metrô? E os envolvidos no caso Alstom? Havia até
secretário do governador sendo investigado. E a situação do povo do Paraná, a
greve dos professores, os cortes em benefícios aos trabalhadores e nos
investimentos nas instituições públicas de ensino?
Será que somente a Dilma é culpada por tudo isso? Será que
este momento de crise não servirá para o povo ir às ruas para cobrar melhorias
e dar apoio a todas as investigações em casos de corrupção? Por que não cobrar
a própria mídia, todos têm um lado, mas a maioria teme em assumir posição, ao
invés de simplesmente pedir a cabeça de alguém? Por que não acompanharmos mais
próximos os trabalhos dos deputados e senadores? Por que não sermos mais ativos
em participações populares?
Em nossa vã filosofia, esquecemos que quando apontamos um
dedo para alguém, há quatro apontados para nós. O atual governo errou, erra e
ainda errará mais vezes, mas todos nós erramos. E que nosso erro que está
prestes a vir não nos tire de nosso caminho e vale lembrar: se queremos
mudanças e reformas, é preciso bagunçar tudo antes. O Brasil vive um momento em
que podemos passá-lo a limpo. Chega de sermos “massa de manobra” vamos pensar
por nós mesmos. Nenhuma construção inicia-se pelo telhado e sim por uma base
sólida. Só teremos um país melhor quando nossas cidades forem melhores. E para
que isso ocorra, cada um precisa fazer sua parte, chega de deixar as decisões
somente nas mãos de políticos, pois há muitos “politiqueiros” que estão apenas preocupados
com seu próprio benefício. Não há nada tão ruim hoje que não possa piorar, nem toda
evolução é positiva, pense nisso.
Um comentário:
Realmente o Brasileiro, vive um período, onde faz transbordar de seu intimo, toda e qualquer indignação, revolta, diante fatos, que vem acontecendo a anos. A verdade é uma só. A paciência esta se esgotando. Não há o retorno devido dos impostos pagos, seja em transporte, educação, saneamento básico, segurança, etc...Isso porque não temos opção escolha em não pagá-los!!!
O impeachment da Presidente Dilma, é só um estopim, como em resposta da impunidade, corrupção política e a morosidade para resolver todas as questões publicas. Irá resolver os problemas?? NÃO!!!
Onde é aplicada a Democracia? Somente nas eleições???
O Povo Brasileiro, precisa ACORDAR para, cobrar, exigir e fazer valer o seu voto (que é único) naqueles que elegemos.
Precisamos sim, de Reforma Política, Fiscal, Educacional, etc... mas qual é o grau de credibilidade dos eleitos para isto??? Isso porque fomos nós que o colocamos lá!!!
Sair nas ruas em protesto consciente e pacifico como forma de exigir mudanças no sistema, é uma maneira inteligente de fazer valer o valor do cidadão Brasileiro.
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