terça-feira, 14 de abril de 2015

Mozine fala sobre novo disco da Mukeka di Rato

Fotos: Canibal Vegetariano
Fábio Mozine, baixista da banda capixaba Mukeka di Rato e dono da querida Laja Records, atendeu pedido do fanzine/blog Canibal Vegetariano e respondeu algumas perguntas sobre o novo trabalho de sua banda, "Hitler's dog Stalin rats". Ao final do papo você pode conferir resenha do novo álbum do quarteto.

Canibal Vegetariano: Moz, nos explique como surgiu este tema para o novo álbum de vocês. Por que “Hitler’s dog Stalin rats”?
Fábio Mozine: Desde sempre, desde 1995, o crust foi um estilo muito presente na vida dos integrantes do Mukeka di Rato, tanto que o nome da gravadora é Laja, com trema, etc.  Sempre fizemos mais músicas nessa pegada em todos os nossos discos, mas sempre com as outras influências do Mukeka presentes, algumas mais distante como tipo “uns Nirvana”, que a gente escutava. Também escutava bandas como Operation Ivy, por isso tentava fazer uns skazinhos, etc. Quando decidimos fazer um disco focando mais no grind, no crust, eu andava lendo muito sobre segunda guerra mundial, tava cheio de livros, aí emprestei alguns para o Sandro (vocalista), incluindo um que faz um breve resumo da segunda guerra e um que fala especificamente sobre a polícia secreta de Hitler e também um sobre Stalin.  Depois daí apareceu a letra do Sandro, e atualmente, nessa guerrinha nojenta de classes que temos vivido em nosso país, acho que coube com uma luva.

CV: Das 8 faixas, a maioria é em inglês. Algum motivo especial?
FM: Nenhum motivo. Não queremos vender mais lá fora, inclusive penso que gravadoras lá de fora até preferem as bandas que cantam em português, não vamos fazer tour lá fora, porque não temos tempo nem tanta disposição... ou seja, foi apenas por vontade própria mesmo, para testar, tentar, ver como ia soar, etc. 

CV: Como rolou o processo de gravação desse disco? Em comparação com os outros ele é mais “rápido” e “pesado”.
FM: Esse lance do rápido e do pesado não foi definido no processo de gravaçãoo e sim no processo de criação e concepção do disco.  Na gravação apenas colocamos em prática nossa ideia, que foi extremamente bem captada e aceita pelos irmãos Fernando e Daniel Ganjaman.  Tivemos que abrir mão de alguns avanços tecnológicos, alguns conceitos de gravação, de timbragem, usamos alguns microfones que não são usados, tudo isso pra chegar exatamente aonde a gente queria, inclusive, utilizando som de linha numa guitarra, e por aí vai...

CV: A versão que fizeram para “Guerra desumana” do Ratos de Porão ficou muito boa. Como rolou essa escolha? E a participação de João Gordo em “Full metal jacket”?
FM: O Gordo está em constante contato conosco, mas principalmente comigo pelo fato de trabalharmos muito com o RDP (Ratos de Porão) e Laja.  Então o contato com ele para fazer a “Full metal jacket” foi bem fácil.  Em relação ao cover caiu como uma luva também. Haviam sete músicas e eu achava pouco, então buscamos um cover, sempre foi vontade gravar Ratos e essa música também seria usada para tributo ao RDP volume 2, então juntou tudo.

CV: Como está sendo o trabalho de divulgação? Haverá turnês deste novo trabalho? Viagens ao exterior?
FM: Não fazemos mais viagens ao exterior com o Mukeka di Rato, acho muito improvável que haja novamente uma tour do Mukeka fora do Brasil.  Também não fazemos mais tours no país, o que vai acontecer são shows nas capitais, principalmente aos sábados.  Já temos convite para tocar em praticamente todos os locais e em breve vamos começar a marcar as datas.


CV: Quais os próximos projetos da Mukeka di Rato?
FM: No meio desse ano vamos gravar um split 7” com a banda Tropiezo, de Porto Rico.  Esse 7”  será lançado apenas nos EUA (Estados Unidos), mas óbvio, vai ter cópias por aqui para distro.  Já temos também parte da concepção do nosso novo disco que vai se chamar “40 carnavais em uma noite” mas não tenho nem ideia do que pode sair daí, nem quando. Alguns amigos que acompanham a banda há muito tempo gostaram muito desse disco novo, afirmam ser o melhor, porém, alguns fãs do Mukeka não gostaram muito, ou não entenderam, ou não conhecem essas referências ou simplesmente não gostaram mesmo do “Hitlers”.  Bom, tenho medo do que essas pessoas vão achar do 40 carnavais...



Impressões sobre ‘Hitler’s dog Stálin rats’
Läjä Records

Um Mukeka di Rato mais rápido e agressivo, assim pode ser definido o novo disco do quarteto capixaba, denominado “Hitler’s dog Stalin Rats”. Ao todo são oito faixas em pouco mais de 14 minutos.
A faixa de abertura do disco que dá nome ao álbum é uma “porrada na orelha”, como diz Gastão Moreira, a música é uma das mais lindas já compostas pela banda. Peso, fúria e agressividade na medida certa que ao vivo deve fazer com que a galera abra enormes rodas de pogo.
E assim segue o álbum, com guitarras distorcidas e com uma “sujeira” que não é comum ouvir em gravações atuais. Os vocais de Sandro seguem a linha mais “porradaria brutal” e apresenta uma fúria jamais imaginada. As letras, a maioria está em inglês mas há músicas em português espanhol e italiano. Outros pontos positivos são a participação de João Gordo, vocalista do Ratos, na faixa “Full metal jacket” e a versão do Mukeka para “Guerra desunama”, do RDP.
Sobre a gravação e o trabalho no estúdio basta dizer que tudo está muito nítido e um instrumento não encobre o outro como pode ocorrer. Gravação de primeira qualidade. A arte da capa é algo obscuro e tem tudo a ver com a proposta musical apresentada pela banda. Se você ainda não tem esse disco, corra para loja mais próxima de sua casa ou faça o pedido direto com a Läjä Rekords pelo e-mail: lajarex@uol.com.br 


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