Fotos: Canibal Vegetariano
CV: Quais os próximos projetos da Mukeka di Rato?
Fábio Mozine, baixista da banda capixaba Mukeka di Rato e dono da querida Laja Records, atendeu pedido do fanzine/blog Canibal Vegetariano e respondeu algumas perguntas sobre o novo trabalho de sua banda, "Hitler's dog Stalin rats". Ao final do papo você pode conferir resenha do novo álbum do quarteto.
Canibal Vegetariano: Moz, nos explique como surgiu este tema
para o novo álbum de vocês. Por que “Hitler’s dog Stalin rats”?
Fábio Mozine: Desde sempre, desde 1995, o crust foi um
estilo muito presente na vida dos integrantes do Mukeka di Rato, tanto que o
nome da gravadora é Laja, com trema, etc.
Sempre fizemos mais músicas nessa pegada em todos os nossos discos, mas
sempre com as outras influências do Mukeka presentes, algumas mais distante
como tipo “uns Nirvana”, que a gente escutava. Também escutava bandas como Operation
Ivy, por isso tentava fazer uns skazinhos, etc. Quando decidimos fazer um disco
focando mais no grind, no crust, eu andava lendo muito sobre segunda guerra
mundial, tava cheio de livros, aí emprestei alguns para o Sandro (vocalista),
incluindo um que faz um breve resumo da segunda guerra e um que fala
especificamente sobre a polícia secreta de Hitler e também um sobre Stalin. Depois daí apareceu a letra do Sandro, e
atualmente, nessa guerrinha nojenta de classes que temos vivido em nosso país,
acho que coube com uma luva.
CV: Das 8 faixas, a maioria é em inglês. Algum motivo
especial?
FM: Nenhum motivo. Não queremos vender mais lá fora, inclusive
penso que gravadoras lá de fora até preferem as bandas que cantam em português,
não vamos fazer tour lá fora, porque não temos tempo nem tanta disposição... ou
seja, foi apenas por vontade própria mesmo, para testar, tentar, ver como ia
soar, etc.
CV: Como rolou o processo de gravação desse disco? Em
comparação com os outros ele é mais “rápido” e “pesado”.
FM: Esse lance do rápido e do pesado não foi definido no
processo de gravaçãoo e sim no processo de criação e concepção do disco. Na gravação apenas colocamos em prática nossa
ideia, que foi extremamente bem captada e aceita pelos irmãos Fernando e Daniel
Ganjaman. Tivemos que abrir mão de
alguns avanços tecnológicos, alguns conceitos de gravação, de timbragem, usamos
alguns microfones que não são usados, tudo isso pra chegar exatamente aonde a
gente queria, inclusive, utilizando som de linha numa guitarra, e por aí vai...
CV: A versão que fizeram para “Guerra desumana” do Ratos de
Porão ficou muito boa. Como rolou essa escolha? E a participação de João Gordo
em “Full metal jacket”?
FM: O Gordo está em constante contato conosco, mas
principalmente comigo pelo fato de trabalharmos muito com o RDP (Ratos de
Porão) e Laja. Então o contato com ele para
fazer a “Full metal jacket” foi bem fácil.
Em relação ao cover caiu como uma luva também. Haviam sete músicas e eu
achava pouco, então buscamos um cover, sempre foi vontade gravar Ratos e essa
música também seria usada para tributo ao RDP volume 2, então juntou tudo.
CV: Como está sendo o trabalho de divulgação? Haverá turnês
deste novo trabalho? Viagens ao exterior?
FM: Não fazemos mais viagens ao exterior com o Mukeka di
Rato, acho muito improvável que haja novamente uma tour do Mukeka fora do Brasil. Também não fazemos mais tours no país, o que
vai acontecer são shows nas capitais, principalmente aos sábados. Já temos convite para tocar em praticamente
todos os locais e em breve vamos começar a marcar as datas.
CV: Quais os próximos projetos da Mukeka di Rato?
FM: No meio desse ano vamos gravar um split 7” com a banda
Tropiezo, de Porto Rico. Esse 7” será lançado apenas nos EUA (Estados Unidos),
mas óbvio, vai ter cópias por aqui para distro.
Já temos também parte da concepção do nosso novo disco que vai se chamar
“40 carnavais em uma noite” mas não tenho nem ideia do que pode sair daí, nem
quando. Alguns amigos que acompanham a banda há muito tempo gostaram muito
desse disco novo, afirmam ser o melhor, porém, alguns fãs do Mukeka não
gostaram muito, ou não entenderam, ou não conhecem essas referências ou
simplesmente não gostaram mesmo do “Hitlers”.
Bom, tenho medo do que essas pessoas vão achar do 40 carnavais...
Um Mukeka di Rato mais rápido e agressivo, assim pode ser
definido o novo disco do quarteto capixaba, denominado “Hitler’s dog Stalin
Rats”. Ao todo são oito faixas em pouco mais de 14 minutos.
A faixa de abertura do disco que dá nome ao álbum é uma “porrada
na orelha”, como diz Gastão Moreira, a música é uma das mais lindas já
compostas pela banda. Peso, fúria e agressividade na medida certa que ao vivo
deve fazer com que a galera abra enormes rodas de pogo.
E assim segue o álbum, com guitarras distorcidas e com uma “sujeira”
que não é comum ouvir em gravações atuais. Os vocais de Sandro seguem a linha
mais “porradaria brutal” e apresenta uma fúria jamais imaginada. As letras, a
maioria está em inglês mas há músicas em português espanhol e italiano. Outros
pontos positivos são a participação de João Gordo, vocalista do Ratos, na faixa
“Full metal jacket” e a versão do Mukeka para “Guerra desunama”, do RDP.
Sobre a gravação e o trabalho no estúdio basta dizer que
tudo está muito nítido e um instrumento não encobre o outro como pode ocorrer.
Gravação de primeira qualidade. A arte da capa é algo obscuro e tem tudo a ver
com a proposta musical apresentada pela banda. Se você ainda não tem esse
disco, corra para loja mais próxima de sua casa ou faça o pedido direto com a
Läjä Rekords pelo e-mail: lajarex@uol.com.br
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