quarta-feira, 22 de abril de 2015

O rock insano que vem dos pampas

Fotos: Canibal Vegetariano
 Depois de um hiato de dois anos, a banda gaúcha Motor City Madness lança seu segundo álbum, intitulado “Dead City Riot”. Lançado no início deste mês, a banda logo na primeira semana fez shows de divulgação do novo trabalho em shows pelo Estado de São Paulo. Acompanhamos apresentação da banda em Campinas e antes do show conversamos com o vocalista e guitarrista Sérgio Caldas que falou sobre o disco e outros assuntos referentes a banda.

Canibal Vegetariano: Fale sobre o lançamento do novo álbum?
Sérgio Caldas: Foi lançado em 6 de abril com 11 músicas. Depois de dois anos sem nenhum lançamento, trocamos de formação. Com isso resolvemos gravar o disco e “cair” na estrada, pois não há final de semana em Porto Alegre. Gravamos tudo em 12 horas e o disco está uma “pedrada”. É Motorhead na cabeça!

CV: Ao citar Motorhead, podemos dizer que é a principal influência?
SC: Cara, cada um curte um lance diferente na banda, um é metaleiro, outro curte stoner, eu curto muito punk rock, para caralho, trash velho... Mas temos algumas coisas de MC5, vocais podres, gritos, mas neste novo disco tem algo de Radio Birdman entre outras bandas. Ao todo o novo álbum dura 23 minutos com 11 músicas.

CV: O disco será lançado em CD?
SC: Depois do ensaio conversávamos sobre isso e fomos para minha casa onde rolam as promoções. Durante o papo, vimos que rolava promoção de passagem aérea e marcamos os shows no interior de são Paulo. Depois disso gravamos e mandamos ideia para o (Daniel) ETE fazer a capa e de repente lançamos em formato virtual e temos o físico também. Quando decidimos fazer o disco tínhamos nove músicas prontas. E o mais louco é que marcamos o lançamento antes de gravá-lo.

CV: Por que escolheram lançar o disco no interior do Estado de São Paulo?
SC: Cara, temos experiências anteriores e aqui tem uma parada legal e nos sentimos em casa. Tocamos em Sumaré e parecia que estávamos em casa. Em Sorocaba rolou em um bar com churrasco e agora o Quintal do Gordo (Campinas). O lance é tocar o máximo possível longe de casa pois sentimos que a galera tá meio carente desse “rock pau duro”, em que a banda chega vomita e vai embora, meia de show e já era. Essa é a parada e temos divulgação na internet e deixamos claro que se alguém colocar 50 pessoas, junta os amigos, eles pagam a viagem. Além de tocar, conseguimos divulgar o disco e mantemos a banda.

CV: Como está a cena no Rio Grande do Sul?
SC: Cara, tá uma bosta! Teve uma época bem boa de Porto Alegre, em que foi chamada “terra do rock”. Atualmente temos umas bandas legais como Bikini Hunters, Phanton Powers, Big Flamingos que fazem a gira direto conosco. Mas tem muito cover, essa punheta que deixa nego acomodado e se não for isso o cara pensa que não dá público. Tocamos direto, mas não tem tanta gente que faz o “corre” como antes. A cada cinco anos o público muda. Temos as mídias, temos que divulgar para a molecada, não para meus amigos bancários, administradores. Mesmo assim levamos as bandas, tentamos o Drákula, quem sabe eles irão.

CV: Agradecemos o papo e vida longa ao Motor City...
SC: Cara, agradeço mais uma vez o espaço no blog e no programa, sempre é bom voltar a Campinas, onde temos muitos amigos. Aproveito a oportunidade para dizer aos caras que continuem com o trampo... vai dar merda, vai gastar dinheiro, vai brigar com a mulher, a mãe vai xingar, mas se a parada for verdadeira dará certo. Tu não irás ficar milionário mas terá muita experiência de vida. Ouça as bandas que tocam no programa e comprem nosso novo disco.

Impressões sobre ‘Dead City Riot’

Em entrevista ao blog e ao programa A Hora do Canibal, Sérgio Caldas, vocalista e guitarrista da Motor City Madness definiu de maneira bem interessante o som que sua banda faz: “rock pau duro”. Se isso quiser dizer bateria sendo espancada, ótimos riffs de guitarra, baixo preciso e com “peso”, ele tem toda razão. Afinal, em pouco mais de 20 minutos os caras botam para quebrar em 11 faixas.
Dois anos depois do lançamento do primeiro álbum e com Fabian Steinert como novo guitarrista, os caras apresentam maturidade e fúria ao mesmo tempo. A maturidade pode ser explicada pois não há nada solto no novo disco, ele é o que chamávamos há alguns anos de “disco conceitual”. Se tu quiseres saber o que é, não vamos entregar o jogo, terás que ouvir cada faixa, cada riff, cada passagem de baixo e virada de bateria. Entre as faixas, difícil citar uma que seja destaque, não há, todas te deixam sem fôlego com dores no pescoço.
Sobre a parte técnica é dizer que tudo está em seu lugar, o álbum foi muito gravado e este disco passa sentimento, causa impressão que foi gravado ao vivo, qualidade para ninguém reclamar e não dever nada para qualquer banda ou gravação estrangeira. Outro ponto positivo é a arte. Outro ótimo trabalho do “mestre das caveiras” Daniel ETE, com andarilhos, mortos-vivos e todo belo caos que sua arte retrata. Por isso, não perca mais tempo e adquira já o seu antes que acabe! 

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