domingo, 27 de abril de 2014

O hardcore que aquece a alma

Canibal Vegetariano
  Após pouco mais de um mês que teve início o outono brasileiro 2014, pela primeira vez no Estado de São Paulo tivemos uma noite agradável desta estação. Com um clima para lá de convidativo para um rolê noturno, a equipe do Canibal Vegetariano deslocou-se até Campinas, mais especificamente para o Bar do Zé, onde rolaria a apresentação da banda paulistana Gritando HC, que há 20 anos está no mercado independente.
Com um pacote de zines impressos em baixo dos braços fomos alimentar e aquecer nossas almas com o bom hardcore produzido pela banda. Devido a um erro de comunicação, chegamos mais cedo do que o costumeiro e o que nos restou foi organizar uma disputa de bilhar. Enquanto o jogo rolava, aproveitamos para alimentar o esqueleto também, afinal, como dizia minha avó: "saco vazio não para em pé". O bom de ir a um bar como este, é que o rango tem trilha sonora com muito punk e hardcore que vibrava nas caixas de som.

Canibal Vegetariano

Devidamente alimentados, antes da apresentação, nós conversamos com a vocalista da banda, Lee, que muito gentilmente concedeu uma entrevista muito sincera sobre a banda e todo este tempo que estão na estrada, em breve o papo estará disponível aos leitores. Podemos adiantar que a conversa foi franca e durou um tempo considerável, afinal, a banda tem duas décadas de discos, shows e outros rolês.


Com a conversa em dia, Lee foi para o palco, pois estava na hora da banda mostrar o que é hardcore. Com muita competência e experiência, a banda fez a galera agitar e rapidamente as rodas de "pogo" foram abertas. No palco, os músicos apresentaram um entrosamento fantástico e as "cavalgadas" de baixo de Ritchie casou bem com a batera de Tony, que não economizou pancadas em seu kit.

Canibal Vegetariano

Em relação ao set list, a banda apresentou vários clássicos de duas décadas de carreira e o coro do público ecoou forte pela madrugada. Antes de apresentar as duas últimas músicas, Lee agradeceu a todos os presentes e também a galera do Canibal Vegetariano. E a noite foi encerrada com "Dinheiro sujo" e o classicaço "Velho punk". Com a alma devidamente aquecida, só nos restou voltar para casa pois o esqueleto sentiu um pouco o vento da madrugada.



  

domingo, 20 de abril de 2014

Rock 'garageiro' que vem dos Pampas

Arquivo pessoal
A banda Motor City Madness é uma daquelas que faz um som que não deixa o ouvinte respirar. Com riffs marcantes e rock’n’roll na medida certa, o quarteto gaúcho formado por Sergio Caldas (voz e guitarra), Rodrigo Fernandes (bateria), Cassio Konzen (guitarra) e Rene Mendes (baixo) é uma das boas revelações que vem de Porto Alegre. Para saber mais sobre o trabalho deles, conversamos com o guitarrista e vocalista Sergio Caldas.

Canibal Vegetariano: Quais as influências da banda? Há quanto tempo estão juntos? Houve mudança de formação?
Sergio Caldas:
Cada um curte muitas coisas diferentes, acho que isso dá uma 'vibe' legal na hora de juntar  tudo. É uma mistura de tudo, Motörhead, Zeke, Suécia, Tarantino, cerveja, Misfits, churrasco, Radio Birdman, MC5, a gente é meio adolescente velho. E foi nessa pilha que a banda começou, pela metade de 2012, tomando uma no bar. Tivemos duas trocas na formação logo nos primeiros meses.

CV: Antes de ouvir o disco de vocês, acompanhei uma apresentação em Campinas. Vocês conseguem levar a energia do palco para o álbum, como rolou o processo de gravação?
SC:
Foi ao vivo no estúdio, todo mundo junto, para ter esse ‘feeling’ de show. Na época gravamos todas as músicas que a gente tinha, para mostrar bem como era a banda nesse tempo. Foram duas sessões de gravação, da primeira [2012] surgiu um EP que foi lançado só digital e completamos com mais seis faixas que, juntas, são o disco que saiu.

CV: Como o público recebeu o disco de vocês e quem ouve a banda?
SC: Cara, a galera tem recebido bem, pelo fato da gente ter feito bastante show ano passado, viajado bastante e conhecido uma galera diferente, conseguimos espalhar o material em vários lugares do país e a resposta é bem positiva. Já disseram que a gente se daria bem tocando em Goiânia, pessoal lá gosta dessas barulheiras como a nossa. ‘Tô’ esperando o telefone tocar [risos].
Arquivo pessoal
CV: Como está a cena portoalegrense atualmente? Porto Alegre é considerada um celeiro de bandas, tem bons locais para apresentações?
SC: Atualmente é um celeiro de bandas covers. Aqui os covers são artistas, dão entrevistas, sub celebridades, ‘Sofá da Hebe’. Mas já teve um monte de artista legal, até hoje tem na verdade. Essas entressafras vem e vão, isso serve pra renovar a parada, aparecer gente nova, é legal. Tem várias bandas recentes daqui de Porto Alegre que são boas e estão tentando fazer alguma coisa para melhorar a situação. Som e equipamento decente sempre são importantes, mas para nós, os melhores lugares para tocar mesmo são os que têm mais gente a fim de curtir o som e os que a gente se divirta mais.

CV: Qual a vantagem de ser uma banda independente e qual a principal desvantagem?
SC:
Acho que a vantagem é poder tomar as decisões sem ter que pedir aprovação de alguém, a gente faz o que quer e o que acha que é legal. Mas também não sei ao certo porque nunca estive do outro lado. Hoje todo mundo gosta de dar discurso panfletário quando só conhece a teoria, mas nunca experimentou na prática. Essa questão de ser independente [e autoral] é bem subjetiva porque no Brasil é muito difícil fazer com que a banda se sustente por si só. Então temos que ter outros trabalhos e conciliar datas de viagem com o trampo, mentir que tem parente doente para viajar no meio da semana, atrasar a conta da luz para poder inteirar no ‘preju’ de show que deu errado, essas coisas.

CV: Há planos de excursões para outros países?
SC: Ano passado fizemos uma gira pelo Uruguai e Argentina, que a gente pretende repetir e tentar ir cada vez mais longe. A pilha é sempre essa, tocar o máximo possível e cada vez mais longe de casa. Hoje tá bem mais fácil trocar contatos, marcar shows à distância, as passagens tão mais acessíveis para quem produz os shows, então tudo é possível.

Arquivo pessoal
CV: Qual o melhor momento na estrada e qual o pior?
SC: Estar na estrada sempre é muito legal. Conhecer gente nova, lugares diferentes, mesmo quando tem roubada de show falido, som ruim, pouca gente, alguma coisa sempre dá certo. São experiências de vida que, na hora, parecem uma merda, mas depois é história para contar. Hoje praticamente todos os meus amigos e conhecidos ‘existem’ por causa de banda, turnê, essas paradas. O pior momento é ter que voltar à realidade e ter que bater cartão na segunda de manhã.

CV: Quais os planos da banda para este ano?
SC: Olha, para esse ano devemos filmar mais uns clipes, temos músicas novas para gravar também, estamos armando mais uns shows por outros estados [em 2013 além do Rio Grande do Sul, rodamos por São Paulo e Minas Gerais], isso deve rolar depois do meio do ano, se sobrar alguma coisa inteira depois da maravilhosa Copa do Mundo.


CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para considerações finais.
SC: Obrigado a todos que vão aos nossos shows, aos que compram nossos discos, camisetas, que ouvem pela internet e espalham a palavra por aí. Essas coisas são simples mas nos faz continuar. Procurem bandas novas, tem muita coisa legal aparecendo e acessível em tudo que é ‘streaming’ por aí. Parem de achar que R$ 10 num ingresso é caro. É muito melhor do que ficar em casa vendo novela e postando selfie no instagram. Valeu pela força, estamos sempre a disposíção. Abraço! RAWK!

domingo, 6 de abril de 2014

Kurt Cobain: a construção do mito

Charles R. Cross - 172 páginas - Editora Agir

No ano em que a morte de Kurt Cobain completa 20 anos, o jornalista Charles R. Cross, autor da biografia do vocalista e guitarrista do Nirvana, "Mais pesado que o céu", escreve "A construção de um mito", texto que aborda o que levou Cobain a ser o maior nome do rock'n'roll nos últimos 20 anos.
Sobre vários aspectos, o autor aborda os fatos que levaram Cobain, um rapaz do interior, ser líder de uma das bandas mais influentes de todos os tempos. No decorrer das páginas, Cross relata influências que o guitarrista e vocalista teve em sua carreira, a influência que ele exerceu não apenas na música, mas na moda, no comportamento e como foi apontado como o líder de uma geração, rótulo que Cobain sempre rejeitou.
Na segunda parte do livro, Cross escreve sobre o momento de Seattle, a "explosão" de bandas, ocorrida em curto espaço de tempo. Outro tema abordado é o vício em drogas e o que teria levado o Cobain ao consumo excessivo de heroína e cometido o suicídio. No encerramento, há alguns depoimentos de músicos sobre a música do Nirvana e a pessoa de Kurt Cobain. Leitura totalmente indicada aos fãs da banda.

sábado, 5 de abril de 2014

‘Um disparo... um estouro’: 20 anos sem Kurt Cobain

Há 20 anos a voz de Kurt Cobain era calada por ele mesmo, há quem diga que não, que ele teria sido assassinado, mas duas décadas depois, ainda dizem que Kurt tirou a vida com um disparo. Mesmo tanto tempo passado, as dúvidas pairam no ar e o caso foi reaberto, devido ao avanço da tecnologia, a Polícia de Seattle crê que algo ainda exista para ser esclarecido.
Independente do que tenha ocorrido, dizem que há exatos 20 anos, 5 de abril de 1994, Kurt partiu deste mundo e deixou em poucos anos obras que muitos não conseguiram realizar em décadas. O legado deixado por Kurt e o Nirvana foram três álbuns de estúdio, Bleach (1989), Nevermind (1991) e In Utero (1993), sendo o segundo, considerado um dos melhores e mais vendidos discos da história da música e um dos que mais influenciou pessoas.
No final dos anos 80, do século passado, sentia-se que algo estaria por vir, Bleach trazia aos holofotes um som diferente, um respiro em meio a tanta música pré fabricada de qualidade duvidosa. Mas foi em 1991 que o Nirvana, com Dave Ghrol na batera, fez o disco que mudaria tudo de lugar. O sucesso que seria a salvação de um rapaz pobre e que morava em pequenas cidades, foi a janela para que ele, que usava drogas e tinha problemas de saúde, se afundasse ainda mais.


Mesmo com tantos problemas, Kurt mostrou sua capacidade de criar músicas, de escrever letras que falavam tanto dele e de seus fantasmas, mas que tantas pessoas se identificavam e se identificam, pois somos humanos, somos falhos e cheios de dúvidas. Mas Kurt teve a sensibilidade de expor suas angústias e revolta em seus riffs de guitarra, em seu vocal cheio de desespero e na urgência de seus shows.
Nós que gostamos de rock temos várias pessoas que admiramos, mas são poucos os “ídolos” que tem coragem de expor suas preferências, suas opiniões. Além de levar músicas que falavam direto a um grande grupo, Kurt ainda apresentou bandas desconhecidas de grande parte do público e hoje, junto com o Nirvana, tem seus discos nas prateleiras. Talvez, a diferença de Kurt não seja apenas sua capacidade de fazer música, mas sim de ouvi-la e senti-la. Ele era o cara que buscava sempre algo novo e quando encontrava fazia questão de mostrá-lo.


Kurt para muitos atualmente é tratado como se fosse um deus, mas para nós ele era o cara que fazia o que muitos ainda fazem, ouvia música, buscava novidades, tocava seu instrumento, não ficava preso a um passado que não volta e tinha paixões, basta ver e ouvir a maneira como Kurt encerra o álbum “Unplugged MTV”, cheio de dor, paixão, um ser humano entregue ao poder de uma canção. Talvez seja por isso que ele nos faz tanta falta!

 Fotos: Reprodução Internet

domingo, 16 de março de 2014

O punk rock das Gerais

Divulgação
Formada há 8 anos em Uberaba, a banda mineira Bernes faz punk rock de primeira qualidade que faz o ouvinte sair com vontade de pogar em qualquer local em que rola o som. Em entrevista ao Canibal Vegetariano, eles falaram um pouco sobre a história e o trabalho que realizam.

Canibal Vegetariano: Por favor, apresentem-se aos nossos leitores.
Bernes: Salve, prazer...Berne's, punk rock do Triângulo Mineiro, simples e direto, sem frescura...

CV: Há quanto tempo vocês estão juntos e como surgiu a banda? Houve alguma mudança de formação?
B: Estamos vivos nessa merda de underground brasileiro desde 2006, de forma ininterrupta e sem mudanças na formação...o nosso maior trunfo além da amizade que em breve completa 10 anos! Tudo começou por causa da banda, a vontade de fazer um som próprio nervoso e a falta de pessoas pra abraçar a ideia nos uniu...e também o fato de morarmos no mesmo bairro em Uberaba/MG.

CV: O nome da banda é muito curioso, como rolou a escolha?
B: O nome soa como uma crítica à nossa querida cidade natal, Uberaba, capital mundial do gado Zebu, onde praticamente tudo gira em torno desse rico mercado e onde produtores, criadores e demais coronéis fazem a festa...enfim, juntamente com um acontecimento inusitado de um rolê nosso, batizaram a banda...não teve como fugir desse nome (risos). Quando a banda estava para iniciar suas atividades, presenciamos um maluco retirando um berne ao vivo em um programa de tv...daí não teve como pensar em outra coisa... Para quem não sabe, berne é a larva transmitida por moscas, muito comum em bovinos, e também cães e humanos.

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CV: Quais são as influências da banda?
B: Primariamente as mais variadas bandas de punk rock e hardcore...e demais bandas que cada um tem o costume de ouvir em particular, que com certeza acabam influenciando nos detalhes de cada composição pessoal!

CV: Como é o cenário underground em Minas Gerais, principalmente para quem faz punk rock/hardcore como vocês?
B: O cenário por aqui já foi maravilhoso e tinha tudo para ser foda, mas infelizmente não sei o que acontece...a cena independente brasileira como um todo é bem desorganizada e aqui não tem como ser diferente...o melhor de tudo é que para nós pouco importa, se tem show a gente vai e faz, se não tem a gente ensaia, faz música e foda-se o resto...tamo aí firme e forte sempre! Não é uma cena tosca cheia de pau no cu que vai nos desanimar...

CV: Ouvindo o disco de vocês, ele tem letras bastante críticas. Como vocês viram todas as manifestações que ocorreram no país este ano?
B: Nossas letras abordam sobre o triste cotidiano empurrado para debaixo do tapete...as manifestações foram lindas...algo maravilhoso de se ver para quem vive num país de ladrão e calado até então..não deveria parar por aí até que providências seríssimas fossem tomadas em relação a educação, saúde e transporte...é uma vergonha um país com tanto recurso ser do jeito que é...vamo acordar mais uma vez galera!

CV: Com todos protestos, avenidas fechadas, gastos exorbitantes com a Copa do Mundo, o que vocês esperam de 2014 e o ano pode ser bom para o punk, devido a todas as contestações?
B: 2014 provavelmente vai ser um caos nesse país...com certeza novas manifestações vão rolar nos jogos da Copa, e o bacana é que vai dar para captar bastante imagem caótica para clipes, e altas bandas punks se formando igual foi ano passado.



CV: Voltando para o disco de vocês, quanto tempo ele levou para ficar pronto? Em algumas faixas há boas melodias e alguns lances que fogem um pouco do espírito punk, com levadas de baixo estilo, diria Chilli Peppers, isso foi proposital?
B: Infectodemia foi uma verdadeira novela...cerca de 2 anos para ficar pronto, porém tudo feito com muito carinho! Como foi nossa primeira experiência na gravação de um full length, então fomos com cuidado...rolou muita expectativa e cobrança em fazer algo decente por ser o primeiro filho...fizemos vários testes com diferentes timbres possíveis, e demorou um pouco para chegar em um acordo...sem contar que aquele jeitinho mineiro de fazer as coisas também constou! É muito bom ouvir elogios sobre as melodias e levadas do disco, e não é a primeira vez...não é nada premeditado, apenas reflexo de tudo que ouvimos.

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CV: Como vocês estão divulgando o novo trabalho?
B: A divulgação atual ainda é a do nosso primeiro disco, o querido Infectodemia, que tem 16 faixas autorais e você pode adquirir diretamente conosco! Queremos passar por vários estados brasileiros divulgando esse trabalho antes de entrarmos em estúdio novamente, e enquanto isso reunindo material pra gravação... temos idéias para alguns videoclipes e propostas para algumas turnês malucas que esperamos dar certo neste ano.

CV: Deixo espaço para considerações finais.
B: Primeiramente agradecer a vocês do Canibal Vegetariano pele espaço e carinho, e que continuem firmes com esse zine, as bandas e leitores agradecem! A quem interessar possa, deixo o endereço do nosso humilde site, onde você encontra todas as infos...espalhem para os seus amiguinhos! http://www.bernesoficial.com.br/.  Beijos, abraços e feliz 2014 pra vocês.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Promoção ‘Capetinha da Páscoa’


O programa A HORA DO CANIBAL, em parceria com o zine/blog Canibal Vegetariano e com a rádio ClickWeb, lança para você a promoção: “Capetinha da Páscoa, o que trazes para mim?”.
O vencedor desta promoção, para lá de tosca, levará (ou receberá) para casa quatro lindos CDs de bandas independentes que já rolamos no programa. As bandas participantes são: Motor City Madness (Porto Alegre), banda de rock’n’roll insana do Rio Grande do Sul. Na edição 5 do zine tem resenha dos caras. Também temos cds da banda A Phoyce (Guarujá), que faz hardcore brutal; Bad Cookies (Guarujá), com influência de grunge, punk e rock’n’roll. Como representantes de Itatiba, temos a Fake Vulgarys e seu indie rock.
Para participar é fácil, basta enviar quantas frases quiser para zinecanibal@hotmail.com. Como sempre rola em nossas promoções, a mais tosca será vencedora. Para tentar vencer o “Capetinha da Páscoa” não há limite de idade, sexo, nem porra nenhuma. Você que já ganhou pode participar e faturar novamente. Se você não tem internet, peça para sua avó, vô, tia, todos podem enviar. Não perca a chance de faturar estes lindos prêmios!!!!
  

domingo, 2 de março de 2014

Uma vida dedicada ao punk/hardcore

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Jão, guitarrista da banda Ratos de Porão há 32 anos, membro fundador do grupo, falou ao fanzine Canibal Vegetariano sobre suas três décadas de carreira em uma das bandas mais bem sucedidas do Brasil. Além do RDP, ele lembrou o começo da Periferia S/A e também do trabalho que tem com banda de sua mulher.

Canibal Vegetariano: Jão, por favor, apresente-se para os jovens leitores que ainda não te conhecem.
Jão: Meu nome é Jão, sou guitarrista e fundador do grupo Ratos de Porão [RDP] banda à qual toco há 32 anos. Toco também no Periferia S/A, banda onde além da guitarra, faço vocal e no Trassas!

CV: Com quantos anos você começou a tocar guitarra e quais foram suas influências. Elas ainda persistem? Quais outras influências você adquiriu ao longo dos anos?
J: Comecei a tocar violão com 11 anos. Com 13 ganhei minha primeira guitarra, com 14 fundei o RDP. Quando começei como guitarrista, minhas influências eram o punk e o hardcore que rolavam na época. E essas influências permanecem até hoje. Ao longo dos anos tive outras influências, como o thrash metal, que ajudaram a moldar meu som de guitarra.

CV: Como foi formada a Ratos de Porão? Em algum momento no início da carreira, algum dos fundadores imaginou que a banda seria tão reconhecida após três décadas?
J: O RDP foi formada por três punks que não tinham nada pra fazer e é obvio que naquele tempo não tinhamos noção nem se a banda iria durar um ano, quanto mais três décadas.

CV: Você começou a carreira como vocalista e depois ficou apenas com a guitarra e quem assumiu o vocal foi o Gordo. Como rolou essa mudança?
J: Cara, quando fundei o RDP já tocava guitarra e todas a músicas ali compostas eram minhas. Resolvi assumir o vocal, mas era tímido e isso me atrapalhava, não conseguia ficar sem um intrumento na mão. Aí vi o Gordo cantando numa banda, achei que seria interessante um cara extrovertido como ele assumir os vocais.

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CV: Você chegou a pensar em desistir da carreira de músico em algum momento, principalmente no início, devido as dificuldades impostas pelo mercado?
J: Para mim sempre foi dificil ser músico. Venho de familia operária, onde muitas vezes qualquer manifestação artística era vista como sinônimo de vagabundagem, fora as inúmeras dificuldades como ter um bom instrumento etc... por isso muitas vezes pensei em desistir.

CV: Como você definia o som da banda há três décadas? E hoje? Quais foram as principais mudanças?
J: O RDP há 30 anos era hardcore/punk, mas devido as muitas influências que tivemos ao longo dos anos pode-se dizer que o RDP, atualmente, é um Punk /Hardcore crossover.

CV: E o mercado musical, mudou algo nesse tempo? Se houve mudança, foi positiva ou negativa?
J: O mercado musical é um assunto muito complexo, existe a música da mídia e a música independente que é onde me situo mais. Acho que dentro do underground brasileiro muita coisa mudou, temos mais lugares para tocar do que na época, mais bandas, etc...

CV: Apesar de não aparecer na grande mídia, o Ratos tem grande público que acompanha as apresentações da banda. Quem é o público de vocês atualmente?
J: Cara, o público do RDP sempre  foi se reciclando, mas muita gente é fiel e continuou acompanhando a trajetória da banda, nosso público é punk, banger e hardcore em geral.

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CV: A banda ainda tem aquele estigma de ser mais conhecida no exterior do que no próprio país?
J: Acho que não, até porque no Brasil temos um grande público.

CV: Qual seu disco favorito? 
J: Brasil.

CV: Nessas três décadas de banda, qual música você não aguenta mais tocar e qual você gostaria de tocar, mas o público ou galera da banda diz que não rola ao vivo?
J: Não aguento mais tocar "Pobreza" e gostaria de tocar a "Onisciente Coletivo", mas não sei se o Gordo consegue cantá-la ao vivo.

CV: Qual o melhor momento que você viveu com a banda? E o pior?
J: Não tem um melhor e um pior. A vida é cheia de altos e baixos, então nós pegamos os bons momentos e curtimos e tentamos esquecer os maus momentos!

CV: Vamos falar um pouco da Periferia S/A, outra banda da qual você faz parte. Como rolou o disco que vocês gravaram em meados da década passada? Além do processo de gravação, como foi reunir a galera? Qual o projeto da banda para o futuro?
J: O Periferia começou tocando músicas do começo da carreira do Ratos, isso foi em 2003 e na época o Gordo havia feito a cirurgia de redução de estômago, o Ratos tinha ficado quase um ano parado e o projeto seria apenas para tocar durante o tempo em que o Ratos estava parado. Mas aí foi tão legal tocar com o Jabá e o Betinho que fundaram o RDP comigo, que decidimos montar outra banda e aí surgiu o Periferia S/A. O Periferia está com CD na fábrica para sair, isso já deveria ter ocorrido há um certo tempo.

CV: Quando vocês lançaram o disco, como foi a recepção dos fãs do Ratos de Porão?
J: Acho que os fãs da facção punk e hardcore gostaram mais do que os fãs bangers.

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CV: Como é trabalhar com a esposa? O que vocês ouvem quando estão em casa?
J: Não encaro como trabalho e sim como comprometimento por uma banda que hoje eu admiro! O que ouvimos em casa é bem complexo né meu, quem imagina que a gente só escuta crust, punk e hardcore está enganado. Escutamos muito Jazz, músicas dos anos 60,70, às vezes um sambas antigos e etc...

CV: Planos do Jão para 2014?
J: Em 2014 quero lançar um DVD de 30 anos do Ratos que eu produzi. Vai sair o novo CD da banda. Também será lançado o novo Periferia e pretendo gravar o CD do Trassas, além de comprar um sofá novo!

CV: Cara, agradeço pela entrevista e deixo espaço para seus comentários finais. Abraço.
J: Quero agradecê-lo pela entrevista e a todos os fãs que acompanham meu trabalho ao longo desse anos.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Rock’n’roll e surf music na ‘selva de pedra’

Canibal Vegetariano
O rock’n’roll e a surf music “tomaram” de assalto o Quintal do Gordo, em Campinas, no dia 23 de fevereiro. Três bandas estavam programadas para se apresentarem e nós do Canibal Vegetariano não poderíamos ficar de fora. Mesmo com ameaça de chuva, algo raríssimo neste verão paulista, encaramos os pouco mais de 80 quilômetros, ida e volta, para acompanhar as apresentações.
A primeira banda programada era a Máquina Voadora. Com ex-integrantes de bandas como Astromato, Radiare e Muzzarelas, a banda apresentou um power pop da melhor qualidade onde era nítida a influência de bandas como Teenage FanClub, Ride e até My Bloodie Valentine. O quarteto fez uma apresentação impecável e mostrou que quando a banda é boa, sempre tem local para se apresentar.

Canibal Vegetariano

Depois da Máquina, foi a vez da F.U.B.E. [Flávio Urbano e os Brasílios do Espaço] se apresentar. Com Flávio, guitarrista da lendária Muzzarelas, o power trio mandou uma sequência de músicas com o mais puro rock’n’roll. Riffs, baixo marcante e bateria no tempo certo, eles tiraram muitos aplausos do público presente.
A tarde de rock seria encerrada pela banda FootStep Surfers. Mesmo não tendo praia, os campineiros agitaram muito ao som da banda que mesclou canções próprias com várias versões, não apenas da surf music mas como de outros estilos, como grunge, punk, e até thrash metal. Além do trio, vários amigos que estavam no público participaram do show.

Canibal Vegetariano

O sucesso entre o público foi tanto que Carlão, baixista da The Violentures, e Artie Oliveira, vocalista da banda Don Ramón, deram suas palhinhas na apresentação que deixou o show ainda mais quente. Após encerramento, restou a galera do Canibal “cair” na estrada, mas antes deixamos um camarada próximo à sua casa, pois afinal, ele precisou carregar alguns equipamentos.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma hora a mais de rock’n’roll

Canibal Vegetariano

O sábado 15 de fevereiro será uma daquelas datas que vamos demorar muito a esquecer, se é que vamos conseguir, pois não é todo dia que chega ao fim o deprimente horário de verão e três bandas de rock independente com muita qualidade dividem o mesmo palco.
E a divisão ocorreu no Woodstock Bar em Campinas, onde Desenmascarado, projeto do mestre das caveiras Daniel ETE, Simon Chaisaw, australiano que há alguns anos mora no Brasil e Leptospirose, apresentariam muitos watts de rock’n’roll. E com uma programação desta, coube a equipe do Canibal Vegetariano acompanhar.
A ida foi tranquila, depois de muito tempo com temperaturas acima do normal, a noite estava agradável e com uma garoa espetacular. Em nossa chegada ao bar, parada no balcão para comer amendoim e tomar aquela gelada. Enquanto colocávamos o papo em dia e apreciávamos a comida e bebida, encontramos Daniel ETE que disse que seu novo projeto fazia um som “de tiozinho”. Conhecíamos apenas uma música da nova banda, mas não tinha na a ver com som “calminho”.

Canibal Vegetariano

E a primeira banda a subir ao palco foi a Desenmascarado. E assim que o som começou sentimos que ETE havia brincado conosco, pois as músicas não tem nada de “tiozinho”. E para quem não conhece, ETE é o cara responsável pelo baixo da banda Muzzarelas há mais de 20 anos e também toca instrumento na banda Drákula. Neste novo projeto, as canções têm aquela mistura que adoramos, punk rock e garage rock, preciso escrever algo mais? Com duas guitarras, baixo e Lobisomem na bateria, o quarteto abriu muito bem a noite e animou a galera que ocupou quase toda dependência do bar e deixou o povo quente para as próximas atrações.


Em seguida veio o australiano Simon Chaisaw que tinha como guitarrista em sua banda, Joe Klener, da argentina Corazones Muertos. Com uma mistura dessa era óbvio que rolaria muito som de boa qualidade e isso foi realmente o que ocorreu. Com pegada punk e do bom e velho rock’n’roll, o australiano mostrou que melhorou sua performance de quando o vimos há alguns anos e fez a galera agitar, com show de muita competência.

Canibal Vegetariano

Assim que o australiano deixou o palco, os bragantinos da Leptospirose assumiram o palco e aí o lance ficou mais agressivo, pois Leptos é hardcore e os caras fariam seu primeiro show em Campinas após o lançamento de “Tatuagem de Coqueiro”, quarto álbum do power trio. E assim que “invadiram” o palco, Serginho [bateria], Velhote [baixo] e Quique Brown [guitarra e vocal], mandaram todo o peso e fúria que se pode esperar de uma banda como essa e a galera, óbvio, abriu rodas em frente ao palco e a diversão invadiu de vez o local. O show em Campinas foi menor em comparação ao qual acompanhamos em janeiro, em Bragança Paulista, mas foi intenso em termos de rock. Os caras ainda fizeram uma versão hardcore de “Communication Breakdown”, dos ingleses do Led Zeppelin. Para fechar, rolou canja com membros da Desenmascarado e também do Simon Chaisaw, para encerrar com “chave de ouro”.

Canibal Vegetariano

Após algumas horas de muito rock, restou a nossa trupe passar na barraquinha de “merchan”, para adquirir o vinil de Tatuagem de Coqueiro. Ainda sobrou tempo para pararmos em uma rede de fast food e comer algo para repor as energias ou apenas aquele sorvete para amenizar o calor. Mas resquícios do show ainda são sentidos, pois escrevo este texto na parte da tarde e meus ouvidos ainda estão zumbindo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Uma noite de muito rock’n’roll

Canibal Vegetariano

Nem o forte calor feito em excesso nas últimas semanas ou a falta de chuva fazem a equipe do Canibal Vegetariano ficar parada quando tem rock’n’roll de boa qualidade para rolar na região. E a noite de sábado, 8 de fevereiro prometia. Dois shows programados em duas cidades, Bragança Paulista e Campinas.
Como os eventos seriam realizados em horários distintos, conseguimos ir para as duas cidades. Nossa primeira parada foi em Bragança, onde na Casa das Mangueiras, rolaria a apresentação em comemoração de um ano da banda formada apenas por garotas, Framboesas Radioativas.
Por incrível que pareça desta vez chegamos antes do início do show w conseguimos nos alimentar e ingerir bebidas, devido ao calor, para tentar amenizar os efeitos do clima extravagante que tem rolado ultimamente.

Canibal Vegetariano

Após algum tempo de espera o power trio feminino ocupou o palco do local e passaram a tocar bom rock’n’roll. As gurias mostraram que, mesmo sendo bem jovens e apenas um ano com banda, quem conhece rock e tem vontade faz a “parada” acontecer. Com bons riffs e uma mistura de pop, rock e punk, elas fizeram uma apresentação simples e direta como tem que ser o rock, sem frescuras!!! O show, além da comemoração, foi realizado para angariar fundos para gravação do primeiro álbum do trio.

CAMPINAS

 Canibal Vegetariano
 Assim que a apresentação das Framboesas terminou nos encaminhamos para Campinas, onde acompanharíamos o show de uma das bandas mais interessantes do cenário independente nacional, Macaco Bong.
Ao chegarmos no tradicional Bar do Zé foi inevitável tomar uma gelada devido ao imenso calor que fazia, mesmo sendo quase meia noite. Depois de nos hidratarmos e fazer uma leve alimentação, fomos para a pista, para se posicionar para fotos.
Canibal Vegetariano
A apresentação começou como era esperada e o rock’n’roll foi a  tônica do início da madrugada. Com um som muito peculiar, os matogrossenses mostraram como se faz rock instrumental. Com som alto, bateria precisa, baixo marcantes e a guitarra com estilo que lembra o psicodélico, o show dos caras mostrou que a banda chegou onde está por muito mérito, pois não é todo dia que se vê músicos com tanta técnica que fazem rock de primeira qualidade, com alma!
Depois de uma apresentação que nos deixou com sorriso de orelha a orelha, só nos restou quitar a conta e voltar para casa com bela brisa da madrugada que ajudou a relaxar e nos preparar para próxima semana, pois o rock’n’roll não para.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Domingo de puro hardcore

Canibal Vegetariano
O domingo 26 de janeiro de 2014 foi especial para quem gosta de bandas independentes, principalmente quando elas se propõem a tocar hardcore. A equipe do Fanzine/Blog Canibal Vegetariano foi convidada para participar dessa festa e como é de praxe não ficaríamos de fora.
Mesmo com o calor que fez no dia, que estava o verdadeiro "bafo do capeta", nos deslocamos para Campinas, mais precisamente para o Quintal do Gordo, onde quatro bandas, sendo duas campineiras se apresentariam. No caminho rodamos um trecho com pouco de chuva, mas foi só, depois disso o calor continuou escaldante e a temperatura subiu ainda mais quando as apresentações começaram.

Canibal Vegetariano

A primeira a se apresentar foi a Cachorro Vinagre, de Americana. Na passagem de som sentimos que a sonzera dominaria o ambiente, pois o batera da banda fez um belo esquenta. Assim que mandaram os primeiros acordes, o bom público presente tratou de abrir roda e curtir toda "porrada" despejada pela galera que fazia sua estreia. Em cerca de 20 minutos, eles "quebraram tudo" e mostraram que é uma banda que merecerá boa atenção do público.

Canibal Vegetariano

Logo em seguida foi a vez do pessoal de Paulínia, Slag. Essa banda é conhecida pela galera do Canibal, afinal, já cederam entrevista e ouvímos parte do material. A banda que é boa em estúdio ao vivo supera-se ainda mais. Mesmo com problemas com o equipamento de voz, a galera da Slag não deixou o povo ficar parado e despejou seu hardcore "nervoso" com pitadas de grind em algumas passagens sem citar alguns riffs que nos remete ao thrash metal dos anos 80, do século passado.

Canibal Vegetariano

Depois de acompanhar duas bandas muito boas conferimos a apresentação da "Porrada Solicitada". Os campineiros fizeram um set rápido e misturaram músicas próprias e algumas versões. Destaque para "Beth Morreu", do Camisa de Vênus, e "I wanna be your dog", do The Stooges. Nesta canção, um rapaz que estava no público arrancou a camiseta e "tomou" o microfone do vocalista, cantou com a banda e interagiu com o público de maneira como o próprio Iggy Pop está acostumado. Assim como a Slag, a "Porrada" Também sofreu com problemas no equipamento de voz, que atrapalhou bastante a banda, o show foi bom e divertido.

Canibal Vegetariano
O encerramento da festa ficou a cargo dos campineiros da Don Ramón. A trupe comandada por Artie Oliveira fez o que todos estamos acostumados e mandaram hardcore sem medo de ser feliz e se divertir. Canções rápidas e com vocal gutural feito em muitas partes por Oliveira, a banda mostra maturidade a cada apresentação e ainda este ano pretende lançar o primeiro disco oficial, depois de duas demos. Devido ao calor, antes do encerramento, parte do público banhou o vocalista da Don Ramón, com cerveja, e aí a festa ficou completa.
Calor infernal, muita sede, mas deixamos Campinas felizes, pois em um mês muito ruim, em quase todos os sentidos, janeiro deste ano proporcionou boa diversão para quem curte rock indepedente. Que venha fevereiro!!!
    

domingo, 19 de janeiro de 2014

Fãs ganham presente em aniversário da Leptospirose

Canibal Vegetariano
A banda bragantina Leptospirose completa 13 anos em 2014 e quem ganha presente são os fãs. Primeiro devido ao lançamento do fabuloso álbum "Tatuagem de Coqueiro", que é um daqueles discos que você põe para rolar e rapidamente começa balançar a cabeça, sacudir o esqueleto, dar mosh do sofá, entre outros espasmos de felicidade.
Canibal Vegetariano

Segundo, porque no último dia 18 eles fizeram show de lançamento na Casa 30, em Bragança Paulista, e mostraram que a turnê deste novo álbum dará tudo o que as pessoas que gostam de bom hardcore esperam, som muito alto, riffs de guitarra, bateria "socada" sem piedade e o baixão poderoso.
Na primeira apresentação que vimos da Leptospirose após o lançamento do álbum mostrou que as novas músicas encaixaram perfeitamente ao repertório e que ele é uma mistura de "Mula Poney" e "Aqua Mad Max". Entre uma música e outra a galera agitou, cantou junto, fez "air guitar" e todos divertiram-se em uma noite quente de verão que não será esquecida tão rapidamente, pois não é todo dia que você vê uma das melhores bandas do cenário independente de maneira tão crua e sincera. Show nota 10!!
Canibal Vegetariano

Antes de encerrar, o vocalista Quique Brown falou sobre a galera que curti som de "barzinho" e mandou duas versões "foderosas" de "Communication Breakdown", Led Zeppelin e "Ace of Spades", Motorhead, sendo que nesta última, Brown abandonou os vocais e foi agitar com a galera que estava insandecida.

A PHOYCE
Canibal Vegetariano
  O novo ano ainda está em seus primeiros dias e a galera do Canibal Vegetariano já acompanhou dois ótimos shows de hardcore. No dia 11, nossa equipe ficou em Itatiba para sacar o que rolaria no Bar do Magrão. Lá estava prevista a apresentação da banda A Phoyce, do nosso brother Phábiño Lopes, que veio diretamente do Guarujá para tocar em nossa "pequena" cidade.
Antes houve a apresentação de um projeto do baterista Léo, que também toca na banda Macaco 12 de Itatiba. Em sua nova banda, o batera assume o baixo e vocais e com outros camaradas faz um som insano e com muito experimentalismo, algo muito interessante de ser ouvido e visto.
Canibal Vegetariano

Em seguida veio a banda dos nossos camaradas do litoral. Com o intuito de fazer hardcore insano, o mestre Phábiño se superou e com sua filha no baixo e outros dois malucos, vocal e bateria, os caras fizeram apresentação que só não fez levantar poeira pois o local era fechado com piso ao solo. Eles também aproveitaram para divulgar a primeiro demo, que está muito massa!!!!

Impressões sobre 'Tatuagem de Coqueiro'


Tatuagem de Coqueiro é o quarto álbum da banda Leptospirose que neste ano completa 13 anos. Além dos 4 discos, a banda ainda lançou um split com o pessoal da Merda e um DVD sobre a turnê que realizaram pela Europa, em 2007. Sem citar o livro Guitarra e Ossos Quebrados, do vocalista da banda, Quique Brown.
Mas neste texto vamos limitar nossas impressões ao "filho" mais novo deste power trio insano. Quem conhece a banda sabe que ali o hardcore em muitos momentos é levado ao extremo e isso fica fácil de conferir logo na faixa de abertura do disco, "o salário até que é seu, mas o dinheiro é meu".
A partir deste som, além dele, a banda manda outros 18 petardos em pouco mais de 16 minutos, algo que é para o ouvinte nem parar para tomar água. Na parte da gravação não há muito o que escrever pois a qualidade é excelente. Sobre as novas músicas, elas soam uma mistura dos dois últimos álbuns lançados, "Mula Poney" e "Aqua Mad Max". Neste disco dá para sentir que eles deixaram um pouco de lado a sonoridade de "Invernada", outro bom álbum, o primeiro deles, mas não tão pesado quanto os que o sucederam.


As músicas como sempre são rapidíssimas e com uma cozinha de fazer inveja a qualquer banda, mesmo de outros estilos, pois Serginho [bateria] e Velhote [baixo] destroem, no mais que bom sentido da palavra. Baixo e bateria são muito presentes e marcante no som dos bragantinos. Outra novidade são os riffs ainda mais cortantes das guitarras de Quique Brown que neste álbum está com qualidade vocal melhor em comparação aos anteriores.
Antes de encerrar, não podemos deixar de citar a obra de arte que é a capa desta "bolachinha" que em breve sairá em vinil. Toda arte foi feita pelo mestre das caveiras Daniel ETE, que não economizou criatividade para fazer uma das melhores capas que já vi. O encarte também tem desenho do mestre e ao lado oposto de onde estão as letras, vários outros artistas fizeram desenhos que remetem ao título do álbum "Tatuagem de Coqueiro". Simplesmente sensacional!!!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Catexia: tesão pela música

Divulgação
Formada há pouco mais de um ano, em Franca [interior de São Paulo], a banda Catexia lançou recentemente um single com três canções instrumentais que deixam qualquer amante da boa música com sorriso de orelha a orelha. Para saber mais sobre o quarteto formado por Carlos Gomes [guitarra], Lucas Misu [guitarra], Rafael Martins [baixo] e Renan Ruiz [bateria], conversamos com o responsável pelas baquetas para que ele explicasse o som que tem cativado muitos roqueiros.

Canibal Vegetariano: O que é Catexia e por qual motivo este nome para banda? 
Renan Ruiz: Catexia é - simplificando um conceito muito mais abrangente que é de Freud - um processo interior de representação do desejo, da líbido. É a cristalização subjetiva da vontade de realizar algo. Escolhemos esse nome pois ele representava,quase que exatamente, a ideia que discutiamos enquanto a banda se formava. A pergunta para construir esse nome foi: 'o que a gente sente enquanto toca?' A resposta estava pronta: 'tesão'. E quase que o nome da banda foi tesão (risos). Mas catexia, pra gente, é nesse sentido: a vontade, o tesão, a instiga, que se tem por alguém, por algum objeto, por alguma história, por uma música, por um livro, por qualquer coisa. É algo como sua energia interior acumulada ligada a algum objeto,ação, coisa, sentimento.

CV: Rolei o som de vocês no programa A Hora do Canibal e muitos ouvintes piraram. Quais as influências da banda e porquê optaram por fazer som instrumental?
RR: Porra, quando alguém se sente ‘tocado’ pelo nosso som é algo maravilhoso pra gente: especialmente  nesse primeiro trabalho de estúdio. "A Voz do Brucutu" surgiu como um vômito: algo que você sabe que está vindo e não tem como controlar.  Além da gente ter gravado ainda muito cedo enquanto ‘músicos’ , o álbum não teve nenhum plano de mídia, nenhuma parceria para divulgação, nem nada. Nosso sonho era parir essas 3 músicas e deixá-las registradas para sempre, e tinha que ser naquele momento. O que eu tô querendo dizer é que em meio a essa caos de informação que vivenciamos hoje, "A Voz do Brucutu" veio como algo totalmente sem pretensão e acabou chegando a ouvidos que nunca imaginávamos que iria chegar, isso é maravilhoso.
Cara, sem querer ser relativo demais, mas eu acho que tudo que a gente vive, vê e ouve é influência pra gente.  Quero dizer: não é só música. É óbvio que a música preenche uma lacuna importante da nossa vida enquanto indivíduos e compositores, todavia nossa ‘influência-máxima’ é nunca pensar a música apenas enquanto música,  apesar de o ser enquanto forma/linguagem. Compor - se encontrar pra tocar -  é poder sair fora de sí mesmo, é, antes qualquer outra coisa, ter a possibilidade  de libertar o lado mais sombrio da nossa subjetividade em forma de sons e ruídos: nesse sentido, não importa  tanto ir pelo caminho musical A ou B. Isso é consequência. Acho que a gente é muito influenciado, além da música, pela nossa convivência (moramos juntos), pelas atividades vinculadas à UNESP de Franca (onde a gente estuda e trabalha), por jogos online e amores deixados para trás. Além disso, nosso ‘gosto’ musical também não é homogêneo. Quero dizer: nem os integrantes gostam do mesmo tipo de som, e nem somos fechados (individualmente falando) a ponto de se ‘vincular’ a um ‘estilo’, gênero ou coisa parecido: eu sinto que estamos na fase mais eclética de nossas vidas. Mas citando algumas bandas que  lembro de ter ouvido com os meninos ultimamente, eu citaria o Tame Impala, Grupo Pé-Ante-Pé, Neil Young, TruckFighters,  entre muitas outras. Sobre o caminho instrumental: foi uma consequência. Consequência da nossa convivência, da ansiedade em tocar essas músicas, do momento que a gente vivia quando formamos a banda e, até mesmo, da falta de alguém pra cantar  e também da raridade de expressões em textos  a gente conseguisse musicar.  Lembra que eu disse logo acima que, pra Catexia, não importa tanto ir pelo caminho musical A ou B (ou C, D . . .)? Por isso que o instrumental veio, para nós, como consequência. Foi fruto da nossa ansiedade coletiva naquele momento. Isso não significa que a gente não conheça música instrumental, muito pelo contráio, depois de se firmar enquanto grupo, muito conversamos e discutimos  a especificidade desse estilo. Além disso, depois de um tempo, criamos uma identidade dentro do instrumental, mas isso não foi um projeto prévio. No nosso caminho enquanto banda, o instrumental foi (e ainda é) a saída mais viável pro que a gente espera da nossa música.  A gente tem bastante medo desse viés instrumental as vezes soar demasiadamente subjetivo. Pensando nisso, o próximo álbum deve sair com algumas imagens e narrativas pra  gente tentar explicar melhor do que se trata.



CV: O interior do estado de São Paulo tem demonstrado uma riqueza muito grande na qualidade de bandas. Para vocês, há alguma explicação para isso? Visto que antes, todo músico pensava em mudar para capital.
RR: Acho que não só São Paulo como o Brasil, desde o final dos anos 70, apresenta uma riqueza bem interessante na qualidade de bandas. O problema é que essas bandas/artistas não tem a divulgação que merecem, não chegam ao grande público, se chegam é em pequena escala. Eu acho que, no geral, o interior melhorou muito nos últimos tempos a partir das novas tecnologias, entretanto tanto a capital como o interior ainda precisam melhorar muito (em quantidade de bares e locais pra tocar, na periodicidade de eventos, no apoio público [estatal], na quantidade de bandas, na forma de pagar [ou não] cachê, na aparelhagem adequada, etc) pra dar conta de ‘sustentar’ as bandas que  o Brasil 'produz' e que -  infelizmente - se apresentam e circulam poucas vezes durante ano.

CV: Algum de vocês, ou todos, tem formação musical profissional? Vocês conseguem viver de música?
RR: O único de nós que tem formação musical é o Rafael (rica), nosso novo baixista. Ele é formado em teoria e sua entrada na banda tem sido uma experiência bem interessante. Contando com ele no nosso time, nossas possibilidades de interpretação musical se abrangem bastante e estamos todos bem empolgados com isso. Não, ninguém vive de música.

CV: Quais são os locais que vocês costumam se apresentar?
RR: Depende. Apesar de não vivermos de música, a gente se dedica muito pra Catexia dar certo e ser sustentável. Ocupamos um grande espaço do nosso tempo ensaiando, produzindo, compondo, estruturando material/release/site, marcando turnês, etc. Ou seja: a gente se apresenta nos lugares que ofereçam a estrutura mínima pra isso acontecer: ter um som interessante, pagar uma ajuda de custo mínima, ter um local adequado pra gente dormir e comer, essas coisas.  Onde a gente não vai passar perrengue e tem um som legal fazer nosso barulho, já era. Em Franca tem bastante festa universitária, mas a gente nunca é chamado pra tocar nelas, já me disseram que nosso som é triste e estranho demais pra isso. Contrariando essa 'tendência': temos duas apresentações agendadas em festas universitárias aqui da cidade, provavelmente será uma experiência bem interessante.

CV: Como vocês avaliam a cena musical brasileira atualmente, não apenas no rock.
RR: Então, essa é uma pergunta bem difícil e abrangente. Mas eu ressaltaria um aspecto que vem me tirando o sono nesses últimos tempos: o mito da banda ‘independente’. Explico. Atualmente, tenho percebido um discurso que enaltece a posição 'independente'. Colocando como se banda/artista 'independente' fosse alguma característica que destaca sua obra. Quero dizer: não porquê é 'independente' que é bom. Não é porquê é 'independente' que as pessoas precisam ouvir. Ou então, outro exemplo e, pior: quando os artistas justificam a falta de entrosamento, a má qualidade em seu disco, por ser 'independente'. Quero dizer: o ser 'independente' não significa que você vai fazer mal feito as ações que uma grande gravadora faria por você. Significa que você vai ter que trabalhar e se dedicar em dobro (triplo, quadruplo...) para conseguir -  sem a mesma estrutura das grandes empresas - realizar produções de qualidade. Entende? É como se 'estivesse tudo bem' em ser 'independente'. Mas porra, não tá.  A gente tem que estar preparado para 'concorrer', disputar, e tentar ocupar os espaços nos grandes meios de comunicação, pra conseguir gravar em estúdio de primeira qualidade, para ter um agenciamento de turnês mais viável, etc, etc. Quero dizer: temos que continuar batalhando pelos espaços que estão reservados à produções musicais padronizadas e não achar que está tudo bem e na perfeita harmonia, só porquê existe o viés 'independente'.

CV: Quais os planos da banda para 2014? 
RR: Fazer mais apresentações com a nova formação, lançar o videoclipe da música ‘Inferno’, cujo enredo está sendo trabalhado por um grande amigo e escritor aqui de Franca, o  Leonardo Stockler. Gravar e lançar o nosso segundo EP, as novas músicas estão quase todas prontas. O projeto musical vai envolver uma narrativa e um trabalho visual para acompanhar as músicas que, juntas, darão forma ao enredo.

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CV: Como vocês veem a importância da internet na divulgação do trabalho de vocês? 
RR: Essencial, mas ainda pouco explorada. Acho que nossa música é mais digna do que a do Luan Santana e eu queria que a internet me desse as mesmas proporções de divulgação que ele contém. Eu sei que isso é utopia, mas não acho que a internet salvou a produção musical ‘independente’ dos mesmos problemas que já continha desde antes da revolução digital.


CV: Deixo espaço para considerações finais. 
RR: Queria agradecer ao Canibal vegetariano  e dizer que a gente se identifica muito com esse tipo de movimentação comunicacional: vemos como essencial essa batalha contra os grandes meios de comunicação, que moldam modos de pensar, que administram nosso âmbito cultural e, que racionalizam a produção da música. Nesse sentido, as produções como a de vocês  são providenciais para não deixar a comunicação morrer no marasmo safado do padrão das grandes produtoras (que hoje em dia é mais forte do que nunca).

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

É somente rock'n'roll, mas nós adoramos

Canibal Vegetariano
Os dias 14 e 15 de dezembro foram marcados por dois ótimos festivais de rock  indepedente realizados na região. No sábado e domingo, Valinhos foi palco do Ponta Urbana enquanto no domingo, em Campinas, ocorreu o Quintal do Gordo.
No sábado a equipe do Canibal Vegetariano esteve presente em Valinhos. Uma praça pública com quadra coberta, quadra poliesportiva, campo de futebol, pista de skate, muito gramado e espaço para um bom palco no qual várias bandas se apresentariam.

Canibal Vegetariano

Quando chegamos o som rolava solto pelo local e um bom público estava espalhado pela área de lazer. Fizemos um lanche, tomamos uma cerveja para refrescar e acompanhamos as bandas. As duas últimas chamavam muito nossa atenção, devido ao tempo em que "batalham" na cena punk rock.
Gritando HC era uma delas. Com quase 20 anos de carreira, os paulistanos fizeram um show fantástico, cheio de energia e com a galera com muito "pogo" e parte dela sobre o palco, junto com a banda, para deixar o clima ainda mais festivo. A noite de sábado foi encerrada com a Ação Direta que fez um show correto e com "muito peso". Algumas rodas foram abertas, mas o público estava um tanto quanto cansado devido a maratona de shows durante o sábado que foi muito quente.

Canibal Vegetariano

DOMINGO/ No domingo, depois de passar a tarde em Campinas, no início da noite retornamos para Valinhos para acompanhar o encerramento do Ponta Urbana que seria feito pela banda Muzzarelas. Os campineiros, em uma série de seis shows para comemorar o retorno às atividades após 3 anos de hibernação, fez mais uma apresentação daquelas que marcaram história e a galera levantou poeira durante a apresentação que durou cerca de pouco mais de uma hora.

QUINTAL DO GORDO/ Antes de irmos para Valinhos, fomos até o Quintal do Gordo, na Vila Industrial em Campinas, para acompanhar shows das bandas Don Ramón [Campinas] e Shame [Paulínia].
Para variar um pouco, a Don Ramón fez mais uma apresentação sensacional em que o crossover tomou conta do palco e fez a "molecada" pogar sem medo, mesmo com a alta temperatura do final da tarde de um domingo de primavera. Artie Oliveira, vocalista, e sua trupe, fizeram ótimo show e deixou muita gente empolgada.

Canibal Vegetariano

Após os campineiros foi a vez da banda Shame. Os caras mostraram muita empolgação e mantiveram o pique da apresentação da Don Ramón. O público foi novamente contagiado e aproveitou cada segundo da apresentação. Depois da apresentação de dois shows, "caímos" na estrada e fomos para Valinhos, e esta história você já leu.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Promoção 'Loucos para dar...'

O programa A HORA DO CANIBAL em parceria com o fanzine/blog Canibal Vegetariano e rádio Click Web anuncia mais uma promoção. Desta vez, o ouvinte/leitor deverá completar a frase: "estou louco para dar...". A frase mais insana e criativa levará para casa três CDs: Don Ramón, split CD Estudantes/Evil Idols e Lomba Raivosa.
Para concorrer a estes prêmios "divinos", basta enviar quantas frases toscas quiser para o email: zinecanibal@hotmail.com. A promoção será realizada até 14 de janeiro de 2014. A avaliação da "pior/melhor" frase ficará a critério do apresentador do programa ou este imbecil poderá colocar em votação entre os ouvintes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

'Amantes Invisíveis': música globalizada

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Formada em Londres, capital inglesa, a banda Amantes Invisíveis começou a partir do projeto de um músico grego que conheceu uma cantora brasileira, nas ruas da 'Terra da Rainha'. Da união entre a brasileira e o grego, além do casamento, rendeu uma banda que faz música pop de ótima qualidade, com influências de outros ritmos de vários cantos do planeta. Para saber mais sobre o trabalho da dupla, conversamos com a vocalista Marina Ribeiro.

Canibal Vegetariano: Por favor, apresentem-se aos leitores do Canibal Vegetariano, nome completo, instrumentos e etc.
Marina Ribeiro:Nós somos uma banda bem mutante eu diria... Já tivemos oito integrantes agora somos cinco. Perdemos os três eruditos que tocavam violinos e viola clássica. Agora o time é: Marina Ribeiro – baixo e vocal; Alexis Gotsis – Guitarra, Clayton Vilaça – Guitarra, Joaquin Rodriguez – Bateria, Salomão Terra – Violão, teclados e percussão.

CV: A história de vocês é curiosa: a dupla se conheceu em Londres. Como rolou esse lance, expliquem melhor.
MR: Eu (Marina) fui pra Londres em Março de 2005, fui para morar, trabalhar, viver... Aí em agosto de 2005, numa escola de inglês conheci Klaus Stahr, baixista, tocando em Londres até hoje... Bom, ele me disse que tinha um amigo grego que amava música brasileira e procurava uma cantora. Marcamos um encontro num pub e assim conheci o Alexis. Começamos a compor juntos, até aí 'Os Amantes', uma onda mais Brasil “exportação”. Logo nos casamos e continuamos compondo... A ideia de uma banda de indie rock veio de um outro projeto que o Alexis tinha com a cantora inglesa Trudie Dawn Smith, que tava enrolado.... nos apropriamos das ideias desse projeto e começamos a colocar letras em português nas músicas. Assim víramos 'Os Amantes Invisíveis'.

CV: Uma brasileira e um grego se conhecem em Londres e veem ao Brasil para gravar. O que levou vocês a escolherem o Brasil para esse trabalho?
MR: Em 2009 decidimos vir ao Brasil para dar corpo aos 'Amantes Invisíveis'. O Brasil acabou sendo uma alternativa boa por termos apoio da família, mas principalmente por cantar em português, isso era algo que não abríamos mão à época.

CV: É inevitável fugir da clássica pergunta: quais as influências da banda e de cada integrante também, pois temos um grego e é interessante o comentário dele sobre sua visão da cena musical.
MR: As influências são muitas. Eu, a brasileira, até 2005 só ouvia MPB (Música Popular Brasileira) e só em Londres fui capturada por esses vários sons do mundo moderno.... Foi uma alegria sem fim porque até aí eu sofria por só gostar de músicas da década de 60 e 70. Já o grego sempre foi antenado, foi para Londres fugido da música grega, ouvia de tudo, tocava maracatu, enfim , as influências da banda vão da tropicália até The Arcade Fire, via ritmos brasileiros regionais e os arranjos de cordas de Rogério Duprat. Tudo sobre a batuta da da mão direita suingueira de Jorge Ben.



CV: Vocês são uma dupla, mas no palco chegam até oito pessoas. Como rolou a gravação? Houve também participação de músicos contratados?
MR: Pois é, foi bem diferente do que a gente idealizou. Conseguimos aprovar a gravação do disco na Rouanet em 2010 e o que a gente queria mesmo era gravar em fita, com todo mundo ao vivo, bem no estilo anos 60. Por fim, não conseguimos captar e tivemos que bancar tudo. O disco inteiro virou um EP e acabamos gravando digitalmente. Gravamos as cordas no nosso estúdio caseiro com o Romulo Salobrena, que é um violista incrível, e fomos para São Paulo, eu (Marina), Alexis e Clayton. Mandamos as músicas para o batera, o Pedro Falcão, e ele tirou tudo, gravou em um dia... Foi ótimo. O Pedro é batera da Lulina, do 3 Cruzeiros, muito talentoso... Gravamos aonde a gente queria mesmo, no Estúdio El Rocha e a Master foi feita em Londres no Unity Mastering.

CV: O som de vocês tem uma levada pop muito interessante, isso foi proposital ou ocorreu ao acaso?
MR: As composições são praticamente todas do Alexis e ele tem esse espírito pop. Acho que vem das influências mesmo... O Arcade Fire e o Jorge Ben tem refrões incríveis e o Radiohead e Tom Jobim tem harmônias que parecem ter a mesma origem... O Alexis ouve essas coisas aparentemente muito diversas mas acaba encontrando algo em comum nelas, algo pop.

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CV: Façam uma comparação, se possível, da atual cena inglesa, independente, com o que vocês têm visto no Brasil.
MR: Acho que a cena inglesa ainda vive numa ressaca pós Brit Pop, além de Franz Ferdnand, Artic Monkeys está em declínio, não existe mais uma cena, um som de algum lugar como já aconteceu em Manchester e Bristol. Quem anda produzindo música de vanguarda, na minha opinião, são os Estado Unidos, o Canadá além da “cena Pitchfork” que inclui, pontualmente, gente de todo lugar (Sigur Ros- Islandia, Triangulo del Amor Bizarro- Espanha, Jaga Jazzist – Noruega, The Tallest Man on Earth - Suécia).
No Brasil, apesar de ser um país enorme, existe o domínio da cultura de massa, não existe gosto além da ditadura da grande mídia. A minoria que sai dessa influência não tem interesse no novo e como consequência disso temos uma MPB repetitiva de cadeiras cativas. A cena independente acaba caindo nisso, repetindo Los Hermanos, a última banda “alternativa” que conseguiu se sobressair. Existem bandas como Ruspo, Curumin, Lê Almeida, Lulina, etc, gente que realmente faz trabalhos legais e ousados mas o que vejo é que, num país de 200 milhões de habitantes, eles não tem o público que mereciam.

CV: Quais os planos da banda para 2014?
MR: 2014 é um mistério hahaha. Estamos sempre compondo, agora voltamos a ensaiar e vamos fazer uns shows por aqui mesmo. Estamos planejando um disco completo para o meio do ano. Além disso, estou trabalhando no meu projeto solo, Atenas, que vai ser lançado até o fim do ano pelo Um Distante Maestro Discos.

CV: Como as pessoas podem comprar o EP de vocês?
MR: Não podem comprar. Está disponível para download no www.umdistantemaestro.com.br