domingo, 20 de abril de 2014

Rock 'garageiro' que vem dos Pampas

Arquivo pessoal
A banda Motor City Madness é uma daquelas que faz um som que não deixa o ouvinte respirar. Com riffs marcantes e rock’n’roll na medida certa, o quarteto gaúcho formado por Sergio Caldas (voz e guitarra), Rodrigo Fernandes (bateria), Cassio Konzen (guitarra) e Rene Mendes (baixo) é uma das boas revelações que vem de Porto Alegre. Para saber mais sobre o trabalho deles, conversamos com o guitarrista e vocalista Sergio Caldas.

Canibal Vegetariano: Quais as influências da banda? Há quanto tempo estão juntos? Houve mudança de formação?
Sergio Caldas:
Cada um curte muitas coisas diferentes, acho que isso dá uma 'vibe' legal na hora de juntar  tudo. É uma mistura de tudo, Motörhead, Zeke, Suécia, Tarantino, cerveja, Misfits, churrasco, Radio Birdman, MC5, a gente é meio adolescente velho. E foi nessa pilha que a banda começou, pela metade de 2012, tomando uma no bar. Tivemos duas trocas na formação logo nos primeiros meses.

CV: Antes de ouvir o disco de vocês, acompanhei uma apresentação em Campinas. Vocês conseguem levar a energia do palco para o álbum, como rolou o processo de gravação?
SC:
Foi ao vivo no estúdio, todo mundo junto, para ter esse ‘feeling’ de show. Na época gravamos todas as músicas que a gente tinha, para mostrar bem como era a banda nesse tempo. Foram duas sessões de gravação, da primeira [2012] surgiu um EP que foi lançado só digital e completamos com mais seis faixas que, juntas, são o disco que saiu.

CV: Como o público recebeu o disco de vocês e quem ouve a banda?
SC: Cara, a galera tem recebido bem, pelo fato da gente ter feito bastante show ano passado, viajado bastante e conhecido uma galera diferente, conseguimos espalhar o material em vários lugares do país e a resposta é bem positiva. Já disseram que a gente se daria bem tocando em Goiânia, pessoal lá gosta dessas barulheiras como a nossa. ‘Tô’ esperando o telefone tocar [risos].
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CV: Como está a cena portoalegrense atualmente? Porto Alegre é considerada um celeiro de bandas, tem bons locais para apresentações?
SC: Atualmente é um celeiro de bandas covers. Aqui os covers são artistas, dão entrevistas, sub celebridades, ‘Sofá da Hebe’. Mas já teve um monte de artista legal, até hoje tem na verdade. Essas entressafras vem e vão, isso serve pra renovar a parada, aparecer gente nova, é legal. Tem várias bandas recentes daqui de Porto Alegre que são boas e estão tentando fazer alguma coisa para melhorar a situação. Som e equipamento decente sempre são importantes, mas para nós, os melhores lugares para tocar mesmo são os que têm mais gente a fim de curtir o som e os que a gente se divirta mais.

CV: Qual a vantagem de ser uma banda independente e qual a principal desvantagem?
SC:
Acho que a vantagem é poder tomar as decisões sem ter que pedir aprovação de alguém, a gente faz o que quer e o que acha que é legal. Mas também não sei ao certo porque nunca estive do outro lado. Hoje todo mundo gosta de dar discurso panfletário quando só conhece a teoria, mas nunca experimentou na prática. Essa questão de ser independente [e autoral] é bem subjetiva porque no Brasil é muito difícil fazer com que a banda se sustente por si só. Então temos que ter outros trabalhos e conciliar datas de viagem com o trampo, mentir que tem parente doente para viajar no meio da semana, atrasar a conta da luz para poder inteirar no ‘preju’ de show que deu errado, essas coisas.

CV: Há planos de excursões para outros países?
SC: Ano passado fizemos uma gira pelo Uruguai e Argentina, que a gente pretende repetir e tentar ir cada vez mais longe. A pilha é sempre essa, tocar o máximo possível e cada vez mais longe de casa. Hoje tá bem mais fácil trocar contatos, marcar shows à distância, as passagens tão mais acessíveis para quem produz os shows, então tudo é possível.

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CV: Qual o melhor momento na estrada e qual o pior?
SC: Estar na estrada sempre é muito legal. Conhecer gente nova, lugares diferentes, mesmo quando tem roubada de show falido, som ruim, pouca gente, alguma coisa sempre dá certo. São experiências de vida que, na hora, parecem uma merda, mas depois é história para contar. Hoje praticamente todos os meus amigos e conhecidos ‘existem’ por causa de banda, turnê, essas paradas. O pior momento é ter que voltar à realidade e ter que bater cartão na segunda de manhã.

CV: Quais os planos da banda para este ano?
SC: Olha, para esse ano devemos filmar mais uns clipes, temos músicas novas para gravar também, estamos armando mais uns shows por outros estados [em 2013 além do Rio Grande do Sul, rodamos por São Paulo e Minas Gerais], isso deve rolar depois do meio do ano, se sobrar alguma coisa inteira depois da maravilhosa Copa do Mundo.


CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para considerações finais.
SC: Obrigado a todos que vão aos nossos shows, aos que compram nossos discos, camisetas, que ouvem pela internet e espalham a palavra por aí. Essas coisas são simples mas nos faz continuar. Procurem bandas novas, tem muita coisa legal aparecendo e acessível em tudo que é ‘streaming’ por aí. Parem de achar que R$ 10 num ingresso é caro. É muito melhor do que ficar em casa vendo novela e postando selfie no instagram. Valeu pela força, estamos sempre a disposíção. Abraço! RAWK!

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