domingo, 27 de julho de 2014

Ira! volta aos palcos em show com clássicos e lados B

Canibal Vegetariano
A banda paulistana Ira!, com 34 anos de carreira, sete anos parada por brigas internas, voltou há alguns meses aos palcos, com nova formação, mas com a mesma pegada rock de tempos atrás. A turnê de retorno da banda passou por Itatiba no sábado (26 de julho) e os caras não economizaram em hits e também lados B.
Um bom público esteve presente ao Itatiba e a expectativa para rever os paulistanos, que há 10 anos havia se apresentado na cidade, era grande. Quando a banda subiu ao palco foi ovacionada pelo público e após algumas palavras de Nasi, os caras mandaram ver no som. A abertura do show, se não me falha a memória, foi com "Longe de tudo".
Após a primeira música, foi um "desfile" de hits de uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. Os caras tocaram "Tarde vazia", "Flores em você", "Envelheço na cidade", "Núcleo base", "Mudança de comportamento", "15 anos", "É assim que me querem", "Tolices". Também executaram músicas que ficaram muito conhecidas quando gravadas no álbum "Acústico MTV", como "Girassol" e "Quero Sempre Mais".
Entre os muitos hits de uma carreira de mais de três décadas, os caras fizeram questão de executar duas músicas de um dos álbuns mais clássicos da banda que ainda é obscuro para muitos, o "Psicoacústica", de 1988. Desse disco, que influenciou muita gente da década de 90, a banda apresentou "Manhãs de domingo" e "Rubro zorro".

Canibal Vegetariano

Também houve espaço para músicas que são consideradas lados B, mas que mesmo assim quem acompanha a banda soube cantar com tranquilidade e ao mesmo tempo ficou espantada pela lembrança, como "Prisão das ruas", "O bom e velho rock'n'roll". Eles também relembraram a ótima versão que fizeram para "Bebendo vinho", grande clássico do gaúcho Wander Wildner.
O show da banda nem parecia de músicos veteranos e consagrados, foi uma apresentação contagiante e também uma viagem no tempo. Os novos músicos e o fato da banda ser um quinteto em nada alterou a proposta sincera das músicas. O destaque negativo foi o princípio de confusão que por alguns segundos interrompeu a apresentação. Nasi aproveitou a deixa, "deu bronca" e pediu para que o produtor da banda ajudasse os seguranças a retirarem os que tentaram, em vão, atrapalhar uma noite de rock'n'roll.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Boka diz que internet é aliada na venda de discos

Will Edu
No domingo 20 de julho, a galera do Canibal Vegetariano invadiu Bragança Paulista para acompanhar o terceiro dia do Festival de Inverno e também o show da banda Ratos de Porão. Antes da apresentação da banda, conversamos com o guitarrista Jão e também com o baterista Boka.
Dono da Pecúlio Discos, o batera falou sobre a tecnologia e disse que a internet é uma aliada na venda de discos, para ele, a tecnologia não o atrapalha. “Essa discussão se atrapalha ou não está muito datada, pois quem compra disco, k7 continuará a fazê-lo, isso está muito bem definido”, comentou.
Boka disse também que a Pecúlio cresceu com a popularidade da web. “Minha loja/selo cresceu conforme o acesso à internet em nosso país cresceu. Consigo comercializar pela internet e também nos shows, em alguns lugares muita gente procura discos, em outros não, mas sempre tem público para isso no rolê”, afirmou o batera.
 Ainda sobre a Pecúlio Discos, Boka comentou que o selo tem dois novos lançamentos. “Relancei o Carniceria Tropical, do Ratos de Porão, e vamos lançar o primeiro álbum do Facada. Neste momento temos feito menos lançamentos pois tenho me dedicado mais à loja”, declarou.

RATOS
Canibal Vegetariano

O batera também comentou sobre o novo álbum, “Século Sinistro”, de sua banda, Ratos de Porão. “Acredito que é um disco com todos os elementos que a banda tem. O pessoal gostou muito, temos muitos shows agendados”, disse Boka. Perguntado sobre se a internet ajudou na divulgação do novo álbum ele acredita que sim. “Esse é o fenômeno. No último álbum de material próprio nem Orkut existia, hoje as redes sociais contribuem muito na divulgação”, apontou.
Mesmo com todos os prós da internet, o batera falou também sobre o lado ruim. “O que acho negativo é que gravar um disco dá muito trabalho, é algo grandioso, tem todo um fundamento e atualmente não há muito reconhecimento por parte do público, que tem um milhão de músicas no Ipod, mas nunca viu uma capa, não tem um disco, esse é o outro lado”, encerrou.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Pode haver cobras na cama, mas teve Ratos em Bragança

Canibal Vegetariano
A banda Ratos de Porão foi a responsável pelo encerramento do primeiro fim de semana do 13º Festival de Inverno de Bragança Paulista, que será realizado até meados de agosto. Com o show do novo álbum "Século Sinistro", os paulistanos fizeram a galera agitar em terras bragantinas.
O show estava marcado para 16h mas o portão abriu pouco depois. Antes dos veteranos do hardcore, houve apresentação de duas bandas, mas a galera do Canibal não acompanhou devido a outros trabalhos. O primeiro foi falar com Jão, guitarrista e um dos fundadores do Ratos para saber como é o novo trabalho da banda. Depois, batemos um papo com Boka, batera do RDP e fechamos o ciclo de conversa com o mestre Quique Brown, secretário de Cultura de Bragança Paulista. Essas entrevistas estarão disponíveis em breve neste blog.
Com o papo em dia, restou-nos posicionarmos à frente do palco para fotografar a apresentação da banda e também curtir o sempre bom repertório recheado de clássicos. Entre músicas de "Século Sinistro" e outras de álbuns anteriores, a banda fez bom show e desta vez a impressão que tivemos é que eles estavam mais para o punk/hardcore do que para o crossover/metal.

Canibal Vegetariano

O público vibrou e cantou a maior parte das músicas. Ao final do show os presentes pediram bis, mas a banda não retornou, pois os caras tocaram por mais de um hora de maneira ininterrupta e não deixaram "pedra sobre pedra". Outro ponto positivo desse terceiro dia foram as bancas de discos e camisetas que espalharam-se pelo Ciles dos Lavapés, que fez muito marmanjo se sentir na Disneylândia.

domingo, 13 de julho de 2014

Meivorts: do sonho juvenil à realidade

Motim Records
A banda valinhense Meivorts está na estrada há 10 anos e para completar uma década, os amigos Vih (vocalista), GC (baixo), Diego Kirk e Gui Trento (guitarras) e Carlos (batera) lançaram o EP Autocontrole. Para saber mais sobre esta novidade, conversamos com Gui Trento e Carlos para que falassem sobre o tempo de estrada, o novo trabalho e a cena da região. Abaixo, você confere o papo na íntegra.

Canibal Vegetariano: De onde vem a inspiração para o nome da banda? Há quanto tempo estão juntos e houve alguma mudança na formação?
Carlos: O nome da banda surgiu através de um amigo do Vih, o Turíbio, que conhecia um Sr. eletricista que tinha o apelido de “meiovort”.  Achamos engraçado, acrescentamos um S no final do nome e ae ficou Meivorts, eu já pensei em mudar este nome , mas depois de tantos anos como Meivorts, se tornou inviável.

Gui Trento: A banda surgiu em 2004, foi a união de amigos que andavam de skate e curtiam um som, aquela velha história, gostávamos das mesmas bandas e tínhamos o sonho juvenil de montar uma banda, adesivar uma van e conquistar o mundo, fazendo shows em todos os lugares possíveis, bueiros sujos e becos escuros! Entre idas e vindas completamos, em Janeiro de 2014, dez anos de Meivorts. A banda já chegou ter vários guitarristas, eu mesmo sai em um período, e outras pessoas passaram pelas guitarras também. Chegamos a  encerrar nossas atividades em 2010 (após a Tour “Hora de Mudar”). Mas a vontade de dar continuidade foi maior que qualquer problema interno, e voltamos a ativa bem rápido. Após esta volta, lançamos em 2012 dois singles, “Coragem” e “Desacordos”, ainda com o Alessandro na guitarra. E agora em 2014 lançamos nosso segundo EP, “Autocontrole”, via Motim Records.

CV: Quais as influências de vocês?
GT: Temos influências variadas, mas basicamente gostamos de ouvir rock e todas as suas vertentes: do metal ao punk-hardcore. Gostamos de Metallica, Slayer, Pantera, mas também gostamos de Minor Threat, Descendents, Black Flag, Bad Brains, Stiff Little Fingers, Pennywise, Offspring, Bad Religion e Rancid, e também bandas novas como Belvedere, Rise Against, Satanic Surfers, Pulley, Millencolin, etc, no geral bandas de hardcore melódico ou punkrock da Califórnia anos 90… gosto bastante do Reffer também! E claro, as bandas da região sempre nos inspiram, seja musicalmente, ou mesmo acompanhando a dura batalha de ser independente no interior: Muzzarelas, Labataria, FISTT, etc.
C: Dead Fish, Dilema, Mutação, Fast Falling, Tolerancia 0, Cólera, Porcos Cegos,  August Burns Red, All That Remains.

Divulgação

CV: Falem sobre o novo trabalho. Como foi o sistema de gravação, composição e como avaliam o resultado final?
GT: O EP “Autocontrole” é o resultado do nosso trabalho nos últimos 2 anos. As músicas foram compostas entre 2012/2013, e finalizadas no começo deste ano. Gravamos o disco no Chapola Estúdio, em Jundiaí. Já tínhamos gravado duas outras músicas com o Alexandre Chapola, que é um produtor foda que conhece a banda e sabe o tipo de som que nos agrada, então foi bem bacana trabalhar novamente com ele.
A composição geralmente parte de uma letra do Vih e do Carlos, então tentamos fazer jam sessions nos ensaios, juntando acordes e riffs que achamos legais e tocamos no intervalo de uma música e outra. Então montamos a base da música e tocamos ela um milhão de vezes até encaixar tudo em seu lugar, depois vamos adicionando camadas de riffs e guitarras oitavadas até chegar em um resultado que agrade a todos na banda.
O resultado final é que a evolução é nítida, em relação ao nosso primeiro EP “Hora de Mudar” (lançado em 2010). Antes era mais cru, mais simples e mais direto, tanto o som quanto as letras. Agora, com a entrada de mais um guitarrista, e com as influências de Metal que o Diego trouxe pra banda, certamente as músicas ficaram mais trabalhadas, com várias passagens e viradas, riffs e solos que certamente agradam o público do metal.
Até o momento recebemos vários elogios, tanto sobre a evolução e a qualidade das músicas, quanto à qualidade da gravação. Podemos ser uma banda independente, mas precisamos ter um trabalho de qualidade para divulgar, certo?

CV: Agora que o disco foi lançado, como será o trabalho para divulgação?
GT: O disco foi lançado e está sendo distribuído via Motim Records, que é um selo independente que criamos este ano para auxiliar os artistas e bandas independentes da cidade e também da região. Existe um cronograma de divulgação online, já lançamos via iTunes [é o independente invadindo o mainstream!) e Bandcamp, que é uma excelente plataforma para artistas independentes conseguirem monetizar seu trabalho, tanto para música quanto para o merchandising (camisetas, bonés, etc].
Será distribuído também o disco físico, já estamos enviando para várias pessoas, bandas, blogs e sites conhecidos no ramo musical, selos, zines, gravadoras, etc. Além da venda nos shows da banda. Em breve confirmaremos a Tour Autocontrole 2014, com shows passando por várias cidades, com destaque para Rio de Janeiro, Santos e Curitiba.

Renata Nascimento

CV: Vocês lançaram o disco em formato digital e também em CD. Qual tem tido mais procura?
GT: Tivemos um bom número de plays na primeira semana de lançamento do disco no Bandcamp, mas a procura por CDs também é grande. Muitas pessoas mandaram mensagens pedindo para reservar o CD, com medo que acabasse.  Acho que esse revival por discos de vinil fez com que as pessoas tivessem mais carinho e dedicassem mais tempo a um encarte, a entender o conceito todo do disco, não somente escutar, mas ler a letra e cantar junto, e o CD promove esse fenômeno também.

CV: Sobre nossa região, como vocês analisam a atual cena e locais para tocar?
GT: Não acredito que exista uma cena. Acho que existe sim, principalmente em Campinas, muitas bandas e muitos organizadores comprometidos com a organização de shows. Existe um movimento, um cenário independente alternativo (tanto de artistas plásticos como bandas independentes) que agita culturamente a cidade e mantém a chama acesa. Um bom exemplo é o Hector Vega (Zazá), responsável pelo Café in Sônia, que organiza shows e exposições com frequência. O Quintal do Gordo, que é um excelente local para tocar e encontrar amigos (arrisco dizer: o melhor pico de Campinas e Região). Tem o Daniel ET (Chop Suey/Muzzarelas) e o pessoal da Disorder, que sempre apoia os eventos na cidade, mas saindo de Campinas, a coisa piora. Sabemos que o Léo Dias (Fast Falling) tá fazendo um trabalho bacana lá em Indaiatuba, e o Filipe Furlan (Inesperado) tá agitando as coisas em Jundiaí, e claro, tem vários zines e impressos de qualidade que apoiam esse movimento independente, e o Canibal Vegetariano certamente é um deles. Fora isso, sabemos da existência de alguns coletivos e grupos independentes, mas parece que são grupos e eventos isolados, nada muito homogêneo.
O problema é que as bandas ficam esperando as coisas caírem do céu, chegar o produtor milionário que vai levá-los para a Warped Tour. Isso não vai acontecer. A galera precisa se movimentar, criar eventos, fazer shows nas esquinas, se apropriar dos espaços públicos, não depender tanto do outro, mas apenas de si mesmo. Precisamos de mais pessoas como o Zazá, o Leo e o Filipe, sim, mas precisamos que as bandas se movimentem e não fiquem esperando cair do céu, mas sim fazer as coisas acontecerem.

CV: Como é a cena em Valinhos?
GT: Não existe cena. O que existe são células isoladas organizando eventos isolados. Não existe integração [ainda]. Quem faz um trabalho bacana em Valinhos é o Douglas Araújo, organizador do festival Ponta Urbana, todo ano ele faz o festival e tenta, de alguma maneira, juntar as bandas de Valinhos e região. Existia no passado um movimento bacana em Vinhedo, então as bandas e o público de Valinhos ia todo para lá. O que falta em Valinhos são lugares para tocar [casas de show, bares, etc, como o Orca's e o também falecido Altas Horas Rock Bar, em Vinhedo]. Agora em julho teremos o primeiro Valinhos Rock Festival, organizado pelo Jocimar Camargo, que nada mais é do que uma sequência do árduo trabalho do Douglas, que conseguiu abrir as portas da Prefeitura de Valinhos e da Secretaria de Cultura para o rock independente da cidade. Mas ainda estamos longe de ter uma "cena" homogênea, com artistas e bandas interagindo de uma maneira honesta e verdadeira.
Seguindo o espírito do faça você mesmo, sempre que possível, conseguimos organizar eventos em botecos pequenos e até mesmo em lava-rápido, qualquer lugar que esteja disponível para para vender cerveja e juntar uma galera afim de curtir o bom e velho rock 'n roll.

Link para ouvir o EP Autocontrole: http://motimrecords.bandcamp.com/album/autocontrole

Impressões de 'Autocontrole'

Divulgação
No início desta semana a trupe do Canibal Vegetariano recebeu um pacote com três discos da Meivorts, o novo EP Autocontrole. Ao colocar no toca CD, de cara o ouvinte percebe que a qualidade de gravação não deve em nada para qualquer banda que atualmente "sofre" em alguma gravadora.
As músicas do EP soam hardcore melódico, com muita influências de bandas estadunidenses da década de 90, do século passado. As letras retratam o dia a dia de pessoas que trabalham, estudam, argumentam e têm dúvidas. Outro ponto positivo para gravação é que o ouvinte consegue todos os instrumentos, isso ajuda para sacar e pegada dos caras.
Também precisamos destacar o ótimo trabalho artístico para apresentação do trabalho. Capa simples, mas com uma arte muito bem sacada e que dá uma ideia do que as letras apresentam. Os caras também capricharam na parte interna que vem com encarte com letras e todas as informações sobre a banda. E os caras que colecionam ou utilizam adesivos são brindados com o logo tipo da Meivorts. Trabalho muito bem feito que merece ser apreciado pelos fãs de rock.

domingo, 6 de julho de 2014

'Devemos deixar de ser paga-pau de gringo'

Arquivo Pessoal
A frase acima foi dita por um dos nomes mais importantes da cena metal da região de Jundiaí, Rafael “Barba” Morassutti, falou ao blog/zine Canibal Vegetariano. Em um longo bate papo, ele falou sobre seus novos projetos e também comentou sobre o fim de uma das bandas mais legais da cena trash, a Stupid Vision. A conversa, na íntegra, você acompanha a partir de agora.

Canibal Vegetariano: Rafael, atualmente você toca em quatro bandas, entre elas e Hmennon. Fale um pouco de cada. Em todas você é baixista?
Rafael Barba: Sim, 3 são autorais e uma cover. Sou baixista em todas, mas em uma também faço o vocal principal.

HMENNON
Na estrada desde 2006, a banda faz um som pesado com letras cantadas em português, uma mistura de Raimundos com Charlie Brown Jr., tem uma proposta bem diferente das bandas nacionais que estão na cena hoje. Lançamos o EP “Na Hora H” em 2011, com 3 faixas, um clip em 2012 e em 2013 lançamos o single “Conflito”, com um “lyric video” também. E para 2014 pretendemos gravar um full album.
DHARMA 101
Banda formada em 2009. Uma pegada mais hard rock internacional. Entrei na banda em 2013, substituindo Felipe Andreoli, que gravou os baixos das 12 faixas do CD lançado em 2013 intitulado “Beautiful Kharma”. Na verdade fui chamado para fazer um “free lance”, mas estou no line up da banda até então.
GODZORDER
Thrash metal, formada em 2013. Um estilo de som mais agressivo, pesado e cadenciado. Nessa banda faço baixo e vocal principal. Tem apenas um single lançado até o momento, está “engatinhando” ainda, mas tem feito vários shows e já tem material suficiente para um full album. Talvez grave um EP em 2014.
ED FORCE ONE
Cover de Iron Maiden Formada em 2009 com a intenção de fazer apenas um show tributo a banda em um evento em Jundiaí. Mas devido a tamanha repercussão positiva por parte do público, decidiu-se manter o projeto. Hoje a banda conta com mais de 40 músicas em seu repertório e continua se apresentando pela região.

 CV: E a linha musical dessas bandas, é a mesma, ou alguma difere da outra? Como você controla sua agenda?
RB: Bom, como você pode ver, todas são bandas de Rock, porém são 4 estilos bem distintos, cada um com sua própria “pegada”, timbre e característica. Eu praticamente encarno um baixista pra cada uma, tipo... o Rafael que você ve tocando no Ed Force One não é o mesmo tocando no Hmennon ou no Dharma 101 ou no Godzorder, saca...
E quanto à agenda, primeiramente nunca marco nada que eu não tenha certeza que vou conseguir cumprir e desse modo até agora não tive problemas. Já cheguei a tocar com duas bandas no mesmo dia em cidades diferentes e já houve caso de as 4 bandas tocarem num mesmo mês, no mesmo dia, no mesmo evento, no mesmo palco. Daí tem que saber administrar bem a coisa toda pois são muitos ensaios, reuniões com todo mundo, correria. Mas consegui dar conta dos compromissos.

CV: E as gravações? Você já gravou com todas essas bandas? 
RB: Gravações oficiais em estúdio, com produtor somente com o Hmennon. Com o Godzorder houve a gravação do single, mas a própria banda produziu junto com o dono do estúdio.

CV: Qual foi sua maior influência para ser baixista e há quanto tempo está na estrada?
RB: Minhas maiores influências foram (e ainda são) James Hetfield e Max Cavalera.
Isso é curioso porque sou baixista e tenho influências de guitarristas/vocalistas, embora não sirva pra tocar guitarra. O único baixista que eu considero ter me influenciado foi Rex Brown, do Pantera. Comecei a tocar em 1992, já em uma banda. Aprendi a tocar sozinho. Nunca fiz aulas com professores.

CV: Falando em influência, quais suas bandas favoritas?
RB: Metallica, Sepultura (fase com o Max), Pantera, D.R.I., Ramones, Slayer, Anthrax, Testament, Machine Head, Fight (um projeto já extinto do Rob Halford), Macabre, Alice in Chains, Raimundos (fase com o Rodolfo), Megadeth, Nirvana, Iron Maiden, Brujeria...  Minha identidade musical se deve a essas influências.

Arquivo Pessoal 

CV: Vamos falar um pouco sobre a Stupid Vision. Como ela começou e qual motivo para o fim. Existe possibilidade de retorno?
RB: Cara, essa é uma looooooonga história. Acho que ainda vou escrever um livro sobre isso (risos). O que posso dizer é que foi minha primeira banda, começou em 1992 tocando só cover de bandas de rock e metal, e chegou a acabar em 1995. No ano seguinte fui convidado a entrar em uma banda que ainda não tinha nome, mas tinha o mesmo propósito musical, e assim sendo sugeri restaurar o nome Stupid Vision para continuar com o projeto. Tocamos algumas vezes, inclusive em Itatiba. Em 1997, após a saída do então vocalista, acabei por assumir a voz principal e começamos a compor e nesse mesmo ano aconteceu o primeiro show com essa formação, que, com exceção do segundo guitarrista que mudou umas quatro vezes, se manteve até 2008, quando o primeiro guitarrista deixou a banda uma semana antes de um show que iria rolar num evento na região. O novo segundo guitarrista havia entrado há pouco tempo, o baterista vinha se mostrando desanimado, não dava tempo de achar um substituto para tocar no show e não tínhamos ensaiado. Então, com receio de manchar a imagem da banda, achei melhor cancelar a apresentação. Depois disso a banda simplesmente se dissolveu e sumiu da cena.
Quanto à retornar, nunca descartei essa possibilidade pois, para mim, fiquei “devendo” aquele show que cancelei. E também porque todos que conheceram a banda me perguntavam se não ia voltar, e diziam que era foda, puta som legal... E isso entrava na minha mente e me tirava o sono!
Então, depois de 5 anos, decidi que era hora de retomar o projeto. Convoquei novos integrantes, que inclusive já conheciam e gostavam da banda. Começamos a ensaiar e o negócio fluiu como se nunca tivesse parado. Foi então que em junho de 2013 o Stupid Vision subiu ao palco pela primeira vez depois de 5 anos de silêncio, e eu senti que consegui sanar minha “dívida”. Porém, este foi definitivamente o último show do Stupid Vision.
Novos tempos, novas ideias, novos integrantes, nova imagem. Isso pedia por uma nova identidade. Aquele espírito e aquela energia intensa permanece, hoje renovados numa nova banda que se chama GODZORDER.

Arquivo Pessoal

CV: O cenário musical independente passa por momento muito bom. E o metal independente, como tem rolado no Brasil?
RB: Não sei dizer se posso responder a nível de Brasil, mas vejo bandas independentes alçando voos bem altos totalmente por conta própria, se livrando de intermediários e apostando em parcerias diretas para atingir seus objetivos. As bandas estão se preocupando cada vez mais em apresentar um trabalho de boa qualidade e isso vem fortalecendo o underground, atraindo mais fãs e mídia.

CV: Você vê alguma mudança positiva do cenário musical de quando você começou para hoje?
RB: Tudo evoluiu de certa forma, desde a qualidade das bandas aos equipamentos de som, estúdios... E essa interatividade da banda com o público, esse contato mais direto através da internet tornou a coisa mais dinâmica e frenética. Já não se precisa esperar tanto tempo para ver o resultado do seu trabalho perante a mídia. Porém, hoje tudo começa muito rápido e dura muito pouco. Difícil ver bandas evoluindo dentro da sua própria proposta musical.
Arquivo Pessoal

CV: Como é a cena em Jundiaí e na região?
RB: Não considero que no Brasil exista uma cena metal underground, acho que ainda falta muito para isso se solidificar por aqui. Estive nos Estados Unidos em 2012 em turnê com uma banda e vi que lá a coisa é bem diferente. A galera faz funcionar e acontecer e todos participam, respeitam e valorizam. E lá não existe banda cover! Por aqui posso dizer que já foi melhor até os idos de 2004, 2005. Depois disso a cena, tipo, se “prostituiu”, se perdeu na onda das bandas cover, virou balada e o rock virou moda. Todo mundo toca ou quer tocar e ninguém mais quer ser plateia. Só há o mais do mesmo, o cover do cover. Perdeu-se o interesse pela criação por parte de quem toca, pois perdeu-se o interesse do público em conhecer algo novo. E isso já está saturado, andando em círculos e logo vai se enterrar no próprio buraco que já cavou.
Mas parece que isso ta mudando, ou pelo menos está dando indícios que vai melhorar. A coisa está querendo se reciclar e vejo isso em outros lugares também, com bandas já extintas retomando o trabalho, lançando material novo mostrando que ta na hora de acabar com essa” baguncena”. Como se estivessem voltando para mostrar que essa galerinha da nova geração não soube representar o underground e só poluiu o ambiente com entulho musical. Isso está impulsionando a coisa toda para cima. Espero e quero que continue assim.

CV: Agradeço pelo papo e deixo espaço para suas considerações finais.
RB: Quero agradecer pela oportunidade de me expressar, é um grande prazer pra mim, e dizer também que acredito que no Brasil é possível SIM ter uma cena metal underground sólida e respeitável, mas para isso acontecer é preciso acabar com o individualismo, com a hipocrisia, com a molecagem e aprender a valorizar o bom trabalho dos artistas nacionais, e isso vale pra todo tipo de manifestação artística.
Devemos deixar de ser “paga-pau” de gringo e nos dar ao respeito de valorizar nossos próprios talentos, quando dignos de mérito. É assim que a coisa começa a acontecer de verdade... Um grade abraço à todos!

domingo, 22 de junho de 2014

Peso, distorção e melodias em noite de muito rock

Canibal Vegetariano
 Guitarras suingadas, com peso, distorção e riffs cortantes marcaram a última noite de outono durante apresentação das bandas Doctor Mars, de Indaiatuba, e Topsyturvy, Mogi das Cruzes, no Bar do Zé, em Campinas.
Era a última noite de outono mas o vento costumeiro das noites de inverno deixou a noite convidativa para que a equipe do Canibal Vegetariano fosse até Campinas para curtir muito rock'n'roll, fazer contatos e claro, fotografar e escrever sobre uma das bandas mais incríveis do underground nacional, a Topsyturvy.
Em nossa chegada, fomos bem recebidos com o som de Fugazi que exalava das caixas de som, a noite seria especial, pois toda a discotecagem seria somente com esta banda incrível, do genial Ian MacKaey. Enquanto ouvíamos a seleção de muito gosto, aproveitamos para por o papo em dia e até fazer alguns acertos para próxima edição do Fanzine Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano

Depois de tudo que rola antes de um show fomos para pista e a primeira a se apresentar foi Doctor Mars. Power trio insano de Indaiatuba que fez o bom público presente agitar, dançar pela pista do BDZ. Com guitarra distorcida, mas com peso e suingue não muito comum, a banda mostrou orignilidade no som que deixou os presentes felizes. A banda fez uma apresentação impecável e rápida, foi um verdadeiro "arrasa quarteirão".
A apresentação da galera de Indaiatuba deixaria qualquer banda preocupada em se apresentar depois, mas a Topsyturvy é uma das bandas mais interessantes e competentes do cenário independente nacional. Quando os caras subiram ao palco mostraram todo o poder de sua música e em segundos conquistou o público. Foi uma apresentação rápida, mas muito técnica e a banda está cada vez mais introsada. Eles fizeram o final perfeito de uma noite perfeita. Após as apresentações, só nos restou comer o lanche da madrugada e "cair" na estrada, com a certeza de que o rock tem um vindouro futuro.

domingo, 8 de junho de 2014

Barco Bêbado retorna em show psicodélico no Bar do Celso

Canibal Vegetariano
A banda Barco Bêbado fez retorno em grande estilo em show apresentado no Bar do Celso, no sábado, 6 de junho. A banda que estava inativa há algum tempo, voltou com força máxima e fez muito marmanjo ficar com os pelos arrepiados devido a sonoridade apresentada e a força das canções.
Sempre é bom tocar em qualquer local, mas o Bar do Celso tem algo diferente, não há uma explicação lógica, é diferente, apenas isso. E os caras da Barco Bêbado mostraram isso. Com suas canções que mesclam o rock'n'roll sessentista com psicodelia e outras influências, os caras quase botaram o bar abaixo. Matheus Machado, o vocalista, além de uma performance extremamente inspirada, tocou seu violino e em algumas músicas agregou cítara na sonoridade do grupo, que deixou o clima ainda mais fantástico.

Canibal Vegetariano

Felizmente uma das bandas mais legais a surgirem em Itatiba retornou e eles ainda conseguiram que André Fujiwara, outro nome importante do rock da cidade, registrasse toda a performance em vídeo, quem sabe em breve a banda lança um DVD "Psicodelias no Bar do Celso", com certeza seria muito bem vindo e serviria como uma aula de rock'n'roll.
Outra banda a se apresentar neste dia foi a Fake Vuklgarys, também de Itatiba, e que tem chamado atenção principalmente de blogs do exterior, devido ao lançamento do EP "A man who says". Neste show os caras apresentaram algumas das músicas do EP. Elas funcionam muito bem ao vivo, principalmente minha favorita "Sin City". O som dos caras é padrão de banda gringa.

Sandra Hungaro

O quarteto fez uma apresentação muito competente, talvez tenham exagerado um pouco nas versões de outras bandas, mas o importante é que eles estão entrosados como músicos e isso na hora de compor facilita muito e em breve, com mais canções próprias no set list, com certeza farão muitos shows Brasil afora e também exterior.
Quem também fez apresentação foi a banda KiBosta, que depois de dois ensaios apresentou o que os caras chamam de "podreragem". Apresentação curta, mas como quem escreve estava na banda, é melhor não tecer comentários. Para isso uso o que Caio Guttnerr, baixista da Fake Vulgarys, declarou: "a banda [KiBosta] chamou atenção de maneira positiva". Matheus Machado, vocalista da banda Barco Bêbado também opinou sobre a "podreragem". "Ficou muito massa, bem louco, uma mistura interessante de hardcore com rock'n'roll". E assim foi mais uma tarde de rock'n'roll no Bar do Celso.

domingo, 1 de junho de 2014

Garrafa Vazia: alto teor de punk rock

Divulgação
Formada por três caras, Mariones (baixo e vocal), Hebert (guitarra e vocal) e Vadio Bateria, a banda Garrafa Vazia, de Rio Claro, está há 16 anos na estrada e desde 2011 com formação estável e com vários lançamentos. Para saber mais sobre a história da banda e a cena na região central do Estado de São Paulo, falamos com o baixista Mariones, que passou a limpo a história do trio. Abaixo você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Como a banda foi formada e qual origem do nome? Houve troca de formação?
Mariones: Formada em Rio Claro no interior de São Paulo, esquemão de brodagem, interiorzão, Horto Florestal, ruas planas e bebida barata. Começou em 98, quando eu e o Danilo Lebre começamos a compor umas podreiras no quarto dele. Mas muita coisa rolou, Danilão mudou para Santos e só em 2009 o negócio ficou mais sérião. Aí surgiu o nome Garrafa Vazia. A história do nome vem de uma velha fita vhs: em 1990, na Copa da Itália, o Osmar Santos preparava-se para narrar o jogo eliminatório das oitavas-de-final entre Colômbia e  Camarões .
Apresentando as seleções, ele soltou a "crássica" frase que ficou cravada na memória: “agora é que eu quero ver quem tem Garrafa Vazia pra vender!”. O nome vem daí, tom de deboche. Quanto às mudanças de formação, passamos por algumas, até  estabelecer a definitiva em 2011, acima citada Mariones [voz e baixo],  Hebert [guitarra e vocais] e Vadio [bateria].
Daí surgiram os registros: Os Garrafa [2011]; Pedrerage Sessions #01 [2012]; Greatest Shits [2012]; split Hippies not Dead & Garrafa Vazia [2013].

CV: A pegada punk rock é muito presente no som de vocês. Quais são as principais influências da banda?
M: É um lance bacana. Cada um escuta uma coisa e toca outra. O Hebert curte Smiths e Olho Seco. O Vadio vem de uma escola mais ‘american punk’ , mas também ouve muito blues, enquanto sou chegado num punk 77, num sonzão quente dos 60/70 e numas podreiras variadas, do sonzão mais extremo ao pop mais cafonão.



CV: Como rola o processo de composição?
M: É bem sossegado, descontraído. Às vezes eu arranho algo no violão, mostro para rapaziada, aí o Hebert já coloca a guitarrinha marota dele e o Vadio põe a baqueta pra dançar. Às vezes o Hebert aparece com um riff malandro e logo tudo vira um enorme bolinho de arroz, uma folia noise. Às vezes o Vadio acelera ou diminui a marcha, sugere o let’s brenfs, sabe? Ou vice-versa, versa-vice. Não que essa seja a tônica, cada som tem uma história, ou também não, mas o primeiro movimento é sossegadão. Composição no Garrafa é prazer podrão, um processo bem tranquilo, sempre num  cooperativismo supimpa, alegre, divertido, reunião e comunhão, esquemão família pedrerage, sempre!

CV: Ao ouvir as músicas de vocês, é possível sacar ironias e humor. Como surgiu esse lance no som de vocês e na apresentação do trabalho?
M: Como o Hebert diz ,as coisas acontecem num “climão de churras”. A gente gosta de tocar e se divertir, mandar um som num esquemão descontraídão, não se levando tanto a sério. E você comentou da ironia, gosto bastante da frase do escritor francês Victor Hugo: “é pela ironia que começa a liberdade”.

CV: Como é a cena musical em Rio Claro?
M: Rio Claro é muito rica musicalmente e, mais especificamente no “róque”, por aqui há referências muito fodidas, como o Dezakato e o Mordeth, bandas históricas, com mais de vinte e tantos anos de história, muita estrada e registros de ouro no underground. Atualmente rolam também bandas muito responsa, como o Carniceiro, Funeral  Sex, Anguere, Sinaya. E anualmente acontece o Equinócio, festival referência aqui na cidade, geralmente realizado na Antiga Estação Ferroviária, onde muitas bandas fodidas já se apresentaram.

CV: Qual análise que vocês fazem sobre os locais para shows das bandas independentes na região?
M: Existem os bares “rock” , com conceito “alternativo”, mas a gente não fica muito esperando as coisas caírem do céu. A gente se reúne com o pessoal das outras cidades e costuma fazer a nossa correria, organizar o som, faz os intercâmbios, seja na praça, em um butecão, o esquema é a ideia de movimentação, interação, amizade.  “Cavamos” nosso espaço, sem chororô. E ah: estão acontecendo muitos bailes elegantes aqui no interior! E se for para citar as bandas que estão quebrando tudo por aí, vixi, tem muita banda fodida aqui no interiorzão!!

Divulgação

CV: Qual o pior momento que tiveram? E o melhor?
M: Sinceramente, acho que não houve pior momento. E o melhor é o fato de estarmos vivos, reunidos, podendo rolar uma podreira, sem neurose – aliás, muito pelo contrário: é muito 'bão' a gente viver num puta climão massa, divertido, seja ensaiando, compondo, organizando os bailes com os irmãos, viajando, gravando, escutando novas bandas, trocando altas ideias com o pessoal, vivendo e se divertindo, curtindo os dias.

CV: Quais os planos para o restante deste ano?
M: A gravação do disco de inéditas “Back to Bacana”, mais o segundo disco da série Pedrerage Sessions, além da participação em algumas coletâneas e em um tributo. E ah: uma “surpresa” especial vem aí para o final de ano também!

CV: Grato pela entrevista, deixo espaço para considerações finais.
M: Nós que agradecemos Ivan, e os amigos que acompanham o ótimo trampo de vocês! Muito obrigado pelo espaço! Vida longa ao Canibal Vegetariano, ao underground e ao rock do capeta! Abração!

terça-feira, 27 de maio de 2014

Mistura de ritmos e insanidade sonora são as marcas da Topsyturvy

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Atualmente são poucas as bandas que a pessoa ao ouvir o som não consegue rotular. E a Topsyturvy, de Mogi das Cruzes, é um exemplo. Power trio insano, com músicos com "M" maiúsculo, formado por Alexandre Lima (guitarra e vocais), Gustavo "Gummer" Rocdrigues e Athos Araujo (baixo), os caras fazem um som que deixa qualquer um alucinado, no mais que bom sentido da palavra. Nós do Canibal vimos a banda ao vivo duas vezes e em 20 de junho os veremos novamente. Antes de se apresentarem em Campinas, os caras falaram sobre o trabalho.

Canibal Vegetariano: Assim como a sonoridade de vocês, o nome também é diferente. Como ele surgiu?
Topsyturvy: Muitas ideias foram cogitadas no início, Topsyturvy pode ser traduzido como todo ao contrário ou de pernas pro ar, julgamos que o nome reflete bem a sonoridade da banda e acabamos nos acostumando.

CV: Quais as influências da banda? 
T: Viemos de escolas do rock diferentes, e gostamos muito de música brasileira, por isso julgo que é mais fácil falar de ritmos que nos influenciaram (e influenciam) do que propriamente de bandas ou artistas. Desde a inegável influência do metal, passando pelo hardcore e o punk, mesclando com jazz, um toque de experimentalismo da mpb, um toque de frevo, de maxixe e de samba. No final das contas juntamos tudo numa panela e temperamos (risos). Tentamos fazer o nosso som.

CV: Como rola o trabalho de composição: tanto de letra quanto de melodia?
T: Acho que podemos definir nossa composição como uma grande jam. Claro que às vezes vamos com algo mais "pronto" para o estúdio, mas é quando os três estão juntos que a coisa vai tomando forma e vai sendo lapidada. Deste jeito, geralmente o som sai primeiro, de riffs e pequenos trechos, oriundos às vezes de "bolhas" de improviso. Depois corta daqui, corta de lá, gruda uma parte na outra, inverte, volta....vai encaixando a melodia, a letra, e a música vai surgindo. Isso faz com que elas continuem num processo de "mutação" mesmo após gravadas, tomando um norte diferente de acordo com o tempo que as tocamos ou com o humor do dia, sendo que ao vivo sempre surge algo de uma maneira diferente. isso é muito importante para nós, pois mantém a música viva e não engessada.



CV: Muitas pessoas do meio musical gostam de rótulos. Como vocês veem isso e como rotulariam o som de vocês?
T: Tentamos, como uma brincadeira, nos auto-rotular de Rock-abrasileirado frenético, até tem sentido com relação ao som , mas não da pra falar de um estilo assim tão específico. No "frigir dos ovos", somos uma banda de rock.

CV: Qual foi o local mais interessante que tocaram e qual o pior?
T: Difícil falar de um lugar apenas (até porque e ainda bem que temos conseguido mostrar o nosso trabalho em uma boa quantidade de lugares). Sempre fomos muito bem recebidos em Minas Gerais (inicialmente graças aos camaradas do Curved) o que faz com que toda volta a este estado das noites estreladas seja ótima. Gostamos (é claro) de festivais, mas nos sentimos muito bem na zona leste de São Paulo (vide "Formigueiro" que é um ótimo bar). Afinal de contas gostamos de tocar, de mostrar nosso trabalho, de nos divertir no palco (ou no canto do boteco)  e acho que os piores lugares que tocamos foi quando não estavamos bem para tocar.

CV: Quem é o público da Topsyturvy?
T: Além dos nossos familiares? (risos)... Acho que é tão variado quanto a mistura de som que nos propusemos a fazer. Neste aspecto é interessante ver pessoas que não são tão simpáticas ao rock, escutando "Topsy". Público é uma ideia estranha e acho que estamos começando a agradar a alguns bons amigos.

CV: Como é a cena em Mogi das Cruzes?
T: Em geral estamos "na cena" há dez anos cara, e Mogi ainda nos surpreende. Notamos que muitas bandas acabaram e se reformularam em novas estruturas ao longo deste tempo. Nós somos o resultado disso e sazonalmente a "cena" se fortifica, o que parece estar intrínsecamente atrelado aos bares e casas que abram espaço para o som alternativo. Em resumo, mais espaço gera mais bandas. Atualmente vemos uma cena mais calma, mais branda, mas é cíclico, daqui a pouco nos surpreendemos novamente.

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CV: Quais os planos para o restante do ano?
T: Estamos mixando, então no segundo semestre estaremos com o cd em mãos. Esta sendo um doloroso parto, mas estamos felizes com o que esta saindo. Para divulgação pretendemos lançar uns dois vídeos, camisetas,  canecas (risos) e tentar salvar algum áudio ao vivo digno de divulgação. Fora isso, trabalho , trabalho e trabalho, divulgar o cd, ligar para todo mundo acertando apresentações e caindo na estrada.

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço às considerações finais.
T: Nós é que agradecemos o espaço e o carinho que o Canibal tem conosco, lançando o "play" mandamos um para vocês verem se gostam. Valeu.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Monaural: o rock sujo e visceral está de volta

André Astro
Depois de cerca de quatro anos parados, Ayuso reuni novamente a Monaural, com o baterista Herik, mais conhecido como "toca de véia" e um novo membro e traz novamente o rock sujo e visceral à luz do cenário underground. Para saber mais sobre esse retorno, nós do Canibal Vegetariano conversamos com o vocalista e guitarrista. Abaixo, você confere o papo na íntegra.

Canibal Vegetariano: Ayuso, depois de um bom tempo em hibernação, a Monaural está de volta. Como rolou esse processo?
Ayuso: Estávamos dormindo e de repente passaram-se quatro anos..., acordamos do nada, com muita fome e vontade de tocar, tocar, comer e tocar! (risos). Estou com trinta e dois anos, o Herik tem seus vinte e oito e Fedo, o nosso novo baixista, trinta e três, três trintões entediados, sem perspectivas, sem ter nada de divertido para se fazer nos finais de semana, por que não se divertir novamente, resgatando um pouco daquilo que ficou em nosso tempo de colegial? Nos conhecemos na escola em que estudávamos, se não tivesse conhecido o Fedo, não teria tocado com ele no Estéreo, nem teria conhecido o Herik, ou seja, o Monaural nunca teria existido, tudo culpa desse lazarento e hoje, nada mais justo, antes de encerrarmos as chuteiras para valer, fazer essa “volta” com o figura que indiretamente mudou todo o paradeiro da minha medíocre vida...

CV: E as composições, seguiram aquela linha voltada para o som de Seattle do início dos anos 90?
A: Temos um novo baixista, como disse anteriormente; um irmão, vizinho, amigo de longa data, Fedo on bass, um cara divertido, engraçado, está sendo maneiro tocar com ele de novo. Estamos resgatando músicas antigas, três quatro acordes, riffs de metal abafado, coisas simples, com uma identidade nossa, tentando soar mais pesado e lento do que antes...



CV: Atualmente, tudo passa e muda rapidamente, como você vê o cenário underground hoje. Ele mudou em relação a época que vocês pararam?
A: Continua a mesma merda cara, segregado, glamorificado no talo, bandinhas pseudo-braZileiras tendo mais espaço e público, aquela coisa, o povo brasileiro é tudo paga pau de gringo, não tem jeito, mas aí, gosto pacas do que foi feito dentro do rótulo rock em nossa língua e somos mais uma dos remanescentes, teimosos e persistentes, mesmo que isso nos custe a vida, vamos continuar cantando em nossa língua mãe, nasci aqui, não quero ter uma vida que não tenho, cantar sobre coisas importantes numa língua que não é minha para pagar de gatinho playboyzinho, para pegar menininha, sempre achei isso um lixo e por outro lado, fica a cada dia mais evidente a dominação e o aniquilamento da nossa cultura..., sei que pode soar meio contraditório eu citar essas coisas, ainda mais falando sobre “roque”, mas foda-se, é minha forma de ver e pensar, prefiro ser fiel aos meus princípios. Embora, talvez nós iremos gravar um só em “ingreis”, só para mostrar como é mais fácil, muito mais fácil, escrever qualquer coisa e cantarolar no "embromation" para ninguém te entender (risos). A desculpa dessas bandas é, queremos ir para gringa..., que americanos vão se interessar por brasileiros sem personalidade querendo copiar o som deles e ainda na língua deles...tirando o Sepultura, e o Cansei de ser Sexy que não deu em quase nada..., não vejo mais futuro para isso, mas, posso estar equivocado, veremos.

CV: Ayuso, com a volta da Monaural, como ficam seus outros projetos musicais?
A: Não tenho mais projetos, nem vontade de retomá-los, tô ficando velho e com as bola cheia dessa cidade infernal...só queria ter grana para reformar meu violão e ficar tocando um som de fronte algum pé de morro, vendo o verde e ouvindo o cantarolar dos pássaros a me acompanhar.

CV: Vocês já fizeram algum show após o retorno? O que a galera pode esperar dessa volta da banda? 
A: Sim, nos apresentamos no Cidadão do Mundo, no ABC paulista. Lançamos um registro, espécie de bootleg, com o áudio do show, que foi filmado pelo Clóvis, Stage Struck, ficou bom até, para quem interessar, tem lá no nosso bandcamp.
monaural.bandcamp.com. Continuando, acho que não podem e nem devem esperar nada... [risos], acredito que estamos melhores ao vivo, mais experientes, e o que possa vir, e em breve virá, é no máximo um bom registro de estúdio para ficar aí para uma posterioridade do esquecimento digital.

André Astro

CV: Quais as bandas que você mais tem ouvido neste momento?
A: METZ... hummm...quem mais? A faixa nova do Sunny Day!

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para as considerações finais.
A: Nós quem agradecemos, por teu apoio e amizade verdadeira, desde muito tempo, sempre firme na luta ae, ajudando a divulgar a música independente. O mérito é todo seu cara. Até breve e esperamos ter a chance de tocar novamente em Itatiba antes que eu me mude definitivamente para o sul e o Monaural faleça permanentemente.

domingo, 11 de maio de 2014

'Os punks também amam'

Canibal Vegetariano 

No sábado 10 de maio, o Motim Records, de Valinhos, organizou festival com quatro bandas. O evento foi realizado em um lava rápido. Duas bandas eram valinhenses e outras duas de fora, sendo a Dirijo de Campinas, e Fast Falling, de Indaiatuba.
Como há tempos trocávamos ideia com o "Tuco", da banda Dirijo, a galera do Canibal Vegetariano seguiu sentido Valinhos para acompanhar o som que prometia aquecer a noite de outono, com vento frio. Para variar, como sempre ocorre, nos perdemos no caminho, tanto na ida, como na volta, mas cumprimos nossa meta.
Depois de vários pedidos de informações, conseguimos chegar ao local e a primeira banda a se apresentar foi a Meivorts, de Valinhos. Nos primeiros acordes os caras tiveram problemas com o baixo e o início foi adiado. Minutos depois, o som rolou de boa e a banda apresentou seu som, com influências do hardcore melódico do início dos anos 90. Antes do final, outro problema, desta vez com uma das guitarras, mas eles também superaram e encerraram bem a apresentação.

Canibal Vegetariano 

Após apresentação de uma das bandas "da casa", foi a vez do pessoal de Indaiatuba, Fast Falling. Também com influnências de punk rock e hardcore melódico, os caras apresentaram bom repertório de canções próprias que falam sobre a vida dos jovens brasileiros e também tecem algumas críticas sociais. Boa apresentação dos caras que formam um bom power trio.
Em seguida foi a vez dos campineiros da Dirijo. Nas gravações que ouvimos da banda o som também tem muita influência de bandas de punk rock e hardcore melódicos dos anos 90, mas ao vivo, a pegada é outra. Além de mandar muito bem nos sons, a banda tem boa presença e as músicas ganham mais peso e os caras misturam outros ritmos que tornam o show ainda mais instigante.

Canibal Vegetariano 

Passava-se muito das 22h e o vento aumentou a sensação de frio. O encerramento ficou a cargo da banda Falling Jimmy. A banda é formada por jovens e eles ainda não tem vasto repertório próprio e executaram muitas canções de bandas conhecidas. Aí, foi a deixa para voltarmos para casa e nos perdemos no caminho, novamente, mas achamos o caminho de casa. Rock'n'roll é isso!!!
    

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Rock no Dia dos Namorados

Arte: David W. Bueno 
O blog/zine Canibal Vegetariano em parceria com o programa A Hora do Canibal e apoio da rádio Click Web, traz para o leitor/leitora, uma promoção MONSTRO para o Dia dos Namorados, comemorado, no Brasil, em 12 de junho.
Nesta promoção, o vencedor ou vencedora receberá três CDs: Conquest for Death (Estados Unidos), Motor City Madness (Porto Alegre/RS) e a coletânea Rock São Paulo vol.4, com músicas de várias bandas independentes da capital paulista.

Arte: David W. Bueno

Para participar, basta os ouvintes e leitores encaminharem e-mail para zinecanibal@hotmail.com, vale quantas frases a pessoa tiver capacidade de inventar. A tosqueira também pode ser feita por vídeo, foto, colagem. O lance mais tosco leva o prêmio e quem ganhar, economizará uma grana com o presente em junho. Não fique aí parado e bota o "cabeção" para trabalhar.


A promoção é válida para todas as pessoas do planeta Terra. Caso o vencedor (a) seja de outra cidade, estado, país, receberá os prêmios no conforto de seu lar, com tudo pago pelo Canibal Vegetariano. Também podem participar pessoas casadas, amasiadas, que tenha amante, funcionários da rádio, quem escreve para o blog e tudo mais.   

domingo, 4 de maio de 2014

A noite em que Bragança Paulista tremeu

Canibal Vegetariano
A terra da nossa querida Bragança Paulista, conhecida como a terra da linguiça, não sofreu nenhum abalo sísmico mas o chão tremeu por mais de meia hora enquanto a banda Conquest for Death, formada por estadunidenses e um japonês, esteve no palco do Ciles do Lavapés.

Com energia mais do que contagiante, presença de palco insana e músicas com pouco mais de um minuto, a Conquest for Death agitou todos que foram ao local para ouvir o hardcore feito pelo quinteto. Assim que subiram ao palco, os cinco passaram a pular e soltar riffs precisos, rápidos, acompanhados de fortes "pancadas" na bateria.

Canibal Vegetariano

Rapidamente rodas de pogo foram abertas e outra parte do público, a galera do cabelo comprido, ficou em frente ao palco e soltou a cabeleira ao léu. O vocalista Dev não parava um minuto no palco, com pulos e exposição do microfone para galera cantar junto. Em alguns momentos, ele deixava o palco e saia para agitar com a galera e mesmo assim mandava muito bem nos vocais. Dev ainda deixou o palco para subir em uma mureta às margens de um rio para cantar para galera que acompanhava a apresentação da rua.

Enquanto Dev corria para todos os lados, os outros integrantes detonavam seus instrumentos no palco. No final da apresentação, parte do público não resistiu e muitos subiram para compartilhar o momento contagiante com a banda e seus integrantes. Alguns moshs foram vistos em meio à galera. Ao final do show, agradecimentos, compra de discos e afins e os comentários que não poderiam faltar: "que show foda, destruidor, coisa linda", eram as palavras mais ouvidas entre o público.

Canibal Vegetariano

Antes da apresentação da Conquest, houve o show da banda Kollision, banda com muita influência de thrash metal que agitou e esquentou o público antes do show da banda principal. Os moleques mostraram som competente e prometeram que em breve terão disco apenas com músicas próprias. Que esta gravação seja bem vinda, a galera das camisetas pretas agradece.

  

domingo, 27 de abril de 2014

O hardcore que aquece a alma

Canibal Vegetariano
  Após pouco mais de um mês que teve início o outono brasileiro 2014, pela primeira vez no Estado de São Paulo tivemos uma noite agradável desta estação. Com um clima para lá de convidativo para um rolê noturno, a equipe do Canibal Vegetariano deslocou-se até Campinas, mais especificamente para o Bar do Zé, onde rolaria a apresentação da banda paulistana Gritando HC, que há 20 anos está no mercado independente.
Com um pacote de zines impressos em baixo dos braços fomos alimentar e aquecer nossas almas com o bom hardcore produzido pela banda. Devido a um erro de comunicação, chegamos mais cedo do que o costumeiro e o que nos restou foi organizar uma disputa de bilhar. Enquanto o jogo rolava, aproveitamos para alimentar o esqueleto também, afinal, como dizia minha avó: "saco vazio não para em pé". O bom de ir a um bar como este, é que o rango tem trilha sonora com muito punk e hardcore que vibrava nas caixas de som.

Canibal Vegetariano

Devidamente alimentados, antes da apresentação, nós conversamos com a vocalista da banda, Lee, que muito gentilmente concedeu uma entrevista muito sincera sobre a banda e todo este tempo que estão na estrada, em breve o papo estará disponível aos leitores. Podemos adiantar que a conversa foi franca e durou um tempo considerável, afinal, a banda tem duas décadas de discos, shows e outros rolês.


Com a conversa em dia, Lee foi para o palco, pois estava na hora da banda mostrar o que é hardcore. Com muita competência e experiência, a banda fez a galera agitar e rapidamente as rodas de "pogo" foram abertas. No palco, os músicos apresentaram um entrosamento fantástico e as "cavalgadas" de baixo de Ritchie casou bem com a batera de Tony, que não economizou pancadas em seu kit.

Canibal Vegetariano

Em relação ao set list, a banda apresentou vários clássicos de duas décadas de carreira e o coro do público ecoou forte pela madrugada. Antes de apresentar as duas últimas músicas, Lee agradeceu a todos os presentes e também a galera do Canibal Vegetariano. E a noite foi encerrada com "Dinheiro sujo" e o classicaço "Velho punk". Com a alma devidamente aquecida, só nos restou voltar para casa pois o esqueleto sentiu um pouco o vento da madrugada.



  

domingo, 20 de abril de 2014

Rock 'garageiro' que vem dos Pampas

Arquivo pessoal
A banda Motor City Madness é uma daquelas que faz um som que não deixa o ouvinte respirar. Com riffs marcantes e rock’n’roll na medida certa, o quarteto gaúcho formado por Sergio Caldas (voz e guitarra), Rodrigo Fernandes (bateria), Cassio Konzen (guitarra) e Rene Mendes (baixo) é uma das boas revelações que vem de Porto Alegre. Para saber mais sobre o trabalho deles, conversamos com o guitarrista e vocalista Sergio Caldas.

Canibal Vegetariano: Quais as influências da banda? Há quanto tempo estão juntos? Houve mudança de formação?
Sergio Caldas:
Cada um curte muitas coisas diferentes, acho que isso dá uma 'vibe' legal na hora de juntar  tudo. É uma mistura de tudo, Motörhead, Zeke, Suécia, Tarantino, cerveja, Misfits, churrasco, Radio Birdman, MC5, a gente é meio adolescente velho. E foi nessa pilha que a banda começou, pela metade de 2012, tomando uma no bar. Tivemos duas trocas na formação logo nos primeiros meses.

CV: Antes de ouvir o disco de vocês, acompanhei uma apresentação em Campinas. Vocês conseguem levar a energia do palco para o álbum, como rolou o processo de gravação?
SC:
Foi ao vivo no estúdio, todo mundo junto, para ter esse ‘feeling’ de show. Na época gravamos todas as músicas que a gente tinha, para mostrar bem como era a banda nesse tempo. Foram duas sessões de gravação, da primeira [2012] surgiu um EP que foi lançado só digital e completamos com mais seis faixas que, juntas, são o disco que saiu.

CV: Como o público recebeu o disco de vocês e quem ouve a banda?
SC: Cara, a galera tem recebido bem, pelo fato da gente ter feito bastante show ano passado, viajado bastante e conhecido uma galera diferente, conseguimos espalhar o material em vários lugares do país e a resposta é bem positiva. Já disseram que a gente se daria bem tocando em Goiânia, pessoal lá gosta dessas barulheiras como a nossa. ‘Tô’ esperando o telefone tocar [risos].
Arquivo pessoal
CV: Como está a cena portoalegrense atualmente? Porto Alegre é considerada um celeiro de bandas, tem bons locais para apresentações?
SC: Atualmente é um celeiro de bandas covers. Aqui os covers são artistas, dão entrevistas, sub celebridades, ‘Sofá da Hebe’. Mas já teve um monte de artista legal, até hoje tem na verdade. Essas entressafras vem e vão, isso serve pra renovar a parada, aparecer gente nova, é legal. Tem várias bandas recentes daqui de Porto Alegre que são boas e estão tentando fazer alguma coisa para melhorar a situação. Som e equipamento decente sempre são importantes, mas para nós, os melhores lugares para tocar mesmo são os que têm mais gente a fim de curtir o som e os que a gente se divirta mais.

CV: Qual a vantagem de ser uma banda independente e qual a principal desvantagem?
SC:
Acho que a vantagem é poder tomar as decisões sem ter que pedir aprovação de alguém, a gente faz o que quer e o que acha que é legal. Mas também não sei ao certo porque nunca estive do outro lado. Hoje todo mundo gosta de dar discurso panfletário quando só conhece a teoria, mas nunca experimentou na prática. Essa questão de ser independente [e autoral] é bem subjetiva porque no Brasil é muito difícil fazer com que a banda se sustente por si só. Então temos que ter outros trabalhos e conciliar datas de viagem com o trampo, mentir que tem parente doente para viajar no meio da semana, atrasar a conta da luz para poder inteirar no ‘preju’ de show que deu errado, essas coisas.

CV: Há planos de excursões para outros países?
SC: Ano passado fizemos uma gira pelo Uruguai e Argentina, que a gente pretende repetir e tentar ir cada vez mais longe. A pilha é sempre essa, tocar o máximo possível e cada vez mais longe de casa. Hoje tá bem mais fácil trocar contatos, marcar shows à distância, as passagens tão mais acessíveis para quem produz os shows, então tudo é possível.

Arquivo pessoal
CV: Qual o melhor momento na estrada e qual o pior?
SC: Estar na estrada sempre é muito legal. Conhecer gente nova, lugares diferentes, mesmo quando tem roubada de show falido, som ruim, pouca gente, alguma coisa sempre dá certo. São experiências de vida que, na hora, parecem uma merda, mas depois é história para contar. Hoje praticamente todos os meus amigos e conhecidos ‘existem’ por causa de banda, turnê, essas paradas. O pior momento é ter que voltar à realidade e ter que bater cartão na segunda de manhã.

CV: Quais os planos da banda para este ano?
SC: Olha, para esse ano devemos filmar mais uns clipes, temos músicas novas para gravar também, estamos armando mais uns shows por outros estados [em 2013 além do Rio Grande do Sul, rodamos por São Paulo e Minas Gerais], isso deve rolar depois do meio do ano, se sobrar alguma coisa inteira depois da maravilhosa Copa do Mundo.


CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para considerações finais.
SC: Obrigado a todos que vão aos nossos shows, aos que compram nossos discos, camisetas, que ouvem pela internet e espalham a palavra por aí. Essas coisas são simples mas nos faz continuar. Procurem bandas novas, tem muita coisa legal aparecendo e acessível em tudo que é ‘streaming’ por aí. Parem de achar que R$ 10 num ingresso é caro. É muito melhor do que ficar em casa vendo novela e postando selfie no instagram. Valeu pela força, estamos sempre a disposíção. Abraço! RAWK!

domingo, 6 de abril de 2014

Kurt Cobain: a construção do mito

Charles R. Cross - 172 páginas - Editora Agir

No ano em que a morte de Kurt Cobain completa 20 anos, o jornalista Charles R. Cross, autor da biografia do vocalista e guitarrista do Nirvana, "Mais pesado que o céu", escreve "A construção de um mito", texto que aborda o que levou Cobain a ser o maior nome do rock'n'roll nos últimos 20 anos.
Sobre vários aspectos, o autor aborda os fatos que levaram Cobain, um rapaz do interior, ser líder de uma das bandas mais influentes de todos os tempos. No decorrer das páginas, Cross relata influências que o guitarrista e vocalista teve em sua carreira, a influência que ele exerceu não apenas na música, mas na moda, no comportamento e como foi apontado como o líder de uma geração, rótulo que Cobain sempre rejeitou.
Na segunda parte do livro, Cross escreve sobre o momento de Seattle, a "explosão" de bandas, ocorrida em curto espaço de tempo. Outro tema abordado é o vício em drogas e o que teria levado o Cobain ao consumo excessivo de heroína e cometido o suicídio. No encerramento, há alguns depoimentos de músicos sobre a música do Nirvana e a pessoa de Kurt Cobain. Leitura totalmente indicada aos fãs da banda.

sábado, 5 de abril de 2014

‘Um disparo... um estouro’: 20 anos sem Kurt Cobain

Há 20 anos a voz de Kurt Cobain era calada por ele mesmo, há quem diga que não, que ele teria sido assassinado, mas duas décadas depois, ainda dizem que Kurt tirou a vida com um disparo. Mesmo tanto tempo passado, as dúvidas pairam no ar e o caso foi reaberto, devido ao avanço da tecnologia, a Polícia de Seattle crê que algo ainda exista para ser esclarecido.
Independente do que tenha ocorrido, dizem que há exatos 20 anos, 5 de abril de 1994, Kurt partiu deste mundo e deixou em poucos anos obras que muitos não conseguiram realizar em décadas. O legado deixado por Kurt e o Nirvana foram três álbuns de estúdio, Bleach (1989), Nevermind (1991) e In Utero (1993), sendo o segundo, considerado um dos melhores e mais vendidos discos da história da música e um dos que mais influenciou pessoas.
No final dos anos 80, do século passado, sentia-se que algo estaria por vir, Bleach trazia aos holofotes um som diferente, um respiro em meio a tanta música pré fabricada de qualidade duvidosa. Mas foi em 1991 que o Nirvana, com Dave Ghrol na batera, fez o disco que mudaria tudo de lugar. O sucesso que seria a salvação de um rapaz pobre e que morava em pequenas cidades, foi a janela para que ele, que usava drogas e tinha problemas de saúde, se afundasse ainda mais.


Mesmo com tantos problemas, Kurt mostrou sua capacidade de criar músicas, de escrever letras que falavam tanto dele e de seus fantasmas, mas que tantas pessoas se identificavam e se identificam, pois somos humanos, somos falhos e cheios de dúvidas. Mas Kurt teve a sensibilidade de expor suas angústias e revolta em seus riffs de guitarra, em seu vocal cheio de desespero e na urgência de seus shows.
Nós que gostamos de rock temos várias pessoas que admiramos, mas são poucos os “ídolos” que tem coragem de expor suas preferências, suas opiniões. Além de levar músicas que falavam direto a um grande grupo, Kurt ainda apresentou bandas desconhecidas de grande parte do público e hoje, junto com o Nirvana, tem seus discos nas prateleiras. Talvez, a diferença de Kurt não seja apenas sua capacidade de fazer música, mas sim de ouvi-la e senti-la. Ele era o cara que buscava sempre algo novo e quando encontrava fazia questão de mostrá-lo.


Kurt para muitos atualmente é tratado como se fosse um deus, mas para nós ele era o cara que fazia o que muitos ainda fazem, ouvia música, buscava novidades, tocava seu instrumento, não ficava preso a um passado que não volta e tinha paixões, basta ver e ouvir a maneira como Kurt encerra o álbum “Unplugged MTV”, cheio de dor, paixão, um ser humano entregue ao poder de uma canção. Talvez seja por isso que ele nos faz tanta falta!

 Fotos: Reprodução Internet