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domingo, 6 de novembro de 2016

E nós chegamos a 8 anos

Vinicius França, Ivan Gomes e Fabinho Oliveira (The Boss)
nos primórdios do programa A HORA DO CANIBAL. Fotos:
Canibal Vegetariano
Neste 2016 que finda-se, nós do Canibal Vegetariano, blog, fanzine e do nosso programa de rádio A Hora do Canibal, comemoramos 8 anos de trabalho. O fanzine celebra data em outubro, não me lembro o dia exato em que foi publicada a primeira edição impressa, mas foi no mês citado. O programa teve sua primeira transmissão em 10 de novembro de 2008, na extinta Rádio Nova Web, do nosso eterno boss Fabinho Oliveira.

Se chegamos a oito anos, Fabinho, o Boss, é um dos principais responsáveis. Em outubro de 2008, logo que saiu a primeira edição impressa do Canibal Vegetariano, Boss convidou Vinicius França e eu (Ivan Gomes) para fazermos uma participação em seu programa e pediu para que levássemos algumas músicas de bandas que estariam no zine.

Segundo o Boss, o programa foi muito bem recebido e no dia seguinte fez um convite para que Vinicius e eu apresentássemos um programa, que seria uma continuação do fanzine. Topamos na hora. Rapidamente chegamos ao dia e horário que consideramos ideal, segunda-feira, 22h30. E assim foi.

Após algum tempo, Vinicius precisou mudar-se de Itatiba devido aos compromissos profissionais. Ele disse que eu deveria continuar com o programa enquanto fosse possível. Fiquei e com isso o tempo passou. Boss precisou encerrar as atividades da rádio, houve mudanças no programa. Um convite de uma emissora que transmitia em FM na grande São Paulo, nos fez continuar. Gravávamos o programa no antigo estúdio e deixávamos para download e para ser transmitido.

Monaural, primeira banda de outra
cidade a nos visitar
A parceria chegou a durar curto espaço de tempo, mas foi uma experiência muito interessante. Durante algum tempo, gravei o programa na cozinha da casa da minha mãe e devido a audiência que tínhamos, em um dos programas recebemos as visitas dos amigos bragantinos Quique Brown, guitarrista e vocalista da Leptospirose e também de Matiás Picon, o Perro Locon, artista plástico e músico, que atualmente toca no Sonora Scotch.

Apesar de ser feito de maneira bem tosca e nada produzido, A HORA DO CANIBAL ganhou público cativo e com o tempo angariou novos ouvintes mundo afora. No início de 2012, voltamos para uma emissora de rádio web, a Itatikids. Essa parceria durou mais de um ano e o programa era exibido aos sábados, entre 10h e 12h.

Com o fim dessa parceria, e devido a amizade que remete aos tempos de infância do Osvaldo Bertonha, um dos donos da Rádio Click Web, o programa desembarcou em maio de 2013 nos estúdios desta rádio, onde voltamos ao horário e dia original de transmissão. Essa é nossa parceria mais duradoura, lá se vão bem mais de três anos.

Quique Brown e Matías Picon em pro-
grama gravado na cozinha
Nestes 8 anos de programa, muita zueira rolou. Muitas bandas nos visitaram, inclusive bandas de outros municípios e estado. Todas as visitas são importantes, mas uma das que mais marcaram, foi a dos paranaenses da então Brazilian Cajuns Southern Rebels, em alguma noite de inverno de 2010, quando eles passavam em turnê pelo Estado de São Paulo.

Por meio de amigos, os caras que seguiam para Sorocaba, refizeram rota e desembarcaram nos estúdios da Nova Rádio Web. O que seria apenas um bate papo, tornou-se um show dos caras em Itatiba. Eles ficaram admirados com o tamanho do estúdio e pediram se poderiam tocar algumas canções. Boss e eu dissemos que sim, um violão sempre rolava quando recebíamos convidados.

Mas os caras acharam que o estúdio era grande e com isso colocaram caixa de bateria, prato, baixo acústico, um gaitista, o vocalista, um violonista e um guitarrista, além de mais 2 amigos. Até hoje não sei como todas aquelas pessoas se acomodaram no estúdio, mas rolou um baita som e após a apresentação em nosso programa, os acompanhamos até o show em Sorocaba e no dia seguinte em São Paulo, no CB Bar, na Barra Funda.

Bandas de Itatiba, nossa cidade, do litoral paulista, da capital, de quase todos os estados brasileiros nos enviam material, até hoje. E com isso, o programa segue. Também houve muitas entrevistas gravadas após shows que acompanhamos e tal, na tentativa de sempre se divertir e ouvir o que as pessoas do underground tem a dizer.

Brazilian Cajuns Southern Rebels, direto de Londrina para
A Hora do Canibal
Enquanto isso, nosso blog em 2016, o Canibal Vegetariano, quase não teve matérias como em tempos idos, mas para o próximo pretendemos voltar a abastecê-lo com mais frequência.

E para chegar onde chegamos, aproveitamos o espaço para agradecer a todos que nos acompanham e acompanharam em algum período. Técnicos de som, bandas, ouvintes... nosso corpo jurídico e a todos os amigos que fizemos e encontramos pela estrada. Um agradecimento especial ao nosso camarada de longa data e ouvinte Prude Fabrício, que mesmo sem o conhecermos pessoalmente, é um cara que está sempre conosco, mesmo à distância e também ao grande German Martinez, editor do Raro Zine, que sempre colabora com nosso trabalho.

Agradecemos também a todos os donos de rádio que foram nossos parceiros, em especial ao Boss, que como dissemos, foi quem iniciou essa loucura e a todos da Rádio Click Web que nos aturam há anos e devem nos aturar mais um pouco. Agora, vamos deixar o rock rolar.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Monaural: o rock sujo e visceral está de volta

André Astro
Depois de cerca de quatro anos parados, Ayuso reuni novamente a Monaural, com o baterista Herik, mais conhecido como "toca de véia" e um novo membro e traz novamente o rock sujo e visceral à luz do cenário underground. Para saber mais sobre esse retorno, nós do Canibal Vegetariano conversamos com o vocalista e guitarrista. Abaixo, você confere o papo na íntegra.

Canibal Vegetariano: Ayuso, depois de um bom tempo em hibernação, a Monaural está de volta. Como rolou esse processo?
Ayuso: Estávamos dormindo e de repente passaram-se quatro anos..., acordamos do nada, com muita fome e vontade de tocar, tocar, comer e tocar! (risos). Estou com trinta e dois anos, o Herik tem seus vinte e oito e Fedo, o nosso novo baixista, trinta e três, três trintões entediados, sem perspectivas, sem ter nada de divertido para se fazer nos finais de semana, por que não se divertir novamente, resgatando um pouco daquilo que ficou em nosso tempo de colegial? Nos conhecemos na escola em que estudávamos, se não tivesse conhecido o Fedo, não teria tocado com ele no Estéreo, nem teria conhecido o Herik, ou seja, o Monaural nunca teria existido, tudo culpa desse lazarento e hoje, nada mais justo, antes de encerrarmos as chuteiras para valer, fazer essa “volta” com o figura que indiretamente mudou todo o paradeiro da minha medíocre vida...

CV: E as composições, seguiram aquela linha voltada para o som de Seattle do início dos anos 90?
A: Temos um novo baixista, como disse anteriormente; um irmão, vizinho, amigo de longa data, Fedo on bass, um cara divertido, engraçado, está sendo maneiro tocar com ele de novo. Estamos resgatando músicas antigas, três quatro acordes, riffs de metal abafado, coisas simples, com uma identidade nossa, tentando soar mais pesado e lento do que antes...



CV: Atualmente, tudo passa e muda rapidamente, como você vê o cenário underground hoje. Ele mudou em relação a época que vocês pararam?
A: Continua a mesma merda cara, segregado, glamorificado no talo, bandinhas pseudo-braZileiras tendo mais espaço e público, aquela coisa, o povo brasileiro é tudo paga pau de gringo, não tem jeito, mas aí, gosto pacas do que foi feito dentro do rótulo rock em nossa língua e somos mais uma dos remanescentes, teimosos e persistentes, mesmo que isso nos custe a vida, vamos continuar cantando em nossa língua mãe, nasci aqui, não quero ter uma vida que não tenho, cantar sobre coisas importantes numa língua que não é minha para pagar de gatinho playboyzinho, para pegar menininha, sempre achei isso um lixo e por outro lado, fica a cada dia mais evidente a dominação e o aniquilamento da nossa cultura..., sei que pode soar meio contraditório eu citar essas coisas, ainda mais falando sobre “roque”, mas foda-se, é minha forma de ver e pensar, prefiro ser fiel aos meus princípios. Embora, talvez nós iremos gravar um só em “ingreis”, só para mostrar como é mais fácil, muito mais fácil, escrever qualquer coisa e cantarolar no "embromation" para ninguém te entender (risos). A desculpa dessas bandas é, queremos ir para gringa..., que americanos vão se interessar por brasileiros sem personalidade querendo copiar o som deles e ainda na língua deles...tirando o Sepultura, e o Cansei de ser Sexy que não deu em quase nada..., não vejo mais futuro para isso, mas, posso estar equivocado, veremos.

CV: Ayuso, com a volta da Monaural, como ficam seus outros projetos musicais?
A: Não tenho mais projetos, nem vontade de retomá-los, tô ficando velho e com as bola cheia dessa cidade infernal...só queria ter grana para reformar meu violão e ficar tocando um som de fronte algum pé de morro, vendo o verde e ouvindo o cantarolar dos pássaros a me acompanhar.

CV: Vocês já fizeram algum show após o retorno? O que a galera pode esperar dessa volta da banda? 
A: Sim, nos apresentamos no Cidadão do Mundo, no ABC paulista. Lançamos um registro, espécie de bootleg, com o áudio do show, que foi filmado pelo Clóvis, Stage Struck, ficou bom até, para quem interessar, tem lá no nosso bandcamp.
monaural.bandcamp.com. Continuando, acho que não podem e nem devem esperar nada... [risos], acredito que estamos melhores ao vivo, mais experientes, e o que possa vir, e em breve virá, é no máximo um bom registro de estúdio para ficar aí para uma posterioridade do esquecimento digital.

André Astro

CV: Quais as bandas que você mais tem ouvido neste momento?
A: METZ... hummm...quem mais? A faixa nova do Sunny Day!

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para as considerações finais.
A: Nós quem agradecemos, por teu apoio e amizade verdadeira, desde muito tempo, sempre firme na luta ae, ajudando a divulgar a música independente. O mérito é todo seu cara. Até breve e esperamos ter a chance de tocar novamente em Itatiba antes que eu me mude definitivamente para o sul e o Monaural faleça permanentemente.