terça-feira, 29 de maio de 2012

Até quando eles vão aguentar?


Canibal Vegetariano


No sábado 26 de maio, a pessoa que vos escreve, e mais um casal de amigos, foram até o Bar do Zé, em Campinas, para conferir mais uma apresentação de uma das bandas mais clássicas do punk nacional, Os Inocentes.
No ano anterior, a banda havia se apresentado no mesmo local, mas este ano havia algo diferente no ar. O clima de outono reinava na parte externa, enquanto no bar, um bom público fez com que a temperatura estivesse alta durante todo o tempo. Enquanto a banda não subia ao palco, o som eletrônico animava a galera, com sons dos anos 80, vários de bandas nacionais.

Canibal Vegetariano

Após meia noite, a banda assumiu seu posto e sem demora começou a desfilar seu repertório. A primeira faixa que Os Inocentes mandaram foi "Aprendi a Odiar", seguido de clássicos como "Garotos do Subúrbio", "Medo de Morrer" e "4 segundos". Depois os caras foram mandando um som melhor que o outro.
Para a surpresa deste que escreve as mal traçadas linhas, eles tocaram "Nem tudo volta".  O som chegava ao final, quando eles tocaram três hits em que a galera tomou conta dos vocais. Na sequência, eles mandaram "Miséria e Fome", "Pátria Amada", e "Pânico em SP". Clemente tentou se despedir da galera, mas não conseguiu. Aí eles fizeram duas versões de clássicos do rock. Primeiro tocaram "Ace of Spades", Motorhead e "Quanto vale a liberdade", do Cólera.

Canibal Vegetariano 
Jogo ganho, público na mão. Mas os Inocentes são como vinho, melhoram com o passar do tempo, e para encerrar a noite eles mandaram "I Fought the Law", do The Clash. Ao final, do show, tivemos a certeza, o rock rejuvenesce. Ano passado o show foi ótimo, este último conseguiu superar. Então, vamos torcer para que eles voltem em 2013.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Como a Guerra das Malvinas impulsionou o rock argentino


Rolling Stone Brasil destaca, em reportagem especial, como o período pós-guerra determinou o ponto de partida para o ressurgimento do rock no país

Na edição de maio, a Rolling Stone Brasil traz uma matéria especial sobre a influência da Guerra das Malvinas no crescimento do rock argentino em meados dos anos 80. A partir da contextualização do conflito entre Inglaterra e Argentina, a reportagem mostra como a proibição de músicas em inglês no período posterior à guerra contribuiu para a valorização do cenário nacional, principalmente o rock.
Destacando as principais bandas e músicos que tiveram letras influenciadas pela guerra, como Charly Garcia e Flema, a matéria mostra como os acordes porteños silenciaram os zumbidos das munições inglesas. Foi na derrota que a cena rock nacional encontrou o grande momento de reafirmação. Hoje, os moradores de Buenos Aires são os fãs que mais gastam dinheiro com ingressos para shows, mais até do que os próprios ingleses.
Escrita pelo jornalista argentino Edgardo Martolio, com exclusividade para a Rolling Stone Brasil, a reportagem coloca o festival musical que angariou fundos para os combatentes das Ilhas como um divisor de águas no cenário musical argentino. Citando o rock nacional como a voz de todos que permaneceram calados nos anos de ditadura, Martolio afirma que o gênero musical foi, e ainda é, um dos principais responsáveis por acender o sentimento de patriotismo “hermano”.


Sobre a Rolling Stone
Fundada em 1967 por Jann Wenner (publisher até hoje) e Ralph J. Gleason, a Rolling Stone nasceu no fervor da contracultura hippie dos anos 60. Numa época em que as revistas em circulação desprezavam a cena musical, foi o primeiro veículo a tratar o assunto seriamente. Logo se tornou conhecida por permitir a livre expressão tanto do artista quanto de seus jornalistas, fazendo história com artigos pungentes sobre sexo, drogas, comportamento e política sem rabo preso. No Brasil a publicação está sob a responsabilidade da Spring Publicações.

terça-feira, 22 de maio de 2012

'A solidão das pessoas nessas capitais '


O título refere-se a música do cantor e compositor Belchior, mas ela define o que é o filme argentino "Medianeras - Buenos Aires na era do amor virtual". Apesar de ter amor no título, o filme de Gustavo Taretto está longe de ser romance água com açúcar como muitos longas acabam sendo. Medianeras reflete a solidão das pessoas não apenas nas capitais, mas em qualquer lugar, seja Buenos Aires, São Paulo, Londres, Itatiba, sempre há solidão, pois como dizia Kurt Cobain "...completamente sozinhos, é tudo que todos nós somos..."
A película argentina retrata duas personagens complexas. O homem é um craque da computação que sofre de fobia, depressão e que para sobreviver desenvolve sites. A mulher é arquiteta, nunca atuou na área, e trabalha em uma loja como vitrinista. Em comum, as personagens sofrem por causa do amor. O amor que depois de anos de dedição não rendeu frutos, apenas decepções, separação e um "zilhão" de questionamentos.
Em seu início, o filme apresenta várias imagens de prédios de Buenos Aires e essas imagens que sempre voltam durante o passar do tempo, faz uma analogia da cidade com a vida moderna, com os cidadãos. Um começo diferente, mas que mexe com a imaginação e faz com o que o telespectador comece a se questionar sobre seus atos. A estória não mostra pessoas felizes, longe disso. Trata de pessoas que sofrem, que são frustradas, depressivas, solitárias, pessoas com muitos medos, que tomam remédios controlados. Pessoas que não conversam com ninguém, que não se encontram. Pessoas que sentem a angústia e a revolta muito vivas em suas almas.
As personagens são solitárias, vivem em apartamentos cheios de bagunça. O pouco de relacionamento ocorre através de sites de relacionamentos e que acabam como relacionamentos superficiais que não passam de uma noite e que contribuem para que elas sintam-se ainda mais solitárias.
A trilha sonora passa por músicas clássicas, trilhas básicas de fundo e uma canção folk. No ritmo corrido da vida moderna, a estória retrata o vazio, a superficialidade. Pessoas que são vizinhas, que se encontram na rua e não se cumprimentam, pois não se conhecem pessoalmente. Pessoas que conversam apenas pela internet e que veem o tempo passar por suas janelas, assim como são os personagens de Franz Kafka. A cidade de fundo, a desorganização, o caos.
Entre uma música que toca no rádio e as estações do ano que passam, o filme chega a um final surpreendente. Com bela atuação de Pilar Lopez e Javier Drolas, "Medianeras" merece ser visto mais de uma vez, pois é complexo, denso, questionador com muita complexidade em suas entrelinhas.

domingo, 20 de maio de 2012

Nevilton no Terminal de Campinas


Nesta sexta-feira, 25, os usuários que frequentam o Terminal Metropolitano de Campinas poderão conferir o show da banda Nevilton, com os vencedores da categoria Experimente do Prêmio Multishow 2011. A apresentação faz parte do programa “Arte nos Terminais” da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU/SP.

O trio formado por Nevilton de Alencar (guitarra e voz), Tiago Lobão (baixo e voz) e Éder Chapolla (bateria), está na estrada desde 2007 com um som de diversas influências que mistura música brasileira e rock.

A banda já se apresentou em todas as regiões do Brasil e em Los Angeles (Califórnia, EUA) além participar a abertura do show do Green Day, em São Paulo, tocando para quase 30 mil pessoas. Em 2010, lançaram o EP “Pressuposto” que acumulou milhares de downloads e discos físicos espalhados pelo Brasil.  Atualmente estão lançando o seu primeiro álbum, o “De Verdade”.



Arte nos Terminais

O “Arte nos Terminais” é um programa da EMTU/SP que completará 15 anos em agosto, sempre buscando difundir a arte e a cultura, por meio de eventos nos Terminais Metropolitanos do ABC Paulista e de Campinas. As atividades, geralmente agendadas no final da tarde, no horário da volta para casa dos usuários, incluem apresentações de bandas, corais, teatro e exposições.


Serviço:

Evento: Apresentação da banda “Nevilton”
Estilo: Rock nacional
Data: 25/05/2012
Horário: das 17:30 às 18:30 horas
Local:Terminal Metropolitano Prefeito Magalhães Teixeira (Terminal Metropolitano de Campinas)
Endereço: Av. Lix da Cunha, 101, Bairro Bonfim - Campinas
*Gratuito

terça-feira, 8 de maio de 2012

Duas tardes com muito rock: “PONTA URBANA ROCK 2012”



Nos próximos dias 12 e 13 de maio, em Valinhos, cidade do interior paulista, rola a segunda edição do festival “Ponta Urbana Rock”. Uma das novidades para esta edição está na programação que se estende por 2 dias, com apresentação de oito bandas em cada dia, sendo 16 bandas, de diversos estilos, vindas de várias cidades diferentes, nos dois dias de festival.
Outra novidade está no local em que será realizado o festival. "PONTA URBANA ROCK 2012” acontece no Parque Municipal “Monsenhor Bruno Nardini”, sendo de fácil acesso, tanto para quem mora em Valinhos quanto para quem vem de outras cidades. E mais, o festival terá entrada franca.
“Ponta Urbana Rock” teve sua primeira edição realizada em fevereiro de 2011, contando com a participação de importantes nomes do cenário alternativo do rock ‘n’ roll nacional. E nesta edição, novamente, importantes bandas se apresentam: Questions (São Paulo), magüeRbes (Americana), Human Trash (São Paulo), Bad Taste (Campinas), Old News (Valinhos), Os Valetes (Vinhedo), Bang Loko Sound (Valinhos), Revoltzsp (Americana), Zardoz (Valinhos), Agnus Die (Vinhedo), Fetus Humanóides (Jundiaí), Nervosa (São Paulo), Girlie Hell (Goiânia), Hellsakura (São Paulo), Infecção Raivosa (São Paulo) e Oitão (São Paulo) são as atrações confirmadas para esta edição.
Com intuito de reunir bandas de rock com trabalho autoral, de diversos estilos, num espaço de trocas e vivências entre bandas, músicos e público, dentro do contexto da cidade em que se insere, cresce o festival, possibilitando, assim, encontros e trocas entre os artistas e as pessoas vindas de várias cidades diferentes.
Sobre o local em que será realizada esta edição, o Parque Municipal “Monsenhor Bruno Nardini” de Valinhos é tradicionalmente conhecido pela realização da “Festa do Figo”, que acontece anualmente na cidade, e este ano também recebe o festival “Ponta Urbana Rock” para a sua realização.
“PONTA URBANA ROCK 2012” tem apoio da Secretaria de Cultura e Turismo, da Secretaria de Esportes e Lazer e da Prefeitura Municipal de Valinhos; também apóiam oficialmente o evento, as lojas Disorder, Street Fun e Attitude Headbanger House. A realização é da Ponta Urbana - Articulando Produções.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Dave Grohl - Nada a Perder


Michael Heatley - edições Ideal - 240 páginas

                A história descrita neste livro poderia ser mais uma de tantas que ouvimos e conhecemos diariamente. Um garoto que ao entrar na adolescência se interessa por música, faz diversas experiências com drogas, apaixonasse por um instrumento e entra para uma banda para viver o sonho de tocar rock'n'roll.
                Essa poderia ser mais uma história, mas ela é a vida de um cara que ajudou a mudar a história do rock no início dos anos 90 no século passado. Atualmente ele é considerado o cara mais legal do rock. O cara que várias bandas chamam para fazer participação especial, seja para tocar bateria, guitarra, cantar. Essa é a história de Dave Grohl, que poderia ser conhecido apenas como o baterista do Nirvana, mas atualmente ele é mais lembrado como vocalista do Foo Fighters.
                Em um livro com 240 páginas, Michael Heatley traz para os holofotes a história desconhecida, ou pouco conhecida, deste grande músico chamado Dave Grohl. O início complicado, as viagens em van para cidades pequenas para tocar para meia dúzia de pessoas. A dura vida na estrada, a falta de pagamento de cachês até sua entrada no Nirvana, a mudança no meio social, a depressão pós morte de Kurt e o iníco do Foo Fighters.
                Através de uma linguagem simples e direta, o autor passa toda a história de Dave e rapidamente de seus companheiros de banda. Fala sobre os projetos paralelos, as turnês, as alegrias e os momentos de crise vividos por músicos. O livro aborda também o lado familiar do músico, o primeiro casamento, a separação, um novo casamento, filhos e outros assuntos do cotidiano.
                Para resumir, livro recomendado para todos que gostam de rock e de saber mais sobre a história deste estilo musical que vai além de própria música. Um livro simples, de um cara simples mas que participou de uma das bandas mais importantes da história e atualmente toca em uma outra banda muito importante. Leia e deixe rock rolar. 

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Há luz no fim da garagem


Canibal Vegetariano
Hoje é uma data especial. Um dos picos mais legais para uma banda de rock se apresentar completa 5 anos. E os parabéns por mais um aniversário vai para o amigo e agitador Phábio Cookies, dono do Stúdios Phábiño, onde todo sábado rola a punkeragem. Às vezes ele também emenda a "sonzera" aos domingos.
Há exatos cinco anos esse cara começou agitando apresentações de algumas bandas e outras bandas apareceram e a cena não apenas no Guarujá, mas em todo litoral, ganhou um espaço tão raro e importante para que as bandas que se preocupam em fazer seu material, compor suas músicas, consigam se apresentar para pessoas com fome de rock e de novidades.
Para quem pensa que o rock morreu, que não há mais novidades, basta passar um sábado na punkeragem e conferir bandas não apenas locais, mas de várias regiões do estado. Estive duas vezes no estúdio com minha banda e nas duas fomos muito bem recebidos e as pessoas que estavam presentes estavam sedentas por música, diversão e tudo o que o rock pode oferecer.

Canibal Vegetariano

Nesse dia tão importante, pois somente quem vive no underground sabe o quanto é difícil manter banda, pagar estídio, gravar e descolar um espaço para fazer um som, sabe que um pico como o do Phábiño comemorar cinco anos é algo raro e heróico, por isso, divulgo a data no blog e faço votos de que esses cinco anos ganhe um zero á frente, pois o que é foi importante ontem, é hoje e será amanhã. Phábiño, espero que você continue com esta luta e nós estamos aqui para ajudá-lo, pois essa é uma luta de todos que gostam de boa música.
Para agendar ensaios, shows e conhecer mais sobre o Stúdio Phábiño, seguem os contatos: (13) 9738-2992, 8848-2992, 3341-7826; msn PHABIOLOPES@HOTMAIL.COM. O estúdio está situado na rua Silvio Fernandes Lopes, 165, Altos, sobre o antigo Bar do Botas.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dia da Loja de Discos


ATENÇÃO DISCOMANÍACOS!!!!!!

Comemore o "Dia da Loja de Discos" em uma loja perto de sua casa ou pela qual você tem muita afinidade.

Neste sábado, 21 abril, uma das lojas mais legais da região de Campinas estará com promoção de 20% em qualquer item do estoque. A loja em questão é Chop Suey Discos.

O texto abaixo foi enviado por Daniel ETE, proprietário da loja. O "Dia da Loja de Discos"é um dia comemorado internacionalmente no terceiro sábado de abril de cada ano. Sua finalidade é celebrar a arte da música reunindo fãs, artistas, lojistas e colecionadores.

A data especial foi oficialmente lançada em 2007 por Eric Levin, Michael Kurtz, Colliton Carrie, Amy Dorfman, Don Van Cleave e Brian Poehner e agora é celebrado em âmbito mundial através de shows, festas e lançamentos comemorativos da data.

Um dos lançamentos mais esperados para o "Dia da Loja de Discos" deste ano é o single ROCK N' ROLL IS THE ANSEW extraido do segundo álbum solo do finado vocalista dos RAMONES , JOEY RAMONE. “YA KNOW?”.

Para comemorar a data, ETE convida a todos a comparecerem em sua loja, das 9h até as 17h, para encontrar amigos, falar sobre, e ouvir muita, música e aproveitar a promoção comemorativa.

Se você mora em Campinas ou nas redondezas, o endereço é:  rua Barreto Leme, 1250, Centro, Campinas SP. telefone (19) 3236-0792

PS: A promoção não se estende a loja virtual, apenas a física

quarta-feira, 4 de abril de 2012

NoctVillains: Entre o folk, o pós punk e taças de vinho

Arquivo pessoal

O duo paulistano NoctVillains, formado por Roxy Lady e Vagner Sousa, traz de volta os sons pós punk que marcaram parte da década de 80 misturado com folk music. Mas, com um toque moderno e boas composições próprias, a dupla faz um som em que o ouvinte pode viajar sem sair do lugar. Com boa pegada e canções intimistas, a NoctVillains destaca-se entre as bandas independentes atuais. Para conhecer mais sobre o trabalho, o zine/blog Canibal Vegetariano conversou com o duo para saber mais sobre o trabaho realizado por eles.

Como surgiu a NoctVillains? Em quem vocês se inspiraram?
Roxy: Surgiu da necessidade de resgatar o tempo perdido com os nossos antigos trabalhos, onde deixamos pra trás muitas oportunidades de registrar nossos trabalhos com qualidade, devido muitas vezes a inexperiência e a sede por fazer shows. Não que isso tenha sido ruim, pois nos deu muita experiência de palco, mas devido a falta de dedicação para as gravações, tanto a X DEVOTION quanto o THE CONCEPT, deixaram de registrar seus trabalhos de maneira merecida depois de tantos anos de dedicação ... Então neste momento estamos tentando fazer algo mais simplificado com menos pessoas envolvidas, o mais simples e puro Rock, sem maiores complicações, nem rótulos, nem cobranças, apenas compondo, gravando e sem maiores pretensões...
Vagner: Aconteceu de estarmos juntos com o contrabaixo e taças de vinho. Toquei uma melodia e a Roxy cantou com extrema facilidade. Ali nascia a primeira música do NoctVillains (A kind of love) em poucos meses tinhamos umas 10 músicas e juntamos a fome com a vontade de tocar... As inspirações são muitas, uma delas é a música ruim e a fácil manipulação da mídia. Algumas bandas que nos influenciam depois das nossas próprias bandas, são: Velvet Underground, é claro, Roxy Music e Bryan Ferry, Joy Division, Jesus & The Mary Chain, The Cars, Frank Black, acho que influências são infinitas... Acredito que assim podemos continuar criando sempre.

Arquivo pessoal

CV: Vocês já tinham ideia de ter uma vocalista mulher ou isso veio depois?
R: Nao tínhamos nenhuma ideia na verdade. Aconteceu naturalmente, quando vimos tínhamos formado um duo de Rock, apenas voz e violão, mas com uma levada bem pesada.
V: É isso, o NoctVillains nasceu com uma vocalista.

CV: Vagner, a NoctVillains é diferente da The Concept, ao menos para mim que estou ao lado de fora. E para você? Há alguma diferença? 
V: Cara, diferença tem logo na formação, mas pra mim é a consequência de tudo que vivo no The Concept. Inevitavelmente pelas composições porque participo de ambos os processos e por ter esse espirito livre de compor ensaiar e tocar...

CV: Quantos discos vocês lançaram?
R: Estamos apenas no início de tudo, apenas o EP Friends and Wines, e agora estamos em processo de gravação do nosso primeiro álbum, com várias composições. Estamos fazendo tudo com muita calma para sair o melhor possível e não cometer os mesmos erros do passado.
V: Bom esse EP é mais um presente para nossos amigos do que um trabalho oficial, quem sabe no futuro seja item de colecionador.

Arquivo Pessoal

CV: Como foi o processo de gravação do EP Friends and Wines? Vocês gostaram do resultado?
R: Nós gostamos do resultado, apesar de saber que ainda tem algumas falhas, pois foi feito meio as pressas, nada muito profissional, só queríamos saber como iria ficar e resolvemos lancar o EP apenas para divulgação do trabalho aos amigos.
V: Como disse acima, gravamos essas músicas com muito carinho, mas ainda não é um trabalho oficial e sobre o resultado, musicalmente, é o gosto pela simplicidade, eu gosto.

CV: Qual público vocês esperam atingir?
R: Não esperamos atingir um público específico... Acredito que quem gosta de Rock de verdade irá se identificar com nosso trabalho.
V: Acho que esse é o primeiro grande erro para alguém que quer montar uma banda e criar um trabalho, que porra é essa de atingir alguém? Outro dia eu ouvi um pós emo discursando em praça pública que estava montando uma banda, compondo músicas próprias e discutindo "qual público atingir?" Esse é o primeiro passo para ser enlatado e  ser apenas mais um PRODUTO na imensa prateleira do vasto corredor, no desprezivel supermercado da música, e pior, um país que vende qualquer lixo, onde o ex-presidente assinou um papel declarando um ritmo escabroso como PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL. Eu quero atingir a mim mesmo, faço música para me completar como ser, faço música por sorte.

Arquivo pessoal

CV: E espaço para shows? Vocês têm feito muitas apresentações?
R: Fizemos algumas, em formatos diferentes, algumas só voz e violão, outras com bateria, mas estamos preparando novidades. Nossa última apresentação em dezembro, antes de darmos uma parada para as gravações foi no Rock na Vitrine na Galeria Olido, que nos rendeu um retorno muito bom por parte do público, foi muito satisfatório... Várias pessoas que viram um violão, voz e bateria, imaginaram que íamos tocar MPB, mas acabaram se surpreendendo com o som, que é bastante impactante, com muito peso, mas sem esquecer da melodia que a música necessita para moldar a voz da vocalista.
V: É isso, estamos tocando pouco, mas o objetivo é surpreender com a simplicidade.

CV: E os planos para 2012?
R: Planos por enquanto, gravar, gravar e gravar...somente depois de termos algo consistente em mãos, pensaremos em shows.

V: Estamos gravando e filmando. Abraço.

Para saber mais sobre o CD da NoctVillains acesse: http://canibalvegetariano77.blogspot.com.br/2012/02/noctvillains-friends-and-wines.html

domingo, 25 de março de 2012

Pugna: Mais de uma década de rock'n'roll


Arquivo Pessoal
A banda sorocabana está há 11 anos na estrada e entre lançamentos de álbum, EPs e mudanças na formação, continuam com muito pique e fome de rock'n'roll. Recentemente lançaram um split CD com a banda Maguerbes. Nós do zine/blog Canibal Vegetariano conversamos com o guitarrista Fábio que falou sobre a história da banda e também dos projetos futuros de sua trupe. Além de Fábio, a Pugna tem Richard no contra baixo, Fernando na guitarra, Márcio no vocal e Bruno na bateria.

Canibal Vegetariano: Cara, após 11 anos na estrada, com todas as dificuldades para manter uma banda atualmente, o que os mantêm na batalha?
Fábio: Bom ,todas as pessoas tem seus talentos , uns jogam bola, outros vendem drogas , outros roubam bancos, alguns combatem o crime, sei lá...Nós fazemos o que sabemos e temos talento para isso, não poderia ser diferente para mim, o rock me deu coisas que jamais poderia ter em outras situações e sendo assim sou devoto a ele.

Arquivo Pessoal
 CV:Qual a proposta musical do Pugna e quais as influências?
F: Nossa proposta é fazer o que sentimos bem ,os riffs saem de uma forma natural porque estamos no clima , gostamos de Rock e é isso que fazemos .Muitas coisas nos influenciou  nessa caminhada, não só a música como as atitudes, coisas como Fugazi, At the Driven In, Minor Threat, Mc5, Refuse, Queens of the Stone Age, Ramones, Black Flag,  etc ... Quando a musica é boa e bate  de alguma forma ela te contagia e a influência é automática sem pretensões.


CV: Vocês lançaram um EP em 2003 e três anos depois houve o lançamento de um álbum. Recentemente vocês lançaram um split com o Maguerbes. Houve outro registro neste intervalo?
F: Em 11 anos realmente foi complicado o processo de gravação e lançamentos, foi bem isso que você citou. Lançamos a demo “primeiro round” em 2002 com 5 músicas  e na sequência gravamos o álbum “Gladiadores na Arena”  com 13 músicas que ficou só no virtual para baixar pois a Pisces Records seria o selo que lançaria esse trampo, e como o cara é um puta sacana e um grande FDP  deu "mo mio" com conosco e ficamos esperando sair e não saiu, então acabamos disponibilizando só na net mesmo, e agora estamos com essa split com o Maguerbes que é uma puta satisfação para nós, lançando do jeito mais punk possível que é nossa cara.

Arquivo Pessoal
 CV: Por que vocês lançaram um split e não apenas um álbum de vocês? E fazer isso com a Maguerbes, era algo planejado?
F: Cara nós estávamos com 7 músicas quase prontas e me veio essa ideia de split , que antigamente sempre tinha entre as bandas punks e juntar duas bandas que não tem um segmento na cena saca, tipo, nós não somos HC ou indi ou garagem ou ... sei lá que porra é isso é rock e o Maguerbes é meio que isso também, então essa é a forma de duas bandas fazerem um corre com uma puta parceria onde quer que vamos, nós os levamos com a gente seja no físico ou apenas no CD e eles o mesmo. Os caras são muito firmeza e é umas das coisas que mais acertamos nesses 11 anos de Pugna.

CV: Como é o espaço para divulgação das bandas independentes em Sorocaba e na região?
F: Bom, no momento a coisa tá boa, com vários agitadores organizando eventos  e desbravando locais para apresentações de bandas em praças, bares, espaços da prefeitura, casas pequenas, loja, porão etc... Então tem espaço para tocar e organizar gigs com as nossas bandas prediletas, está viável e com o crescimento dos coletivos a coisa tende a melhorar cada vez mais.

CV: Em todo esse tempo de estrada, quais os lugares mais legais que já tocaram e qual a maior furada?
F: Todos os lugares que tocamos foram ótimos pois se abriram espaço para nós que somos toscos, tocar tem que ser um pico foda mesmo(risos). É sério, não quero bancar o boa praça, mas não tem essa, se formos até o local para tocar, temos que fazer o role ficar "loco"  e isso faz com que o show e o local seja o melhor. Mas temos várias histórias "locas" de shows como quase sermos presos no palco ou guitarras caindo da van em auto estrada, sinistro!

Arquivo Pessoal
CV: Em que as cenas regionais e a nacional precisam melhorar?
F: Precisam para de esperar cair do céu coisas que  que você tem que fazer por si só e parar de montar bandas para agradar produtores. Se você gosta de Rock faça com sinceridade que de alguma forma você vai ser recompensado.


CV: O que vocês planejam para 2012?
F: Bom estamos no corre de tocar e divulgar essa split..de resto sem planos ... deixar rolar que eles se formam no decorrer do ano... Paz e Rock a todos !

terça-feira, 13 de março de 2012

Uma outra história estadunidense


Ideal Records - documentário - 100 minutos

                Quando e onde ele nasceu não é possível afirmar com toda certeza, mas os punks sabem que entre o final da década de 70 e início dos anos 80, do século XX, o punk rock conhecia uma de suas vertentes mais extremas, o hardcore.
                Músicas mais rápidas e guitarras com mais distorção, bateristas que tocavam com uma pegada jamais imaginada, um público ainda mais insano e letras ainda mais diretas contra o sistema político da época e também em contestação ao estilo de vida, principalmente nos Estados Unidos.
                Tudo o que rolou nos seis primeiros anos deste estilo, entre a ascenção, queda e renascimento, está praticamente nesse documentário "American Hardcore - A história do punk rock americano 1980 - 1986". O filme de Paul Rachman, escrito por Steven Blush, inspirado no livro "American Hardcore - A Tribal History", vai diretamente ao ponto em entrevistas/declarações dos principais nomes da história deste estilo que 30 anos depois continua mais vivo que nunca.
                Entre entrevistas com músicos, fãs, zineiros e outras pessoas envolvidas com o estilo, o filme dá uma geral em tudo o que rolou em uma das épocas mais violentas e também mais criativa do rock. Se você busca conhecimento e quer conhecer mais sobre o punk e o hardcore, o DVD pode ajudá-lo, pois nada melhor do que a história ser contada, por quem fez história. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

Promoção do Pelado n'A HORA DO CANIBAL


A partir do momento em que você ler este post até o próximo dia 31, está valendo a "Promoção do Pelado" do programa  A HORA DO CANIBAL em parceria com o zine/blog Canibal Vegetariano.
Para participar e ganhar um lindo DVD "Breaking Brazilian Bones in Europe Tour", documentário de Binho Miranda e Rogério Japonês, sobre a turnê do Leptospirose e Merda pelo coninente europeu, os interessados em ter esse DVD devem enviar e-mail para nkrock@hotmail.com com alguma frase tosca sobre nudez, ou foto da pessoa ou mesmo vídeo correndo nú por aí. A ideia é abordar a nudez, vale até recorte de revista. Não há limites para e-mails, envie quantos achar necessário.
Quem não mora em Itatiba, deve enviar o endereço completo no e-mail pois caso vença receberá o prêmio no conforto de seu lar sem custo algum.

terça-feira, 6 de março de 2012

Magüerbes: O rock chega à maioridade



Adams Fehlauer 55 11 71777710
 Há quase duas décadas na estrada, a banda de Americana, Magüerbes, foi formada em 1994 e lançou recentemente um split com os sorocabanos do Pugna. Para saber mais sobre esse trabalho conversamos com os integrantes da banda, que além do novo trabalho, deram uma geral na carreira. 


Canibal Vegetariano: Após muitos anos de estrada e mudanças de formação, quem integra o Magüerbes atualmente?
Magüerbes: Atualmente segue com Haroldo no vocal, Tuti e Douglas nas guitarras, Rafael no baixo e Ricardo na batera.

CV: Vocês completam 18 anos em 2012. Quais os pontos positivos e negativos nesse tempo de estrada e o que faz com que vocês continuem batalhando na cena independente?
M: Os pontos positivos são vários. Desde a oportunidade de poder viajar para poder tocar, conhecer pessoas no Brasil inteiro, ter um ideal, um propósito para viver, além de poder “fugir” da rotina “trampo/casa”, sem contar os ensaios e produção dos discos, que são momentos de extrema terapia mental. Não consigo lembrar no momento de nenhum ponto negativo, mas eles existem. Podemos citar, por exemplo, a falta de estrutura de determinados lugares e o anti-profissionalismo de alguns produtores. Mas como você bem disse, isso tudo faz parte da batalha diária de se ter uma banda independente, que corre com recursos próprios. O prazer de tocar, viajar, pegar estradas e madrugadas junto com amigos é o que nos faz continuar batalhando na árdua estrada da cena independente brasileira.

CV: Há quase duas décadas na estrada, o que mudou de quando vocês começaram para este início de ano? Podemos dizer que existe uma cena no interior? Melhorou ou piorou?
M: Desde quando começamos mudou muita coisa, por exemplo, não tínhamos lugar nem equipamentos para ensaiar, hoje em dia tem uma porrada de estúdios de ensaio. Também não existia Internet, a comunicação era feita por cartas, telefone e através de revistas e zines especializados. A gente tocava em festas juninas de bairro e de escolas, dificilmente tinha um show de alguma banda considerada na cena, até porque não existia lugar e, em especial na nossa cidade, Americana, esse problema ainda existe, temos 1 ou 2% de apoio do poder público aqui para realizar eventos. Até que veio o Juntatribo né... hahah que com toda certeza foi o pontapé que faltava para uma cena que estava se formando no interior de São Paulo, especialmente em cidades da RMC. Hoje em dia podemos dizer sim que existe uma cena no interior, porém, essa cena já foi melhor na metade da década passada. Resumindo, de quando começamos até hoje, melhorou bastante, mas ainda falta espaço e investimento.

CV: Vocês lançaram recentemente um split com a banda Pugna. Vocês os escolheram para dividir o disco ou foi ao contrário?
M: O Pugna é uma banda “fudida” de Sorocaba que corre com nós há alguns anos, e a ideia de fazer um split surgiu de ambos. Nós estávamos querendo gravar algumas músicas e eles já tinham algumas músicas prontas já gravadas e resolvemos que iríamos lançar um disco junto. Essa conversa toda começou em 2009/2010.

CV: Como rolou o processo de gravação e como vocês divulgam este trabalho?
M: Cada banda correu de acordo com o tempo disponível pra fazê-lo. O Maguerbes estava numa situação onde a gente se encontrava em shows, não tínhamos muita rotina de ensaio. O Leonardo (antigo guitarrista) estava saindo da banda, mas quis gravar o disco até porque ele ajudou na composição das músicas. O Danado, que era o outro guita, assumiu quando o Léo saiu. Também gravou, mas também já havia escolhido o caminho que ele queria, então sobrou eu, o Tuti e o Haroldo para correr com mix, master, etc. Nessa época, a banda quase acabou e quase que esse split não sai, mas resolvemos fazer porque já havia muita gente envolvida nesse processo todo. Gravamos no mesmo estúdio onde foi feito o Modelo de Prova, com o Luis Gustavo Venturim, o famoso Granja, que é um cara que trabalhou com a gente e se identificou com nós, e vice-versa. A divulgação desse disco está sendo feita através da Internet, em sites como o Trama Virtual, estamos vendendo nos shows e mandando via Sedex para festivais e veículos de comunicação de todo Brasil.
Adams Fehlauer 55 11 71777710
CV: Ultimamente muitas bandas têm feito seus lançamentos em formato split. Existe algum motivo especifico para isso ou é apenas curtição?
M: Acredito que além da curtição de poder dividir um trabalho desses com alguma banda parceira, também fica mais viável na hora de pagar as contas (risos). Talvez role um saudosismo dos tempos áureos dos 80’.

CV: Quando eu era moleque, em meados dos anos 90, muitos caras seguiam para Americana para adquirir discos, principalmente de metal extremo pois havia uma loja especializada no assunto. Vocês também frequentavam essa loja? Quais são as principais influências da banda?
M: Opa! Claro que frequentávamos (risos), a Heavy Metal Rock. Era lei aos sábados de manhã ir a heavy encontrar os camaradas, comprar alguns discos, gravar fitas, etc. Era lá que se encontravam os metaleiros de Americana e região. Acho que as influências da banda, de tantas coisas que vimos e ouvimos, desde os primórdios, varia muito e vai muito além de bandas e estilos musicais, mas podemos dizer que se teve uma influência forte na sonoridade do Maguerbes, foi a cena roqueira alternativa que surgiu no começo dos anos 90, fim dos 80, com bandas como Faith No More, Sepultura, Slayer, Deftones, Helmet, RDP, Fudge Tunnel, rap nacional, rap gringo, etc.

CV: Quais os principais shows em que a banda se apresentou? Por quê?
M: Teve vários na verdade, difícil vai ser lembrar de todos, mas podemos destacar alguns que fizemos pelo sul, como em Guaramirim-SC, no saudoso Curupira, onde rolava o encontro da Cultura Underground, foi muito bom pela receptividade do povo roqueiro daquela região, principalmente porque foi a época que estávamos lançando o single Soco. Então fomos com um monte de CDs e camisetas e voltamos sem nada, isso foi importante para perceber que talvez não estávamos fazendo algo que agradava só a nós da banda ou aos amigos, mas também pessoas que nunca tínhamos visto na vida. Todos os shows que fizemos em Goiânia, tanto no Goiânia Noise, quanto no Bananada foram muito fodas porque aí já foi pra um público de mais de duas mil pessoas, onde até então isso para nós era um grande desafio! O role que fizemos pelo Mercosul foi importante também pelo fato de estarmos desbravando um território até então novo pra nós, outra língua, porém, mesma cultura. Posso destacar também o role pelo Brasil. Fizemos com o Dead Fish, no New Skate Tour, onde tocamos para um público muito grande, estrutura foda e cidades e estados que não havíamos ido. Nesse role percorremos o sul, sudeste, nordeste.

Adams Fehlauer 55 11 71777710
CV: E para este ano, quais são as metas?
M: Para este ano estamos trabalhando num disco novo que é bem provável que saia até o fim do ano. Estamos com nova formação e numa sintonia de ideias bem saudáveis e produtivas. E também tocar pelo Brasil para desovar esse split que estamos na mão.

CV: Agradeço pela atenção e deixo espaço para vocês. Valeu.
M: Nós que agradecemos a oportunidade e espaço desse zine que é foda e que acompanhamos há algum tempo. Parabéns pelo trabalho e continuem na batalha. Nossos canais de troca de ideias e comunicação em geral podem ser encontrados no Facebook, discografia para download no Trama Virtual, Fotolog, Youtube, Twitter, etc. É só digitar “maguerbes” no Google (risos).








segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Memória Punk: Pânico em SP


Documentário produzido no auge do punk no Brasil mostra como era o público e a ideologia de quem fazia parte deste movimento que foi um dos mais importantes na história da música mundial

 O documentário Pânico em SP mostra como era a cena punk no Brasil em seu auge, início dos anos 80, século XX. O Brasil vivia o final da ditadura militar e na periferia de São Paulo, jovens reclamavam sobre a repressão, falta de oportunidades, além de outros problemas vividos à época. O texto que vocês irão ler foi escrito por Claudio Morelli, free-lancer na área de comunicações, roteirista, diretor de fotografia e diretor de trabalhos institucionais.   
                Em 1982 eu cursava o 8º semestre do curso de Cinema na ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP). Era o último semestre e o grupo tinha direito a dois curtametragens em 35 mm. Ao mesmo tempo, eu tomava contato com o movimento punk através do Marião (Mario Dalcêndio Jr., amigo velho de guerra) que já estava vagando por aquelas searas. A empatia foi imediata e comecei a frequentar os ambientes dos punks (o salão no Pari, a Galeria do Rock, o Largo São Bento, etc).
                Devido a tudo isso propus um projeto de documentário ao grupo e ele foi aceito. Optamos pela bitola de 16 mm. Por questões de maior mobilidade e facilidade no manuseio. A ideia era documentar os espaços, a música, as opiniões, o comportamento, a vestimenta, tudo enfim; no entanto eu queria documentar de uma forma que eles mesmos se expressassem, sem interferência da produção. Nada de narrador descrevendo nada, e muito menos uma montagem que pudesse direcionar o espectador a uma opinião, fosse de simpatia ou antipatia. O filme seria como uma colagem, com cenas curtas, um ritmo frenético como a música punk.

 Mas, por que eu simpatizei com os punks logo de cara? Para começar, imediatamente percebi que aquela ideia de punks como vândalos destrutivos não correspondia à realidade. Eles tinham uma ideologia e motivos para a rebeldia.         
Estávamos nos estertores da ditadura militar e esses jovens da periferia testemunhavam a repressão aos trabalhadores, que lutavam por salários e, associados aos universitários e à intelectualidade, exigiam liberdade de opinião, de expressão e de manifestação. Além disso, esses mesmos jovens não viam no horizonte nenhuma possibilidade de ascensão social ou desenvolvimento pessoal e material.
                Daí a revolta. O símbolo e a ideia de Anarquia tomou conta desses grupos e nada de autoridades, nada de poder, nada de governo (que, obviamente, era o títere da repressão). Agruparam-se então em torno dessas ideias. Óbvio que havia os mais exaltados, que acabavam saindo da linha e cometendo pequenos delitos de violência. Por causa deles, todo o movimento punk era mal visto pela sociedade em geral e, principalmente, pelos encastelados com seus cães-de-guarda.
                Mas essa não era a regra. Os punks eram pacíficos, quando muito armavam confusões entre eles mesmos, entre os diversos grupos que compunham o movimento (Carolina, ABC, etc.). Não saíam por aí depredando mansões ou queimando BMW.      

Quanto a drogas, poucos usavam e a mais consumida era cola de sapateiro. Bebiam pinga com groselha. A rebeldia estava nos trajes (pretos, quase sempre), jaqueta de couro paramentadas com adereços característicos de peças de montaria, calça de brim, e, principalmente o coturno. Acho que o coturno era uma forma de se opor à repressão, tomando delas um de seus símbolos. As meninas (que não eram muitas, é verdade) se vestiam praticamente da mesma maneira.
                O alemão era uma exceção; vestia-se sempre com roupas de cores berrantes, com adereços estranhos. Era comum o símbolo da Anarquia ser desenhado nas costas. Às vezes podia-se encontrar uma ou outra suástica, mas tenho certeza que era apenas para chocar as pessoas. É verdade que na época já existiam os skinheads, com suas idiotices repugnantes, que se trajavam como os punks. Também por isso os punks eram associados ao vandalismo, graças aos skins.

Mas, a coisa que mais me atraía mesmo era a música. A proposta era genial. Na época não havia nada de importante no rock. Tudo tinha virado balada, disco ou então egressos do heavy metal do início da década de 1970 com seus virtuosismos, trajes glamorosos e alienação ideológica. A solução punk para isso foi bem simples: faça você mesmo sua música, basta aprender três acordes, ninguém precisa mais que isso. Uma boa distorção na guitarra, bateria frenética e, principalmente, letras que expressem o que você vive, sua revolta, sua indignação, seu "no future".
Essa música levava à dança. Uma dança que exorcizava os desejos, uma dança que representava uma luta, com empurrões e chutes cadenciados. Resumindo, tudo isso me encantou, e eu, junto com o Marião, me juntei a eles, começamos a fazer parte deles. Nós frequentavamos o Largo São Bento nos fins-de-semana, ia aos salões e tudo mais.
           Foi essa identificação resultou no filme Pânico em SP, cujo nome vem de uma música dos Inocentes. E o filme tentou ser tão punk quanto eles e nós. Para saber mais, assista ao filme. De vez em quando ele roda por aí.

Todas as fotos são do Arquivo Pessoal de Cláudio Morelli

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

NoctVillains - Friends and Wines


Produção Independente
A banda paulistana NoctVillains lançou seu EP "Friends and Wines". O CD tem seis músicas com uma sonoridade que passeia entre os anos 80 e 90 do século passado.
E o destaque deste lançamento é, sem dúvida, a faixa de abertura "Sorry". Com uma entrada de violão simples mas muito marcante e a voz de Roxy Perrota é algo muito agradável de se ouvir, ela não soa grave como a maior parte das cantoras de MPB, mas também não é aquela voz fraca que cantoras pop insistem em fazer. A de Roxy, é a voz feminina que encaixa perfeitamente ao que a música pede.
A primeira faixa termina e logo vem a segunda que é outro grande potencial a hit, "Dangerous Day". Música que mescla o melhor do pop com o rock alternativo. Após, mais quatro faixas, todas com destaque especiale ritmos e instrumentos diferentes, com participação de vários amigos da banda durante as canções.
O EP foi todo gravado de maneira independente, mas nem por isso pense que a gravação é tosca. Muito pelo contrário, a gravação é algo totalmente profissional. Com instrumentos e vozes bem claros e limpos, é possível ouvir todos os músicos de maneira limpa, inclusive às vozes sobrepostas que dão um toque especial a cada faixa.
Se você se interessar, procure ouvir este EP que faz parte da 'Promoção do Capeta" do programa A HORA DO CANIBAL em parceria com o fanzine/blog Canibal Vegetariano. Se você curtir o som, saiba como participar e um CD pode ser seu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Promoção do 'Capeta' no Canibal Vegetariano

Canibal Vegetariano
O Fanzine/Blog Canibal Vegetariano convida todos seus leitores e também ouvintes do programa A HORA DO CANIBAL para participar desta verdadeira promoção do Capeta, homenagem ao carnaval brasileiro, que começa a valer "agora" e prossegue até 29 de fevereiro. Não é zueira, neste ano teremos esse dia.
Na promoção do Capeta, o leitor/ouvinte pode enviar quantos e-mails quiser e escrever "porque a promoção tem este nome?". As repostas mais criativas ganham CD's e camisetas. Serão sorteadas duas camisetas da banda paulistana NoctVillains. Devido ao formato, as camisetas serão sorteadas somente para ouvintes/leitores do sexo feminino.

Canibal Vegetariano

Os CDs serão entregues para as pessoas que se interessarem pelas "bolachas". Serão sorteadas os discos: um CD da banda mineira Aterro. Esse CD é recomendado para pessoas que gostam de thrash metal e hardcore. Além do Aterro, os ouvintes/leitores podem ganhar dois CDs da banda paulistana NoctVillains. Projeto paralelo de Vagner Sousa, baixista da banda The Concept. Neste disco, a banda flerta com sons dos anos 1980 com bandas do século 21. Também serão sorteados três CDs da coletânea Rock São Paulo vol.4. O disco tem bandas de vários estilos, entre as bandas neste registro estão Dance of Days, Elevadores e NoctVillains.

  É isso aí, serão entregues seis CDs e duas camisetas. Para participar basta enviar e-mails para nkrock@hotmail.com. Moradores de Itatiba receberão o prêmio em local a combinar. Quem for de outras localidades, recebe o brinde em casa.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Les Fleurs: uma viagem sem limite

Canibal Vegetariano
André
A banda itatibense Les Fleurs, antes chamada Les Fleurs du Mal, volta às atividades depois de um hiato de cinco anos, devido, principalmente, ao rolê que um dos membros originais, André Fujiwara, deu pelo lado oriental do planeta.
E as mudanças da banda não param apenas no nome, elas também ocorrem na formação, repertório e decisões polêmicas, uma delas a troca de músicos humanos por computadores e programas pré-programados. Para saber mais sobre o retorno e todas as mudanças, o cara chato que sempre escreve no fanzine/blog Canibal Vegetariano, foi conferir um ensaio da banda e entre uma cerveja e outra, trocou uma ideia com os membros atuais: André Fujiwara, guitarra, backing vocals, Reginaldo Maciel, vocais, guitarra, violão, Richard Kraus, teclado e Daiane Zep, vocais, backing vocals.

Canibal Vegetariano
Reginaldo e Daiane
A primeira pergunta durante o bate papo foi; por que vocês optaram por se apresentar sem baixista e baterista? "Cara, desde o início, tivemos vários problemas com bateristas, nunca pelo lado pessoal, mas sim musical, nossas ideias não batiam, estávamos muito além do que muita gente toca, pois fazemos uma salada musical e temos muitas influências distintas", disse Reginaldo Maciel.
André também comentou sobre as mudanças. "Aqui no Brasil é difícil encontrar músicos que topam tocar junto com algo programado. Pelo atual momento da banda, teríamos fácil, umas dez pessoas tocando juntas, mas sabemos que isso é inviável por várias razões e aproveitamos para trabalhar mais com a tecnologia", comentou.

Canibal Vegetariano
Richard
REPERTÓRIO/ A banda atualmente deixou um pouco de lado o as composições próprias e no retorno eles apostam em versões para músicas obscuras da cultura pop e também hits conhecidos das várias fases do rock'n'roll. "Nossa viagem musical ocorre de New Order a Kinks, do início do rock nos anos 50 a bandas do século 21. Misturamos tudo devido ao gosto de cada um. Estamos curtindo muito esse momento", comentou Richard.
                Sobre a entrada de uma mulher na banda, os três disseram que isso era algo que eles pensavam há tempos. "Sempre gostamos de experimentar, de não limitar nossas ideias, e sempre tivemos bem claro que seria muito legal ter um vocal feminino e isso está rolando atualmente, o que nos deixa ainda mais a fim de nos apresentarmos", afirmaram.
              
Canibal Vegetariano
A banda
Para quem pensa que a banda toca somente cover pode esquecer. Em pouco mais de sete anos de banda, com intervalo, já dito, de cinco anos, eles lançaram um EP "Rock'n'roll french bitch" e um álbum "Dancing on the bottle neck". "Fizemos pouquissimas cópias, mas registramos dois CD's com músicas próprias e ainda temos um pronto, ainda não lançado. Ele é um projeto que fizemos com Mateus Machado, poeta, em que musicamos vários poemas de seu livro 'Pandora's Pussy'", declarou André. "Atualmente deixamos essas músicas de lado para nos dedicarmos as versões, pois queiram ou não, é mais fácil para descolar shows em bares, mas não abandonamos as composições, tanto que na apresentação do dia 11, vamos apresentar uma canção inédita", encerrou André.
                A banda Les Fleurs faz sua primeira apresentação após retorno no próximo dia 11, em Itatiba. O local será o bar Ponto Alto, no bairro Cruzeiro a partir das 22h.