quarta-feira, 4 de abril de 2012

NoctVillains: Entre o folk, o pós punk e taças de vinho

Arquivo pessoal

O duo paulistano NoctVillains, formado por Roxy Lady e Vagner Sousa, traz de volta os sons pós punk que marcaram parte da década de 80 misturado com folk music. Mas, com um toque moderno e boas composições próprias, a dupla faz um som em que o ouvinte pode viajar sem sair do lugar. Com boa pegada e canções intimistas, a NoctVillains destaca-se entre as bandas independentes atuais. Para conhecer mais sobre o trabalho, o zine/blog Canibal Vegetariano conversou com o duo para saber mais sobre o trabaho realizado por eles.

Como surgiu a NoctVillains? Em quem vocês se inspiraram?
Roxy: Surgiu da necessidade de resgatar o tempo perdido com os nossos antigos trabalhos, onde deixamos pra trás muitas oportunidades de registrar nossos trabalhos com qualidade, devido muitas vezes a inexperiência e a sede por fazer shows. Não que isso tenha sido ruim, pois nos deu muita experiência de palco, mas devido a falta de dedicação para as gravações, tanto a X DEVOTION quanto o THE CONCEPT, deixaram de registrar seus trabalhos de maneira merecida depois de tantos anos de dedicação ... Então neste momento estamos tentando fazer algo mais simplificado com menos pessoas envolvidas, o mais simples e puro Rock, sem maiores complicações, nem rótulos, nem cobranças, apenas compondo, gravando e sem maiores pretensões...
Vagner: Aconteceu de estarmos juntos com o contrabaixo e taças de vinho. Toquei uma melodia e a Roxy cantou com extrema facilidade. Ali nascia a primeira música do NoctVillains (A kind of love) em poucos meses tinhamos umas 10 músicas e juntamos a fome com a vontade de tocar... As inspirações são muitas, uma delas é a música ruim e a fácil manipulação da mídia. Algumas bandas que nos influenciam depois das nossas próprias bandas, são: Velvet Underground, é claro, Roxy Music e Bryan Ferry, Joy Division, Jesus & The Mary Chain, The Cars, Frank Black, acho que influências são infinitas... Acredito que assim podemos continuar criando sempre.

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CV: Vocês já tinham ideia de ter uma vocalista mulher ou isso veio depois?
R: Nao tínhamos nenhuma ideia na verdade. Aconteceu naturalmente, quando vimos tínhamos formado um duo de Rock, apenas voz e violão, mas com uma levada bem pesada.
V: É isso, o NoctVillains nasceu com uma vocalista.

CV: Vagner, a NoctVillains é diferente da The Concept, ao menos para mim que estou ao lado de fora. E para você? Há alguma diferença? 
V: Cara, diferença tem logo na formação, mas pra mim é a consequência de tudo que vivo no The Concept. Inevitavelmente pelas composições porque participo de ambos os processos e por ter esse espirito livre de compor ensaiar e tocar...

CV: Quantos discos vocês lançaram?
R: Estamos apenas no início de tudo, apenas o EP Friends and Wines, e agora estamos em processo de gravação do nosso primeiro álbum, com várias composições. Estamos fazendo tudo com muita calma para sair o melhor possível e não cometer os mesmos erros do passado.
V: Bom esse EP é mais um presente para nossos amigos do que um trabalho oficial, quem sabe no futuro seja item de colecionador.

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CV: Como foi o processo de gravação do EP Friends and Wines? Vocês gostaram do resultado?
R: Nós gostamos do resultado, apesar de saber que ainda tem algumas falhas, pois foi feito meio as pressas, nada muito profissional, só queríamos saber como iria ficar e resolvemos lancar o EP apenas para divulgação do trabalho aos amigos.
V: Como disse acima, gravamos essas músicas com muito carinho, mas ainda não é um trabalho oficial e sobre o resultado, musicalmente, é o gosto pela simplicidade, eu gosto.

CV: Qual público vocês esperam atingir?
R: Não esperamos atingir um público específico... Acredito que quem gosta de Rock de verdade irá se identificar com nosso trabalho.
V: Acho que esse é o primeiro grande erro para alguém que quer montar uma banda e criar um trabalho, que porra é essa de atingir alguém? Outro dia eu ouvi um pós emo discursando em praça pública que estava montando uma banda, compondo músicas próprias e discutindo "qual público atingir?" Esse é o primeiro passo para ser enlatado e  ser apenas mais um PRODUTO na imensa prateleira do vasto corredor, no desprezivel supermercado da música, e pior, um país que vende qualquer lixo, onde o ex-presidente assinou um papel declarando um ritmo escabroso como PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL. Eu quero atingir a mim mesmo, faço música para me completar como ser, faço música por sorte.

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CV: E espaço para shows? Vocês têm feito muitas apresentações?
R: Fizemos algumas, em formatos diferentes, algumas só voz e violão, outras com bateria, mas estamos preparando novidades. Nossa última apresentação em dezembro, antes de darmos uma parada para as gravações foi no Rock na Vitrine na Galeria Olido, que nos rendeu um retorno muito bom por parte do público, foi muito satisfatório... Várias pessoas que viram um violão, voz e bateria, imaginaram que íamos tocar MPB, mas acabaram se surpreendendo com o som, que é bastante impactante, com muito peso, mas sem esquecer da melodia que a música necessita para moldar a voz da vocalista.
V: É isso, estamos tocando pouco, mas o objetivo é surpreender com a simplicidade.

CV: E os planos para 2012?
R: Planos por enquanto, gravar, gravar e gravar...somente depois de termos algo consistente em mãos, pensaremos em shows.

V: Estamos gravando e filmando. Abraço.

Para saber mais sobre o CD da NoctVillains acesse: http://canibalvegetariano77.blogspot.com.br/2012/02/noctvillains-friends-and-wines.html

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