terça-feira, 6 de março de 2012

Magüerbes: O rock chega à maioridade



Adams Fehlauer 55 11 71777710
 Há quase duas décadas na estrada, a banda de Americana, Magüerbes, foi formada em 1994 e lançou recentemente um split com os sorocabanos do Pugna. Para saber mais sobre esse trabalho conversamos com os integrantes da banda, que além do novo trabalho, deram uma geral na carreira. 


Canibal Vegetariano: Após muitos anos de estrada e mudanças de formação, quem integra o Magüerbes atualmente?
Magüerbes: Atualmente segue com Haroldo no vocal, Tuti e Douglas nas guitarras, Rafael no baixo e Ricardo na batera.

CV: Vocês completam 18 anos em 2012. Quais os pontos positivos e negativos nesse tempo de estrada e o que faz com que vocês continuem batalhando na cena independente?
M: Os pontos positivos são vários. Desde a oportunidade de poder viajar para poder tocar, conhecer pessoas no Brasil inteiro, ter um ideal, um propósito para viver, além de poder “fugir” da rotina “trampo/casa”, sem contar os ensaios e produção dos discos, que são momentos de extrema terapia mental. Não consigo lembrar no momento de nenhum ponto negativo, mas eles existem. Podemos citar, por exemplo, a falta de estrutura de determinados lugares e o anti-profissionalismo de alguns produtores. Mas como você bem disse, isso tudo faz parte da batalha diária de se ter uma banda independente, que corre com recursos próprios. O prazer de tocar, viajar, pegar estradas e madrugadas junto com amigos é o que nos faz continuar batalhando na árdua estrada da cena independente brasileira.

CV: Há quase duas décadas na estrada, o que mudou de quando vocês começaram para este início de ano? Podemos dizer que existe uma cena no interior? Melhorou ou piorou?
M: Desde quando começamos mudou muita coisa, por exemplo, não tínhamos lugar nem equipamentos para ensaiar, hoje em dia tem uma porrada de estúdios de ensaio. Também não existia Internet, a comunicação era feita por cartas, telefone e através de revistas e zines especializados. A gente tocava em festas juninas de bairro e de escolas, dificilmente tinha um show de alguma banda considerada na cena, até porque não existia lugar e, em especial na nossa cidade, Americana, esse problema ainda existe, temos 1 ou 2% de apoio do poder público aqui para realizar eventos. Até que veio o Juntatribo né... hahah que com toda certeza foi o pontapé que faltava para uma cena que estava se formando no interior de São Paulo, especialmente em cidades da RMC. Hoje em dia podemos dizer sim que existe uma cena no interior, porém, essa cena já foi melhor na metade da década passada. Resumindo, de quando começamos até hoje, melhorou bastante, mas ainda falta espaço e investimento.

CV: Vocês lançaram recentemente um split com a banda Pugna. Vocês os escolheram para dividir o disco ou foi ao contrário?
M: O Pugna é uma banda “fudida” de Sorocaba que corre com nós há alguns anos, e a ideia de fazer um split surgiu de ambos. Nós estávamos querendo gravar algumas músicas e eles já tinham algumas músicas prontas já gravadas e resolvemos que iríamos lançar um disco junto. Essa conversa toda começou em 2009/2010.

CV: Como rolou o processo de gravação e como vocês divulgam este trabalho?
M: Cada banda correu de acordo com o tempo disponível pra fazê-lo. O Maguerbes estava numa situação onde a gente se encontrava em shows, não tínhamos muita rotina de ensaio. O Leonardo (antigo guitarrista) estava saindo da banda, mas quis gravar o disco até porque ele ajudou na composição das músicas. O Danado, que era o outro guita, assumiu quando o Léo saiu. Também gravou, mas também já havia escolhido o caminho que ele queria, então sobrou eu, o Tuti e o Haroldo para correr com mix, master, etc. Nessa época, a banda quase acabou e quase que esse split não sai, mas resolvemos fazer porque já havia muita gente envolvida nesse processo todo. Gravamos no mesmo estúdio onde foi feito o Modelo de Prova, com o Luis Gustavo Venturim, o famoso Granja, que é um cara que trabalhou com a gente e se identificou com nós, e vice-versa. A divulgação desse disco está sendo feita através da Internet, em sites como o Trama Virtual, estamos vendendo nos shows e mandando via Sedex para festivais e veículos de comunicação de todo Brasil.
Adams Fehlauer 55 11 71777710
CV: Ultimamente muitas bandas têm feito seus lançamentos em formato split. Existe algum motivo especifico para isso ou é apenas curtição?
M: Acredito que além da curtição de poder dividir um trabalho desses com alguma banda parceira, também fica mais viável na hora de pagar as contas (risos). Talvez role um saudosismo dos tempos áureos dos 80’.

CV: Quando eu era moleque, em meados dos anos 90, muitos caras seguiam para Americana para adquirir discos, principalmente de metal extremo pois havia uma loja especializada no assunto. Vocês também frequentavam essa loja? Quais são as principais influências da banda?
M: Opa! Claro que frequentávamos (risos), a Heavy Metal Rock. Era lei aos sábados de manhã ir a heavy encontrar os camaradas, comprar alguns discos, gravar fitas, etc. Era lá que se encontravam os metaleiros de Americana e região. Acho que as influências da banda, de tantas coisas que vimos e ouvimos, desde os primórdios, varia muito e vai muito além de bandas e estilos musicais, mas podemos dizer que se teve uma influência forte na sonoridade do Maguerbes, foi a cena roqueira alternativa que surgiu no começo dos anos 90, fim dos 80, com bandas como Faith No More, Sepultura, Slayer, Deftones, Helmet, RDP, Fudge Tunnel, rap nacional, rap gringo, etc.

CV: Quais os principais shows em que a banda se apresentou? Por quê?
M: Teve vários na verdade, difícil vai ser lembrar de todos, mas podemos destacar alguns que fizemos pelo sul, como em Guaramirim-SC, no saudoso Curupira, onde rolava o encontro da Cultura Underground, foi muito bom pela receptividade do povo roqueiro daquela região, principalmente porque foi a época que estávamos lançando o single Soco. Então fomos com um monte de CDs e camisetas e voltamos sem nada, isso foi importante para perceber que talvez não estávamos fazendo algo que agradava só a nós da banda ou aos amigos, mas também pessoas que nunca tínhamos visto na vida. Todos os shows que fizemos em Goiânia, tanto no Goiânia Noise, quanto no Bananada foram muito fodas porque aí já foi pra um público de mais de duas mil pessoas, onde até então isso para nós era um grande desafio! O role que fizemos pelo Mercosul foi importante também pelo fato de estarmos desbravando um território até então novo pra nós, outra língua, porém, mesma cultura. Posso destacar também o role pelo Brasil. Fizemos com o Dead Fish, no New Skate Tour, onde tocamos para um público muito grande, estrutura foda e cidades e estados que não havíamos ido. Nesse role percorremos o sul, sudeste, nordeste.

Adams Fehlauer 55 11 71777710
CV: E para este ano, quais são as metas?
M: Para este ano estamos trabalhando num disco novo que é bem provável que saia até o fim do ano. Estamos com nova formação e numa sintonia de ideias bem saudáveis e produtivas. E também tocar pelo Brasil para desovar esse split que estamos na mão.

CV: Agradeço pela atenção e deixo espaço para vocês. Valeu.
M: Nós que agradecemos a oportunidade e espaço desse zine que é foda e que acompanhamos há algum tempo. Parabéns pelo trabalho e continuem na batalha. Nossos canais de troca de ideias e comunicação em geral podem ser encontrados no Facebook, discografia para download no Trama Virtual, Fotolog, Youtube, Twitter, etc. É só digitar “maguerbes” no Google (risos).








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