terça-feira, 21 de outubro de 2008

Kid Vinil: "O herói do Brasil" (entrevista)



O jornalista, apresentador, radialista, músico, cantor, DJ, executivo, colecionador de discos e agora escritor, Kid Vinil, bateu um papo com o zine Canibal Vegetariano sobre o lançamento de seu livro o "Almanaque do Rock", o futuro da música, discos preferidos e outros assuntos.

Se você ainda não o reconheceu, vamos refrescar sua memória. Kid Vinil no final dos anos 70, isso no século XX, era radialista e foi um dos primeiros, se não o primeiro cara a botar Punk Rock para rolar nas rádios. Ele também foi vocalista da banda Verminose e Magazine, que quase na metade da décade de 80, estourou nas paradas com os hits "Tic Tic Nervoso" e "Sou Boy". Kid também apresentou programas na TV Cultura (o Som Pop foi um deles) e durante três anos esteve à frente do Lado B na MTV. Chega de blá blá blá e vamos à entrevista.


Canibal Vegetariano: Quando rolou a idéia de escrever o Almanaque do Rock?

Kid Vinil: No ano passado um dos editores da Ediouro me consultou sobre fazer um almanaque dentro da série, daí pensei em fazer contando detalhes sobre a história do rock desde a década de 50 e citando também o rock brasileiro. Em menos de um ano já tinha todo material pronto. Daí partimos para as finalizações (ilustrações, fotos).



CV: Você acredita que o mercado de livros musicais no Brasil é pequeno? Como é esse mercado fora do País?

Kid: Realmente se compararmos o número de publicações nacionais com a quantidade de publicações estrangeiras, com certeza temos poucos títulos. Mas, nos últimos anos cresceram as publicações sobre rock no Brasil. A própria Ediouro lançou os almanaques dos anos 80, 70, e 90 e agora o dos Beatles e aquele livro dos Rolling Stones. Acho que já temos um número considerável de títulos no mercado.



CV: No início deste século houve um retorno do Magazine, inclusive com o lançamento de um bom albúm o "Na Honestidade", como está o Magazine e fale um pouco sobre seu novo projeto o Kid Vinil Xperience.


Kid: A volta do Magazine foi por esse CD da Trama, foi bem legal reunir a banda e gravarmos um CD de músicas inéditas. Agora estou com esse projeto Kid Vinil Xperience, que traz o guitarrista do Magazine, o Carlos e dois músicos novos, o Mauricio no baixo e o JC Goes na bateria. Fazemos uma retrospectiva do meu trabalho ( Verminose,Magazine,Heróis do Brasil) temos algumas inéditas e covers de coisas que gosto do punk e da década de 80.


CV: Vamos fazer como no Alta Fidelidade. Quais são suas cinco bandas favoritas de todos os tempos? E quais os discos?

Kid: The Beatles - o álbum branco

The Rolling Stones - Beggars Banquet

David Bowie - Ziggy Stardust and The Spiders from Mars

Ramones - Ramones

The Smiths - The Queen is Dead



CV: Algumas pessoas desprezam o rock que é feito atualmente e vivem dizendo que só nos 60, 70, que o rock era rock mesmo. O que
você pensa dessas comparações. Dá para afirmar que um tempo é melhor que outro?

Kid: Não gosto dessas comparações, acho que cada época tem seu estilo e seu valor. O importante é encontrar as coisas boas que são feitas em cada década. Hoje existem muitas bandas boas, a Internet facilita muito pra gente encontrar e descobrir coisas novas e de qualidade.



CV: Kid, nós que gostamos de comprar vinil, CD´s, sofreremos em um futuro não muito distante, com a falta desse tipo de comercialização de música? Ou você acredita que os "discos" podem voltar?

Kid: Lá fora na verdade nunca deixaram de fabricar vinil. Eu compro semanalmente os compactos das novas bandas "indies" que eu gosto, Compro relançamentos do selo italiano Akarma, por exemplo. Tudo sai em vinil lá fora, infelizmente aqui no Brasil é que pararam de fabricar vinil e dificilmente voltem a fazê-lo, pois tudo aqui é caro e ninguem tem poder aquisitivo pra comprar discos de vinil. Se até o CD ficou caro pro brasileiro, imagina o vinil. Virou apenas objeto de colecionadores por aqui, ao passo que lá fora ainda é produto de consumo.



CV: A internet ajuda ou atrapalha as bandas? Pois quem tem loja especializada está sofrendo, pois as vendas estão caindo e o pessoal ou compra CD falsificado ou "baixa" música. Como você ve essa situação?

Kid: Como eu citei acima, num país como o Brasil que o poder aquisitivo da maioria é muito baixo, o cd orginal acabou morrendo. Todo mundo apela pro download, é mais fácil, prático, ninguém proibiu essa prática, tá tudo liberado. É uma pena que as gravadoras não conseguiram regulamentar essa coisa do download. Prejudicou muita gente, principalmente as gravadoras aqui no Brasil e as lojas de discos que estão fechando a cada dia. O artista na verdade precisa de divulgação e fazer shows pra ganhar algum dinheiro. Vendas de discos nunca significaram muito pro artista, principalmente quando ele está preso a uma grande gravadora. Para o artista independente sim, é uma desvantagem pois ele vende seus discos nos shows e se alguém disponibiliza na net ele sai perdendo. Na Europa e nos EUA as pessoas ainda têm o hábito de frequentar lojas de discos, pois é diferente eles ganham pra isso e tem poder aquisitivo. É aquela velha história aqui o CD custa até mais de 40 reais dependendo do titulo, é inviável!



CV: Você que passou por várias fases do rock, acredita que existirão bandas com a longevidade de grupos como Rolling Stones, Rush, Ac/Dc? Por que?

Kid: Hoje nós vivemos mais do que nunca a era da descartabilidade, a maioria das bandas tem vida curta. Acho bem difícil apostar na longevidade de certos grupos. Alguns podem até sobreviver por uns 10 ou mais discos como o Oasis, por exemplo, mas será dificil baterem os Rolling Stones.



CV: Como você vê a atual cena do rock no Brasil? Como está o público, shows, bandas? Atualmente o que é melhor para uma banda, ficar no underground, ou assinar com uma grande gravadora?

Kid: Hoje no Brasil vivemos a era do rock independente, tudo que acontece está na cena alternativa, nos festivais (Goiania Noise, Demo Sul, Bananada etc)

As bandas todas optam pelo caminho independente, não existe mais espaço nas grandes gravadoras. Não há mais interesse das grandes gravadoras em lançar bandas novas com propostas que diferenciem da mesmice "emo", por exemplo. A saída é partir pro circuito independente.



CV: Kid, muito obrigado pela entrevista, deixo o espaço para você divulgar shows, venda do livro, enfim, o espaço é seu.

Kid: Seria legal deixar o meu site e blog, aliás no blog eu tenho um podcast semanal onde eu toco as novidades que eu tô ouvindo e recomendo muita coisa nova, vale a pena acessar!

www.kidvinil.com

www.kidvinil.blogspot.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Fodassaaaa a entrevista!!! Parabens!!!

Ass: Marcelo "Pudim"- Equipe Páginas Vazias