terça-feira, 22 de outubro de 2013

Promoção A HORA DO CANIBAL e O Grande Ogro

Devido a comemoração de cinco anos do programa A HORA DO CANIBAL e também do fanzine/blog Canibal Vegetariano, nós, em parceria com a banda instrumental paulistana O Grande Ogro, realizamos promoção para presentear um ouvinte/leitor com o novo EP da banda.
Com quatro músicas de rock instrumental, os paulistanos mostram muita versatilidade e faz rock sem frivolidades, além de citar uma certa urgência nos temas. Além do CD, o vencedor levará para casa três adesivos.

Para participar, basta o ouvinte enviar e-mail para zinecanibal@hotmail.com ou enviar mensagem para Canibal Vegetariano no Facebook. A frase mais tosca leva para casa a “bolachinha”. Caso o vencedor seja de Itatiba poderá retirar o brinde na sede da rádio Click Web. Caso more em outra cidade, receberá o brinde no conforto de seu lar, sem despesas de envio. A promoção vale até os primeiros dias de novembro.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quando a poesia encontra o rock'n'roll

Arquivo Pessoal 
O poeta itatibense Mateus Machado lançou recentemente mais um livro de poesias "A beleza de todas as coisas". Aproveitando a oportunidade, o fanzine/blog Canibal Vegetariano falou com o poeta sobre esta obra e também sobre o cenário musical, pois o autor é envolvido em outras áreas de manifestações artísticas. A entrevista na íntegra você confere abaixo.

Canibal Vegetariano: Mateus, sobre o que você escreve neste livro?
Mateus Machado: É sobre um conceito oriental, da tradição indiana, que diz que toda a manifestação da vida, boa ou ruim, é um ato sagrado. Já não se trata mais das nossas dualidades, herdadas sobretudo da tradição bíblica e da cultura judaico-cristã. Tal conceito rompe com os limites de nossas dicotomias; bem/mal, certo/errado, luz/trevas etc. Para uma mentalidade ocidental é um conceito difícil de assimilar. A crise espiritual de um povo se reflete em sua crise poética, na ausência criativa, na má interpretação e compreensão de seus próprios símbolos. Em culturas antigas, como os egípcios, havia três maneiras de exprimir seus pensamentos; a primeira era clara e simples, a segunda era simbólica, metafórica, e a terceira era sagrada. Havia o sentido próprio, figurado e transcendente em uma mesma palavra. A Beleza de Todas as Coisas é a manifestação do poder divino em tudo, porque a vida se alimenta de si própria. A vida, e seu ciclo de nascimento, morte e ressurreição, que é um tema mítico universal, é do que fala minha poesia. Outro tema central é o sagrado feminino, ou como diz Joseph Campbel “é a histórica rejeição do feminino, da Deusa-Mãe, implícita na história do Jardim do Éden". A vida é um fogo que se auto consome.

CV: Você lançou outros livros de poesia e também uma estória de ficção, em parceira com Nádia Grecco. Neste novo trabalho, teve influência da astrologia?
MM: O interesse pela Astrologia surgiu desde muito cedo. Quando me formei Astrólogo percebi que poderia usar esse sistema, carregado de uma linguagem simbólica, dentro da minha poesia. Tal recurso eu comecei a usar no meu segundo livro de poesia, A Mulher Vestida de Sol, porém, hoje em dia uso com mais autoridade. Mas a linguagem astrológica na poesia não é algo novo. Dante Alighieri (1265-1321) na Divina Comédia faz uso da Astrologia.

"Governar um país cuja população tenha, ao menos, um nível “médio” de educação e, consequentemente, de argumentação crítica, seria um pesadelo para os políticos corruptos"

CV: Você se formou no assunto e o que isso mudou na sua maneira de escrever e pensar sobre literatura e o mundo em geral?
MM: Sim. Para você ter uma melhor compreensão do Mundo e sua dinâmica se faz necessário primeiro conhecer a si próprio. Somos uma linguagem simbólica. Um Astrólogo entenderá o verso “Urano poderoso na Casa do Destino”, ele encontrará um leque de possibilidades interpretativas no contexto do poema. Um leitor que não conhece Astrologia não terá o mesmo alcance. Mas em nossos dias de Google, qualquer pesquisa se torna rápida e fácil. Um leitor comum ainda pode contar com a força das imagens, e essas mesmas imagens universais estão estampadas no seu inconsciente, faz parte de sua herança primitiva.

Canibal Vegetariano

CV: Como é o mercado de poesia no Brasil? Ele chega a ser mais complicado do que outras formas de literatura?
MM: A Poesia é marginal, sempre foi. Mesmo em culturas antigas como a pré-islâmica, quando os poetas eram tão ou mais importantes que os príncipes, ou na cultura celta em que ser poeta era também exercer um sacerdócio, no caso os Druídas, a classe mais alta entre o povo celta. Costuma se dizer que culturalmente o Brasil não é um país de leitores de poesia, como acontece com outros países da América Latina. Há poetas consagrados aqui no Brasil que se fossem viver com o dinheiro da venda de seus livros morreriam de fome. No entanto há leitores de poesia no Brasil sim. O que falta é interesse e  investimento por parte da indústria editorial de grande porte, da mídia de modo geral, do governo...claro que, governar um país cuja população tenha, ao menos, um nível “médio” de educação e, consequentemente, de argumentação crítica, seria um pesadelo para os políticos corruptos.

CV: Na hora de escrever, quais são suas influências? Cite seus escritores favoritos, não apenas em poesia.
MM: Minhas influências são todas as coisas que gosto. Neste livro você encontrará referências de filmes, artes plásticas, música, mitologia, literatura etc. A lista de escritores favoritos é bem extensa, isso porque tenho muitos interesses. Citarei apenas alguns autores contemporâneos e clássicos que me influenciaram neste livro especificamente: Joseph Campbel (mitólogo), Mircéa Eliade (poeta e estudioso das religiões), Neil Gaiman, James Joyce, Nick Cave, Roberto Piva, Ana Akhmátova, Jorge Luis Borges, Liv Ullman (atriz), Dante, Blake, etc.

CV: Falando em escritores e parafraseando Antonio Abujamra. Qual seu escritor favorito e qual você ainda não descobriu?
MM: Favoritos são muitos, pode ficar com os já citados acima. Os que ainda não descobri com mais profundidade são Antonin Artaud, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Hilda Hilst, no entanto, eles já estão entre os meus preferidos.

CV: Você também toca em banda de rock. Como a música pode influenciar um escritor ou poeta?
MM: A leitura de maneira geral pode acrescentar maior conteúdo, maior senso crítico, estético, perspectivas diferentes na música, na vida de cada pessoa. Só tem a acrescentar. Sempre existiu uma parceria entre poesia e música, desde a época dos trovadores medievais.

Arquivo Pessoal

CV: Falta poesia no rock atualmente?
MM: Falta poesia em muita coisa, no rock sobretudo. Mas também há muita coisa boa sendo feita atualmente, de artistas consagrados como Nick Cave até bandas que estão começando agora. O problema é a indústria da música com sua cultura de enlatados e música fast food. O que é bom dificilmente tem espaço na grande mídia. A figura do poeta hoje em dia virou uma piada, a própria poesia virou um pastiche mal feito. Para a Poesia ser respeitada nos dias de hoje é necessário que ela se imponha como ato terrorista, baseada em uma fé extrema, cega se for preciso, mas falta coragem, falta paixão, falta sabedoria para se olhar por dentro. A pergunta é: Quem vai querer um poeta na idade do Rock?

CV: Você como escritor, como vê a chegada dos e-books?
MM: A era de Gutemberg está chegando ao fim. Há muita vantagem nos e-books (e desvantagens também, afinal, quem vai querer um Mundo perfeito?). Mas os livros impressos ficarão ativos por muito tempo ainda. Como sempre, a Poesia sobreviverá.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Duas décadas de uma obra-prima

Onde você estava em setembro de 1993? Consegue lembrar-se de algo que tenha lhe marcado tanto? Como era o mundo há 20 anos? Perguntas difíceis de responder, mas há exatas duas décadas, o mundo recebia uma obra-prima composta por uma das bandas mais populares daquela época, o Nirvana. Naquele mês de setembro, entre o final do verão e início de outono no hemisfério norte, fim de inverno início de primavera no sul, onde está o Brasil, recebíamos em nossas lojas o novo disco, tão aguardado, "In Utero".
Claro que àquela época não tínhamos tanto dinheiro para sair comprando discos, eram tempos muito difíceis em nosso país, desemprego, recessão, inflação fora de controle, governo que tentava encontrar alguma saída para uma nação a beira da falência e com muitos jovens sem esperança no futuro que se tornava cada vez mais presente.
As dores de amor, da alma, as crises existenciais, tudo isso fazia parte do dia a dia de muitos adolescentes. A chegada do novo disco do Nirvana trazia algo que falava diretamente a grande parte dessas pessoas, pois era um disco 'sujo', agressivo, um grito de socorro com microfonia, guitarras distorcidas, vocais melancólicos e letras que falavam muito sobre sofrimento de várias espécies, entre espiritual e físico.
Foi com esse disco que muitos moleques da época passaram a entender o que era rock, que o Nirvana mostrou do que era capaz e de quanto a banda era boa. Brigas com gravadora, agentes, gravações feitas no melhor estilo de banda de garagem, álbum feito para "não vender". O título original seria um soco na cara de muitos "I hate myself i want to die" [eu me odeio e quero morrer], mostrava o quanto Kurt não estava nada satisfeito com sua fama e com o "zilhão" de cobranças que recebia. A gravadora barrou e depois de muitas reuniões chegaram ao título final "In Utero".
Não é necessário dizer que assim que chegou às lojas o álbum “tomou” de cara o primeiro posto nos mais vendidos e gerou muitos comentários entre críticos e fãs. As letras eram ainda mais ácidas do que as de "Nevermind" e "Bleach". Em uma delas, logo na primeira faixa, "Serve the Servants", ele cita: "a angústia adolescente deu bom lucro, agora fiquei chato e velho". O primeiro single do disco foi "Heart shaped box", onde ele afirma que "queria poder devorar seu câncer quando seu corpo ficasse roxo" e em outra parte grita "jogue para baixo seu cordão umbilical para que eu possa subir de volta".
A letra mais polêmica foi da quarta faixa, "Rape me" [Me estupre]. "Me estupre, me estupre meu amigo, me estupre, me estupre de novo, me odeie, faça e repita", cantava Kurt sobre melodia que tinha seu estilo de composição, guitarra limpa, suja, sussurros e gritos desesperados. Em outra faixa, "Francis Farmer will have her revenge on Seatle", o vocalista abre o refrão com "sinto falta do conforto de ficar triste".
Entre idas e vindas, entre o som brutal, nervoso, com vontade de destruir o mundo, há canções calmas, com pitadas de depressão e melancolia. Para resumir, em todo tom triste do álbum, dá para sentir que ele é tão bom quanto os outros, ou até melhor, depende de como você está no dia em que o coloca para ouvir. Neste mês, esta obra completa duas décadas, e ele soa tão atual como poucos, pois a angústia e a revolta fazem parte da natureza humana, goste você ou não.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Grande Ogro apenas no nome

Arquivo Pessoal
Banda paulistana formada há dois anos, faz som instrumental e esbanja qualidade musical no primeiro EP lançado recentemente. Para conhecer mais sobre esta banda, que promete no cenário independente, o Canibal Vegetariano falou com os caras sobre influências, espaço para música própria e outros assuntos.

Canibal Vegetariano: Por que O Grande Ogro?
O Grande Ogro: A referência vem de um disco "El gran orgro"(At the Drive-in), pois queremos fazer um som pesado e nome como a banda veio a calhar muito bem, traduzimos e deixamos em português.

CV: Como foi formada a banda e há quanto tempos estão juntos? Houve mudanças na formação?
GG: Com a saída de integrante de uma outra banda, mais necessidade que sempre tínhamos de tocar, tivemos uma outra formação inicial mas era só a ideia. Com a participação de Jackson, passamos a ser "O Grande Ogro". Temos dois anos de vida com a mesma formação.

CV: Quais são as principais influências da banda?
GG: Cada um tem suas banda preferidas ou gosta de uma e de outra banda, pode ser no rock ou não, definir isso é difícil, chegar e falar que temos uma principal influência é como limitar o pensamento, é como se limitar para criação e para vida, mas no geral em um senso comum.

CV: Por que optaram pelo som instrumental?
GG: Podemos explorar mais musicalmente sem nos preocuparmos em seguir um vocal um frontmam. Ter essa ruptura do normal, algo que sempre os seres mais comuns esperam, fazer a música se tornar mais abstrata, pesada, suja, subversiva, minimalista, com contra tempo.

CV: O som de vocês tem ‘peso’. Quais são os espaços nos quais se apresentam?
GG: Sim, sempre pensamos no peso, deixar denso, como dito na outra pergunta acima, minimalista, etc. Tocamos na rua e em uma calçada, em estação de trem, fornecido pelo estado, o espaço, casa de show ou não, praças públicas, na garagem do Jackson, etc. Onde chamarem, tocamos, desde que todos da banda concordem.
Arquivo Pessoal

CV: Como é o trabalho de composição?
GG: Conversas, ideias, tudo que venha a mente e possa ser traduzido em sonoridade, a junção de pensamento, ideias são expostas e trabalhadas em conjunto, nos reunimos em ensaios com a banda completa e algumas vezes fazemos só as cordas, para ter algo mais concreto na hora de ir para o estúdio ensaiar,uma base é colocada e daí vão surgindo as ideias, é isso. Ou chega com uma ideia ou frase, no caso das cordas a gente quebra e muda tudo, ou não, pode ser uma ideia única e muito boa que só acrescentamos algumas coisas, mas é bem demorado em muitas das vezes...

CV: Qual o melhor momento da banda até o momento e o pior?
GG: Melhor momento sempre depois que um show é bom.

CV: Qual show marcou a banda?
GG: Que tocamos na calçada no extremo leste de São Paulo, fizemos com uma banda amiga o Discrepante, toda banda devia adotar isso.

Arquivo Pessoal

CV: Discos, vocês já lançaram quantos? Quais os planos para o futuro?
GG: Disco nenhum, temos um EP só que é em CD que estamos fazendo a distribuição dele da nossa forma e com as nossas condições, pois não temos patrocinadores e nem gravadora, fazemos por nós mesmos. O futuro é estar na mesma pegada de ensaios e por em práticas as ideias, fazer nosso trabalho e deixar o som, tocar em mais lugares, comer solto…

CV: Deixo espaço para considerações finais, abraço!
GG: Vá aos nossos shows, conheçam O Grande Ogro, escutem mais músicas feitas por bandas nacionais. Saia do mundo virtual e conheça o real! E leia muito, isso vai te ajudar bastante.

http://ograndeogro.wix.com/ograndeogro
http://www.facebook.com/pages/O-Grande-Ogro/238454302886593?ref=ts&fref=ts

domingo, 8 de setembro de 2013

O grito da independência

Canibal Vegetariano
Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro, e, no Bar do Celso, quem deu as cartas foi o rock independente. Uma das bandas mais antigas de Itatiba comemora 10 anos e o bar foi escolhido para um show especial, apresentação do novo vocalista, Rodrigo Garcia e apresentações de bandas como Cadillac Rosa e Oskar Face. Brazilian Cajuns, de Londrina, estava programada mas devido a morte do avô de três integrantes da banda, eles cancelaram a apresentação.
                Devido aos compromissos profissionais, a galera do Canibal Vegetariano chegou atrasada à apresentação e perdeu o show da Oskar Face, mas quem viu disse que os paulistanos mandam muito bem no ska.
Canibal Vegetariano
                A galera chegou no início da apresentação dos itatibenses da The Bebers Operários. Como há muito não via a banda, a curiosidade era imensa, pois eles estavam com novo vocalista. E a apresentação dos caras fez jus ao aniversário de 10 anos. Street punk no talo, com duas guitarras ‘dialogando’ em boa frequência e o novo vocalista manda bem e segurou a onda. Entre as canções, velhas conhecidas e eles ainda mandaram uma homenagem aos Garotos Podres, com Anarquia Oi!.
                
Canibal Vegetariano
Após pancadaria do Bebers, foi à vez do rockabilly do Cadillac Rosa. Os rapazes de Porto Ferreira rodaram muito mas fizeram uma apresentação antológica no Bar do Celso. Com várias pessoas a caráter, estilo anos 50, do século passado, a banda fez todo mundo dançar, inclusive quem estava atrás do balcão. Com a ausência da Brazilian Cajuns, eles tiveram mais tempo e homenagearam os amigos paranaenses com a música “depois daquele tiro”.
                Depois de muitas horas de rock, o que restou foi voltar para casa e saber que ainda há esperanças para novas bandas e para quem acredita na independência do rock, pois a do Brasil é cada dia mais difícil.

                 

                

sábado, 31 de agosto de 2013

Rock em homenagem à cerveja: conheça a ‘Circus Boy’

Arquivo Pessoal 
Formada a partir de uma brincadeira entre amigos, A Circus Boy, nome em homenagem a uma marca de cerveja, antes um quarteto, atualmente trio, está junto desde 2008 e há ‘batalham’ na cena independente. Atualmente a banda é formada pelo Alexandre Cruz [bateria], Paulo Button [baixo] e Pedro Mendes [vocais e guitarra]. Para saber mais da história da banda, o Canibal Vegetariano conversou com Pedro Mendes, vocalista e guitarrista.

Canibal Vegetariano: No show de vocês, o vocalista estava com camiseta do Ramones e batera do Nirvana. Achei o som muito mais trabalhado do que dessas bandas. O que vocês ouvem em casa?
Pedro Mendes: Vixi! Acho que vai muito de épocas porque ouvimos muitas bandas. Então em algumas épocas estamos ouvindo mais bandas do que as outras, mas isso sempre muda. Juro, não sei como responder essa pergunta, se eu responder vou deixar de citar 20 bandas por cada membro!

CV: Quais as principais influências?
PM: Acho muito difícil citar todas nossas influências ainda mais quando abrimos para cada membro. Mas tentando fazer o resumo mais resumido possível e mesmo assim deixando de citar MUITA coisa, Ale: Motorhead, Button: punk/ harcore, Red Hot e Rage Against. Eu: muito blues e o hard rock clássico dos anos 70.

CV: Como é o processo de composição, letra e música, de vocês?
PM: É algo muito natural. Sempre que temos alguma ideia de melodia ou algum riff, nos reunimos para desenvolvê-la. Assim como as letras, às vezes alguém aparece com uma pronta em outros momentos escrevemos juntos.

CV: Quando será lançado o primeiro EP ou CD da banda?
PM: Lançamos o primeiro EP em maio deste ano, foi o ‘The Mudd, The Blood And The Beer’. Em agosto fomos até o estúdio para gravarmos o nosso 2º EP que a princípio se chama ‘Metachimera’, se não mudarmos de ideia até o lançamento.

Arquivo Pessoal 
CV: O som de vocês tem o que muitos chamam de "peso". Quais são os locais que vocês mais se apresentam? Já foram barrados em algum lugar por causa da sonoridade?

PM: Sem dúvida o local onde mais nos apresentamos foi o Bar do Zé em Campinas. Ainda não tivemos nenhum problema por causa da sonoridade, a única coisa que acontece geralmente é pedirem para nós abaixarmos um pouco o som no palco, porém quase nunca é viável.

CV: Que visão vocês têm sobre a cena independente atual?
PM: Sobre a cena atual de Campinas estamos cada vez mais contentes. Por muitos anos a cena independente ficou parada ou fechada à pouquíssimas bandas que não era do nosso gosto. De alguns anos para cá, algumas bandas conseguiram movimentar a cena cultural e estamos começando a colher os pequenos frutos desse trabalho. Ainda há muito caminho a ser percorrido, pois ainda existem poucas produtoras independentes, poucas casas que abrem suas portas para as bandas independentes e também espaço zero nas rádios.

CV: Quais os próximos passos da Circus Boy?
PM: Entraremos em estúdio para gravarmos o 2º EP. Pretendemos gravar o 3º até o fim desse ano ainda para lançarmos uma compilação de todos no ano seguinte. Estamos estudando a possibilidade de lançar algum clipe também, mas não é nosso foco principal. O que queremos sem dúvida, além de compor e gravar, é conseguir o maior número de shows possíveis para conseguirmos divulgar cada vez mais nosso trabalho.

Arquivo Pessoal
CV: Deixo espaço para declarações finais e merchandising. Grato pela entrevista, abraço!
PM: Gostaríamos de agradecer MUITO ao espaço dado pela equipe do Canibal Vegetariano e parabenizá-los pelo trabalho. Voltando a pergunta que nos foi feita anteriormente, isso é uma das coisas que faltam para levantar a cena da cidade, um blog, uma revista, ou qualquer tipo de meio de comunicação que ajude a divulgar o trabalho das bandas autorais. Mais uma vez, parabéns pela iniciativa!
Para todo mundo que quiser ouvir e/ou baixar o nosso EP é só entrar na nossa fanpage do Facebook pois temos todo o material disponível, inclusive links para o Youtube com vídeos de shows e entrevistas, abraços!


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

'O mundo do rock é lindo'

Canibal Vegetariano
Já devo ter utilizado essa frase, do mestre Daniel ETE, vocalista e baixista da banda Drákula, como título de algum outro texto que escrevi, mas nenhum vem em minha cabeça neste momento, mas ele define muito bem o que ocorreu no último domingo, 18 de agosto, em Campinas, dia do encerramento da 7ª edição do Festival AutoRock.

Sete bandas estavam programadas para tocar na Concha Acústica na Lagoa do Taquaral, e na escalação estavam bandas consagradas no cenário independente como Mukeka di Rato, Drákula, Maguerbes, Rock Rocket, além de Motor City Madness, Adrede e Gasolines.
Canibal Vegetariano
O primeiro show, da banda Gasolines, estava marcado para 14h, mas como a galera do Canibal Vegetariano tem que rodar cerca de 45 quilômetros, não conseguimos acompanhar a banda e quando chegamos, a Motor City Madness já detonava seu rock'n'roll, que era muito convidativo, principalmente quando se tem cabelos compridos. Vi pouco da apresentação, mas o que vi me agradou e muito. Espero que retornem em breve para acompanhar outra apresentação.
O clima da tarde de domingo, inverno brasileiro, estava interessante, temperatura amena, em queda, e muito vento. A cerveja demorava para esquentar e as bandas subiam ao palco com mais garra. Após o show do Motor, foi a vez dos campineiros da Drákula subirem ao palco e detonarem. Com músicas dos seus três registros e a mistura de garage, punk e rock'n'roll, a Drákula ganhou fácil a plateia presente e sedenta de rock. Show espetacular.

Canibal Vegetariano
Com o passar do tempo, a temperatura caia de maneira considerável, a Maguerbes, banda de Americana, subiu ao palco e mandou ver seu som. Mas o clima nos obrigava a frequentar em demasia o toalet e também a barraquinha de lanche. Do show vi pouco, mas o som estava bom para quem acompanhava de fora.
Assim que a Maguerbes deixou o palco, foi a vez da Rock Rocket agitar a galera que comparecia em bom número. Com rock sujo e cru, os paulistanos fizeram a molecada abrir rodas de pogo e levou muita gente para próximo do palco para dar "mosh" e também se aproximar mais dos músicos. E a galera presente conhecia a banda, muitas músicas foram cantadas em coro.
Saiu Rock Rocket e subiu ao palco os capixabas da Mukeka di Rato. Minutos antes do show, Mozine, baixista da banda, disse que o vocalista, Sandrinho, estava com infecção na garganta e nem viajou para Campinas.

Canibal Vegetariano
Em formato power trio, os capixabas subiram ao palco e com Mozine e Paulista [guitarra] nos vocais, eles passaram por quase 20 anos de carreira de maneira rápida e direta. Entre os destaques da apresentação, a banda executou “Minha Escolinha”, “Rambo quer matar Che Guevara”, “Praia da Bosta”, “Maconha”, entre outros clássicos do cancioneiro hardcore. Em uma apresentação rápida, eles levaram a alma dos roqueiros presentes ao evento.

Canibal Vegetariano

No encerramento, estava prevista a banda campineira Adrede. Mas o frio aumentou de maneira considerável e uma garoa caiu. Como tínhamos muitos quilômetros para rodar, a galera resolveu fazer um pit stop na lanchonete mais próxima e, em trechos com muita chuva, encarar os vários quilômetros de volta para casa com a esperança de chegar vivo em 2014 em ter um outro domingo de inverno como o deste 18 de agosto. Só os vivos contarão esta história.

domingo, 11 de agosto de 2013

'Corazones Muertos' e rock vivo

Canibal Vegetariano
A terceira noite do Auto Rock 2013, festival de cultura independente realizado em vários pontos de Campinas, por dez dias, foi uma daquelas inesquecíveis, devido as bandas Aqueles [Campinas] e Corazones Muertos [Argentina].
O sábado começou muito quente, mas durante a noite, um forte vento soprou no interior de São Paulo e o clima deixou a noite de inverno ainda mais convidativa para o rock'n'roll. Independente de clima, a galera do Canibal Vegetariano estaria presente e com vento frio, ainda mais. 
Depois de um ano, os campineiros da Aqueles subiram novamente ao palco. Parece que o tempo nem passou e que os integrantes, por motivos profissionais, ficaram longe. Apesar de no final, eles comentarem que erraram muito, quem estava na pista aproveitou cada nota, cada música.

Canibal Vegetariano
Toda apresentação é uma festa rock'n'roll pois a banda não se prende a rótulos, eles fazem rock, punk, hardcore e se divertem no palco e divertem quem acompanha. Além de tudo isso, sempre tem os amigos que sobem ao palco para cantar junto, um que deu duas "palhinhas" com os caras foi o vocalista da banda Don Ramon, Artie Oliveira.

Canibal Vegetariano
             
 Público feliz e aquecido, os argentinos/brazucas da Corazones Muertos subiram mais tranquilos, mas com responsabilidade de não deixar a festa acabar. E foi isso que fizeram, os caras ganharam rapidamente a empatia do público e com bons riffs e rock com várias influências, principalmente anos 60 e garage rock, os caras mandaram muito bem.
Canibal Vegetariano
Em cerca de uma hora, os caras não deram tempo para o público pensar em deixar de curtir, uma música seguida da outra, deixou a galera em estado de êxtase e com sorriso no rosto, afinal, não é todo dia que vemos uma banda tão competente com apresentação tão sincera e rock'n'roll. Os caras mostraram que o Muertos só está no nome da banda, pois no palco, estão mais vivos que nunca e façamos votos para que assim continuem.


                

terça-feira, 6 de agosto de 2013

'Um imenso cemitério de esperanças frustradas'


Essa frase que abre o texto é do sociólogo, e um dos maiores pensadores da atualidade, o polonês, Zygmunt Bauman. Ela reflete muito bem o que tem ocorrido atualmente em nosso país e principalmente na cidade onde fica "a sede" do Canibal Vegetariano, Itatiba, um pequeno município do interior do Estado de São Paulo.
                Nós, população, vivemos a cada dia com novas esperanças de uma cidade, um estado, um país melhor, mas na realidade, um dia tem sido mais difícil do que o outro e isso gera estresse, preocupação, envelhecimento precoce, entre outros problemas de saúde enfrentados pela sociedade atual, como depressão e também síndrome do pânico. Mas quando paro para pensar, o que seria um país melhor? Talvez o que penso ser o melhor não seja o ideal, assim como o melhor para você não seja o ideal para mim.
                Além dos problemas psíquicos e físicos, estamos expostos a todo excesso de violência, seja por parte do que costumamos chamar de bandidos ou mesmo por autoridades que são pagas com nosso dinheiro para nos proteger, ou ao menos para nos passar uma pseudo-sensação de segurança. Mas violência maior é praticada por aqueles que estão no poder e não fazem nada para tentar amenizar os sofrimentos de seus semelhantes e ainda lucram sobre a desgraça alheia.
                Quando surge a palavra semelhante ocorre que alguém pode estar longe do senso de igualdade, assim como eu, que não acredito no "todos iguais", da Granja dos Bichos, do mestre George Orwell, em a "Revolução dos Bichos", outros também podem não acreditar. Penso que cada ser humano é único e por isso ele é semelhante ao outro e compartilha o mundo com outros semelhantes e animais de outras espécies, sem esquecer que também somos animais.
                Somos animais e compartilhamos um planeta considerado pequeno com cerca de outras 29.999.999 espécies. Mas pensamos que somos os maiorais e que tudo que existe foi criado para que eu possa mandar, desmandar e que tudo tem de ser da maneira como penso e quero que seja. Ledo engano. Você, assim como eu, é um quase nada, apenas um dente nessa grande engrenagem humana e mundana.
                Mas, de volta ao cemitério, poucos oportunistas fazem com que nossa existência seja um perambular por caminhos sem chances de melhorias. Enquanto o povo acorda todo dia para o trabalho, escola e outras atividades, sempre há alguém tramando algo para desviar ou apenas obscurecer seu caminhar nessa efêmera passagem mundana.
                Assim como nós, eles também passarão, mas se sentem deuses no poder e verdadeiros imortais, acima de tudo aquilo que nos torna mais humanos, os fracassos, os medos diários, além de toda angústia e revolta. Enquanto os dito poderosos apenas ficam ali, brincando em seus castelos de areia, prestes a ruir, nós estamos na batalha para construir um mundo, não melhor, talvez menos indigno, e quando o povo resolve sair às ruas para fazer suas cobranças para uma vida menos sufocante, ele é reprimido, seja moralmente ou fisicamente.
                Atos de violência como os registrados em Itatiba no último dia 2, na Câmara Municipal, a dita Casa do Povo, onde apenas os funcionários falam, pois os patrões, nós, temos que manter o que eles chamam de obediência e silêncio fúnebre. Fale e vá preso, assim funciona a democracia por eles ditada. Nós somos cobrados a todo momento por nossos superiores, em nossos locais de trabalho, mas eles não permitem isso. Até parece que eles mandam em algo.
O que ocorreu naquele espaço, dito público, foi algo que passou de todos os limites do tolerável. No local não havia "pessoas do mal", havia apenas estudantes, professores, pessoas que pensam e sonham com um mundo menos cruel, mas ali, eles se depararam com o máximo que a crueldade humana pode fazer: arrogância, desrespeito, falta de diálogo, de tolerância e incapacidade de ver as situações por outros pontos de vista.
                Ali, naquele momento, não foi a nossa pseudo-democracia ferida e sim nossos semelhantes, pessoas que tem capacidade de pensar e sonhar, independente do sonho, querem uma mudança, pois sentem que não dá mais para viver em um mundo no qual a injustiça, a mentira, a ganância e desrespeito prevalecem. Não foi nossa pseudo-democracia ferida, foi a esperança, a possibilidade de mudança.
                Tudo passa e tudo muda, a todo momento, mas os homens parecem temer essa metamorfose constante, muitos preferem engessar seus ideais e tentam frear a impulsividade em seus semelhantes, pois acreditam na eternidade do momento que é somente um sopro de tempo. Para deixarmos esse "cemitério", precisamos seguir as utopias, ou como dizia o mestre Paulo Freire, "o inédito viável". 
                                

domingo, 21 de julho de 2013

De volta ao passado

Ao ver o recém lançado DVD 'Vinil ao vivo', com a banda Kid Vinil Xperience, o telespectador viaja no tempo e volta para o final dos anos 70, começo dos anos 80 do século passado, época em que o punk rock aparecia para o mundo.
                O referido DVD traz um show da atual banda de Kid Vinil, jornalista, radialista, crítico musical entre outras funções no mundo pop. Entre as músicas clássicas da época de sua banda mais famosa, Magazine, Kid relata um pouco de sua história e também de cada música que executa, como a maneira que foi composta, os compositores entre algumas outras curiosidades.
                O show foi gravado em Novo Horizonte, interior do Estado de São Paulo e entre os clássicos da Magazine, Kid relembra "nonsense total", da segunda formação de sua banda, no início deste século e também um grande clássico do rock nacional dos anos 80, "surfista calhorda", dos gaúchos Replicantes.

                Com boa qualidade de áudio e também visual, o DVD nos remete para tempos passados, pois a história do rock é muito rica e Kid, que sempre esteve envolvido com a cena roqueira, sabe mais do que ninguém fazer relatos históricos. Um DVD que vale muito a pena ser assistido.  

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O Rock'n'Roll vai bem, obrigado!

  O rock'n'roll vai muito bem, obrigado. Cheguei a essa conclusão depois de ir ao Bar do Zé na noite da última quinta-feira, 11 de julho, quando Circus Boy, de Campinas, e Black Drawing Chalks, de Goiânia, tomaram de assalto o palco do bar.
                Toda noite sempre promete algo, pois o dia geralmente é hostil e a noite ela aparece para nos trazer de volta à vida. E a noite do dia 11 prometia, pois Black Drawing Chalks é umas das bandas mais interessantes que surgiu em nosso país nos últimos anos.
                Como havia visto a banda há pouco mais de um ano em Bragança Paulista, no Grito Rock 2012, quando soube que ela se apresentaria pela região, nós do Canibal Vegetariano nos direcionamos para Campinas. Não sabia que haveria uma banda de abertura, soubemos no momento em que olhamos para o cartaz.
                E a banda que abriu a noite extremamente rock'n'roll é de Campinas. O power trio executa canções com influências de várias vertentes do rock, mas dá para sentir um lance parecido com Black Label Society, sem ser mera cópia, e em muitas passagens de guitarra, lembrei também de Lynyrd Skynyrd. O camarada David "Geffen" Bueno também teve a mesma impressão.
                O show dos campineiros foi um "arrasa quarteirão", não deixaram pedra sobre pedra. O público que lotou as dependências do bar agitou, cantou e curtiu muito a apresentação dos campineiros que tem um baterista monstro, que faz uma barulheira, no melhor sentido da palavra, com kit que lembra muito de Charlie Watts. Ele provou que menos é mais.

                Ao final do show dos caras, ficamos na expectativa de curtir a Black Drawing. Se fosse outra banda, teria pena dos caras que subiriam ao palco depois da Circus Boy, mas os goianos sabem fazer rock da melhor qualidade e não deixaram por menos, um show daqueles memoráveis, com mais de uma hora de duração. E o som da banda fica ainda melhor em espaço fechado, como o BDZ.
                Eles visitaram seu repertório e levaram o público ao delírio. Rodas foram abertas, cervejas "voaram" e banharam parte da galera, que em uma madrugada de sexta-feira, voltou para casa mais feliz, pois o rock, ah meu filho, está mais vivo do que nunca! Depois de dois shows desse porte, só nos restou voltar para casa e dormir, pois sabemos que o rock ainda tem muita lenha para queimar.

PS: As fotos são de arquivo do Canibal Vegetariano (Black Drawing) e divulgação da Circus Boy. Estamos sem máquina fotográfica, pois a nossa quebrou e não temos verba para comprar outra. Vida de blogueiro é dura.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Lomba Raivosa: rock rápido e furioso

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Formada há alguns em São Paulo, a Lomba Raivosa é uma banda que toca músicas rápidas, emergentes e com necessidade de botar para fora toda raiva que sente. Devido ao lançamento do seu terceiro disco, Choula, resenha já publicada no blog, conversamos com o trio para saber como foi o processo de gravação e também passamos a limpo a história desses malucos. Abaixo, você confere entrevista  na íntegra.

Canibal Vegetariano: Como surgiu a Lomba Raivosa? O nome foi inspirado em que?
Lomba Raivosa: A banda surgiu por excesso de tempo livre e suicídios que não deram certo. O nome foi inspirado num filme B clandestino que ninguém nunca viu.

CV: Quem são os integrantes da banda? Já houve mudança de formação?
LR: Sempre usamos apelidos imbecis nos discos que lançamos, mas na real somos 3 homens de nomes/apelidos muito simples: Testa, Passa-Mal e Ítalo. Nunca houve mudança na formação e nem haverá. Se sair um, acaba tudo. É o único contrato que temos.

CV: Vamos falar sobre o novo disco. Por que Choula?
LR: Choula é o nome de um ritual de uma galera muito mais doida do que nós, e do que você, é sobre a passagem para vida adulta. Esse disco é nosso terceiro em 3 anos, veja só. E com ele acreditamos que finalmente rolaram músicas que a gente curtiu, pirou, tanto que se não fosse nós mesmos tocando até pagaríamos pau e pediríamos VIP para os shows. Ou nada disso aí também.

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CV: Como foi o processo de composição dos arranjos e letras?
LR: É muito simples! Muito rápido! É uma maravilha! Acho que chamar de arranjo é exagero, é coisa de banda que se valoriza e nós não valorizamos nem nossas mães. Geralmente um de nós chega com a música já 85% pronta e aí todo mundo vai seguindo, aprendendo e jogando alguma ideia nova, leva coisa de 2 ou 3 ensaios para terminar. As letras também funcionam assim.

CV: Como vocês escolheram o estúdio, pois o resultado da gravação ficou sensacional.
LR: Muito bom saber que você achou que a gravação ficou muito boa, ficamos muito felizes! Se você estivesse aqui do nosso lado ganharia um abraço de marinheiro. O estúdio é o mesmo que sempre gravamos (Estudio Studio, do nosso amigo Nene Jr.), é que dessa vez conseguimos tirar um caldo melhor e mais sujo.

CV: E o trabalho gráfico, quem foi o responsável?
LR: Ideias, design e fotos by: Passa-Mal (nosso baixista e um dos cantantes).

CV: Quem é o público da Lomba Raivosa e em quais locais vocês costumam se apresentar?
LR: Se a gente tem um público ainda não fomos apresentados a ele. Pouca gente gosta de nós, a maioria deve fingir mesmo, mas tá tudo bem... Nossa missão é outra. Tocamos em tudo que é canto e lugar, somos de São Paulo, mas já fomos para vários outros estados e até demos uma rápida passada na Argentina.

CV: Como vocês avaliam o mercado independente no Brasil? Vocês vivem da banda?
LR: Mal vivemos dos nossos empregos, imagina viver dessa banda fazendo esse som... Sem chance! A cena independente vem aumentando e melhorando em vários pontos, não só musical, cultura independente em geral. Agora tirar dinheiro disso, é para poucos, alguns bons, outros sortudos, outros charlatões.

CV: O que há para melhorar na cena independente em nosso país?
LR: Menos ego. Mais aparelhagem legal.

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CV: Geralmente pessoal envolvido com rock, tem atitude crítica. Como vocês avaliam os manifestos que ocorrem em todo país?
LR: Participamos dos protestos em São Paulo (até levamos a banda argentina Triste Realidad, que veio para tocar uns shows com a gente e acabaram dentro do panelaço) e o lance é que para variar, tem muita confusão. Tem muita gente que sabe bem o que tá fazendo, tem gente que tá lá brincando de fascista enrustido, tem gente que tá tirando foto para o Instagram, tem gente que tá na micareta, tem os caras-pintadas, tem gente que nem queria estar lá... Mas, apesar de tudo, é algo importante para caralho de estar acontecendo. Esperamos que não se torne algo vazio e que abra de vez a cabeça do pessoal.

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para considerações finais e também para que façam o merchan de vocês. Abraços.
LR: Valeu pelo espaço, pelo carinho e pela resenha. Queremos deixar claro para você que está lendo que não pagamos nada disso, tudo foi feito pelo bom coração desse Canibal voraz. Para baixar nossos CDs, ver clipes, achar link de tudo que é merda... entra aí no nosso site: http://www.lombaraivosa.com
Beijos! Montem bandas! Chorão eterno! Tcharroladrão! É 'nóis'!

terça-feira, 2 de julho de 2013

A Hora do Canibal

Mais dois programas A HORA DO CANIBAL disponível para o ouvinte curtir e chorar quando quiser.



Segue: programa 135:





PROGRAMA 137



quarta-feira, 26 de junho de 2013

Três discos que você precisa ouvir

 Krias de Kafka - O mundo não acaba nunca - independente
                O que escrever sobre uma banda que lança um disco muito rock'n'roll e ainda por cima traz letras poéticas entre as melodias? Há sim o que escrever, pois é um disco para quem gosta de boa música e curte acompanhar o embalo com o encarte na mão, para sacar o que é cantado e refletir.
                Sobre o registro, é preciso dizer que a qualidade sonora é algo muito bom, bem gravado, com todos os instrumentos bem audíveis, mesmo quando entra o vocal, ponto positivo para gravação. O disco ainda tem um belo trabalho gráfico e vêm com ficha técnica, letras e agradecimentos.
                As músicas são casos a parte, são nove registros e é difícil escolher um destaque, mas como em todo disco, sempre tem aquela que chama mais atenção, seja pelo som ou pela letra. Os riffs de guitarra são precisos, assim como a marcação da bateria e os vocais de Matheus Novaes, em alguns momentos, nos leva ao desespero, no bom sentido da palavra.
                Entre todas as músicas, a terceira faixa "Coca Cola e diazepan" é uma das melhores canções que ouvi nos últimos tempos, ela é rock, pop, punk, simples e complexa ao mesmo tempo, se é que isso seja possível. Outra faixa que merece destaque é quinta, "Johnny Thunders", em que Matheus grita do fundo da alma "...cada esquina, avenida vazia, do meu carnaval...". Como disse em uma entrevista com eles, Krias de Kafka fazem rock e ponto!

Lomba Raivosa - Choula - Laja Records

                O trio paulistano Lomba Raivosa lançou recentemente mais um disco, desta vez intitulado "Choula". Nesta gravação os três companheiros misturam punk, ska, hardcore de maneira muito interessante, sem fazer dessa mistura algo chato.
                O disco tem clima bem descontraído com letras que sacaneiam muitas pessoas e comportamentos e desfilam pelos estilos descritos acima, mostrando que o rock sem compromisso quando feito de maneira natural é muito bom. Pois o rock não pode ser levado a sério mesmo, tem que uma dose de ridículo como uma vez disse Marco Butcher. E os caras fazem isso, tanto que se intitulam, "a pior banda do mundo".
                Apesar desse título, os caras mandam muito bem nesse novo registro que apresenta uma ótima gravação, sem citar o ótimo trabalho de arte gráfica e também do encarte do disco plástico. Das 15 músicas executadas em pouco mais de 20 minutos, os destaques são "Nostalgia", "Benguer", "Ego'n'Roll" e "Reveillon". E como o disco todo é um rock sem compromisso, ele é encerrado com "chave de ouro", em que Dinho, vocal do Capital Inicial, agradece aos que ouviram. Nota dez!

Shame - Aos pobres, podres e derrotados - Cachorro Sarnento

                Shame é uma banda de Paulínia que lançou em junho seu mais recente trabalho, intitulado "Aos pobres, podres e derrotados". O disco soa como bandas que misturam vários estilos, entre eles o punk e o hardcore, principalmente aquele do final dos anos 80 do século passado.
                O lançamento dos caras teve todo capricho nas gravações, algo que tem sido destaque nas gravações das bandas independentes atualmente, mas o que chama atenção é o trabalho de encarte, que na verdade é um poster, muito bem feito, com desenhos, colagens e as letras para quem quiser acompanhar.
                Ao ouvir o disco, lembro da banda ao vivo, já os vi no palco, e soa muito parecido, outro destaque para os caras. As letras e músicas são bem trabalhadas, eles não ficam apenas em um som linear e batendo "na mesma tecla" na hora de compor. Entre as sete faixas que compõem a "bolachinha", os destaques ficam para "Livre" e também "Paradigmas", mas isso é opinião pessoal, por isso compre os discos citados e tire suas próprias conclusões.

                

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Hora do Canibal voltou

O programa A HORA DO CANIBAL voltou e quem não consegue acompanhá-lo ao vivo, nas noites de segunda-feira, às 22h30, pela rádio Click Web, http://www.radioclickweb.com/ tem possibilidade de curtir o rock que rola solta no programa por meio do podcast. Para ouvir os absurdos, acesse os links.


Parte 1


Parte 2

sábado, 15 de junho de 2013

'Democracia é barulho'


Foi com essa frase que o filósofo Vladimir Safatle definiu os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo, ocorrido na quinta-feira, onde várias pessoas ficaram feridas. Ainda de acordo com o filósofo, a pessoa que não gosta de barulho, deve buscar um local tranquilo e criar uma ditadura, pois democracia é o povo nas ruas.
O comentário do filósofo foi feito durante exibição ao vivo do Jornal da Cultura na quinta-feira, onde uma repórter da emissora acompanhava em meio ao caos, toda movimentação. Mesmo em canal estatal, o pensador não teve medo de tecer comentários firmes sobre a situação e criticou abertamente as autoridades.
Por meio desse pensamento, nós do Canibal Vegetariano não poderíamos deixar um momento como esse passar despercebido e resolvemos por nosso dedo mindinho nesse assunto. Talvez o que esteja em discussão não seja apenas um aumento abusivo na tarifa do transporte, mas sim todo inconformismo com os mandos e desmandos de autoridades e "politiqueiros" que posam de pseudodemocratas.
A reclamação não deve ocorrer apenas pelo aumento, mas sim por todo meio de transporte precário que nós brasileiros temos que conviver diariamente. Ônibus ruins, ruas esburacadas, insegurança, profissionais sem capacitação e muitos mal educados, impostos abusivos. Tudo isso em praticamente todas as cidades brasileiras, não apenas em São Paulo, no interior do estado também enfrentamos esses problemas.
Itatiba, cidade onde fica a galera do Canibal, o preço da tarifa ao usuário atualmente é R$ 2,50, sem somar os R$ 0,20 que a empresa recebe de subsídio da prefeitura, que na verdade somos nós mesmos que pagamos pois a administração municipal repassa dinheiro público, que é arrecadado por meio de impostos, em muitos casos, abusivos. Há informação que essa tarifa aumente para R$ 2,70 na próxima semana e com subsídio chegue a R$ 2,90.


Uma tarifa de R$ 2,90 para andar trechos de cerca de três, no máximo quatro quilômetros, há algo errado por aí. As ruas da cidade estão horríveis, falta iluminação suficiente, muitos buracos, excesso de carros e o trânsito não flui de maneira adequada. Pessoas são levadas ao estresse. Feita análise por esse ponto de vista, conseguimos entender que os manifestos precisam ocorrer, o povo precisa realmente invadir as ruas e clamar por seus direitos, pois na política partidária, o povo é patrão e prefeito, governador, vereador, presidente e deputados, são funcionários, mas é somente nesse sistema que o patrão nunca é ouvido.
Novamente citamos Safatle, pois ele comentou que todo manifesto tem que ir para as ruas, as principais, e parar tudo, pois só assim os integrantes serão ouvidos ou ao menos percebidos. Não se pode criar um "manifestódromo". O povo finalmente parece que acordou do pseudo sonho de país desenvolvido e passa cobrar seus funcionários.
Outro manifesto interessante ocorreu em Brasília, ontem, onde um grupo de cerca de 300 pessoas fechou uma das ruas que dá acesso ao estádio Mané Garrincha e gritou a presidente que o povo não quer ter estádios caríssimos para prática de um futebol pífio e sim moradia, saúde, educação e oportunidade.

Claro que nós do Canibal gostamos de futebol, mas antes da diversão, sabemos de nossas obrigações e nada mais certo do que fazer um "grita" contra toda a sujeira que está por trás da organização da Copa das Confederações e do Mundo. Vamos gritar juntos, pois quanto mais forte o grito, mais ecoa e a possibilidade de acordar pessoas que sonham viver em um país que cresce, mas na verdade retrocede, é grande. Penso que ainda existe uma luz no fim do túnel, de vela, mas há. Deixamos aqui os parabéns a todos que foram às ruas. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Don Ramón: garotada boa de hardcore

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Formada por Artie Oliveira nos vocais, Pedro Lizard nas guitarras, Paulo Carvalho no baixo e João Cavera na bateria, a banda campineira Don Ramón lançou recentemente seu primeiro registro em quase dois anos de estrada. Com tanta energia e vontade de apresentar material para galera, nós do Canibal Vegetariano conversamos com Artie para saber mais sobre essa banda e os motivos que levaram a fazer um som tão visceral. Abaixo, você confere entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Por que Don Ramón? Seria uma homenagem ao seu Madruga?
Artie Oliveira: Bicho, ao mesmo tempo em que é uma clara referência ao Madruga, o nome é uma piração minha por causa de uma pá de banda de barulheira com nome desse tipo (Derci Gonçalves, Charles Bronson só de exemplo de bate-pronto). Eu tava voltando para casa depois de um de nossos  ensaios e do nada veio o nome!

CV: Como surgiu a banda?
AO: O começo do Don Ramón é uma parada meio engraçada, porque fora eu, um office-boy pé rapado, a rapeize é tudo estudante, sendo dois secundaristas e um na faculdade. Tudo começou com o Lizard, o Paulo e o Du, que era o segundo guita e saiu um pouco antes da gente entrar em estúdio. Eles estudavam na mesma sala e um dia, se juntaram para tocar numa festinha que a escola deles promoveu. Até então era só diversão e tal, mas um dia eles decidiram levar a fita a sério e foi quando apareceu a primeira baterista, Ysa Gonzalez, que toca hoje no Luce e outra menina como vocalista, que logo saiu fora. Foi nessa que eu entrei: A Ysa anunciou que o “T.D.G.” precisava de vocalista e por intermédio de uma amiga nossa em comum, eu entrei na parada. Foi amor à primeira vista de ambas as partes: eu chego pra fazer o meu teste e dou de cara com um garoto de apenas 16 anos, o Lizard, vestindo uma peita do Morbid Angel. Na época, eu tava pulando de galho em galho atrás de banda e por consequência, minha voz tava uma merda e mesmo assim, eles adoraram ver aquele gordinho baixinho berrando pra cacete e circulando pela sala como se estivesse em cima do palco. Instantaneamente, eu virei o vocalista. Como a gente (Eu, Lizard, Du e o Paulo) tava na pira de mandar um Thrashcore, a Ysa acabou pulando fora. Ficamos na procura de um baterista por quase um ano e os poucos shows que rolaram nesse meio tempo, foi com camarada quebrando galho. O Cavera entrou na banda um pouco antes do Du se mandar e assim surgiu o Don Ramón como se encontra hoje!

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CV: Quais as principais influências de vocês?
AO: Coisa pra caralho: desde coisa bagaceira pique Leptospirose, Mukeka di Rato, Merda, Muzzarelas, Coice de Mula, passando por umas paradas “casca grossa” como o RDP, Dead Kennedys, Lethal Charge, Slayer, Black Flag, fora coisa bonitinha: Descendents, Offspring, Teenage Bottlerocket; Coisa clássica: Ramones, Misfits, Motorhead, Iron Maiden, Anthrax e finaliza em fita totalmente nada a ver com o que a gente toca: Helmet, Prong, Korn, Deftones, Magüerbes, Tolerância Zero, Adrede, Huaska...

CV: Como rola o trabalho de composição dentro da banda?
AO: É naquelas de “junta os pedaços e vê no que dá”! Tem coisa nossa que é material velho que eu tinha feito pro Carcaça (minha primeira banda). Tem hora que eu ou o Paulo chegamos com letra, o Lizard vem com uma levada/riff de guita e o Cavera traduz isso no jeito dele de tocar. Em outras, um vem com o som todo pronto e ele é refeito pra poder encaixar na pegada de todo mundo, enfim... É um processo muito doido que gera as musiquinhas juvenis que a gente faz! (risos).

CV: Fale um pouco sobre o primeiro registro da banda. Onde foi gravado? Como rolou esse processo, pois o resultado, em minha opinião, ficou acima da média.
AO: Fico feliz para caralho que você tenha gostado do Fat Boy, mano! A gente gravou esse disquinho cheio de gordura e hormônio adolescente num estúdio legal pra cacete daqui de Campinas, chamado de “República do Som” entre janeiro e março desse ano! A produção dele foi sob minha batuta e o gordinho cabuloso da capa foi assinado pelo Vicente Tortello, camarada meu da época do Carcaça e professor do Lizard. Volta e meia eu vejo que geral anda elogiando o play a rodo sem saber que, na real, se trata de um disco feito com a modesta quantia de R$ 600. A gente mixou no estúdio mesmo e eu levei para casa para Masterizar. O resultado final dele, pelo tipo de gravação que a gente fez (Ao Vivo e em Hi-Fi), ficou soando muito “década de oitenta” e eu te garanto que nós quatro piramos grandão no jeito que as músicas ficaram.

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CV: Quais os lugares que a banda tem se apresentado? Vocês cobram cachê?
AO: Os últimos shows nossos foram: em Limeira num puta rolê lindo ao lado do Zumbi Radioativo (Americana), Lagostas Inflamáveis (Campinas), Nosegrind (Monte Mor) e o The Flamini Bridge (Hortolândia). Depois desse, rolou um em Valinhos com o B-Elleven Tour (Monte Mor). O pouco de grana que a gente recebeu nesses shows, ou foi de rateio de bilheteria ou foi da venda do nosso play e tem servido pra gente fazer algum corre nosso, desde ensaio até Merch mesmo.

CV: Como será o processo de divulgação deste trabalho?
AO: O “Fat Boy Strikes Again!” ta circulando por aí desde o dia 15/04, tanto pela internet (via BandCamp: http://donramonfuckinrules.bandcamp.com/) quanto na nossa mão nos shows e em meia dúzia de loja de disco, como a Chop Suey, daqui mesmo! Nosso próximo show é dia 07/06, em Indaiatuba, no Plebe Bar. Depois disso, é muitíssimo provável que a gente saia, junto com o Zumbi Radioativo, em turnê pelo interior em Julho. A gente tem que fazer esse disquinho circular grandão por aí de um jeito ou de outro, campeão!


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CV: O que podemos esperar do Don Ramón para os próximos anos?
AO: Para os próximos anos pode ter certeza que todo mundo vai ser maior de idade, engordar, envelhecer e ter pelo menos um full-length na roda! Isso aqui (ter banda, produzir material e fazer qualquer corre relacionado a som) é a minha vida desde que eu tinha 16 anos. Pelo pouco que a gente circulou por aí, isso a cada dia tá virando a rotina dos meninos, o que me deixa feliz pra porra, já que pela primeira vez, eu sou o tiozão da banda, tanto de idade quanto de tempo dentro do independente!

CV: Deixo espaço para as considerações finais e claro, para o merchan de vocês.
AO: Valeu aí Canibal Vegetariano pela entrevista! Estamos nessa já vai pra dois anos, temos um disquinho “bão dimais da conta, sô!” que custa um pouco menos do que uma passagem de busão pra Americana e queremos tocar em qualquer lugar que tiver nesse esse mundão sem porteira de “Chessuis”. Pra quem quiser trocar ideia diretamente com esse gordinho que vos fala e a patotinha juvenil, anota aí: http://www.facebook.com/donramonbr. E é isso é tudo, pessoal!