terça-feira, 28 de julho de 2009

'Tudo que não foi feito sonoro vai ser barulho'

O que escrever sobre um livro de poesia/poema escrito por um poeta punk? É isso mesmo, as poesias de Marcelo Veronese (Beso) é um apanhado de ideias escritas entre 1993 e 2008 e que em muitas delas expressa bem o sentimento punk além da maneira como foi lançado.
Beso para quem não sabe, participa da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa) na zona sul de São Paulo e também ataca de guitarrista e vocalista em uma banda de rock de Campinas, Alcoois. E foi no show dw lançamento do CD demo de sua banda, que nós tivemos a oportunidade de conhecer o lado poeta do guitarrista.
O livro intitulado "Juventude Supersônica" tem 80 páginas que acabam sendo lidas de maneira muito rápida devido ao fato das poesias e poemas serem atraentes e "malucas", você sente que a única preocupação do autor é exclusivamente com sua arte, refletindo o que realmente sentia enquanto "vomitava" palavras no papel. Entre os poemas, é impossível destacar um ou outro, devido a qualidade de todos. Se ficou curioso, procure já o seu exemplar. Para deixar nossos leitores mais curiosos, vamos transcrever um trecho do livro. Lembrando, que um dos poemas Um "A", foi musicado pela banda de Beso e está no CD demo.
"Antes eu remexia nos bolsos
das minhas calças usadas
e encontrava dinheiro;
hoje encontro palavras..."

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Todo dia é dia de Rock

Hoje é comemorado em todo o mundo, o "Dia Mundial do Rock". A data é celebrada desde o dia 13 de julho de 1985, quando vários artistas, não só roqueiros, se reuniram em Londres, Inglaterra e Filadélfia, Estados Unidos, em um evento nomeado de Live Aid, que tinha como objetivo combater a fome na Etiópia, um dos países mais pobres do mundo, que fica localizado no continente africano.
De lá para cá se passaram 24 anos e hoje mais de um bilhão de pessoas morrem de fome, não só na Etiópia, mas em várias regiões do mundo. Além da fome, há doenças, violência, guerras e outras mazelas que privam cerca de um sexto da população mundial de seus direitos básicos para que tenham a dignidade e possam ser chamados de humanos. Os eventos de rock, principalmente hoje, continuam ocorrendo em várias partes do globo terrestre e em muitos casos, sempre são shows beneficentes em busca de arrecadar dinheiro e alimentos que possam contribuir com os mais necessitados.
Quem vive e respira rock 24 horas por dia e 365 dias por ano, sabe que todo dia é dia do rock, e que a solidariedade deve acontecer a todo momento, principalmente quando alguém pede nossa ajuda. E o que temos visto pelo Brasil afora é isso, sempre estão acontecendo shows, principalmente de bandas independentes, em que a entrada é somente um quilo de alimento para que ele seja destinado para alguma instituição de caridade.
Esse senhor que atende pelo nome de Rock'n'Roll tem mais de 50 anos e está cada vez mais jovem e sempre em busca de mudar o mundo. O tempo passa, a música que é a mola propulsora de tudo mudou, mas os ideais continuam sendo os mesmos. O som em alguns momentos ficou mais complexo, mais simples, mais pesado, calmo, mais agressivo, mais contestador, os encontros e desencontros amorosos também são relatados pelo rock, mas apesar disso tudo, o rock continua jovem e divertido. E ele será sempre assim, sempre que houver um jovem com uma guitarra, baixo ou bateria em mãos em uma garagem, sempre haverá a esperança de que o mundo possa ser melhor. A chave para mudar o mundo está em nossas mãos, basta que a cada dia nos tornemos uma pessoa melhor e que além de apontar erros e tecer críticas, busquemos fazer algo. Devemos começar mudando algo em nossas casas, pois depois mudamos na rua, no bairro, na cidade e assim por diante.
Portanto, vamos comemorar não somente hoje, mas todos os dias o dia do rock, vamos a shows, ouvir discos, vamos sempre procurar fazer algo a nós mesmos ou as outras pessoas hoje, e não somente em uma data anunciada (especial). Está a fim de presentear a namorada, mulher, mãe ou que for, presenteie agora, não espere uma data específica para isso, pois essa data pode não chegar. Façamos como dizia o professor, interpretado por Robbin Willians, no filme "Sociedade dos Poetas Mortos", "Aproveite o Dia". Aqui encerramos nossa reflexão com o trecho de uma letra de uma das principais bandas da história do rock, AC/DC. "Para aqueles que curtem rock, nós saudamos vocês".

Todas as imagens foram retiradas do Google

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Carne Moída: um excelente pedido para quem gosta de rock sem firulas

A banda Carne Moída está na estrada há mais de sete anos batalhando no cenário do rock independente nacional, que a cada dia se torna mais concorrido. Para conhecermos um pouco mais sobre o grupo, que já lançou um CD, uma demo e participa de uma coletânea com várias bandas do underground, nós do blog/zine Canibal Vegetariano conversamos com Waldemar, baixista. Além dele, completam o time: Eduardo (voz), Mauro (guitarra) e Luiz Fabiano (bateria).

A banda Carne Moída em ação em um de seus shows pelo interior de São Paulo. Os caras costumam se apresentar com capas de açougueiro

Canibal Vegetariano: Há quanto tempo a banda está na estrada, quem são os integrantes e porque o nome Carne Moída?
Waldemar: Bom na estrada realmente estamos há sete anos, idealizamos a banda em dezembro de 2000, ensaiamos em 2001 e fizemos nosso primeiro som em 2002. Ainda na fase de ensaios, não tínhamos um nome definido, estávamos por optar por nervo exposto, mas foi quando o Sergio (antigo guitarrista) e Eduardo foram ao festival “A um passo do fim do mundo”, que ouviram um cara no palco gritando que nem um louco para o público (Falcão antigo vocalista da banda Excomungados), “ Vocês não podem virar carne moída” , então o Eduardo e o Sergio acharam muito engraçado se houvesse uma banda com esse nome, levaram esse nome pro próximo ensaio e aceitamos na mesma hora achando este nome ideal pra banda, pois não era um nome tão comum, era engraçado, representava que realmente éramos carne moída de nós mesmo extenuados com tudo que já vivenciamos na vida, desgastados pelo sistema e carregados de excesso pelos poros para transmitirmos, tudo que aquilo que sentíamos. Foi aí que passamos a nos autodenominar Carne Moída.

CV: Vocês fazem um som que podemos considerar punk. Quais as principais influências da banda?
W: Na verdade nunca tivemos realmente essa preocupação em soar punks ou simplesmente uma banda de rock’n’roll. Em nossas letras não mencionamos nada que faça apologia a isso ou aquilo, gostamos de rock e o som foi saindo naturalmente como punk rock talvez, mas gostamos de dizer que somos uma banda de rock’n’roll. Cada integrante tem sua influência própria, metal, punk, ska, pop... ouvimos de tudo um pouco, Motorhead, Ramones, The Clash, Sex Pistols, AC/DC, Stooges, MC5, talvez essas bandas sejam as que mais influenciem a banda.

CV: Outro dia o Eduardo (vocalista) comentou que vocês já passaram dos 30 anos há algum tempo. O que os motivou a montar a banda e como vocês analisam o cenário independente atual, tanto em São Paulo, como em outras localidades?
W: Bom na época em que resolvemos montar a banda estavam vindo ao Brasil bastante bandas de fora, como UK Subs, GBH, Exploited, o Sergio e o Eduardo iam nestes shows, Sergio e Waldemar, amigos de infância e já haviam tocados juntos nos anos 80 em bandas de Rock, então a vontade veio a tona com a chegada dos anos 2000, por fazer aquilo que estava faltando em nossas vidas, montar realmente uma banda do jeito que queríamos, pois sempre havíamos tocado em bandas já montadas. Quanto ao cenário, hoje temos menos lugares para tocar principalmente aqui em São Paulo, os poucos que têm são sem estrutura nenhuma, ao ponto de um deles não ter nem luz no banheiro para poder usar. Por isso que estamos tocando mais no interior onde somos mais respeitados e encontramos uma realidade diferente mais honesta. Longe principalmente de confusão que enche o saco.

Da esquerda para direita: Waldemar, baixo, Eduardo, vocal e Mauro, guitarra

CV: Como é o espaço em bares e outros locais para shows em São Paulo? Ainda existe briga de gangues em alguns pontos, ou isso ficou no passado?
W: O espaço está cada vez menor como respondi na pergunta anterior, os donos não querem confusão dentro dos bares e quando se fala que é um som punk, pronto, aí que o cara não quer nem saber, pois o punk rock só chega à mídia quando acontecem brigas e mortes, então já viu né. Ninguém vai em um lugar para ver brigas, quer curtir o som das bandas mas as gangues vivem em guerra constantemente e isso atrapalha muito.

CV: Vocês costumam tocar muito no interior, como é a recepção da galera? E os espaços?
W: Ultimamente sim, tem aparecido mais sons no interior gostamos muito de tocar em cidades que tem uma galera que curte o som da banda e nos contagia nos shows, porém os espaços ainda são poucos e os convites também, além das despesas que não são baratas e pagamos tudo do nosso bolso sem ganhar nada. Os espaços, alguns precários, mas os donos respeitam um pouco mais as bandas, não querem ganhar de todos os lados.

CV: Voltando para a música. Como é o trabalho de composição da banda. Em que vocês se inspiram para escrever as letras?
W: Às vezes temos a música e não temos a letra aí fazemos uma letra para aquela música ou vice versa. Não seguimos uma regra, as inspirações vêem do cotidiano, coisas que achamos erradas e colocamos isso nas letras das músicas ou algo que nos incomoda.

CV: Como surgiu o convite para participar da coletânea 'Praga dos Arrabaldes'?
W: Na verdade nós mesmos bolamos essa coletânea e chamamos outras bandas e dividimos o custo, sem cobrar nosso trabalho e horas de correria para que a coletânea saísse. Foi o lance do faça você mesmo.

CV: E como vocês se relacionam com as outras bandas, não só do mesmo estilo, mas de outros, quando se encontram em festivais?
W: Temos bom relacionamento com todas as bandas, não entramos nessa de vaidades e nem estrelismos, já tocamos até com bandas de rap, em Louveira, uma vez. Não escolhemos as bandas pelo estilo, mas sim pela honestidade e respeito mútuo, respeitamos todas e sabemos conviver com as diferenças. Temos algumas bandas como quase irmãs, tipo Esgoto, Irmã Talitha, Racha Cuca, 96ºGL, Menstruação Anárquika, entre outras e até de fora de SP.

A banda já conta com novas composições e em breve pretende lançar um novo disco

CV: Quais são as expectativas para o futuro da banda, shows, lançamentos de CD's e etc?
W: Bom, temos novas músicas que já tocamos nos shows e queremos gravá-las e talvez lançar um novo CD. Queremos fazer shows nos mais variados locais, queremos tocar no interior de São Paulo e fora do Estado também.

CV: Para encerrarmos, gostaria de um comentário sobre o figurino da banda.
W: Hoje estamos tocando de avental de açougueiros, mas já tocamos com vestidos pra homenagear o dia internacional das mulheres. Somos meio malucos mesmo, mas fazemos isso pra alegrar o pessoal que vai nos sons e nos divertimos também.

CV: Agradeço a atenção de vocês e deixo o espaço para divulgarem datas de shows, venda de CD's e outros comentários.
W: O melhor é conferir no fotolog que está sempre atualizado com datas de shows que é www.fotolog.com/carne_moidaaa, lá tem outros vários links do Orkut, myspace, youtube e downloads. Temos uma demo, Pedras contra Tanques, a coletânea Pragas dos Arrabaldes e o CD "A inveja é uma merda". Tudo isso pode ser encontrado nos shows da banda com um dos integrantes. Agradecemos a entrevista e obrigado por divulgar nosso som e espero que venha em um show curtir junto com a gente, valeu um abraço a todos.

Todas as fotos foram retiradas do Orkut da banda com devida autorização de seus integrantes.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Entre crises e cicatrizes

E metade de 2009 ficou para trás. Agora, que venha o segundo semestre e com ele renasce a esperança que dias melhores possam acontecer. Quando um ano se inicia, as pessoas se enchem de esperança, trocas de gentilezas e entre outros votos. Conforme os dias passam e todos retomam suas rotinas, nota-se que nada será diferente e continuam tocando cada um a sua vida.
O cenário musical nesse primeiro semestre teve grandes shows no Brasil, principalmente de nomes considerados importantes no cenário musical. Tivemos por aqui, Iron Maiden, Oasis, Radiohead, Motorhead, Heaven and Hell, Kraftwerk, entre outros. O cenário independente também esteve bastante agitado, com várias bandas lançando discos, fazendo shows ou simplesmente tentando agitar uma cena, ou algum movimento.
O primeiro semestre também foi marcado pela famosa crise mundial, ou a crise do capitalismo (ou seria uma pseudo crise?) que dá mostras cada vez mais nítidas que é um sistema em colapso e mais cedo ou mais tarde virá abaixo deixando poucos órfãos, parasitas que não terão mais sangue para sugar. A crise só veio demonstrar o quanto as pessoas são gananciosas e só se preocupam consigo mesmas e não com outros. Governos injetando milhões e milhões de dólares em bancos privados, em montadoras de automóveis entre outras medidas que não acabaram com a crise e mostrou mais uma vez que o que interessa é produzir, é explorar. Enquanto o governo brasileiro injeta grana na indústria, corta verba da saúde, da segurança da educação. Aí perguntamos: qual o futuro da nação?

Alguém pode estar se perguntando, o que o Rock'n'Roll tem a ver com isso? Tudo. Quantas pessoas perderam seus empregos nesses meses? Quantos estudantes de música deixaram de estudar devido ao desemprego? Quantas pessoas abriram mão de sair aos finais de semana e se divertir devido a falta de dinheiro? Aumento de preço dos discos. O encerramento de pequenos comércios que trabalhavam com música. Quantas revistas especializadas deixaram de ser publicadas? Tudo bem que a crise não foi aquele monstro que se apresentava, mas também não foi a "marolinha" que previa o governo Lula. Por tabela, até nós do blog/zine Canibal Vegetariano fomos atingidos. O zine para ser impresso, depende de seus parceiros e devido ao corte de custos, muitos deixaram de apoiar nosso trabalho nesse primeiro semestre devido a crise. Todavia, só nos restou atualizar o blog, que desde março começou a ser atualizado quinzenalmente e em breve pretendemos atualizá-lo semanalmente. A vantagem de um blog, é que não há custo e para atualizá-lo só depende da vontade de quem se propõe a mantê-lo.

RESENHAS E ENTREVISTAS

Durante os primeiros meses levamos para nossos leitores, entrevistas com várias bandas, resenhas de shows, entre outros assuntos. Mas vamos avisando, não desistimos da edição impressa, vamos batalhar para que seja publicada novamente. Nós podemos apanhar, levar milhões de "nãos", mas continuamos firmes em nossos propósitos, pois como sempre escrevemos, o zine tem a missão de derrubar muros e construir pontes. Não serão as crises e as cicatrizes que nos impedirão de continuarmos com nosso objetivo. Nós lutamos em uma luta que não pedimos para entrar e agora pagamos para não sair, devido ao grande número de pessoas que nos apoiam e como nós, acreditam que uma nova forma de sociedade é possível. Pode parecer utópico, mas acreditamos que seja possível viver em um mundo mais justo, mais humano, em que a arte, não só a música, de uma maneira geral, deixe de ser marginal e que cada vez mais pessoas tenham acesso a ela, seja através de pintura, artesanato, dança, literatura entre outras formas de expressão.

Que os governantes acordem e vejam o quanto é importante não apenas investir em formação profissional, mas em formação de pessoas, investir em cultura e educação é investir em um mundo com mais oportunidades, uma sociedade pensante e culta se torna menos violenta, menos hipócrita. Isso seria um problema para os "donos" do poder, pois pessoas que pensam não se contentam com pão e circo, como se é visto atualmente no Brasil e é uma prática utilizada desde a Roma antiga. Uma sociedade em que pessoas tem acesso a cultura, ela não permite que governantes corruptos se perpetuem no poder, ou fiquem pagando de coitadinhos. Mas enquanto isso não acontece, nós continuamos com o blog, entrevistando pessoas que tenham algo a dizer e que batalham por um mundo melhor, não somente para ela, mas para todos. E o que a maioria da sociedade faz? Exatamente o contrário, ela prefere se fechar em suas bolhas "condomínios" e fazer de conta que o problema do mundo "lá fora" não é problema dela. Como dizia uma canção dos Engenheiros do Hawaii "os muros e as grades nos protegem do nosso próprio mal".
Enquanto mais as pessoas procuram se isolar, nós, os marginais, continuamos aqui, tocando em nossas bandas, correndo atrás de shows, agitando festivais, editando zines e blogs, procurando levar um pouco que seja de diversão e cultura para os outros. Procurando aprender e ensinar, dividir e compartilhar. Em quantos shows não vemos pessoas, às vezes, que nem se conhecem utilizando da mesma caixa de som ou do mesmo instrumento? Pois apesar de estranhos, tem o mesmo objetivo. Quantas amizades são feitas, quantas culturas diferentes conhecemos, porque se negar a fazer parte do mundo? Por que ficar construíndo muros? Nós não devemos nos contentar em ser cidadãos de nossas cidades, ou países e sim cidadãos do mundo, pois como dizia Sartre, "a vida é finita, porém ilimitada".
Esse texto foi escrito como uma forma de desabafo, talvez ele não esteja dizendo nada, mas precisava ser expelido. A crise, ela nunca passará, não enquanto pessoas continuarem a morrer de fome, morrer por falta de atendimento médico, morrer sem ter a oportunidade de ter sido gente. A crise continuará enquanto os humanos continuar com seu egoísmo, vivendo em bolhas, virando as costas para os problemas que eles mesmos criaram. A crise perdurará, até o momento em que os governos continuem investindo em grandes empresas falídas e não nos médios, pequenos e micro empresários, e continue tratando a educação como uma piada e desprezando a cultura. Eles preferem investir milhões em um local falido, do que investir algumas pilas em um evento cultural. Mas nós estamos aqui, podem nos humilhar, virar as costas, nos criticar, mas sempre continuaremos aqui. A crise mostrou que o "mundinho" capitalista ruiu, que os alicerces que o sustentava não tinha nada além de ganância e hipocrisia. Que venha os novos tempos.
Encerramos o desabafo com uma mensagem do maior gênio que já passou por esse mundo.

Encerramos com um texto de Albert Einstein, refletindo sobre os momentos de crise: “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar 'superado'. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se
aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar
para superá-la”.

TODAS AS IMAGENS FORAM RETIRADAS DO GOOGLE

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A música e a política do ponto de vista de um dos pioneiros do Punk no Brasil

Como diz o título acima, nós do zine/blog Canibal Vegetariano entrevistamos desta vez um dos principais nomes do movimento Punk no Brasil, um dos pioneiros, estamos falando em Ariel, o cara que montou uma das primeiras bandas do estilo no País. Se você ainda não sabe, Ariel já tocou no Restos de Nada, Inocentes e há mais de 20 anos lidera a banda Invasores de Cérebros. Abaixo, você confere a visão musical e política do eterno punk.

Ariel em uma das apresentações da banda Invasores de Cérebro Foto: Revista Comando Rock

Canibal Vegetariano: Por favor, primeiro vamos a apresentação de sua pessoa (caso ainda exista alguém que não te conheça).
Ariel: Meu nome é Ariel e sou um Punk Libertário. Gosto de Punk Rock, principalmente para tocar e dançar e acredito que uma nova forma de sociedade é possível.

CV: Você é um dos pioneiros do movimento Punk no Brasil, tocou em bandas importantíssimas como Restos de Nada, Desequílibrio e Inocentes, e há mais de 20 anos está no Invasores de Cérebros. Fale um pouco de seus mais de 30 anos de punk-rock, lembranças, alegrias, tristezas...
A: Comparo todos esses anos a uma imensa Montanha Russa, com tudo o que de prazeroso e perigoso existe nela. Foram anos intensos de muita agitação, descobrimentos e desilusões, onde pessoas muito jovens tiveram que aprender na raça o que é curtir Rock’n’Roll numa cidade que devora seus fracos. Tínhamos de estar sempre ligeiros e atentos e essa adrenalina era o que nos movia, dando o combustível para as noites quentes da cidade. Acredito que tive mais alegrias do que tristezas, conheci uma companheira que está comigo até hoje, tive filhos que cresceram dentro desse ambiente e são pessoas super conscientes em todos os sentidos, além de gostarem muito de Rock’n’Roll. Para colocar tudo isso no papel, só escrevendo um livro.

CV: A que você atribui o sucesso que as bandas, que começaram no final dos anos 70, início dos 80, como Ratos, Garotos, Cólera e etc. conseguem até hoje?
A: Acho que pelo conteúdo de cada uma existe um público específico, que aumenta a cada dia pois hoje em dia possuem estruturas que os colocam em maior visibilidade.

CV: Como é a cena atual do punk, é muito diferente do início? Quem são os punks de hoje? E como vocês, os pioneiros do movimento, veem o punk atualmente?
A: Acredito que o Movimento Punk existe há mais de 30 anos por continuar tentando mostrar uma nova forma de sociedade baseada na autogestão. Praticamos isso em todos os nossos atos, seja na música, na literatura, nas artes plásticas, nas manifestações, no nosso dia a dia, etc. E como até hoje pouca coisa mudou em termos de liberdades, indivíduais ou coletivas, com toda certeza o Punk contínua necessário para uma mudança radical da socidade.

"Onde existe democracia quando até professores são agredidos?" Ariel
foto: Portal do Rock

CV: Na sua opinião, o que melhorou e o que piorou no mundo nesses 30 anos. Sua visão de mundo nos anos 70, é muito diferente de hoje?
A: Sou completamente pessimista quanto a isso e minha visão não é muito diferente dos anos 70, onde continuo com a convicção de que tudo tem que ser mudado e como já disseram, a miséria gera monstros e eu acrescento que não é só a miséria monetária, mas a falta de cultura, o fanatismo religioso, a falta de escrúpulos e o excesso de moral, que estão entranhados na sociedade, que podem e vão realmente piorar tudo. Por isso lutamos.

CV: Quando o punk começou no Brasil, nós vivíamos a era da ditadura militar, generais no poder, exército nas ruas, censura. Atualmente nós temos um "metalúrgico" como presidente, vivemos em uma "democracia". Qual sua opinião sobre o governo Lula, e o que você pensa sobre política? É muito diferente o estilo de governo do final dos anos 70, para o final desta primeira década do século 21?
A: Como está diferente??? As bombas de gás ainda explodem em Universidades, lançadas por uma Tropa de Choque, que é especializada em conter conflitos urbanos. Qualquer manifestação sindical ou de classe é acompanhada por força policial e pronta para meter porrada a qualquer momento. Onde existe democracia quando até professores são agredidos? Eles tentam, pela força de seu cargo, colocar a população cada dia mais em casa, fazendo proibições ao direito de ir e vir, além de fecharem as casas de diversões mais cedo. O tal “metalúrgico” evoluiu e hoje diz que fala até francês e viaja pelo mundo servindo de bobo da corte de burguesias internacionais. Toda a lama do alto escalão está escorrendo pelos ralo do Congresso Nacional, mostrando mais uma vez que temos que assumir o controle.

CV: No documentário Botinada, você cita uma frase, se não me engano dos índios zapatistas, "para mim nada, para nós tudo". Você é anarquista, comunista ou nenhuma das opções?
A: Sou libertário e como dizia o Sub-Comandante Marcos, Intergalático na minha luta. Já fui Trotskista no final dos anos 70 e depois que conheci toda a ideologia Anarquista me tornei militante dessa luta. Coloco isso no meu dia a dia e apoio todas as lutas em todos os sentidos.

CV: Você acompanha a política mundial? Qual sua opinião sobre Barack Obama?
A: Não tenho boas expectativas, pois conheço a história e sei que ninguém muda nada se não houver algum tipo de interesse. O capitalismo está ruindo e como não conseguem mais dar soluções para seus problemas, colocou uma figura simpática para acalmar os ânimos, criando uma falsa ilusão de mudanças, mas a crise está aí e cada dia mais feroz, tornando homens em monstros.

CV: Voltando a falar em música, como está indo o trabalho dos Invasores. Você atualmente está apenas com eles, ou tem outros projetos?
A: Minha vida é movida a projetos ligados ao Punk e sempre estou agitando de uma forma ou de outra e o trampo com o Invasores tem uma prioridade nesse contexto todo, pois com ele junto tudo e cuspo. Com o Invasores estamos tocando bastante e conseguindo invadir alguns cérebros. Lançamos recentemente um CD com músicas inéditas chamado: “O cérebro é uma bomba relógio, o cérebro é o apocalipse.”. Está tendo uma boa repercussão no meio. Estamos finalizando 2 clipes e compondo alguma coisa.

CV: Como é tocar em uma banda por mais de 20 anos? Como você vê esse provável fim da música física (CD, LP...) e ficar somente pela Internet? Você acredita que isso é melhor, pior ou não faz diferença? Pelo tempo de estrada que vocês tem, a banda consegue viver somente de música?
A: Como disse, minha vida está entranhada nesse movimento que teima em continuar radical e estar numa banda para mim significa muito, pois consigo despejar toda minha raiva de uma forma forte e autêntica e por que não poética, sugerindo que pessoas parem para pensar sobre decidir por si mesmas suas próprias vidas. Acho impossível acontecer isso, pois de uma forma ou de outra, desde que começou a indústria fonográfica, foram lançados milhões e milhões de exemplares dos mais diversos tipos de formatos e hoje em dia o vinil está voltando com força, principalmente na Europa, e existe um público enorme para isso. Se depender de mim prefiro o vinil ao CD e outras mídias.

Ariel está há mais de 30 anos batalhando na cena Punk-Rock e é um dos caras mais respeitados e admirados do meio
foto: Cristina Sá

CV: Cara, valeu pela entrevista, deixo o espaço para você. Aproveitando, só te peço mais um favor. Deixe dicas de bandas para nosso leitores e dica de leitura, principalmente para os mais jovens que agora estão descobrindo, não só o Punk, mas todo o Rock'n'Roll.
A: Valeu a vocês que propagam informação independente. Bem, minha escola musical foi completamente fora do Rock’n’Roll que tocava nas rádios e buscava sempre um conteúdo que fizesse a diferença. Bandas como Pink Fairies, Cactus, Dust, Stooges, MC5 e uma leva de tantas outras desde os 50 até hoje com algumas que me surpreenderam recentemente como The Datsuns e The Lords of Altamont, na linha do Rock . Do lado Punk, minhas influências vêm de bandas como Speed Twins, The Suicide Commandos, The Dickies, The Weirdos, Radio Birdman, além das “clássicas”, Ramones e Sex Pistols. Na literatura me identifico com os marginais que viviam o que escreviam, seja na loucura do Teatro da Crueldade de Antonin Artaud, na filosofia além do bem e do mal de Nietzsche ou mesmo na solidão do Lobo da Estepe de Hermann Hesse. Tenho lido recentemente a Trilogia Suja de Havana de Pedro Juan Gutierrez, um escritor cubano que não deixa nada a desejar ao velho Bukowski, de quem também gosto muito.

Gostaria de deixar alguns contatos: invasoresdecerebros@ig.com.br
Myspace.com/invasoresdecerebros
ORKUT – comunidade invasores de cérebros

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Bandas plugadas em mais de 220 Volts


Acima os uruguaios do Motosierra e abaixo os campineiros do Drakula. As bandas aqueceram a noite fria do dia 13

A banda uruguaia Motosierra esteve se apresentando no último dia 13 no Bar do Zé em Campinas, em uma grande noite do Rock'n'Roll. Pois além da apresentanção incendiária que os uruguaios realizaram, de quebra rolou um showzaço da banda campineira Drakula, que estava lançando seu primeiro álbum, Comando Fantasma.

O Drakula é uma banda que mistura surf-music com punk-rock e outras vertentes do rock de uma maneira muito criativa, além de misturar "lucha libre", pois os caras se apresentam com máscaras de lutador. E o show de lançamento foi um dos mais legais que presenciei dos caras. A banda estava inspiradíssima e além de mandar muito bem nas músicas "antigas", os caras mandaram várias canções do novo disco.
O show foi incendiário e agitou a galera que estava presente, ajudando a esquentar uma noite que pode ser considerada fria, isso somente do lado de fora, pois na pista o clima estava quente, muito quente. Um show de muito rock, ótimas performances indivíduais e um ponto positivo para a banda, suas apresentações são rápidas, objetivas e quando termina você fica pensando, quero mais.

Após o excelente show do Drakula, era aguardada a apresentação da banda uruguaia que está há dez anos na estrada, tocando muito punk-rock, rock pesado, e misturando com influências distintas, de outras vertentes do rock. A mistura produzida pelo Motosierra, faz dela uma das bandas mais legais de ser assistida e ouvida.
Marcos, além de um grande cantor tem uma presença de palco impressionante e desde o início, agitou sem parar e provocou a galera. Em duas partes distintas, o cara deu um mosh na galera, desceu do palco e se misturou com o público, mesmo com o microfone na mão. No final da apresentação Marcos mais uma vez desceu do palco e jorrou cerveja na galera. A reação do público foi de acordo com a apresentação, muita gente agitando, pogando e cantando junto várias canções. E em entrevista à Nova Rádio Web, Marcos afirmou que adora tocar em Campinas e prometeu que voltarão em breve. Quando isto acontecer, espero estar vivo para mais uma vez curtir.
Sem dúvida alguma, quem esteve presente a esses shows, não esquecerá tão cedo, ou nunca mais vai esquecer, pois essa foi uma daquelas noites que tudo poderia acontecer e aconteceu. Dois grandes shows, uma festa de lançamento de um ótimo disco e boas companhias. Rock'n'roll é isso!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Promoções Nova Rádio Web

Participem das promoções da Nova Rádio Web.
Mandem e-mails para contato@novaradioweb.com.br, respondendo: Por que o disco da banda Monaural se chama Expurgo?
A melhor resposta ganha um CD e adesivos da banda. A escolha da frase será anunciada no programa A HORA DO CANIBAL no dia 29 de junho. Lembrando que o programa vai ao ar toda segunda-feira a partir das 22h30 ao vivo.

Capa do CD da banda Monaural. Quem responder de maneira mais criativa porque o disco se chama Expurgo leva a bolachinha e adesivos

O Programa Questão de Direito, apresentado pelas advogadas Andréa Lima e Cinthia Cunha, também está com promoção. É só mandar e-mail para contato@novaradioweb.com.br, até 12 de junho de 2009, e responder: Por que você ouve o programa Questão de Direito? A melhor resposta leva a camiseta com logotipo da rádio e do programa. A escolha da frase será no próximo dia 18.
O QDD, vai ao ar toda quinta-feira às 14h, ao vivo pela Nova Rádio Web. Para ouvir o programa acesse: http://www.novaradioweb.com.br/

Camiseta do programa QDD que será entregue ao ouvinte que responder de forma mais original porque é ouvinte do programa

Show de Rock


MOVEDIÇA ( HEAVY METAL/HARDROCK) - 6 DE JUNHO AS 19:00 - LIVE IN CHUP´S BAR - $ 5,00 CHUP´S BAR - AVENIDA JOSÉ GOMES DA ROCHA LEAL Nº 1451, CENTRO DE BRAGANÇA PTA.

domingo, 24 de maio de 2009

Vocais calmos e instrumentos em fúria. Conheça a banda FireFriend

A banda FireFriend está preparando o 5º disco em quatro anos de banda

A banda paulistana FireFriend foi formada em 2006 e o nome foi retirado de um estranho livro de Willian Burroughs. Desde então, os amigos têm se apresentado em várias cidades pelo País afora e já estão preprando mais um disco que será lançado em breve. Para você que está sempre a procura de uma nova banda, com uma postura diferente do que é encontrada por aí, nós do blog/zine Canibal Vegetariano, conversamos com a baixista e vocalista Julia Grassetti, para que ela falasse tudo sobre a banda. Leia a entrevista e ouça o som.

Canibal Vegetariano: Quando teve início a Fire Friend? Por que Fire Friend? Até hoje os integrantes são os mesmos da primeira formação? Quando se conheceram?
Julia Grassetti: Começamos em 2006 e o nome da banda é FireFriend – veio de um livro estranho do W.Burroughs. Nosso primeiro baterista, Woodsky, saiu da banda porque sabia que aqui não teria condições de comprar todo o whisky necessário para uma vida razoável. Yuri e eu nos conhecemos em 2006, o Pablo procurou a gente depois de ver um poster da banda no mesmo estúdio onde ensaiávamos. E agora temos um novo guitarrista, Judaz.

CV: O som de vocês é uma mistura de vários elementos do rock. Como vocês chegaram nessa sonoridade e quais são as influências?
JG: Vivemos cercados de fanstasmas – são eles que decidem a bagunça dos ensaios. Cada um de nós tem seus próprios fantasmas e cada vez mais fazemos as músicas juntos, nos ensaios.

CV: Como vocês dividem o trabalho das composições? Pois você em algumas músicas toca baixo, canta, às vezes vai para o teclado. O Yuri faz vários efeitos na guitarra e canta. Vocês compõem juntos ou separados?
JG: Juntos e separados. Quem tem uma idéia leva para o ensaio e, juntos, vamos moldando as músicas. Dubster (do Safari), por exemplo, veio de uma idéia de bateria do Pablo. Já a Anti-Heróis e Aspirinas veio do Yury, pronta para tocar.

CV: Vocês estão juntos desde 2006 e já lançaram alguns CD's. E os shows? Quais são os locais que vocês já se apresentaram e marcaram a banda?
JG: Nós estamos juntos há 3 anos, ainda estamos moldando o nosso som – fizemos uns 30 shows bem barulhentos desde o final de 2006, em umas 12 cidades diferentes. Um dos shows que mais gostamos de fazer foi justamente o que você viu, em Campinas.

CV: E o novo trabalho será lançado em vinil? Vocês acreditam que esse formato tem um apelo comercial? O movimento em sebos está aumentando, o que você pensa sobre a grande procura de discos em uma época em que o MP3 é tão popular e em muitos casos não é preciso pagar.
JG: Naturalmente não nos interessa o apelo comercial e também não gostamos de ouvir MP3. Temos muitos CD's e LP's em casa e sabemos que quem ouve apenas MP3 não faz idéia do que está perdendo. Não tem a menor graça você abrir uma pasta no computador e ter a discografia completa dos Beatles, ou do Hendrix. Gosto de pegar o disco na mão, ver a capa, ouvir do início ao fim. Odeio essa coisa shuffle. Gosto mesmo é de lado A e lado B.

Arte da capa do disco Safari da banda FireFriend

CV: Vocês fazem um som parecido com o estilo Shoegaze. No Brasil, há mais bandas parecidas com a FireFriend? E vocês já tentaram ou pretendem tentar uma carreira internacional?
JG: Nosso som é uma mistura de vários elementos do rock. Não considero a FireFriend Shoegaze. De fato, tocamos insuportavelmente alto, os vocais são enterrador e não fazemos o estilo banda líder de torcida.., mas misturamos muitas influências, de Led Zeppelin a My Bloody Valentine. Não sei se existem muitas bandas que fazem essa mistura aqui no Brasil. Conheci uma banda outro dia na Internet que gostei muito. Chama-se Loomer, do Sul. Estão para lançar um EP, vale a pena conferir.
Quanto a 2º pergunta, qualquer lugar longe de nossas casas e do estúdio onde ensaiamos é outro país falando outra língua – então, nós começamos nossa carreira internacional num show na Funhouse, perto da av. Paulista, em 2006.

CV: Muitas bandas independentes reclamam que atualmente não dá para se viver somente do trabalho de banda. E vocês estão conseguindo? E antes da banda o que cada um fazia?
JG: Nem estamos tentando – do contrário, estaríamos produzindo alguma picaretagem infantilizada com violãozinho, música sertaneja com guitarras, bondes, melancias, releituras de clássicos da MPB, fusões regionalistas, etc – qualquer um sabe a lista.

CV: Julia, como é ser uma mulher tocando em uma banda de rock? Desde que existe o rock há mulheres cantando e tocando, mas atualmente está aumentando a presença feminina. A que você credita este aumento? E como é o tratamento dos homens que estão na platéia?
JG: Não vejo muito mistério nisso. Acho até curioso quando alguém comenta, com notória surpresa, que eu toco bem, como se fosse raro mulher tocar bem em banda de rock. Talvez até seja, mas porque em alguns casos a presença feminina é usada apenas para chamar atenção do público, algo meio sexual mesmo. Como não me coloco dessa maneira, nunca tive problema algum com a platéia. Pelo contrário, muitos vem conversar sobre música depois, e é sempre um barato.

"Acho até curioso quando alguém comenta, com notória surpresa, que eu toco bem, como se fosse raro mulher tocar bem em banda de rock"

CV: Julia, valeu pela entrevista, deixo o espaço para suas considerações finais, e deixe os contatos para shows, venda de material da banda e as próximas datas das apresentações.

JG: Obrigada pelo espaço e pela força, e parabéns pelo seu trabalho! Espero que a FireFriend volte logo a Campinas para um show ultrabarulhento.
Estamos produzindo um EP novo, será nosso 5º disco. Acompanhem as novidades no www.firefriend.com.
Rock and Roll a todos!

PS: Todas as fotos foram retiradas do perfil de Julia Grassetti

quinta-feira, 7 de maio de 2009

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Na quadra de samba, o rock desfilou

Em uma noite de quinta-feira, véspera de feriado, o rock tomou conta da quadra da Escola de Samba 9 de Julho em Bragança Paulista. As atrações? Simplesmente quatro bandas, duas de Bragança e duas de Campinas. Teve o punk-rock do Vítimas do Sistema, que abriu a noite, e o Leptospirose, que fechou a festa, ambas são bandas bragantinas. Representando os campineiros, nós conferimos o punk-rock-surf-music do Drákula e o pop-rock-alternativo da Lunettes. Agora você acompanha um resumo do que foi essa noite memorável de rock.
Para começar, o irresponsável por este blog chegou atrasado no envento e deu apenas para sacar duas músicas do Vítimas do Sistema, uma ouvi do lado de fora, então, não posso comentar nada sobre os caras, fica para uma próxima. Mas de acordo com algumas pessoas que acompanharam a apresentação da banda, o show foi muito bom.

A banda Drákula detonando no palco da Escola de Samba 9 de Julho em Bragança Paulista

Enquanto o Vítimas do Sistema deixava o palco e o Drákula se preparava para sua vez, fomos até uma banca dar uma sacada nas novidades, muitos discos e CD's de bandas independentes, camisetas e outros souvenir's. Para variar saí com dois CD's e um DVD. Após as compras e um bate papo com os colegas de outras cidades, assisti ao show do Drákula, que para variar, foi muito bom. O som do local estava de primeira, e os caras mandaram ver, e na minha opinião a música Trash Can, essa é de arrebentar, foi a melhor do show, só acho que eles ficaram devendo a Zombie Birdman, que é a música que abre o Programa A Hora do Canibal, com a devida autorização de Daniel ETE, vocalista e baixista da banda, mas foi muito massa, e estou na expectativa de ouvir o CD da banda.

ENTRE GAROTAS E GAROTOS

Assim que o Drákula terminou sua apresentação, as garotas e os garotos da Lunettes arrumaram rapidamente o palco e sem deixar cair o pique da última banda, continuaram mandando ver no som para a galera agitar.

Lunettes, a banda campineira fez mais um bom show e mostrou que está pronta para alçar voos cada vez mais altos

A banda como sempre muito coesa e cada vez mais segura em palco, mandou ver nas canções do primeiro disco e ainda tocaram uma versão muito foda de Jumpin Jack Flash dos Rolling Stones, mas com o estilo Lunettes, a versão ficou muito massa. Apontar um destaque individual fica complicado, pois no palco todos os integrantes fazem muito bem sua parte e mostram que a banda está entrosadíssima e merece um destaque ainda maior na cena independente.
Para fechar a noite, nada mais que Leptospirose, a banda que lançou dois álbuns, um split CD junto com o Merda, turnês pelo Nordeste brasileiro, Argentina, Uruguai e Europa. E no final de abril, início de maio, eles voltam para mais apresentações no Uruguai e Argentina.
Assim que subiu ao palco, o trio tocou uma "cacetada" atrás da outra, e foi assim até o final da apresentação, desta vez, a mais longa que eu acompanhei. O som estava ótimo, todos os instrumentos estavam audíveis, voz, perfeito. Foi uma grande noite de rock, boa música, boa diversão, bons papos. Antes da apresentação do "Leptos", Quique, vocalista e guitarrista da banda, disse que está muito feliz com o atual momento do grupo, e que as vendas do novo CD "Mula Poney" estão ótimas. Além das músicas das três bolachinhas, o "Leptos" aproveitou o show, e apresentou três novas canções. Será que temos disco novo pintando por aí? Segundo Quique, em 2009 não. Vamos aguardar.

O power trio Leptospirose encerrou a grande noite de rock em Bragança. A banda está prestes para embarcar em mais uma turnê internacional

E assim terminou uma grande noite de música e diversão. O único problema foi na volta, a neblina que cobria a estrada fez com que este xarope que vos escreve, dirigisse como o Rubinho, bem devagar. Mas foi legal, pelo menos consegui ouvir o ótimo CD da banda Merda "Curtição dos Jovens".

Todas as fotos são de Fabinho da Rádio (Boss)

terça-feira, 31 de março de 2009

De Caruaru para o mundo: Alkymenia

Formada em 2003 pelos irmãos Lalo, baixo e vocal e Sandro Silva, guitarra, junto com o baterista Dennis Kreimer, a banda pernambucana de thrash/death metal, Alkymenia, que batalha seu espaço no cenário independente há alguns anos, está lançando o primeiro EP "They Don´t Deserve Respect". Com este lançamento, a banda pretende crescer cada vez mais e partir para turnê nacional e internacional. Com influências de bandas como Pantera, Death, Motorhead, Morbid Angel, Slayer, além do EP, eles tem duas músicas inéditas na coletânea "Terra Batida" . A seguir, você confere uma entrevista exclusiva que o guitarrista Sandro Silva, cedeu para o Zine/Blog Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano: Como vocês chegaram a sonoridade do thrash/death metal e como é o público na cidade de vocês? Existem espaços para apresentações de bandas com material próprio?
Sandro Silva: Desde o início da banda que curtimos bandas clássicas de thrash e death metal e fomos moldando aos poucos nosso som e descobrindo uma sonoridade própria e única para o Alkymenia. O público aqui em Caruaru não é muito grande, mas sempre comparece aos shows e apóia a cena, mas ainda tem muito o que melhorar, dá mais valor as bandas de Caruaru e região, comprar material e etc. Aqui o espaço para as bandas com material próprio não existe! A cidade é conhecida como a "Capital do Forró", e nós temos que organizar nossos próprios eventos para tocar na cidade e vender nossos CD´s.

CV: Quais as metas para o futuro? Vocês pretendem continuar independentes, ou há uma esperança de assinar com alguma gravadora?
SS: Então.. temos em mente lançar nosso debut álbum por algum selo/gravadora para ser bem distribuído e em seguida colocar o pé na estrada e sair em tour pelo Brasil.

CV: Como foi o processo de gravação do EP? Houve patrocínio, incentivo público? Ou foi tudo na raça mesmo?
SS: Tínhamos algumas músicas compostas e precisávamos gravar algum registro para divulgar nosso som e fazer shows. Daí juntamos uma grana e mandamos ver! Tudo com a cara e a coragem, sem incentivo algum, nem patrocínios.

CV: Como é a cena metal no Nordeste do País, mais especificamente em Pernambuco?
SS: A cena metal no Nordeste é muito forte e cada ano tem crescido mais! Com várias bandas nacionais fazendo tour por todo o Nordeste e shows internacionais de bandas como: Scorpions, Deep Purple, Symphone X, Morbid Angel, Motorhead, Iron Maiden e etc..

Divulgação
Da esquerda para a direita, o batera Dennis Kreimer, o baixista e vocalista Lalo e o guitarrista Sandro Silva. O power trio faz um thrash/death metal que não deve nada para as bandas mais consagradas do estilo

CV: Vocês já tocaram em festivais? E com outras bandas do estilo?
SS: Sim! Já tocamos em festivais como “PE no Rock” que teve seletivas em Garanhuns, Recife e Petrolina e já dividimos o palco com bandas do cenário nacional como: Tumulto, Malefactor, Suprema, Predator, Nervochaos, Torture Squad, Scud e etc.

CV: Quais são as dificuldades de uma banda de metal, principalmente com material próprio?
SS: Uma das maiores dificuldades é a divulgação e distribuição dos CD´s... claro que hoje em dia tem vários meios de divulgação: Orkut, Blogs, Sites e etc..

CV: Deixamos o espaço aberto para vocês, onde o pessoal pode adquirir o CD, datas de shows e etc.
SS: Quero primeiramente agradecer ao Zine/Blog "Canibal Vegetariano" pela força ao Alkymenia e ao metal pernambucano! Nosso EP "They Don´t Deserve Respect" pode ser adquirido via correio. Interessados em conhecer o trabalho do Alkymenia entrem em contato comigo pelo e-mail: sandro.silva0@hotmail.com , www.myspace.com/alkymenia ou pelo fone: (81) 9175-7065. Abração a todos os Camisas Pretas!

terça-feira, 17 de março de 2009

Um rock ácido e emergente...

O power trio faz um rock simples e direto com grande influência do grunge

O power trio Monaural foi formado em 2003 em São Paulo, e desde então a banda não para, sempre fazendo shows, gravando singles, EP's e álbuns. O último, Expurgo, foi lançado em 2008. Com seis anos na estrada, atualmente o grupo está conseguindo bancar suas despesas, e nunca desistindo, ou abrindo mão, do controle e criação de sua obra. Abaixo você confere uma entrevista exclusiva que o vocalista e guitarrista Ayuso, concedeu ao blog do zine Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano: Quando, e como foi formada a banda, qual o significado de Monaural e quem são os integrantes?
Ayuso: Tudo começou em meados de 2003 quando Herik e eu resolvemos montar uma banda para tocar algumas músicas de dois projetos que tive na década de 90, Bionic Shoes e Estéreo.
Monaural significa um só canal de áudio, ou seja a mesma coisa que mono, a gente costuma usar o termo “tudo por um só canal”.
Os integrantes são eu(Ayuso): Vocal e Guitarra, Herik Soares: Bateria e Guilherme Maia novo integrante: Baixo e Vocal.


CV: Com tantas formas e estilos diversos de rock atualmente, tem como rotular o som da banda? Eu ouvi as músicas e percebi um lance do grunge. Quais são as principais influências da banda?
A: Se tem como rotular eu não sei, mas certamente alguém irá fazer isso facilmente num futuro não muito distante, acredito eu, mas isso não chega ser uma preocupação. Nossas principais influências estão enraizadas no rock da década de 90 e também em quase tudo que veio a ter uma ligação com o movimento .Nossas principais influências são Black Sabbath, Beatles, Nirvana, TAD, Melvins, Mudhoney, Helmet, Faith no More, Sonic Youth, Fugazi, Jawbox, Foo Fighters, Queens of the Stone Age, Killing Chainsaw, Patif Band e por ae vai.

CV: Como você vê atualmente o cenário rock no Brasil, e como está a divulgação das bandas independentes. Qual a importância da internet, dos zines e rádios web para o futuro do rock?
A: Vejo o cenário rock brasileiro crescendo cada vez mais em “quantidade”, chegando até ser moda hoje em dia você ter sua banda e produzir sua própria música! Isso resulta no que a gente vem ouvindo e vendo por ae, um monte de banda pré-fabricada fazendo um som vazio, sem mensagem nenhuma para passar.
A internet é a ferramenta fundamental para divulgação hoje em dia, não tem como você nega-la, ela já faz parte da nossa cultura e a importância desses novos meios de comunicação ao meu ver são essenciais, vejo todo dia novas webrádios e programas surgindo, E-zines, blogs, etc...sempre divulgando novas bandas, abrindo espaço para novos artistas e passando informação.
Você não precisa mais esperar um zine chegar na sua casa por correio, você apenas liga seu computador na sua casa e digita sobre o que você quer ler no Google, é comodo, é prático e o custo-benefício para a produção dessas novas mídias são praticamente Zero.

CV: São Paulo é considerada uma das capitais do rock brasileiro. Como é a cena atual da cidade? Há espaço suficiente para as bandas que estão começando?
A: Não sei bem se existe uma cena pois as bandas daqui não são 100% unidas de verdade, a coisa aqui parte muito mais do individual e isso para mim é um dos grandes males da cena paulistana.
Hoje existe diversos bares e casas de shows espalhados em todos os cantos da capital, existe bastante espaço comparado a uma década atrás, mas também existe uma desvalorização das bandas perante aos donos das tais casas, talvez por existir banda demais surgindo e se sujeitando a tocar de graça ou até mesmo a vender ingressos para participar de certos eventos.
Falta um pouco de clareza e respeito com as bandas e certamente também falta postura e atitude das bandas ao se colocar com as casas.

CV: Voltando ao Monaural, a banda está no segundo disco. Quais são os planos para o futuro, e como está a agenda de shows?
A: Só corrigindo estamos no terceiro disco, sendo esse ultimo (expurgo) nosso primeiro long play. Os planos para o futuro é continuar gravando e tocando sempre que possível! Estamos no meio de uma tour de divulgação de expurgo que tem como previsão de término o mês de maio. Depois disso pretendemos entrar em estúdio e registrar alguns sons novos, estamos vendo um possível Split com a banda Megadrivers de Porto Alegre e até o final do ano queremos lançar um EP com 8 faixas inédita.

CV: Como funciona o lado criativo da banda? De onde vem as idéias para as letras da banda. É inspirada em outros grupos? Ou tem influências de livros, filmes e etc...?
A: A parte criativa do Monaural é bem simples, eu escrevo as letras e componho a maioria dos riffs, chego nos ensaios com alguns esboços e deixo que o resto da banda faça sua parte. O Herik é um baterista bastante criativo e eu já conheço o estilo dele e vice-e-versa, sei como funciona seu raciocínio musical, então as vezes eu nem preciso comentar a minha idéia, ele simplesmente entende o que eu faço e mata de primeira, temos um ótimo entrosamento. O Guilherme entrou a pouco tempo, mas tem demonstrado ser um cara criativo também, estamos nos dando bem nessa parte.. As letras em si, é uma parte bem pessoal minha. Escrevo sobre mim, sobre minha vida, minhas experiências ou sobre alguma visão que tive de algo. Hoje em dia eu tento transcender mais, liricamente falando, minha intenção é conseguir escrever algo que as pessoas possam sentir ou irão sentir uma vez em determinado momento de sua vida. Minhas influências estão em algumas bandas e escritores, mas posso destacar três deles que gosto bastante: Augusto dos Anjos, Bukowski e Kurt Cobain.

CV: Existe ainda bandas com o desejo de assinar com alguma grande gravadora? O que você pensa sobre isso?
A: Bem hoje em dia isso já virou meio que lenda, mas no fundo acredito que ainda exista alguns artistas que tenham esse sonho, mas eu sou muito mais a favor de ter a liberdade e o controle em cima da minha arte acima de qualquer coisa. Ser independente não é tão cool como dizem por ae, mas mesmo com as dificuldades que enfrentamos, me sinto orgulhoso de fazer por mim próprio e do meu jeito tudo o que tenho feito. O que vier depois disso é apenas mera conseqüência.

CV: Vocês vivem da banda atualmente, ou tem outras ocupações. Caso tenha, vocês podem citá-las?
A: Viver da banda eu não posso dizer, mas vivemos para a banda. Depois de quase 6 anos de estrada, estamos começando a nos custear, a banda hoje paga seus ensaios, paga camisetas e adesivos com grana de shows e isso já um grande começo para gente. Eu to desempregado mas trampo como designer, o Herik trabalha numa corretora de seguros e o Guilherme está começando um trampo em um estúdio.

CV: Deixo o espaço para as considerações finais, e agradeço pela entrevista.
A: Eu que agradeço ao Canibal pelo convite e todo seu empenho em incentivar o que a gente chama de cena underground aqui no Brasil. Que nós possamos continuar fazendo o que a gente acredita, hoje em dia o que eu mais tenho buscado é dignidade, coisa que nossa sociedade não nos dá em nenhum momento e na música eu me sinto útil e digno do que faço.
Deixo um grande abraço para todos, questionem tudo o que a TV e as rádios te empurram, procure algo novo e sincero para fazer, sejam felizes.

Todas as fotos são de arquivo pessoal.

domingo, 1 de março de 2009

Entrevista HELL BULLET

O quarteto lançou no final de 2008 o primeiro EP demo "Kill for Beer"

Há pouco mais de dois anos na estrada, os paranaenses do Hell Bullet, lançaram no final de 2008 o primeiro EP demo intitulado "Kill for Beer", com quatro músicas próprias, e que na opinião do Canibal Vegetariano, é um EP muito bom. Agora você acompanha a entrevista exclusiva que eles concederam ao blog do zine.


Canibal Vegetariano: Para começar se apresentem. Quem são os integrantes, ano de fundação da banda, principais influências, quantos cd's lançados e etc.
Hell Bullet: Bom, o Hell Bullet já está na ativa há dois anos, desde o seu início com a mesma formação, Jeca (vocal e baixo), Chuck (guitarra), Tonho (guitarra) e Rodrigo (batera). Nossa proposta foi sempre tocar Thrash Metal, que é o que sempre gostamos. As influências são inúmeras, não só dentro do Thrash, mas os principais são Sepultura, Kreator, Exodus, Slayer, Vio-Lence etc...Em setembro de 2008 lançamos nossa primeira demo, intitulada de "Kill For Beer" com quatro sons próprios.

CV: Como vocês chegaram na sonoridade do trash metal e como é o público na cidade de vocês? Existem espaços para apresentações de bandas com material próprio?
HB: A decisão do que iríamos tocar, e como iríamos tocar tal estilo não foi nada "armado" ou planejado. Esse som é o que os quatro membros curtem e então foi natural. Quando marcamos o primeiro ensaio parecia que já estava tudo decidio, mas rolou tudo naturalmente. Sempre foi nossa proposta tocar thrash, e logo nos focar em composições próprias. Aqui na nossa região o público de tal estilo cresceu muito nos últimos tempos. Surgiram mais bandas, mais shows, etc...A gente tem um espaço sim. E não rola preconceito em tocar som próprio não. Conseguimos fazer uma boa média de shows por aqui.

CV: Quais são as metas para o futuro? Vocês pentrendem continuar independentes, ou há uma esperança de assinar com alguma gravadora?
HB: Este ano estamos marcando vários shows pelo Brasil. Nossa intenção é ir tocando pra divulgar o material, e ir compondo material novo. Já estamos com algumas músicas novas, e esperamos que até dezembro a gente entre em estúdio novamente para o ano que vem lançar o EP oficial. A princípio não temos nada fechado com gravadora alguma. Já temos sim contatos com selos aqui do Brasil e de fora, para o lançamento do EP.

CV: Como foi o processo de gravação do EP? Houve patrocínio? Incentivo público? Ou foi tudo na raça mesmo?
HB: Gravamos na cidade de Cascavel, que fica aqui pertinho, no estúdio MegaVoice. Foi um lance bem profissional mesmo. Levamos em torno de estúdio contando gravações, mixagem e masterização. Não contamos com nenhum patrocínio não. Foi tudo conseguido por nosso esforço e também de nossos amigos que também tiveram uma participação significativa.

CV: Como é a cena metal no sul do País, não somente no Paraná.
HB: Temos uma ótima cena com bandas de destaque nacional. A cena de death metal é bem grande aqui. Não só no metal, mas também no rock 'n roll, punk...ótimas bandas estão surgindo!

Os caras do Hell Bullet detonando ao vivo

CV: Vocês já tocaram em festivais ou com outras bandas do estilo?
HB: Isso é o que mais rola. Tem as bandas de nossos camaradas aqui da região, O Hate Your Fate, Alcoholic Mosh, Headthrashers, Opressor, Carnivore Mind que sempre estamos tocando juntos, e se vamos pra fora sempre, damos um jeito de levar uma banda junto! Também tocamos com bandas de fora, Violator, Guillotine, Sentencial, Atomic Curse...

CV: Quais são as dificuldades de uma banda de metal, principalmente com material próprio.
HB: Dificuldades são quase a mesma para uma banda de metal, rock 'n roll, hard ou punk...É a falta de grana, um apoio maior de pessoas que poderiam ajudar, até um certo preconceito. Sobre ter rmaterial próprio não vejo tanta dificuldade. Hoje em dia até vejo muito lugares com preferência de bandas com material próprio, pelo menos no meio do metal. Dificuldade todo mundo tem, o negócio é não desistir!

CV: Deixamos o espaço aberto para vocês, onde o pessoal pode adquirir o cd, datas de shows e etc.
HB: Bom, queria agradecer ao pessoal do Canibal por esse apoio que estão dando pra gente, agora no blog e também na rádio. Agradecer você que leu tudo isso até o final. As pessoas que vem nos apoiando e ajudando a divulgar o material. Keep fast..and Kill For Beer!

myspace.com/hellbullethrash
hell_bullet@hotmail.com

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Lunettes - Le Diaboliche, uma falsa santa, uma pazza e um attore porno (2008)




Gravadora: Golden Shower Records / Scatter Records


O fato da Lunettes ser de Campinas é mero acidente, um feliz erro de cálculo. Digo feliz, pois sempre há oportunidade de conferir a banda de perto. Mas voltando ao erro, não é difícil imaginar a banda tocando, ao lado de nomes como Blondie, Ramones, Television, etc. na longínqua CBGB de finais da década de 70. Porém - por mais estranho que pareça – as letras em inglês sobre relacionamentos amorosos, sacanagem, ciúmes, independência e tudo mais que compõe o universo feminino, têm uma esperteza tipicamente brasileira. Isso dá um estranho sotaque nacional ao grupo. Além disso, vale ressaltar, que as letras afirmam a independência feminina sem cair nos fáceis chavões de discursos feministas.

Isso tudo, aliado à mistura de punk, new wave e rock garageiro do grupo (temperada pelo teclado à la década de 80) cria um disco explosivo e surpreendente. É difícil apontar destaques em meio a tanta música boa. Mas, mesmo assim, se você quer comprovar o que estou falando, ouça: “It’s Just fun”, “Give it up”, “Norma Desmond”, “9171”, “Sad Love and Dying”, “Cherry” e “Golden Shower”. Essa última, com sua letra bem sacada e sacana, já é uma espécie de hit nos shows. Bem, resumindo: se você quer um disco que seja dançante, sem deixar de ser torto; pop, sem deixar de ser sujo; romântico, sem deixar de ser sacana; ouça Lunettes e fim de papo! (VFS)


Sem medo de ser pop - entrevista com a banda Superdrive

A banda campineira Superdrive foi formada em 2003 e no início teve algumas mudanças de formação. Mas desde 2006 se mantém estável. Na entrevista a seguir, você confere mais sobre a banda e a história de André Biaggio, guitarrista e vocalista. Com influências de Big Star, Replacements e uma leve pitada de punk rock, o grupo está lançando uma música em uma coletânea americana.

A banda (André à direita)


CV: Como rolou o convite para gravar a coletânea do selo Stereorrific de New Jersey? E como foi o processo de gravação? Vocês gravaram as músicas aqui e enviaram para o selo?

AB: Conheço os donos Jeff e Joel Mellin desde 1999 quando fiz contato através do extinto mp3.com, que era bem parecido com o myspace de hoje. A coletânea comemora dez anos do selo e eles convidaram diversas bandas para participar fazendo versões de músicas dos seus artistas . Nós escolhemos You Sweet You uma música originalmente acústica do Jeff Mellin, dai fizemos uma versão com bastante guitarra e feedback, gravamos no estúdio de Mário Porto que já trabalhou com o Ira!. Envíamos pra eles masterizarem por lá.


CV: Além da música na coletânea, vocês planejam lançar algum disco novo? Se sim, como ocorrerá esse lançamento (através de algum selo, na internet, de maneira independente, etc.)?

AB: Na verdade já lançamos, que foi o single com duas inéditas mais três do CD anterior. Não temos vínculo com nenhum selo, é tudo independente.


CV: A banda já contou com vários integrantes, passando por diversas formações. Como está a formação atual? Vimos que cada integrante dessa nova formação tem influências distintas. Como vocês chegaram a essa sonoridade? As mudanças alteraram de alguma forma o som da banda?

AB: Sim. Formei a banda ao lado do guitarrista Armando Turtelli(Astromato) na época éramos muito ligados no som do Jesus & Mary Chain, mas com o tempo nos afastamos um pouco das guitarreiras e microfonias típicas do estilo.Hoje o som tá mais ROCKÃO. O Japa (baixo) e o Mantovani (batera) são mais ligados em Heavy Metal e Hard Rock. Enquanto eu e o Fernando (Guitarras) gostamos mais de indie rock . O Fernando toca no No Class, por isso, acaba tendo uma pegada mais punk nos riffs.


CV: Antes do Superdrive, quais foram os outros projetos que você teve? E atualmente, você tem outros projetos além da banda?

AB: Já toquei no Lethal Charge durante um ano, logo no início da banda, depois formei o Slowdown em 1996, saí e formei o Raindrops. Hoje toco apenas com o Superdrive que já completou cinco anos.


CV: Há dez anos você tocava no Raindrops com dois integrantes de Itatiba (André e Anderson), chegando inclusive a gravar o ep “Sweet Girl”. Por que a banda se separou após o lançamento?

AB: Na verdade eu continuei por mais algum tempo, gravei o SoundTracks com nove músicas ao lado do Armando e do baixista Reginaldo, que tocava guitarra no Orestes Prezza. O André Fujiwara foi o primeiro a sair, nem lembro direito o motivo, depois me desentendi com o Anderson que irônicamente estava morando aqui em Campinas na época.



CV: O que mudou no cenário musical de Campinas e região desde o lançamento do EP do Raindrops? Está mais fácil ou mais difícil para divulgar o trabalho?

AB: Bem mais fácil, porém tirando o Bar do Zé que fica em Barão Geraldo não tem muito espaço, de vez em quando rolam uns festivais na antiga estação FEPASA que se transformou num espaço cultural gratuito. Mas a internet é a grande revolução!Longa vida ao myspace.


CV: Estamos acompanhando o cenário musical de Campinas e observamos que existem muitas bandas de vários estilos. Pode-se dizer que existe uma cena na cidade?

AB: De certa forma existe, e ela se concentra no já citado Bar do Zé. Algumas bandas vêm se destacando mais, recentemente o Del O Max lançou um vinil, o Muzzarellas que é um veterano, também lançou. Acho isso um puta lance bacana. Acaba por criar uma identidade.


CV: Como foi fazer a abertura do show do Placebo em Campinas? Quais foram os critérios para o processo de seleção para ser a banda de abertura desse show? Qual sua opinião sobre tais critérios, eles foram justos ou não?

AB: Ser escolhido foi ótimo entre tantos candidatos, porém o show foi um tanto sufocante com tanta gente esperando ansiosa pra ver o Placebo. Eu particularmente não consegui curtir estava muito preocupado com o horário (20 minutos) e tudo mais. Você tá acostumado a tocar em bares pequenos , de repente pega uma RED lotada com quase 3.000 pessoas, uma aparelhagem absurda e acaba por se perder no meio de tanto retorno. Não sei quais foram os critérios, mas sabia que não tínhamos chance de vencer a eliminatória pois cantamos em inglês.



CV: Agradecemos pela entrevista, deixamos aqui o espaço para você divulgar a banda, os próximos shows, o lançamento da coletânea, etc.

AB: Eu que agradeço! Adorei o Zine de vocês. O próximo show será dia 13 de dezembro no recém inaugurado Mãe de Pantanha: Av. Francisco José de Camargo Andrade 473(próximo ao bairro Castelo) em Campinas. Esse show comemora o lançamento da coletânea e vai contar com participação de uma banda que faz covers do Pixies. Quem quiser conferir o som do SUPERDRIVE:

www.myspace.com/superdriveband

www.bandasdegaregem.com.br/superdrive