Fotos: Canibal Vegetariano
Há mais de dez anos na estrada, a banda paulistana de
grindcore Hutt se apresentou em Campinas no mês de fevereiro. Nós do Canibal
Vegetariano acompanhamos a apresentação que foi um “arrasa quarteirão”. Dias
após entramos em contato com o vocalista Marcelo Appezzato para fazermos a
entrevista que você lerá a seguir. Além de Apezzato, a banda ainda tem Leandro
na guitarra, André no baixo e Diego (baterista monstruoso) em sua formação.
Durante o papo, falamos da história do quarteto, política e próximos
lançamentos.
Canibal Vegetariano: Desde o início em 2002, houve alguma
mudança na formação? Em caso positivo quais foram e por quê?
Marcelo Appezzato: Começamos o Hutt como um trio, eu, o
Leandro e o Choukri (ex-Presto) na bateria. Sem baixo. Em 2006 o Choukri saiu e
a gente colocou o Diego e o André. Gravamos o Monstruário com essa formação. Em
2010 ou 2011 o Choukri voltou pra banda e o Diego saiu. Em 2013 o Choukri saiu
de novo e o Diego voltou. Ou seja, uma confusão dos infernos.
CV: Quais as principais influências de vocês?
MA: Cara, vou falar por mim, pois cada um escuta suas
coisas. Eu sempre curti punk/hardcore, crossover, death e thrash metal, pelo
menos no que diz respeito as minhas influências como vocalista. Mas como fã de
música escuto um monte de outras coisas, nem queira saber o quê (risos).
CV: Como é ter uma banda de grindcore no Brasil? Há espaços
para shows, divulgação e venda de discos?
MA: Deve ser a mesma coisa que ter uma banda grind em
qualquer lugar do mundo, cerveja morna como cachê, shows nem sempre lotados,
poucas mulheres e muita roupa preta. A cena é pequena mas forte, e é tocada por
algumas pessoas que fazem a diferença, seja tendo banda, promovendo shows ou
principalmente: comparecendo em shows e comprando o material das bandas.
CV: Vocês estão na estrada há 13 anos. O que mudou de 2002
para cá? As mudanças foram positivas?
MA: Acho que a principal mudança foi na comunicação, por
causa da internet. O público aumentou um pouco também e está mais
diversificado. De resto não vejo muita coisa diferente. Pra gente, como banda,
tá melhor.
CV: O que vocês planejam para o futuro?
MA: Tocar por aí de vez em quando, gravar mais uns
discos, conhecer um monte de lugares e pessoas legais, experimentar uns
aditivos diferentes e, principalmente, não chegar aos 3 maços de cigarro por
dia.
CV: Quem é o público que acompanha o Hutt, é possível
descrevê-lo?
MA: Como eu disse antes, o publico é mais variado
atualmente, mas no geral são pessoas de cabeça aberta, que escutam variados
estilos de música e que usam bermuda numa boa.
CV: Vocês tiveram alguns registros lançados fora do Brasil.
Como rolou esse esquema e ele contribuiu para que vocês ficassem conhecidos no
exterior?
MA: Contribui sim. Mas eu não lembro direito como foram
feitos os contatos. Acho que os caras que lançaram escutaram, curtiram e
quiseram lançar.
CV: Quem acompanha a banda saca que o som de vocês é rápido
e com muito peso. Qual o estímulo após tantos anos de banda para seguir
compondo música?
MA: Estimulantes poderosos (risos). Cara, acho que a vontade
de fazer música juntos impera.
CV: Desses 13 anos, qual a maior furada que a banda se
envolveu e também qual o ponto de maior orgulho. Tocar com algumas bandas
gringas ajudam para crescimento profissional?
MA: A única coisa que tocar com bandas gringas me ensinou é
que nem todos os seus heróis são legais. A gente já entrou em um monte de
roubada, ainda entramos, mas hoje rola menos. Impossível lembrar de uma em
especial.
CV: Qual a opinião de vocês sobre a atual situação política
no Brasil? Isso interfere na música de vocês?
MA: A situação política no Brasil é uma merda desde que eu
me lembro por gente. Tenho 35 anos mano. Duvido que algo vá mudar, pelo menos a
tempo da gente ver. Espero que eu esteja errado. Claro que isso influencia, mas
na maioria das vezes inconscientemente.
CV: Agradeço pela atenção e deixo espaço para considerações
finais e “merchan”.
MA: Valeu pelo espaço mano. Logo mais lançamos o disco novo
e um compacto Split com o Facada. Novidades na pagina do HUTT no Facebook https://www.facebook.com/huttgrind?fref=ts
GRIND ABRAÇO.