terça-feira, 6 de setembro de 2011

Noite de gala do hardcore nacional


A noite de 27 de agosto de 2011 com certeza foi uma noite de gala no hardcore nacional, no palco do Bar do Zé, em Barão Geraldo - Campinas - onde duas das melhores bandas nacionais se apresentariam no local, Leptospirose, de Bragança Paulista e Os Estudantes, Rio de Janeiro.
Apesar do calendário apontar que ainda estamos no inverno, a noite parecia de verão e mesmo assim nós do Canibal Vegetariano encaramos os 40 quilômetros que separam Itatiba e Campinas e fomos para o BDZ conferir um som e rever amigos. Quando chegamos ao bar, o recindo ainda estava com pouco movimento e as bandas ainda passavam o som, com isso, só nos restava tomar uma cerveja, trocar ideia e partir para disputa de bilhar.


O tempo passou, a galera foi chegando e a primeira banda a subir ao palco foi Os Estaudantes, banda que em 2010 concedeu entrevista ao Canibal Vegetariano que acabou virando matéria de capa da revista estadunidense Maximum Rock and Roll, que é distribuída em vários países pelo mundo afora.
Os Estudantes subiram ao palco e mostraram canções que estão em três registros lançados pela banda até o momento, e também rolou três músicas inéditas que estarão em lançamento próximo, que segundo o guitarrista Manfrini disse ao final da apresentação deve ocorrer até o final deste ano.

No palco, a banda continua mais entrosada, último show que havia vista foi em outubro de 2009, e esses quase dois últimos anos serviu para os caras deixar o som ainda mais redondo e agressivo e o vocalista Victor continua com o mesmo pique agitando em todos os sons e interagindo com o público. Ao final do show dos cariocas, só nos resta pedir: não demorem para voltar a São Paulo.






LEPTOSPIROSE/ Com a galera mais do que aquecida, o power trio bragantino Leptospirose subiiu ao palco fazendo o primeiro show em terra campineira após o lançamento do terceiro disco, Aqua Mad Max, e nem é necessário dizer que este lançamento agradou o público.



Quique Brown, guitarrista e vocalista como sempre demonstrou muito carisma e agressividade a frente da banda, enquanto Serginho, batera, socava seus tambores e pratos sem dó, no melhor estilo Keith Moon, acompanhado pela precisão de Velhote no baixo, monstrando que a banda é como vinho, quanto mais o tempo passa, mais furiosos e preciso eles ficam.
Ao final das apresentações, só nos restou "ancorar" na banca onde as bandas comercializavam CDs, fitas K7, camisetas entre outros produtos e bater um papo rápido com a galera do Leptos e d'Os Estudantes. Como sempre, trouxemos material para casa e em rápido papo com Manfrini, d'Os Estudantes, soubemos que eles curtiram demais os shows que realizaram na Argentina e que foram muito bem recepcionados pelos hermanos. Após tudo isso, só nos restou uma parada em uma dessas lanchonetes que trabalham 24 horas, comer , jogar conversa fora e seguir por mais 40 quilômetros até nossas casas. Com tudo isso, só nos resta plagiar uma frase de Daniel ETE, baixista das bandas Muzzarelas e Drákula: "...o mundo do rock é lindo...".

Todas as fotos por Fabinho Boss

PS: Este texto está sendo postado em nosso blog por sérios problemas com vírus em nosso site. Em breve voltaremos ao nosso endereço normal.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ajudem um artista

Galera, a exposição "Visão Avessa", no Museu Municipal em Itatiba está chegando ao fim e quem ainda não visitou, por favor comparecer. A cidade não apresenta nada de interessante, por isso quando tem temos que prestigiar. Lembrando que nosso amigo e colaborador Lucas Selvati está com duas fotos nesta exposição.
O museu em Itatiba fica na Praça da Bandeira, Centro da cidade e fica aberto até 15h nos finais de semana.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Quique Brown

Ele foi para Minas Gerais em uma mini turnê com sua banda, a Leptospirose, onde toca guitarra e também faz o vocal. E parte das aventuras, em suas idas e vindas, ele relatou em sua coluna para o site Canibal Vegetariano, para conferir:  http://www.canibalvegetariano.com.br/


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Novidades no Canibal Vegetariano

E aí galera, beleza?

Pessoal, já está rolando o programa A HORA DO CANIBAL 108 no portal do Fanzine Canibal Vegetariano, programa inédito. E fiquem atentos, daqui alguns dias terá início uma nova promoção no programa que será extendida aosite.
Também esta semana você pode acompanhar o texto de nosso colunista Carlos Ferrari, que após muita repercussão sobre seu texto do U2, ele voltou ainda mais ácido e disparando contra a acomodação da galera mais velha, para conferir este texto e ouvir o programa acesse: http://www.canibalvegetariano.com.br/

É isso pessoal, acompanhem as novidades no site que serão quase diárias, até a próxima.

sábado, 23 de abril de 2011

As atualizações de Canibal

E aí galera, vocês que estavam acostumados a acompanhar o que rolava no cenário independente através deste blog, agora podem acompanhar o Fanzine Canibal Vegetariano em sua nova "casa", através do site http://www.canibalvegetariano.com.br/
Nesta semana você acompanha como foram as apresentações da banda U2, na coluna da jornalista Mari Carla e também a apresentação do programa 107 d'A HORA DO CANIBAL que rolou som das bandas Bad Cookies, Kães Vadius, Leptospirose, Teenage FanClub, Pixies entre outras.
Então é isso, acessem o site e acompanhem as novidades quase diárias que rolam.Lembrando que o Canibal Vegetariano continua independente e ainda mais abrangente, levando o melhor da cultura independente que rola no underground.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Kães que agitam e vociferam


A banda Kães Vadius está há mais de 25 anos na ativa fazendo psychobilly, com influências de vários estilos que integram o rock, a banda não quer descanso e prepara vários lançamentos para este ano. Abaixo você confere uma entrevista exclusiva com o vocalista da banda, Hulkabilly, que além da música da Kães, falou do atual momento do rock no Brasil, entre outros assuntos.

Para ler a entrevista acesse nosso site: http://www.canibalvegetariano.com.br/

terça-feira, 5 de abril de 2011

Novos horizontes


É galera, depois de 2 anos e meio, nós do zine/blog Canibal Vegetariano estamos alçando novos vôos e desde o último dia 31 estamos em novo endereço: http://www.canibalvegetariano.com.br/
O site do Canibal está mais abrangente, afinal, temos cinco colunistas, Carlos Ferrari (ex-Lacrimosa, banda dos anos 80), André Fujiwara (ex-Authópsia, Raindrops e Les Fleurs du Mal), Kid Vinil (ex-Magazine e atual Kid Vinil Experience), Quique Brown (vocalista e guitarrista da Leptospirose) e o time é completado por uma mulher, pela jornalista Mari Carla (que está sempre de rolê pelos grandes shows).
Com esta galera sem contar a retaguarda, que é composta por Alan e Reginaldo Silva, caras que dominam toda a parafernália tecnológica, o Canibal Vegetariano entra contudo na era digital para levar cada vez mais informação de uma arte que é feita à margem do que a grande mídia divulga e recebe, em muitos casos, pela divulgação.
Através do site, o Canibal irá aprofundar ainda mais na cultura pop, apresentando fotógrafos, artistas plásticos, música rock, comportamento, grafite, quadrinhos e tudo que engloba arte. Afinal, para que possamos idealizar um país e um futuro melhor, se é que isso é possível, as pessoas precisam de mais educação e cultura. E quem está acostumado com o Canibal Vegetariano, pode ficar tranquilo, estaremos ainda mais ácido, mais incisivos em nossos ideais. O programa A HORA DO CANIBAL continua tocando as canções das bandas independentes junto com bandas consagradas, tudo no mesmo caldeirão, além das várias promoções que realizamos. Além d'A HORA DO CANIBAL, há também o Canibal Cast, programa sempre apresentará um bate papo sobre assuntos diversos e em breve, Canibalismo, programa em vídeo que terá vários assuntos insanos, principalmente envolvidos com rock. Então galera, acesse o site http://www.canibalvegetariano.com.br/ e confira as novidades, pois muitas ainda estão por vir.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Um devoto do Rock'n'Roll


Ele ficou conhecido nos anos 90, século passado, como VJ da MTV. Toca baixo e faz vocais em uma banda chamada Devotos de Nossa Senhora Aparecida, há 25 anos. É fã de jazz, blues, rock e admira cinema e literatura. A partir de agora, você irá saber mais sobre Thunderbird.

Divulgação
Thunder e sua banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida. Nome surgiu em uma sexta-feira santa

Canibal Vegetariano: A primeira pergunta tem que ser: Como você começou a carreira de músico? Quais são suas influências musicais?
Thunderbird: Desde criança me interesso por música. Meu pai tinha uma banda de jazz e eu ia aos ensaios e adorava tudo aquilo. Na faculdade, sempre me reunia com os amigos para fazer um som. Participei de festivais universitários. Mas minha primeira banda foi o Aerozow, em 85. Depois disso veio a banda experimental Neocínicos e, em 86, os Devotos de Nossa Senhora Aparecida.
As influências são muitas. Sempre ouvi jazz, blues, muito rock e mpb.

CV: Você tem influências de outras vertentes da chamada "cultura pop", como escritores, cineastas...?
T: Sim, os beatnicks me fascinaram. Willian Burroughs sempre foi meu preferido. Mas os poetas concretistas tomaram bastante do meu tempo. Os irmãos Campos, Decio Pignatari… Li muitos livros de Jorge Mautner (meu preferido é Vigarista Jorge).
Os cineastas que fizeram minha cabeça foram Rogério Sganzerla, Woody Allen, Stanley Kubrick, Tim Burton, Quentin Tarantino, Federico Fellini, Roman Polanski, são tantos, todos incríveis!

CV: Como você se tornou apresentador da MTV e qual o motivo da troca pela Globo? Fale um pouco também de sua passagem pela extinta TV Manchete e o retorno para a MTV.
T: Os Devotos DNSA me levaram até a MTV. Apresentações da banda chamaram a atenção dos criadores da MTV Brasil. Minha ida para Globo foi uma aventura interessantíssima. Isso durou um ano, quando retornei a MTV para apresentar "Contos de Thunder". Fui para Manchete para apresentar um programa dominical para família brasileira. Tão família, que havia luta de garotas de biquini no gel, entre outras bizarrices. Uma terceira passagem pela MTV era inevitável e retornei para o Tempo MTV, que festejava os 10 anos da emissora. Fiquei por ali até 2003.
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CV: Como surgiu seu programa na Internet? Você consegue definir quem é o público que acompanha seu trabalho atualmente?
T: Estava cuidando dos meus projetos musicais, quando surgiu a ideia de fazer um programa na rede. Desenvolvi o embrião junto a uma produtora independente e o site Showlivre fez uma proposta para melhorar a produção do programa. O Thunderview teve inúmeras edições, todas muito divertidas e ligadas à música. O projeto teve 2 anos de produção semanal. Pude entrevistar alguns gênios como Arrigo Barnabé, Lanny Gordin, Helena Ignez…
O público que me acompanha, no momento, me segue na Internet (Facebook, Twitter) e nos shows. Projetos novos estão em produção. Aguardem!

CV: Cara, vamos falar de rock'n'roll. Qual o motivo da parada de sua banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida? E algo que você deve estar cansado de responder, qual o motivo do nome?
T: O nome vem do dia da fundação da banda, sexta-feira santa de 86. Os Devotos nunca pararam. Outros projetos nos quais me envolvo, chamam atenção da mídia. Com isso, as pessoas imaginam que eu parei com os Devotos. Mas isso nunca aconteceu. Apesar do sucesso atual da banda Tarantulas & Tarantinos, os Devotos tem shows marcados (Virada Cultural de São Paulo e interior paulista) e prepara novo disco para esse ano. Temos novo clipe ( http://www.youtube.com/watch?v=GSes_VdWrrw ) da música "Eu não gosto mais de você" do disco Bombardino. Temos 8 músicas do disco no My Space (www.myspace.com/devotosdnsa ).

CV: Atualmente você toca em quais bandas? 
T: Toco com os Devotos de Nossa Senhora Aparecida, Tarântulas & Tarantinos, Fuck Berry e Flaming Birds.

CV: Você acredita que o público jovem atualmente tem o mesmo interesse pelo rock como as gerações anteriores?
T: Sim, eles vão aos shows, compram os discos, me procuram no Twitter, querem saber das novidades, são bem informados, inquietos.

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CV: O que você pensa sobre a pseudo volta do vinil, o fim dos CDs, a música livre pela Internet. Como isso contribui ou afeta o gosto musical das pessoas? Você é um comprador ávido de discos?
T: Temos uma fábrica de vinil no Brasil. Acho pouco. Acho caro. Ainda compro vinil, CD, baixo música. Não me prendo numa coisa ou outra. Adoro discotecar e, nessa hora, uso até notebook, se for preciso.

CV: Thunder, você pensa que o poder público pode, ou deve, contribuir com os coletivos e com as bandas independentes? Digo isso nem pensando em dinheiro, mas viabilizando locais para shows, compra de equipamentos para esses locais, entre outras medidas.
T: Tem que ser um político muito burro para não entender que se ele investir em cultura, ele vai ganhar prestígio e, consequentemente, votos. Já temos as Viradas Culturais, mas acho pouco. Dá pra melhorar, sem dúvida.

CV: Não sei se posso revelar sua idade, mas como é ser roqueiro aos 50 anos e batalhar para que o rock aconteça atualmente?
T: Hahahaha… ainda tenho 49 anos. E não mudou nada. Se não gostasse de ser músico, teria desistido há muito tempo.
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CV: Há algo que você fez do qual se arrependa? Qual a maior alegria que a música lhe proporcionou e qual a maior tristeza?
T: A música só me traz alegrias.

CV: Quais suas bandas favoritas na atualidade?
T: As minhas, claro!

CV: Você consegue imaginar como será a "cena" rock no final desta década que estamos começando?
T: Não. E quem acha que sabe, está precisando de ajuda. Leva para o psiquiatra.




Galera, depois do Carnaval, muitas novidades sobre o fanzine Canibal Vegetariano. Por isso encerramos essa fase de nosso blog, que esta sendo ampliado, com esta entrevista muita massa cedida por Thunderbird. Aguardem as novidades.


quarta-feira, 2 de março de 2011

Tudo é feito a partir de um traço

Convidamos a todos para a abertura da exposiçõa "Traço", que ocorre nesta sexta feira, 4 de março, a partir das 19h, na Galeria Mutante, em Atibaia

"O traço está em tudo, mas como o traçamos é que nos diferencia. Em Março apresentamos na Mutante três artistas cujos desenhos possuem um traço livre e espontâneo, saindo do acadêmico e trazendo para nossas mentes mundos caoticamente belos e concisos, preparando nossos sentidos para entrar em experiências novas de percepção. Serão expostos trabalhos de: Yan M. Artista natural do Rio de Janeiro radicado em Atibaia. Trabalha com desenhos autorais em papel e paredes. Com um traço original e um mix de técnicas, Yan conduz ao espectador por campos da imaginação às vezes desconhecidos.Conrado Zanotto, natural de Ourinhos - SP, vive e mora em São Paulo desde 2001. Artista multimídia, produz desenhos e pinturas em diversos suportes, é artista de rua da nova geração de São Paulo e já expôs em mostras na capital paulistana e no exterior. Maffei, natural de São Carlos e atualmente cursando artes visuais pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, Maffei faz uma pesquisa onde explora a condição de abandono dos moradores de rua, retratando através de pinturas em grande escala, esses indivíduos em paredes de casas abandonadas."
                                                                                                                                                                       Matias Picón - Curador.

Links dos artistas:

Conrado Zanotto

Maffei

Yan M.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Scliar Eterno


É com muita tristeza que encerramos os posts do blog Canibal Vegetariano em fevereiro de 2011. Estamos tristes, pois, na madrugada de 27 de fevereiro, o Brasil perdeu um grande escritor, um de seus melhores "contistas", como dizem alguns escritores. Foi nesse dia que Moacyr Scliar, médico e escritor, nos deixou aos 73 anos. Scliar deixa saudades e uma vasta coleção de livros, foram 74 obras publicadas no Brasil e vários deles foram publicados em 40 países do mundo. O escritor de descendência judeu-polonesa, nascido em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, era mestre em "casar" ficção e realidade, assim como ninguém lidava muito bem com todo o drama enfrentado pela comunidade judaica ao longo dos anos.
No final de 2009, nós do blog/zine Canibal Vegetariano entrevistamos Scliar que falou sobre literatura, música, educação, futuro do país entre outros assuntos. Postamos a entrevista no dia 25 de dezembro daquele ano, como presente de Natal aos nossos leitores. Agora, com muita saudade, estamos postando novamente esta entrevista, que com certeza, foi uma das melhores já realizadas pelo zine. A entrevista esta sendo novamente veículada como forma de agradecimento a este escritor que levou muito conhecimento e fez com que muitos leitores refletissem sobre suas vidas e sobre o mundo no qual vivem. A única mensagem que podemos deixar é: Valeu Scliar, obrigado por tudo!!!! Abaixo vocês ficam com a entevista na íntegra.  

Fanzine Canibal Vegetariano

O escritor gaúcho Moacyr Scliar e o editor do blog/zine Canibal Vegetariano na Bienal do Livro em São Paulo, 20 de agosto de 2010. Scliar era um mestre com a escrita e uma pessoa extremamente simples 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009


Nas trincheiras da cultura, Moacyr Scliar fala sobre sua vida e obras

Para encerrarmos muito bem 2009, nós do blog/zine Canibal Vegetariano, entrevistamos um dos escritores mais famosos e reconhecidos do Brasil. Autor de livros como o "Exército de Um Homem Só", Mês de Cães Danados", "Max e os Felinos" e "Centauro no Jardim", o escritor, médico e professor Moacyr Scliar, falou sobre seus vários trabalhos e contou um pouco sobre seu ponto de vista político.

Canibal Vegetariano: Faça uma apresentação de sua pessoa para nosso leitores.
Moacyr Scliar: Sou porto-alegrense, filho de imigrantes pobres, médico, escritor e uma pessoa extremamente simples.

CV: Com quantos anos o senhor escreveu sua primeira obra? E desde qual idade o senhor é escritor e o motivo que o levou a escrever? 
MS: Escrevo desde a infância, estimulado por uma mãe professora que era grande leitora. Minhas primeiras histórias eram narrativas de criança, mas quando entrei na Faculdade de Medicina surgiu uma nova temática na qual se baseou "Histórias de médico em formação", meu primeiro livro de 1962.

Arquivo Pessoal


Moacyr Scliar (ao lado) já conquistou vários prêmios de literatura e tem várias de suas obras publicadas em vários países

CV: Como é a vida de escritor no Brasil, um País em que as pessoas não tem o hábito da leitura? E de onde vem a inspiração para suas estórias?
MS: É certo que no Brasil ainda se lê pouco, mas tenho muitos leitores, sobretudo entre o público juvenil. E baseio minha ficção numa variedade de fontes: episódios históricos, notícias de jornal, pessoas que conheci, a Bíblia...

CV: Além de escritor, o senhor é médico e professor universitário. Qual a opinião do senhor, sobre a educação e saúde no Brasil? E o nível cultural das pessoas, o senhor acredita que atualmente é muito diferente de quando começou a publicar seus livros? Melhorou ou piorou?
MS: O Brasil tem muitas deficiências, tanto na área da saúde como na da educação, mas melhorou muito. Os dados mostram que os brasileiros vivem mais, se alimentam mais, lêem mais.

CV: Qual sua opinião sobre o governo Lula? E o que o senhor pensa desses presidentes, como Chaves e Evo Moralez e outros da América do Sul, que defendem a censura, a orgãos de imprensa, entre outras arbitrariedades? 
MS: No presidente Lula admiro sua empatia para com a população, mas acho que às vezes fala de forma precipitada. E como alguém que viveu sob a ditadura, não posso concordar com atitudes anti-liberdade de imprensa, como as de Chavez.

A obra "Mês de Cães Danados", como em muitos textos do escritor, mistura realidade e ficção

CV: Com a cena política atual da América do Sul, o senhor acredita que nós possamos viver novamente um período de autoritarismo como a Europa viveu entre as décadas de 20 e 40 do século passado, com tiranos como Hitler e Mussolini?
MS: Não, não acredito. Acho que aprendemos nossa lição.

CV: Mudando de assunto, o senhor é membro da Academia Brasileira de Letras há quase 10 anos, tem vários livros publicados no Brasil, em vários estilos, tem obras publicadas em mais de 12 linguas diferentes. O senhor acredita que seu trabalho tem o devido reconhecimento em nosso País? E como suas obras foram recebidas pelo público do exterior?
MS: Sou daqueles escritores que não têm do que se queixar: fui, sim, reconhecido em meu País e no exterior. E é muito gratificante viajar para um País como os Estados Unidos e discutir com leitores, sobretudo jovens, literatura brasileira, o que é um aprendizado para eles.

CV: Alguns de seus livros são citados em algumas músicas, principalmente dos Engenheiros do Hawaii, casos como "O Exército de Um Homem Só", que inclusive é o título da canção e tem a música "Descendo a Serra", em que Humberto Gessinger cita "Mês de Cães Danados". Como o senhor se sentiu quando ficou sabendo e ouviu essas citações? E o senhor acredita que música e literatura podem "caminhar" juntas?
MS: Não tenho dúvidas de que literatura e música podem se associar, e no Brasil isto é muito comum. Para mim é motivo de orgulho; acho que um bom compositor é tão importante quanto um bom escritor.


O título do livro (na foto ao lado) é citado pela banda gaúcha Engenheiros do Hawaii, em uma de suas canções e dá nome a ela. A música é uma das mais populares da banda

CV: Exército de Um Homem Só é um de seus livros que foi escrito há quase 40 anos e continua atual até hoje. Como o senhor explica esse fenômeno? E ele é um de seus preferidos, pois o senhor cita-o bastante na obra "Enigmas da Culpa".
MS: Sim, "O Exército" é muito lido, e acho que é por causa do tema: ele fala da revolta contra a injustiça, do desejo de mudar o mundo, coisas que para minha geração eram tremendamente importantes. O nosso sonho desmoronou, mas acho que os ideais atrás dele permanecem válidos.

CV: Falamos sobre música e literatura. Além dos Engenheiros, há várias bandas que gravam discos e músicas baseados em obras literárias, além de músicos que escrevem livros e se manifestam através de outros tipos de arte, um exemplo é o Arnaldo Antunes. Com tudo isso, na sua opinião, qual seria o motivo para termos poucos leitores e novos escritores com obras interessantes? 
MS: O Brasil tem um longo passado de analfabetismo, do qual apenas agora estamos saindo. Mas o número de leitores vem crescendo, e entre os jovens escritores há gente com muito talento.

CV: Uma de suas obras, Sonhos Tropicais, foi adaptada para o cinema. Como o senhor vê essas adaptações que são muito comuns no exterior, aqui ainda não, e qual sua opinião sobre o filme. Para o senhor que escreveu, o filme é fiel a suas ideias?
MS: Gostei muito dessa adaptação, como gostei da peça baseada em "A mulher que escreveu a Bíblia", mas nem sempre a transposição para a tela ou para o palco dá certo. De qualquer modo, parto do princípio que o escritor não deve interferir na adaptação.

CV: Além de sua vasta obra, ser membro da academia, o senhor ganhou vários prêmios de literatura. Qual a importância desses troféus para um escritor?
MS: Prêmios são importantes: representam reconhecimento (especialmente no caso do importante Jabuti) e às vezes uma grana não desprezível... Mas o melhor juri é aquele que cada escritor tem dentro de si.

Arquivo Pessoal

Mesmo após várias obras publicadas e ser reconhecido no Brasil e no exterior, Moacyr afirma ser uma pessoa simples

CV: Fora os livros, o senhor escreve para vários jornais. Desde que a Internet se popularizou, várias pessoas acreditam que os exemplares impressos de livros e jornais serão extintos. O senhor acredita que isso possa acontecer. Várias editoras já começaram a comercilizar os "e-books". O que o senhor pensa a esse respeito?
MS: A mídia eletrônica veio para ficar, mas o livro ainda tem uma longa sobrevivência. A mim não importa como serei lido; o que importa é que meus textos sejam, literariarmente, os melhores possíveis.

CV: Se possível, cite os seus cinco autores favoritos e as cinco melhores obras que o senhor já leu. E quais são suas principais influências?
MS: Influências: Érico Veríssimo, Franz Kafka, Guimarães Rosa. Cinco grandes obras: Dom Quixote, de Cervantes, A metamorfose de Franz Kafka, O alienista, de Machado de Assis, A hora da estrela, de Clarice Lispector, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Belle and Sebastian - Write About Love


Neste novo disco a banda escocesa Belle and Sebastian, que está há mais de 15 anos na estrada, busca mesclar a melancolia dos primeiros álbuns, com a sonoridade mais "alegre" e oitentista dos últimos dois lançamentos, principalmente em "The Life Pursuit", penúltimo disco lançado bela banda.

E a mistura acaba resultando em um disco com uma roupagem diferente apresentada pela banda em todos esses anos abrindo, com isso, novos horizontes para o grupo, que está em uma fase bem madura. Com a saída de Isobel Campbell, quem assume parte dos vocais é Sarah, uma das multi-instrumentistas da banda. E a voz dela combina muito bem com a do vocalista Stuart Murdoch.

Algumas bandas mudam o estilo de som com o passar do tempo, seja por dinheiro, para renovar o público ou algum outro motivo, mas a Belle and Sebastian mostra que não apenas mudou e sim amadureceu, chegando com um disco com novidades, mas deixando no ar um cheiro nostálgico. Destaques para este novo trabalho, vão para as faixas em que convidados especiais participam, casos como Norah Jones em "Little Lou, Ugly Jack, Prophet John" e a participação da atriz e cantora Carey Mulligan em "Write About Love", faixa que da o título ao disco.

Alguns "velhos" fãs podem torcer o nariz para este disco, outros com certeza aprovarão e ele está pronto para angariar novos fãs para esta banda que honra o cenário alternativo, não abrindo mão de seus conceitos para produzir a música que estão a fim de tocar.




domingo, 6 de fevereiro de 2011

A força do Rock Independente em áudio e vídeo


No próximo dia 10, quinta-feira, às 19h, será lançado, via Café in Sônia Filmes e Backstage Produções, o documentário "AutoRock - Registro 2009". O evento ocorre no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, localizado na rua Regente Feijó, 859, Centro.

Segundo um dos produtores, Héctor "Zazá" Vega, o documentário de 30 minutos é um breve registro do que foi a quinta edição do tradicional festival que ocorre anualmente na cidade de Campinas/SP. Com mais de 10 horas de material bruto, captado por duas câmeras amadoras, o documentário que demorou cerca de 10 meses para ser concluído, conta com mirabolantes imagens de quase todas as atrações do Festival AutoRock 2009 (bandas, exposições...) além de depoimentos de idealizadores e apoiadores desse evento que movimenta a cena independente no interior do estado de São Paulo.

Com direção e edição de Héctor "Zazá" Vega e Guilherme Angeli, "AutoRock - Registro 2009" é um documentário indispensável para quem vive, acredita e apóia a cultura independente em nosso país, além de ser mais uma ótima prova de que o bom e velho "do-it-yourself" ainda funciona e pode ser colocado em pratica sempre.

Como já diria a lendária banda Coice de Mula: "Punk is my choice!"http://www.youtube.com/watch?v=Kjy2UQkXdSk

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Promoção A HORA DO CANIBAL e Bad Cookies


Galera, esta valendo a promoção do programa A HORA DO CANIBAL com a banda Bad Cookies. No fim deste mês, fevereiro, sortearemos para um ouvinte o CD da banda intitulado "Carinho Vermelho".
Para participar, basta o ouvinte enviar e-mail para nkrock@hotmail.com, com nome e endereço completos. Para evitar sorteio, o ouvinte pode escrever uma frase, as mais toscas têm mais chances, dizendo porque quer receber o CD em casa. Então, bote a cabeça para funcionar e envie seus e-mails, não há limite para frases.

Canibal Vegetariano

Dois dos cinco integrantes da Bad Cookies em ação em Itatiba. Promoção do CD vale até o fim deste mês

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Muita diversão e Rock'n'Roll no fim de semana

É isso aí galera, este fim de semana promete muitos shows em várias cidades do interior paulista e também no litoral sul do Estado. Na sexta-feira, os campineiros da Get Crazy fazem show de lançamento do primeiro cd da banda, no Bar do Zé. Ainda na sexta, três bandas, de punk hardcore se apresentam no Armazem da Cerveja, em Jundiaí. Em Bragança, no sábado, rola o show de dez anos da Leptospirose, com abertura de Mateus Canteri e a Gangue do Frango que estarão lançando CD. E no Guarujá, o pessoal da Bad Cookies faz lual em uma das praias da cidade para comemorar, ou lamentar, cinco anos de banda. Escolha seu evento e bom divertimento.  Abaixo, cartazes de algumas atrações com horários e preço de entrada.



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Além das fronteiras do Rock'n'Roll


Ele é jornalista, ama música, mas nem sempre trabalhou, com, e, por ela. Já foi repórter esportivo e atualmente é editor-executivo do portal R7. O zine Canibal Vegetariano conversou com Luiz César Pimentel, que por anos foi editor de uma das revistas mais legais sobre cultura pop já publicadas no Brasil, a Zero. A seguir você acompanha entrevista em que ele falou sobre sua carreira pelo jornalismo musical e outras "viagens".

Arquivo Pessoal

Luiz César Pimentel durante alguns anos foi editor de uma das melhores publicações voltadas para o público que respira e consome "cultura pop"

Canibal Vegetariano: Por favor Luiz, apresente-se aos nossos leitores.
Luiz César Pimental: Trabalho no portal R7 como editor-executivo de Entretenimento. Antes fui diretor de conteúdo do Vírgula e MySpace - trabalhei em Los Angeles na criação da versão brasileira do último. Na carreira, trabalhei também em alguns dos principais veículos do país, como Folha de São Paulo, Editora Abril, revista Trip, os portais UOL, Starmedia e Zip.net, além de ser colaborador de Caros Amigos, Carta Capital, Playboy, Revista da Folha, Rolling Stone, Sexy, Jornal da Tarde, Elle e Superinteressante. Sou autor de Sem Pauta (diários, fotos e reportagens de um jornalista pelo mundo), livro-coletânea do período em que fui correspondente internacional na Ásia.

"Não consigo imaginar uma de minhas filhas daqui alguns anos indo à banca pra ver se saiu a revista tal"

CV: Como pintou o rock em sua vida?
LCP: Tinha 10 pra 11 anos (agora tenho quase 40). Sou vizinho e sócio de um clube muito frequentado por estrangeiros. Meu irmão roubou (tá, eu sei, isso não é bonito) uma fita (K7 mesmo) de um gringo. Era uma coletânea hard rock – Kiss, AC/DC, Black Sabbath. E enlouqueci. Ouvia dia e noite aquilo. Fiquei sabendo da galeria do rock, em São Paulo, quando havia duas ou três lojas lá, apenas – Baratos Afins, Punk Rock e Grilo Falante. E lá foi minha universidade.

Arquivo Pessoal

Da esquerda para direita: Marco Bezzi, Luis Pimentel e Daniel. As publicações da Zero passavam pelo gosto pessoal desses três senhores 

CV: Quando você decidiu ser jornalista e como foi o lance de escrever sobre música?
LCP: Decidi no meio da faculdade. Imaginara que cursaria Comunicação Social para fazer publicidade. Mas no primeiro ano percebi que gostava mais de contar histórias do que de vender. Aliás, percebi que não era vendedor. Então não teve muito jeito.
Escrever sobre música foi natural. Pois música É o que me motiva. Claro que nem sempre pude fazer isso. Comecei como repórter de esporte na Folha de São Paulo, por exemplo. Mas sempre que pude e posso, faço.

"Já era difícil o mercado comportar uma revista desse tipo na época (circunstâncias favoráveis nos ajudaram para que ela durasse tanto tempo). Imagina atualmente"

CV: Quais são suas influências, jornalísticas, musicais entre outras?
LCP: A única referência jornalística que tenho é Nelson Rodrigues, que nem jornalista é – o que gosto nele são as crônicas...na verdade o estilo.
Referências musicais que influenciem na escrita só consigo colocar o punk rock, com toda sua honestidade.

CV: Vamos falar especificamente sobre a revista Zero, na qual você era editor. Como surgiu esse projeto e qual o motivo da paralisação da circulação, quanto tempo a revista foi publicada? É possível haver um retorno?
LCP: O projeto da Zero era muito simples – só entravam matérias que gostaríamos de ler. Esse era o filtro das reuniões de pauta – se um de nós (Marco, Daniel e eu) dissesse “não, essa matérias eu não leria” estava vetada. O projeto surgiu por isso, pois não encontrávamos essa revista pra ler, então resolvemos fazê-la.
A revista durou de 2001 a 2004. E não, não é possível haver um retorno.
Já era difícil o mercado comportar uma revista desse tipo na época (circunstâncias favoráveis nos ajudaram para que ela durasse tanto tempo). Imagina atualmente. Não vejo o menor espaço para ela no cenário atual.

Arquivo Pessoal

Atualmente Pimentel é editor-executivo do portal R7 e escreve sobre música, principalmente rock, em publicações como Billboard e Rolling Stone

CV: Qual sua opinião sobre o futuro das publicações musicais? Seja em mídia impressa como pela internet.
LCP: Rola uma safra meio confusa agora, dessa migração e mescla impresso-web. Quando as pessoas perceberam que podiam publicar tudo e qualquer coisa via web, todo mundo virou jornalista.Eu venho de uma época e formação em que para se publicar algo tinha que ser (realmente) bom. Publicar era uma conquista. Logo...
O parâmetro mudou. Mas é uma questão de adequação, agora, entre mídias e qualidade. O que vai sobrar é a qualidade. Seja em qual mídia for.

CV: A crise editorial, em sua opinião, atinge somente o Brasil ou é geral e ocorre também em países desenvolvidos?
LCP: Ah, é geral. Crise editorial de impressos você diz? O negócio é que, voltando à pergunta anterior, a web tangencia a gratuidade. E a publicação física, obviamente não. Então, atualmente as revistas são meio que impressas para a minha geração, que se habituou a isso. Se existe crise também existe uma falta de olhar para o futuro – e quando essa geração, em que me incluo, não mais sustentar esse mercado?

CV: O que você pensa sobre as mídias musicais alternativas que ocorrem em vários cantos do país, como zines, e-zines, blogs... rádios webs entre outros...
LCP: Adoro. Mas claro que seleciono o que escuto, leio e vejo.

CV: Você pensa em desenvolver algum outro projeto impresso falando sobre música, principalmente cultura pop? Atualmente, você está trabalhando com música?
LCP: Meu projeto impresso sobre música é continuar escrevendo para revistas – escrevo mensalmente na Elle, e esporadicamente para Rolling Stone, Billboard etc.


CV: Quem são os leitores de revistas musicais atualmente? É possível traçar um perfil de público? E no tempo da Zero? Vamos um pouco mais longe, e no tempo da Bizz?
LCP: Leitor de todas essas é quem foi educado e habituado a ter revista como fonte de informação. Não está sendo criada uma geração que dê continuidade. Não consigo imaginar uma de minhas filhas daqui alguns anos indo à banca pra ver se saiu a revista tal.

CV: Luiz, agradeço pela atenção e deixo espaço para seus comentários finais.
LCP: Eu que espero comentários – meus contatos estão aí: Twitter @luizcesar e /luizcesar serve pra um monte de coisas, facebook, myspace, youtube...Me adiciona! hahahaha.




sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Do sul dos Estados Unidos para o sul do Brasil. Country, rock e rockabilly da Brazilian Cajuns

São seis caras em um palco, fazendo um som que não há possibilidade de definir com exatidão o que se ouve saindo dos auto falantes. A única certeza que temos é que a música é de qualidade e mistura country, rock, rockabilly e um pouco de música francesa. Para saber mais um pouco sobre esta banda, conversamos com os integrantes da Brazilian Cajuns Southern Rebels.
 Canibal Vegetariano
Canibal Vegetariano: Primeiro lance, se apresentem aos leitores de nosso blog. Nomes, instrumentos...
Brazilian Cajuns:
Somos a banda Brazilian Cajuns Southern Rebels e tocamos o que definimos como country’n’billy songs. Fazem parte da banda: Sinner Jack: vocal e washboard; Herbie Nelson: guitarra e vocal; Dirty Joe: gaita e backing vocal; Kinky Lawless: violão e slides; Kid Step Bill: baixo acústico; Billy Boy: bateria.

CV: Qual o significado do nome da banda e qual o estilo que vocês tocam?
BCSR:
A expressão Brazilian Cajun veio do título de uma música composta por Sinner Jack, onde ele compara sua história familiar (aí incluindo seus irmãos Dirty Joe e Billy Boy) à dos cajuns da Louisiana. A cultura mineira, a descendência francesa, o gosto musical caipira, são alguns dos elementos que os caras utilizam pra se definir como cajuns brasileiros. Southern Rebels explica a origem dos outros 3 caras da banda (Herbie Nelson, Kinky Lawless e Kid Step Bill): Londrina, no sul do Brasil, e também referencia a própria música rockabilly (a música rebelde do sul dos EUA).

CV: Como surgiu a Brazilian Cajuns?
BCSR:
A banda surgiu em agosto de 2007 em Londrina-PR, formada inicialmente por 2 irmãos vindos do Triângulo Mineiro, Sinner Jack (vocal) e Billy Boy (bateria), e Herbie Nelson (guitarra e vocal), um grande amigo “pé vermelho” dos caras. Logo nos primeiros meses o terceiro irmão dos mineiros, Dirty Joe (gaita e backing vocal), passou a ser o quarto integrante da banda. Em seguida Kinky Lawless (violão e slides), outro companheiro londrinense dos caras, resolveu entrar para o bando, complementando o tipo de som pretendido por estes fora da lei. Mas a trupe só ficou mesmo completa com a entrada de Kid Step Bill e seu baixo acústico, camarada que já vinha há algum tempo acompanhando os shows da Brazilian Cajuns Southern Rebels.

CV: Vocês são em seis na banda, como vocês controlam o ego e como é o trabalho de composição?
BCSR:
Cada um deve fazer sua parte, saber sempre o que é melhor para banda, a hora de cada um dos caras aparecer mais individualmente e a hora de destaque do conjunto. As músicas já são definidas, geralmente, pensando em qual instrumento vai se destacar mais, etc. Há sempre uma tentativa de balanceamento até mesmo pra não ficar tudo parecido. As letras são compostas por Sinner Jack e por Billy Boy, em inglês e português (às vezes até misturado, inclusive com trechos em francês). Muitas das músicas são até escritas em conjunto pelos dois. Bebendo com o avô na calçada, viajando ou simplesmente trocando ideia sobre temas que interessam. Tentamos inserir metáforas que se relacionam com nosso cotidiano e até com nossas pesquisas acadêmicas. Os causos que escutamos, os princípios nos quais acreditamos ou simplesmente uma noitada regada a diversão são o que definem esses temas. Depois, segue-se uma reunião com todo mundo, onde geralmente Herbie Nelson define o corpo da melodia e cada um vai propondo os arranjos conforme seu instrumento.

Canibal Vegetariano
Brazilian Cajuns Southern Rebels ao vivo em noite de sexta-feira, de inverno, chuvosa em Sorocaba

CV: Comentem um pouco sobre a cena de rock independente do Paraná. É muito diferente do que vocês vêem em São Paulo e no resto do país?
BCSR:
Bom, nas cidades em que temos tocado o pessoal sempre tem nos tratado bem, dispensado importância ao nosso trabalho. Em São Paulo sabemos que tem uma cena rocker forte. Já tocamos com a banda Crazy Legs e vimos a galera pirar. Em Salto, por exemplo, percebemos que há uma turma que mantém a cena, mesmo além dos shows, no cotidiano mesmo. Brilhantina, sapatos de camurça, etc. Aliás, no nosso show de lá, teve casais que viajaram de moto cerca de 300 km para participar da festa. Isso é muito bom. Há outras cidades que não têm propriamente uma cena rocker, mas a galera vai aos shows por ser, por exemplo, novidade. Muita gente diz que não conhecia esse tipo de som e que da próxima é para avisar que quer ir novamente, coisas desse tipo. Em Londrina há bastante bandas de rock alternativas, mas há problemas. Tipo essa história de os caras de determinada banda não irem num show porque não foram chamados para tocar. Esse tipo de pensamento. Daí tem uns caras que organizam evento que só chamam determinadas bandas, ou que brigam com o outro que tá fazendo um evento mais firmeza e isso tudo vai enfraquecendo a cena. Aquela união que lota os shows praticamente não existe mais. Parece que vão se esquecendo da ideia transgressora do rock, que uma banda de verdade deve tocar em qualquer lugar independente da grana. Temos nos unido com umas outras 2 ou 3 bandas e tentado fazer esse tipo de coisa: organizar shows onde o que vale é a diversão, sem pensar nos lucros. Não podemos reclamar, porque temos tido um bom público e, além disso, temos sido chamados para tocar em eventos que até nos surpreendem, como o próprio Demo Sul, o das crianças especiais, o do centro de detenção do menor e do festival de cultura negra. Além disso, tem a questão das bandas covers, que vão infestando os bares e gradualmente matando o Rock e a música na cidade. Falta às pessoas entenderem que um verdadeiro roqueiro toca onde a galera estiver mesmo, independente de qualquer outra coisa. Não é o tipo do público do bar que interessa, mas o fato de você estar lá divertindo as pessoas que se dispuseram a estar lá contigo.

CV: Quais os locais que vocês costumam se apresentar?
BCSR:
Já nos apresentamos em praticamente todos os bares e casas de shows de Londrina (incluindo desde os mais “chiques” até aqueles mais sujos, verdadeiros), além de festas de república e os principais eventos culturais como o Demo Sul, Grito Rock e Virada Cultural Londrina, Hellveillon e até Mostra de Cultura Afro. Também já tocamos na Concha Acústica, em escolas, centros de detenção do menor e instituto educacional para crianças especiais. Temos tentado sempre levar o nosso rock caipira onde pudermos, independente da questão financeira. Fora de Londrina já tocamos bastante em Maringá, Presidente Prudente, duas vezes em São Paulo (CB e Inferno), Sorocaba, Salto e gravamos um puta programa de rádio, com apresentação ao vivo, com vocês aí em Itatiba e outro em Apucarana. Começamos tocando no bar do Sinvaldo, botecão mesmo, onde catadores de papel iam tomar cachaça no final da tarde. Depois que começamos o bar acabou ficando conceituado como um local “cool” na cidade e um monte de outras bandas começou a tocar lá também.

Fabinho Boss/Canibal Vegetariano
Os caras em uma noite fria e chuvosa, de sábado, se apresentando no CB Bar em São Paulo

CV: Falem um pouco sobre os shows que vocês realizaram este ano pelo estado de São Paulo e como rolou a participação de vocês no Festival Demo Sul?
BCSR:
O show de São Paulo foi demais. Voltamos à cidade pela segunda vez, sempre contando com a força do Fidellis, nosso cajun paulistano. Primeiro fomos para Itatiba, onde a equipe do Canibal Vegetariano organizou para nós uma entrevista com apresentação ao vivo na rádio e, não satisfeitos, integraram o comboio até Sorocaba, onde tocamos com a banda Bad Motors (caras gente boa para caralho que já estamos aguardando em Londrina). Apesar da chuva, a festa foi animada e só fomos todos embora depois das 5 da manhã, quando o dono do bar pediu licença e fechou o estabelecimento. Daí em Sampa, tocamos no CB, com discotecagem do Focka e de ninguém menos que Niki Nixon (ex vocal da banda S.A.R.). Enchemos a casa apesar do feriado. Muita gente que ainda não nos conhecia veio nos cumprimentar após o show. O ponto alto foi o cover de umas das músicas do S.A.R. que fizemos com a participação do próprio Niki Nixon nos vocais, tudo ali em cima da hora. Já estamos organizando uma gravação com o cara, que se tornou já um dos nossos grandes parceiros. A boa surpresa da noite foi ver novamente a galera de Itatiba lá curtindo até amanhecer, bebendo, dançando, trocando ideia com a gente e ainda documentando tudo. Retornamos cansadaços de kombi para Londrina, mas já com a baita vontade de voltar a tocar aí na região. Aliás, logo após chegarmos a Londrina já corremos para Presidente Prudente para fechar o semestre e a tour pela capital e interior paulista. Umas dez pessoas de Londrina foram de comitiva com a gente para esse show.
Quanto ao Demo Sul, fomos chamados para tocar no Grito Rock Londrina no início de 2010 e acho que o pessoal curtiu a apresentação, já que, quando saiu a chamada para o Demo Sul éramos a única banda da cidade a tocar pela primeira vez sem ter que passar pelas prévias. Nossa participação foi através de convite mesmo, sem ter que passar pela seleção como as outras bandas.

CV: Falando neste festival, vocês tocaram com bandas de outros estilos? Como o público mais "rock" recebeu o som da Brazilian?
BCSR:
Sim. Tocamos com uma banda de estilo emo e outra mais hardcore. O público, então, era na maioria da meninada de roupa colorida. Mas tinha a galera que sempre acompanha os shows da banda na cidade. O show foi muito foda, fizemos o nosso público e os coloridos dançarem. Percebemos uma boa recepção. Mais tarde quando fomos ler os comentários dos jornalistas sobre o festival, notamos que nossa banda teve grande destaque. Teve repórter até que disse que tinha que se coordenar para dançar sem perder os detalhes para anotações posteriores. Aliás, agora no final de 2010 já assinamos um documento de anuência para integrarmos o grupo de bandas oficialmente integradas no Projeto Alona (Circuito Fora do Eixo), que é da equipe que organiza o Demo Sul e o Grito Rock Londrina.

 Arquivo Pessoal

A banda se apresentando no Festival Demo Sul, em Londrina/PR, ou seja, "jogando" em casa

CV: Como está o processo de gravação do primeiro álbum? Tem previsão de lançamento? E como será o processo de divulgação?
BCSR:
Acabamos de finalizar a mixagem de 3 músicas (Brazilian Cajun, Depois Daquele Tiro e Um Cavalo Chamado Cavalo) e pretendemos gravar as outras cerca de 10 músicas com composição já finalizada até o final de 2011. Já possuímos mais outras 15 letras aproximadamente e pretendemos iniciar logo o processo de musicalização para um segundo CD. No entanto, a gravação demanda muita grana e tempo, o que tem nos atrasado um pouco. Contamos com o apoio do High Voltage Studio cujo dono, Gustavo, tem nos dado uma tremenda força. O pessoal do Canibal Vegetariano e o grande parceiro Fidellis (batera da Sprint 77) tem nos ajudado bastante com divulgação pela internet mesmo antes das músicas estarem finalizadas.

CV: Quem é o público da banda? É possível haver uma definição?
BCSR:
É difícil definir. Quando tocamos vemos desde grupos vestidos a caráter mesmo, com topete, chapéu e vestido de bolinha, até a molecada de franjinha na testa. Costumamos brincar que nossa banda é a banda da união. Já fizemos skin head dançar ao lado de punks, metaleiros gritarem “yhaaa” e hippies darem chutes pro ar. Em nossas apresentações vemos patricinhas dançarem ao lado da galera do hip hop e, muitas vezes, até pessoas mais velhas dançando de casal. Achamos tudo isso muito bom, porque nos dá a impressão de que nosso som tem agradado as pessoas independente da tribo, classe ou faixa etária. Desde aqueles que estão ali só pra dançar até os que tão afim de ouvir as letras, prestarem atenção. Deve ter a ver com essa coisa do rock em seu estágio inicial mesmo, bruto, e as misturas que adicionamos a isso.

 Arquivo Pessoal
A mistura de sons da Brazilian Cajuns fez a galera de todas as tribos curtirem a apresentação no Festival Demo Sul

CV: Agradeço pela entrevista e deixo o espaço para vocês, valeu!!
BCSR:
Nós é que agradecemos a oportunidade, o interesse pela banda e a força que você tem nos dado. Gostaríamos de agradecer a vocês do Canibal Vegetariano e parabenizá-los pelo trabalho que vêm fazendo referente à divulgação do rock alternativo brasileiro. Estamos sempre recebendo os zines impressos e os distribuídos aqui em Londrina, em Minas Gerais e pelas cidades por onde passamos. Gostaríamos também de agradecer ao Márcio Fidellis pelo trabalho que tem feito com a gente e pela confiança dispensada desde sempre. O cara é verdadeiramente nosso irmão. Por fim, nossos agradecimentos ao Gustavo do High Voltage Studio e ao Marcelo e todo o pessoal da organização do Festival Demo Sul (Alona). Um grande abraço ao pessoal de Itatiba e a todos os que acompanham o programa de rádio e o zine Canibal Vegetariano. Esperamos em breve estar por aí tocando mais uma vez não apenas na rádio mas com uma apresentação também na praça, bar, salão paroquial ou qualquer outro lugar (talvez até em alguma possível casa da luz vermelha) da cidade. Mais uma vez, muito obrigado.
Brazilian Cajuns – Southern Rebels
P.S.: Seguem links de alguns vídeos no youtube do show do Demo Sul e do blog do evento com as reportagens sobre a banda.

Vídeos:
Vidinha Rock’n’Roll
http://www.youtube.com/watch?v=hz8vffLtfh8&feature=player_embedded

Balada de um Bandoleiro
http://www.youtube.com/watch?v=HjBrmsHVZWQ

Entrevista
http://www.youtube.com/watch?v=g0xReP5afmo

Blogspot Demo Sul:
http://demosul.blogspot.com/search/label/The%20Brazilian%20Cajuns%20Southern%20Rebels

sábado, 25 de dezembro de 2010

Mozine: O 'Poderoso Chefão' do rock independente


Ele é vocalista e guitarrista em uma banda, baixista de outra, baixista e vocalista em mais uma, dono de um dos selos mais legais do Brasil, grande incentivador do rock, principalmente da cena underground. Nós do zine Canibal Vegetariano conversamos com Mozine (Mukeka di Rato, Os Pedrero, Merda e dono da Laja Records), para saber mais sobre este importante empresário do rock independente.

Canibal Vegetariano: Cara, por favor, apresente-se aos leitores de nosso zine.
Mozine:
Oi, meu nome é Fabão, tenho 34 anos, gosto de Roberto Carlos, GG Allin, Frankito Lopes e DRI, sou capricorniano, odeio The Smiths, sim, eu não gosto dessa banda chata.

 Arquivo Pessoal
O poderoso 'Chefão' em pé junto com a galera da Mukeka di Rato em um clima bem capixaba

CV: Quando começou essa paixão pelo rock e como isso aconteceu? Quais são suas bandas favoritas?
M:
Falei das bandas ali em cima, esqueci de Adelino Nascimento, o melhor cantor que já existiu no Brasil. Acho que já nasci assim, desde pequeno gosto de música, pancadão, samba, rock, etc.  Gostava muito de desenho de capeta quando era criança também, antes de ser Flamengo eu era América porque o logotipo era o satanás.

CV: Quantos anos você tinha quando montou sua primeira banda? Qual era o nome dela?
M:
Revolta Social, era uma banda meio anarco punk, sei lá bicho, punk, eu batia nos armários, batia em lata, com uns caras aí, Renan, Washington e Clayton.  Logo após montei o Carcará com Zuzu que seria o vocal/guitarra dos Pedrero no futuro.  Só depois dessas duas cagadas montei o Mukeka di Rato, em 1995 ou 94, e a partir daí o pau continua quebrando. Se hoje eu tenho 34 anos, não sei quantos anos eu tinha em 1995.

CV: Como surgiu a Laja Records? Ela veio antes das bandas em que você toca atualmente?
M:
A Laja surgiu única e exclusivamente para lançar os CDs da Mukeka di Rato por eu achar que as gravadoras que trabalhavam com a gente na época eram muito incompetentes (sem querer falar mal, sendo apenas sincero, porra!!!). Porém percebi que poderia lançar outras bandas, e aí estou agarrado com isso até hoje, mas me divertindo muito.

CV: Quais os critérios que você usa para a Laja divulgar? Você recebe muitos CDs de bandas que não sejam de rock pauleira? O que você diz para quem não é lançado pelo selo?
M:
Eu digo bem assim: desculpe, mas não posso lançar sua banda. Recebo CDs de todos os tipos de música, apesar de ser bem eclético no meu dia a dia, indo até em bailes funks para me divertir, a Laja mantém um estilo, não gosto de quebrá-lo. Eu tenho usado a Internet, Twitter, Fotolog, entrevistas, mas mando também material para blogs e revistas que eu mais gosto no Brasil.

CV: Cara, você acha que o consumo de CDs tende a cair ainda mais nos próximos anos? Qual sua expectativa como proprietário da Laja? E os vinis?
M:
CD tá tenso, cada vez vou prensar menos CDs, mas não sei se vai cair tanto mais não, acho que estabilizou, num patamar ridículo, mas estabilizou, ai véio, quer saber, parei de querer prever o que vai acontecer no mercado fonográfico, tá bizarro essa tecnologia, amanhã nego inventa outra parada, aí fodeu tudo de novo. Vinil é uma paixão né, feliz de ter acabado de realizar um sonho que foi prensar o Gaiola (álbum lançado pela Mukeka di Rato) na França e pretendo lançar muito mais títulos.

CV: Além de CDs e DVDs, a Laja lança livros também. Como foi, ou como está, a venda dos livros que você lançou e quais os títulos? Comente sobre sua experiência como escritor.
M:
Gostei, acho que consegui fazer exatamente o que eu queria, que era escrever algo de fácil leitura, engraçadinho, sincero, real, ligeiro, com a minha cara, dando a impressão que eu estivesse conversando com você. E foram esses os elogios que recebi então estou feliz. Vendi 800 cópias duma tiragem de 1.000 livros, irado, Paulo Coelho vai tomar no cú!

Divulgação

Mozine, além do baixo, ele toca guitarra na Merda e ainda comanda a Laja Records. Tudo sem falar nos Pedrero

CV: Agora vamos falar de suas bandas. Como surgiu a Mukeka di Rato? E falando em Mukeka, fale desta recente passagem por Portugal e França. Além desses países, vocês já passaram pelo Japão. Como é a cena de rock independente nestes lugares?
M:
Já tocamos na Argentina, Uruguai, Chile, Portugal, França e Japão. De todos, o Japão foi o mais legal, mas pegamos muito bem com a França também. A cena hardcore é parecida no mundo todo, os mesmos moleques, mesmas tatuagens, mesmas bandas, mesmo LPs, mesmos vícios, etc. Porém no Japão, TUDO é diferente e mais legal, por ser diferente, o impacto é muito grande.  Pegamos muito bem com a França e queremos voltar pra fazer uma tour por lá, somente lá!

CV: E o público destes países, como eles recebem a proposta musical da Mukeka? Quem é o público de vocês atualmente? Fui em um show, e vi poucos adolescentes e muitos adultos, inclusive mulheres. O que você pensa sobre isso?
M:
Fomos bem recebidos em todos os lugares que fomos, mas no Japão foi algo realmente bizarro e brutal. O Japão é um bagulho inesquecível para nós. Você deu sorte de ver mulher no show da Mukeka, isso é raro, eu acho que nosso público mantem uma faixa jovem ainda, muito forte isso, dá muito moleque no show, mas pode ser que agora que com essa desgraça chamada emo e Restart, os jovens comecem a migrar para essa doença e pinte mais velhos no show do MDR. 

CV: Cara, vocês eram independentes e atualmente estão na Deck Disc. Como surgiu o convite e qual o motivo que levou vocês a trabalhar com a Deck? E o DVD, qual a previsão de lançamento?
M:
Cara, estamos na Deck, sim, mas eu considero uma banda 110% independente. A Deck nos dá toda liberdade de trabalhar livremente, não se mete em nada e quando pode ajudar, ajuda. É simples demais para nós trabalharmos com os caras, é como se fossemos do mundo e da Deck. Eles liberam músicas para coletâneas punks, liberam a gente para lançar outro material por outros selos, liberam o disco para gringa, a Deck é sangue!!!

CV: Além da Mukeka, você também participa d'Os Pedrero e da Merda. Qual delas surgiu primeiro? E o que te motivou a participar de outra banda?
M:
É bicho, nem sei exatamente porque fui montando tanta banda doida bicho, mas foi surgindo, sei lá. Os Pedrero veio antes. Também tenho um projeto chamado Tenebrio Peixoto que nunca saiu do papel apesar de eu ter composto mais de 30 músicas, um dia eu gravo, seria brega o projeto. Também já toquei numa banda de Roberto Carlos anos 60 (cover) que pode voltar a qualquer momento e estou montando uma banda chamada Os Dotadões para tocar Cascavelletes. Tenho problemas?

Divulgação
Fábio Mozine com seu baixo e uma cerveja gelada em algum show pelo Brasil, ou exterior?

CV: Como é tocar em três bandas ao mesmo tempo e ainda administrar a Laja Records? E como você consegue tempo para a vida particular?
M:
É uma doidera doida bicho, tô todo doído, todo cagado, mas tá rolando, eu sou workaholic, estar acordado para mim significa estar trabalhando, com dois celulares no bolso e mandando e-mails, no msn, no twitter...

CV: Agora voltando as bandas, fale um pouco do novo CD d'Os Pedrero "Sou feio mas tenho banda". Como está a agenda de shows e como está a aceitação do público com este novo trabalho?
M:
O público sempre fala que gosta, não sei se estão mentindo ou apenas falam isso por falar.  Temos feito alguns poucos shows, mas é isso mesmo, esta na frequência da banda. Acabamos de gravar 6 músicas pra um EP em vinl chamado "Pin up Gordinha", com capa de Victor Stephan, vocalista dos Estudantes, ficou brutal.

CV: Para você, qual a diferença entre a Mukeka, Os Pedrero e a Merda?
M:
Mukeka é hardcore reto, político. Os Pedrero é rock hardcore doido, Merda banda doida, pode tudo.

CV: Agora falando sobre a Merda, vocês acabaram de lançar um split com a banda DFC. Qual o motivo que leva as bandas a lançar split?
M:
Amizade, cachaça e afinidade musical.

CV: Além do CD, atualmente vocês estão divulgando o DVD "Breaking Brazilian Bones in Europe" sobre a turnê que você realizaram em parceria com a Leptospirose em 2007. Como está a divulgação deste trabalho?
M:
Divulgação normal feita pela Laja, ou seja, divulgar na Internet e enviar para lista de revistas e blogs que eu mais gosto. Estamos planejando algumas exibições públicas do filme, tem passado em pequenos cinemas, salas, mostras, festivais, a galera tem recebido bem, se pá nego nem vê, mas fala que gosta para puxar o saco!

CV: Vou te perguntar algo que você deve estar com o saco cheio de responder, mas muita gente tem curiosidade em saber. Por que a banda chama-se Merda? Tem alguma influência do filme "Joey e as baratas"?
M:
Não tem influência nenhuma disso aí. Tô ligado nesse filme mas nem sei porque perguntou isso, o cara tinha uma banda chamada Merda nesse filme chato? Bicho, não sei porque tem esse nome, sério, acho que porque talvez fosse uma Merda, será isso?

CV: Você faz parte de três bandas que tocam hardcore. Em algumas vocês fazem algumas críticas, mas costumam "zuar" bastante, tirando sarro e falando de outros assuntos. Admiro o estilo debochado de vocês. Como o público encara esta zueira? E o que vocês pensam dos caras que tocam o mesmo estilo de vocês e ficam com pose e cara de mal, só usa roupa preta e preso a ouvir somente um estilo musical?
M:
Cada um cada um, não fico observando como os outros são ou se comportam, cago para os outros, cuido da minha vida. Acho que a galera já acostumou com nosso sarcasmo. Não é nada tão diferente assim, Dead Kennedys já fez há 20 anos. Nós tentamos fazer algo parecido.

CV: Este foi um ano com vários lançamentos de seus projetos. Há mais por vir até o fim do ano? E a Laja?
M:
Tem bicho, esse ano tá tenso. Até o final do ano sai o DVD da Mukeka di Rato no Japão, um documentário com um show extra feito em Vitória e shows no Japão em geral. Sai também DVD do BB. Kid antologia. Ano que vem tem DVD Laja 100, contando a trajetória da Laja. Agora, acabou de sair o CD da Dizzy Queen. Vou lançar um menino capixaba chamado Fe Paschoal, meio tropicalista hardcore doido cheio da maconha, vai sair o pin up gordinha d'Os Pedrero e o aguardado Atletas de Fristo, da Mukeka di Rato pela Deck.

CV: Mozine, valeu pela entrevista e o espaço é teu. Critique, xingue, agradeça, divulgue seus trabalhos...
M:
Bicho, 100% é nós! Valeu a você pelo espaço e tamo aí béacho, fala que eu te escuto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sérgio Pereira Couto: jornalista e escritor fala sobre sua paixão por rock e história

Sérgio Pereira Couto é jornalista e escritor, autor de mais de 40 livros entre ficção e não ficção nas áreas de história antiga, esoterismo, romance policial e história do rock. Além de tudo isso, é também um estudioso do classic rock e admirador de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Deep Purple e The Doors. Conheça mais sobre Sérgio nesta entrevista exlusiva que ele concedeu ao blog Canibal Vegetariano.
 Divulgação
O escritor Sérgio Pereira Couto é autor de 40 obras e ainda tem muitas estórias e histórias para contar

Canibal Vegetariano: Cara, como e quando você começou a carreira de escritor?
Sérgio: Comecei a carreira em 2004, quando compilei várias entrevistas com sociedades secretas para o lançamento de um livro desse gênero. Meu editor achou que seria mais fácil vender o peixe se eu inserisse as informações num romance e aí criei uma história de fundo e coloquei o conteúdo das entrevistas quase na íntegra. Estávamos já com tudo pronto quando chegou por aqui O Código da Vinci, de Dan Brown, que estourou de vendagem. Lançamos o Sociedades Secretas, meu primeiro romance, pouco depois. Inseri nele algumas falas sobre o livro de Brown e tornei a narrativa mais cheia de  citações de cultura geral, inclusive alusões a nomes como Pink Floyd, The Doors e Led Zeppelin que, de uma maneira ou outra, eram ligados ao esoterismo. Hoje o livro está na terceira edição e vende muito bem.

CV: Você teve influência de algum escritor?
S: Neil Gaiman, Stephen King, Alan Moore, Raymond Chandler, Giulio Leoni, Ian Fleming e Patricia Cornwell, não necessariamente nessa ordem...

CV: Quantas obras você lançou?
S: Até o momento exatos 40 títulos e tenho mais dois romances em análise, três de não ficção encomendados, seis em fase de transformação para áudio book e mais quatro em fase de planejamento.

CV: Como é para você escrever sobre fatos históricos e musicais? Há muita diferença? Qual seu estilo preferido?
S: Escrever sobre fatos históricos é muito rico à medida em que você aprende com o objeto que você estuda. Descobrir detalhes pouco divulgados ou mesmo inserir tudo num contexto pouco explorado mas verossímil é um excelente exercício para sua imaginação, além de ser uma experiência e tanto, à medida que você descobre que há muito mais na história do que os livros contam. Falar sobre os fatos musicais não apresenta muita diferença, já que o ponto de vista histórico é sempre o mesmo. O que você tem que tomar cuidado é atentar para que seu trabalho saia com uma cara profissional e não de algo que um fã faria. E, de longe, meu estilo predileto é o policial/suspense. Se colocar tudo junto, então, aí me sinto mais à vontade.

CV: Agora vamos falar especificamente sobre Help, A Lenda de um Beatlemaníaco. Como surgiu essa história?
S: Tive minha fase beatlemaníaca há alguns anos quando fiz minha peregrinação a Liverpool. Sempre achei que a ideia de que a cidade era tão colorida quanto os Beatles era meio falsa. E já em Londres vi que tinha razão: era, afinal, o local onde Jack o Estripador atacou. E imaginei como deveria ser difícil para os jovens de hoje crescerem numa cidade como Liverpool à sombra de um grupo musical que deixou de existir há exatos 40 anos. E venhamos: de todos os fãs de bandas, acredito que os fãs dos Beatles são os mais radicais que existem. Nem os de Elvis são tão assim. Imaginei então algo para juntar tudo e como já havia a Beatle Week, o evento anual onde bandas cover do mundo todo se reúnem por lá, consegui o cenário que queria. E sem contar que a cultura beatle é mundial e atemporal.

CV: Como você se tornou um beatlemaníaco?
S: Frequentei por muito tempo o cenário beatle de São Paulo e conheço várias bandas que estão em atividade até hoje, como a Comitatus, a Beatles Alive e a Beatles 4 Ever. E fora que continuo um adorador da obra do quarteto, seja ela em grupo ou solo.

CV: A impressão que você passa no livro é que conhece bem a cidade de Liverpool, devido aos detalhes que você cita. Fale um pouco mais sobre o assunto.
S: Eu sempre brinco que, enquanto os muçulmanos fazem peregrinações à Meca, os beatlemaníacos fazem o mesmo para Liverpool. Assim, fiz a minha há alguns anos. E fiz questão de ir apenas com alguns mapas e sozinho, para explorar bem os locais e reunir bastante material turístico sobre os pontos mais citados nas biografias do quarteto. Foi uma experiência muito incrível refazer os passos de todos, de Abbey Road até a Saville Row (onde ficavam os escritórios da Apple), em Londres, e em Liverpool, das casas onde eles nasceram até as docas, as estátuas de Eleanor Rigby e do submarino amarelo e adentrar o Cavern Club, além de ter participado da Magical Mistery Tour no ônibus do filme. Anotei tudo e recolhi o máximo que pude de panfletos para ter material de pesquisa suficiente.
 Divulgação
Sua banda favorita é The Doors, mas ele também teve uma fase de beatlemaníaco

CV: Quando você escreve, os personagens surgem um a um, ou a estória vem como um todo?
S: No geral, tenho um esqueleto da história, ou seja, um esquema onde sei o que vai acontecer. Depois vou inserindo aos poucos os personagens. De longe o que dá mais trabalho de montar são os personagens. Enquanto não houver coesão e verossimilhança, não tem condições de serem inseridos na trama. Às vezes você acha que tal situação ficaria bem com um protagonista, mas na verdade é uma mulher que daria o efeito que você tanto almeja. Ou seja, é um laboratório onde você tem que experimentar várias vezes até conseguir o melhor efeito desejado. E com esse livro não foi fácil, já que visa um público conhecedor e exigente por natureza.

CV: E seus livros sobre Hitler. O que te motivou a escrever sobre um dos nomes mais odiados da história?
S: Na verdade estava discutindo com o editor, que queria iniciar uma série de biografias históricas. Queríamos um nome que fosse polêmico e que, ao mesmo tempo, permitisse que se fizesse uma análise histórica imparcial, livre de preconceitos. Hitler sempre foi um nome que causa calafrios ao ser pronunciado, mas, apesar das atrocidades cometidas (que são inegáveis), merece que seja analisado como qualquer outro ditador histórico.

CV: Como é a vida de escritor no Brasil? É possível viver somente desse trabalho?
S: Infelizmente não é uma vida fácil, mesmo quando você é jornalista. Afinal, nós, que vivemos da escrita, ganhamos por produção, e esse é o motivo pelo qual tenho tantos títulos. A maioria das pessoas que conheço dessa área mantém pelo menos mais dois serviços juntamente com este. Eu mesmo não sou uma exceção. Mas o contato que mantemos com o público em geral é gratificante e não há nada melhor do que ouvir alguém dizer que comprou um livro seu e adorou a leitura...

CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo espaço para que você teça seus comentários finais, valeu.
S: Eu é que agradeço a oportunidade que você abriu para poder dialogar com seus leitores. E apenas lembro: muito rock´n´roll na veia e, na hora de escolher um livro, parodiando John Lennon, “Tudo o que dizemos é dê uma chance ao escritor nacional”.

Help: A lenda de um beatlemaníaco
Sérgio Pereira Couto - 286 páginas - Editora Idea

 Eu não sou fã de Beatles, conto nos dedos os discos e as músicas que gosto da banda, mas o que me levou a ler este livro, foi o próprio escritor, Sérgio Pereira Couto, que conheci durante a Bienal do Livro em Sampa, em agosto deste ano.
Comecei a ler a obra por curiosidade e logo nas primeiras páginas notei que havia algo diferente, interessante e intrigante. Terminei a leitura em pouco mais de três dias, devido a enorme curiosidade para saber o desfecho da trama. Quem é fã de Beatles com certeza curtirá ainda mais devido a enorme quantidade de informações da banda, mas quem não é fã, como é meu caso, fucará amarradão devido as idas e vindas da estória, muito bem amarrada pelo autor.
    Independente de gostar ou de rock, gostar ou não de Beatles, o livro é totalmente recomendável, pois quem gosta de uma boa trama policial, cheia de suspenses e surpresas, não pode perder este livro, pois emoções não faltam nas páginas desta obra.