Rodrigo Birai
Hoje nós deixamos um pouco a música de lado para falar com um rapaz que há anos se dedica a arte dos quadrinhos, charge, caricaturas, entre outras expressões artísticas. Cléverton Gomes é o cara que com traços finos e rápidos, faz caricaturas de anônimos e famosos e surfa na onda da ironia e crítica social, com charges sempre relevantes e atuais. Para saber mais sobre este tipo de arte, conversamos rapidamente com o homem da prancheta.
Canibal Vegetariano: Cara, como pintou o desenho em sua vida? Quais são
suas influências?
Cléverton Gomes: Desde criança curto muito fazer desenhos em geral.
Enquanto a galera jogava futebol, eu desenhava. As influências são as mais
diversas que se possa imaginar. Desde Maurício de Souza, Ziraldo, irmãos
Caruso, Ique, J. Carlos, Wall Disney, a pintores como Monet, Van Gogh, Da
Vinci, Rembrant, Picasso, entre outros. Gosto de arte em geral e procuro variar
estilos sempre que posso.
Rodrigo Birai
CV: E o lance das caricaturas, desde quando você as desenha e o que
ainda pode ser aperfeiçoado?
CG: As caricaturas surgiram naturalmente. Como falei, entre as diversas
tentativas de variar estilos comecei a fazer caricaturas ainda criança e não
parei mais. As pessoas que acompanham meu trabalho incentivaram a divulgar
esses desenhos que hoje são feitos em menos de um minuto, mas tenho muito o que
melhorar, nunca sabemos tudo.
CV: Como é a reação de quem você desenha? Conte algo inusitado que já
lhe ocorreu durante seu trabalho.
CG: Já desenhei muita gente, nas mais diversas situações e lugares e
ainda pretendo fazer isso o resto da minha vida. É muito legal ver a reação da
pessoa desenhada, muitas vezes ela se identifica de tal forma que coloca seu desenho
em uma moldura, faz uma camiseta personalizada, entre outras possibilidades.
Certa vez participava de um programa de rádio, quando de repente o locutor falou: "Quem ligar agora ganhará
uma caricatura falada", ou seja, uma espécie de retrato falado em forma de
caricatura. O ouvinte passou o perfil físico da pessoa e fiz o desenho. Mais
tarde a ouvinte foi até a rádio para retirar o desenho e segundo ela, a
caricatura ficou parecida com a pessoa.
Rodrigo Birai
CV: Você faz muitas caricaturas de artistas, como eles veem esse tipo de
arte? E como foi desenhar a galera do 'Ícones dos anos 80'?
CG: É muito bacana ter contato com as pessoas em geral, pois se percebe
de imediato como a pessoa se sente ao ver sua imagem em forma de desenho.
Quando tenho a possibilidade de desenhar artistas de grande repercussão e se
deparam com as mais diversas situações, noto que eles também gostam muito do
traço e da rapidez que o trabalho é feito. Normalmente o contato com esses
artistas é bem rápido e eles curtem muito a possibilidade de serem caricaturados ao vivo em segundos e levar
essa lembrança para casa. Sobre o pessoal dos anos 80, me senti muito
privilegiado em desenhar esses artistas que marcaram época no cenário musical
nacional. Cresci ouvindo essas músicas e já os desenhei várias vezes, desde a
minha infância, antes de vê-los pessoalmente. Estar frente a frente com Kid
Vinil, Kiko Zambianchi, Guilherme Isnard, George Israel entre outros e
desenhá-los, foi show!
CV: Nesse dia, você de caricaturista deixou a prancheta e foi desenhado.
Como é a sensação de estar do outro lado? E o Guilherme Isnard, leva jeito para
isso?
CG: Cara, foi muito legal. Assim que terminei a caricatura do Isnard,
ele pegou a prancheta das minhas mãos e me disse: "agora sou eu que vou
desenhá-lo" e assim o fez. É interessante estar do outro lado da
prancheta...(risos). Curti demais o desenho e a humildade do Isnard que se
mostrou um bom caricaturista.
CV: Como é o mercado de caricaturas no Brasil? Você já esteve no
exterior, como é o esquema por lá?
CG: Hoje se popularizou mais as caricaturas no Brasil, após o longo
periodo histórico de censura no País, as pessoas vem se simpatizando com esse
estilo artístico. Mas ainda tem muito o que melhorar. O Brasil ainda está em
atraso nessa área cultural. Outros paises já valorizam a arte muitos anos antes
e com certeza veem o valor dessas obras com outros olhos. Eu, como tantos
outros profissionais, faço minha parte para que essa linha do humor e arte faça
cada vez mais parte de nossas vidas.
CV: Como o brasileiro trata a arte, de maneira geral?
CG: O brasileiro é sensacional se tratando de bom humor e criatividade e
isso ajuda demais na criação de trabalhos artísticos, porém a valorização da
arte no País ainda é muito banalizada. É interessante que os educadores de
maneira geral aplique com mais frequência a importância da arte e não deixe que
a população apenas a veja como 'algo bonitinho'. A arte deve ser analisada,
interpretada e discutida, pois mostra visões variadas, muitas vezes, de
situações que deixamos passar despercebidas.
Rodrigo Birai
CV: E as charges, muitas delas polêmicas, de onde surge ideia para este
tipo de 'notícia' resumida com humor e quase sem palavras?
CG: As ideias para montar uma charge surgem de situações diárias. Desde
assunto políticos de grande destaque a momentos do dia-a-dia. Histórias
contadas pelas pessoas também auxiliam na criação dessas charges. É necessário
estar atento aos assuntos variados para elaborar uma charge. E legal ver a
satisfação das pessoas ao verem e comentarem esse trabalho de rápida
interpretação.
CV: Valeu pelo papo, deixo espaço para suas considerações finais e faça
seu merchan.
CG: Gostaria de agradecer ao Canibal Vegetariano pela oportunidade de
falar um pouco sobre meu trabalho. E gostaria de aproveitar a oportunidade de
convidar a todos para que conheça um pouco mais do trabalho de Cleverton Gomes
através do blog: www.clevertoncaricaturas.blogspot.com, também no
facebook - Cleverton Gomes e do grupo 'O Cleverton já me desenhou'. Quem curtir
vídeos, tem uma page no youtube: www.youtube.com/clevertonnaweb. O telefone para
contato é o (11)9 9708-9601. Abraço a todos e até a próxima.