A noite prometia ser fria em parte do Estado de São Paulo durante a noite de sábado, 22, e madrugada de domingo, 23. Mas para quem gosta de rock, a noite e madrugada acabou sendo quente, muito quente. Para as datas citadas acima, estava prevista a edição estadual da Virada Cultural, que acontece em vários municípios ao mesmo tempo e em Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo, dois grandes shows de rock estavam previstos para acontecer. Primeiro seria a banda Autoramas, que atualmente excursiona divulgando o álbum desplugado, lançado no final do ano passado, e uma das bandas mais legais a surgir no final dos anos 80, do século XX, Mudhoney.
E para variar, nós do blog/zine Canibal Vegetariano assim que soubessemos que a Mudhoney estaria presente a este evento, começamos a preparar nossa viagem. Junto com mais três camaradas, no início da noite de sábado, nos deslocamos de ônibus até a capital paulista e em seguida seguimos até Mogi. O local dos shows era próximo a rodoviária, sendo assim a caminhada foi rápida. Ao lado do palco montado para a Virada Cultural, acontecia paralelamente uma festa religiosa.
Gabriel Thomas e Flavinha agitando Mogi das CruzesAssim como muitos roqueiros que estavam na expectativa de ver Autoramas e Mudhoney, aproveitamos para comer e beber na festa. Devido a superlotação do local, desistimos da ideia e fomos ficar grudados na grade que separava o público do palco. Assim que encostamos, percebemos que a distância entre o público e as bandas era enorme e poderia ocorrer alguns problemas.
Gabriel e sua tradicional guitarra Telecaster. Em parte do show ele tocou violão devido a divulgação do álbum desplugadoPontualmente às 22h30, a Autoramas sobe ao palco, e com guitarra limpa e baixo distorcido, característica da banda, eles começaram a desfilar uma sequência sensacional de grandes canções. Quando o show chegava a metade, eles trocaram os intrumentos elétricos e apanharam violão e baixolão e começaram a executar várias canções do álbum "MTV apresenta Autoramas deslugado". O público estava a fim de agito e cantou e pulou ao ritmo da banda. As canções que mais se destacaram foram "Você sabe", "Fale mal de mim" e "Ex-amigo". A banda que recebia toda a empolgação da galera também estava empolgada e Gabriel, vocal e guitarra, agitava e mexia com os presentes, assim como Flávia, baixo e backing vocal, que também não parava. Em uma das músicas, Bacalhau, baterista, deixou seu instrumento e foi até a frente do palco, chutando e socando o ar. A galera foi ao delírio. Após um excelente show, pausa para recuperar o fôlego e aguardar a Mudhoney.
Empurra empurra e má organizaçãoComo citamos acima, a distância da grade que separava o público do palco era enorme, e assim que se aproximava a hora da Mudhoney o pessoal do fundo começou a prensar a galera que estava a frente. O enorme espaço entre plateia e palco era justificado como espaço reservado à imprensa, mas podemos notar que havia muitos "bicões".
Mark Arm (vocal e guitarra) ficou indignado com a distância entre público e palco Poucos minutos após a 0h, sobe ao palco uma das bandas mais importantes da história do rock e uma das pioneiras do denominado estilo grunge, Mudhoney. Muita gente foi ao delírio quando notou Mark Arm, Steve Turner, Dan Peters e Guy Maddison, acertando os últimos detalhes para o que prometia ser um grande show.
E assim que terminou a primeira música, o vocalista Mark Arm reclamou da distância que o público estava do palco. Parte do pessoal que estava furioso com o espaço vazio, começou a pular a grade. Foi necessário reforço na segurança, com guardas municipais e policiais militares. Mesmo assim, durante todo o show, muita gente foi arremessada a este espaço, sendo todos detidos pelos guardas.
Esta foi a quarta vez que a banda Mudhoney se apresentou no Brasil Problemas a parte, a Mudhoney fez um grande show e mandou ver no que há melhor em seu repertório construído ao longo de mais de 20 anos. Mesmo não sendo mais jovem, o vocal Mark Arm, que em parte do show também tocou guitarra, mostrou que é um grande performer, com muito carisma e amor pela música. A galera presente agitava e cantava todas as canções.
Após mais de uma hora de muito rock, os caras despediram-se do público, com Mark Arm falando algumas palavras em português. O público, ensandecido e ainda não satisfeito, pede bis e a banda, que pela quarta vez se apresentava no Brasil, atende e manda mais alguns rocks alucinantes, esquentado ainda mais a fria madrugada. Por volta da 1h30, a banda definitivamente deixa o palco.
O show durou cerca de uma hora e meia. A banda tocou todos os clássicos deixando o público feliz ao final da apresentação A nós, só nos restava risos e abraços pois acabaramos de ver dois grandes shows de rock, com tudo que um show pode prometer. Assim que a apresentação chegou ao final, o pessoal começou a dispersar, muitos voltando para suas casas, mas como nós tinhamos um tempo para "queimar", pois fomos de ônibus, ficamos andando a esmo. Quando nos aproximavamos da saída, vimos uma aglomeração de pessoas e ouvimos um som. Fomos ver o que acontecia, vimos que a banda sorocabana Ini, estava se apresentado de maneira totalmente independente. Eles não estavam na programação, mas como carregam um gerador de energia, eles plugaram seus instrumentos e mandaram ver no rock. Infelizmente só conseguimos ouvir 3 músicas. Neste meio tempo, encontramos o baixista da banda Espamos do Braço Mecânico, Fukuda, que curtia o som e a atitude dos sorocabanos.
A banda de Sorocaba não estava agendada, mas de acordo com o público presente, fez um grande show de rock. Os instrumentos foram ligados em um gerador que a banda carrega E assim terminava nossa viagem à Mogi. Antes de voltar para casa, uma pausa para o lanche. Quando o frio começava a incomodar e a neblina a esconder os edifícios, fomos tomar um chocolate quente, que além de esquentar e espantar o sono, deixou parte da galera insana!! O que será que botaram naquele chocolate?
CRÉDITO DAS FOTOS: Zine Canibal Vegetariano