terça-feira, 9 de abril de 2013

O eterno 'herói' do Brasil


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Quase cinco anos após sua última apresentação em Itatiba, Kid Vinil volta à cidade para participar de uma jam session com vários músicos que marcaram época nos anos 80, como Kiko Zambianchi, George Israel, Ritchie entre outros. Antes de sua apresentação, ele falou com o Canibal Vegetariano sobre o show com seus amigos, novas bandas, volta da rádio rock entre outros assuntos da cultura pop. Abaixo você confere a entrevista na íntegra.

Canibal Vegetariano: Kid, como será o show ‘ícones dos anos 80’? Quais músicas você apresentará?
Kid Vinil: Nesse show, que funciona como uma jam session, a média de músicas para cada participante vai de 5 a 8 canções. No meu caso serão meus hits, "Sou Boy", "Tic Tic Nervoso", "Comeu" e mais alguns covers como "Até quando esperar" que eu canto com o Mingau, "Será" da Legião Urbana. No bis provavelmente faremos todos, alguma dos Ramones, "Bete Balanço" do Barão Vermelho.

CV: Já rolou algum show deste estilo? Qual sua opinião sobre este evento?
KV: Essas reuniões de galera dos anos 80 (século 20) ocorrem há um bom tempo. Tudo começou há cerca de 10 anos no Morro da Urca, no Rio de Janeiro. O Léo Jaime reuniu um time que tinha Ritchie, a BLitz, o Kiko Zambianchi e eu. Fizemos vários shows com essa formação. Depois fizemos aquele dvd Anos 80 - Multishow, que vendeu mais de cem mil cópias. Continuamos a fazer essas reuniões, mas nem sempre com o mesmo time. Tudo depende da disponibilidade e da agenda de cada um, daí vamos montando o cast. O Mingau atualmente é quem orquestra essas jam sessions. A banda de apoio sempre foi essa galera do Ultraje a Rigor. Já corremos várias cidades pelo Brasil. É um formato que deu certo e resgata muita coisa legal dos 80. Eu particularmente me divirto muito, no palco, fora do palco, trocamos ideias, relembramos acontecimentos. Um exercício muito saudável com músicos altamente competentes, puro prazer!

"Parece que a Internet reduziu um pouco esse interesse em garimpar coisas e obter a informação de fontes confiáveis como sites importantes lá de fora, revistas etc. Aquele trabalho de pesquisa que fazíamos em outras décadas, quando não havia internet, através de revistas, lojas de discos etc., acabou"

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CV: Você esteve em Itatiba em 2008. O que o público verá de diferente em sua apresentação?
KD: Na verdade esse show, como eu disse, é uma jam session de vários intérpretes e músicos. Acho que a diferença está na festa que vamos proporcionar.

CV: O single 'Sou Boy' completa 30 anos em 2013. O que mudou nessas três décadas? Sua paixão pela música ainda é a mesma?
KV: A música tornou-se um clássico com o passar dos tempos. As pessoas me reconhecem por causa dessa música e do "Tic Tic Nervoso". Para mim é muito importante ter uma ou mesmo duas músicas que me identifiquem. Acho que a realização de todo artista é um dia ter uma música que seja sucesso em todo pais e que marque para sempre sua carreira. Comigo aconteceu isso e me prevaleço disso até hoje. Tenho o maior prazer sempre que a canto, pois se não fosse essa música eu seria um "zé ninguém".

CV: E a banda Magazine? Tem possibilidade de retorno para comemorar o aniversário do single?
KV: Talvez, conversamos a respeito no ano passado e eles ficaram animados em fazermos alguns shows dos nossos 30 anos. Vamos ver se rola, tudo depende de empresários. Às vezes é mais fácil eu mesmo me vender como Kid Vinil em certos eventos do que encaixar a banda, mas estamos tentando. Acho que merecemos uma comemoração.

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CV: Já pediram para você regravar o hit 'Sou Boy'?
KV: Não, acho que a gravação original é definitiva, jamais regravaria. Tem tudo a ver com uma época e um momento do rock brasileiro. Hoje mesmo regravada e atualizada para moto boy, não faria mais sentido.

CV: E seu programa na Brasil 2000, como você o avalia? Quem é o público que ouve?
KV: O programa é somente pela internet e hoje poucas pessoas têm saco de ouvir programas na Net, infelizmente. Não tenho muita resposta, mesmo pelo facebook e twitter. Me dá impressão de que as pessoas não estão muito interessadas no novo. Perderam um pouco o interesse por boa música, não estou generalizando, tem uma parcela, mesmo que pequena, que ainda gosta de se informar. Parece que a Internet reduziu um pouco esse interesse em garimpar coisas e obter a informação de fontes confiáveis como sites importantes lá de fora, revistas etc. Aquele trabalho de pesquisa que fazíamos em outras décadas, quando não havia internet, através de revistas, lojas de discos etc., acabou. Hoje a informação é pulverizada e confunde muito, se as pessoas não procurarem nos lugares certos.

CV: Mesmo com programa em outra rádio, qual sua opinião sobre o retorno da 89 FM?
KV: Eu adoraria estar por lá fazendo um programa, talvez daí eu conseguisse maior retorno, mas infelizmente não sei se a atual diretoria está a fim disso. De qualquer forma acho importante a volta da rádio rock, pois tínhamos ficado somente com a Kiss FM no ar e faltava outra rádio, uma vez que a Brasil 2000 foi arrendada pela Eldorado e ficaram transmitindo a programação rock apenas pelo site.

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CV: Você é um dos pioneiros do punk no Brasil, como vê o estilo atualmente?
KV: Hoje existem boas bandas influenciadas pelo punk, principalmente na Califórnia. Gosto do OFF!, do Fidlar, no Texas tem o Dikes Of Holland em Nova Yorque tem The Men, no Canada Fucked Up (essa última mais para o hardcore, mas muito boa). A nova geração americana tem muito de punk no seu trabalho, acho isso importante. No Brasil não acompanho muito essa cena, pois fica muito no underground e quase não tenho acesso, mas sei que existem bandas influenciadas pelo punk por aqui.

CV: Qual banda que mais te chamou atenção nesse começo de ano? Por quê?
KV: O disco que mais ouvi nesse inicio de ano foi da banda californiana Fidlar, punk simples, poucos acordes, mas gostoso de ouvir.

"'Sou Boy' tornou-se um clássico com o passar dos tempos. As pessoas me reconhecem por causa dessa música e do 'Tic Tic Nervoso"'

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CV: O que podemos esperar do rock para os próximos anos?
KV: É difícil prever alguma coisa, mas se as coisas continuarem nesse ritmo de bandas novas com qualidade, principalmente na América, acho que teremos uma resposta ao Britpop e ao grunge, que todos esperam há muito tempo.

CV: Agradeço pela entrevista e deixo espaço para seus comentários finais.
KD: Um abraço a todos.
   

Um comentário:

Rose prado disse...

A primeira vez que ouvi Kid,foi em um programa de radio ,adorei e com o tempo foi crescendo o interesse pelo trabalho dele,adoro! Toca punk rock e new wave...Acompanhava ele pela MTV também.Uma musica dele que marcou minha infância foi ''Sou Boy''tocava direto nas radios e programas de TV na época com a banda '' Magazine''...Bom relembrar...Parabéns pela entrevista Canibal!!