Uma das exposições do Cardápio realizadas na Sociedade Ítalo-Brasileira. Fotos: Arquivo Pessoal Quique Brown |
A partir desta segunda-feira (11) tem início, em Bragança
Paulista, a 14ª edição do festival Cardápio Underground, que este ano será
realizado até o domingo (17). Shows, debates, aulas de história, entre outras
atividades, estão previstos para ocorrer em vários pontos do município. Para saber mais sobre este evento, conversamos com Quique Brown, vocalista e
guitarrista do Leptospirose, e um dos organizadores do festival, desde seu
início. Abaixo ele fala sobre tudo o que irá rolar nesta semana.
Canibal Vegetariano: Brown,
Cardápio Underground chega a 14ª edição. No início, você tinha ideia de que
chegaria tão longe? Comente também como
surgiu a ideia de promover um evento deste tipo e como ele cresceu ao longo dos
anos. O que a galera poderá acompanhar durante o Cardápio?
Quique Brown: Cara,
eu acho que quando a gente monta um festival e coloca um número na frente tipo
1°, 2°, 3° é porque a gente quer que role sempre. Eu e Daniela Verde começamos
essa história em 2004, numa época em que a gente produzia muita coisa aqui na
cidade, sempre tinha show, cineclube, cartaz pra rua e no meio desse bolo todo,
juntar uma rapaziada durante uma semana pra fazer um monte de coisa pareceu
interessante e foi assim que surgiu essa fita. Nos primeiros anos, o festival
rolou na Sociedade Ítalo Brasileira, foi uma época muito legal onde tudo
acontecia no mesmo espaço; exposição de foto nos degraus da escadaria do porão,
arte nas paredes, shows no chão, gente cortando o cabelo da galera no meio dos
shows, televisões fora do ar e tudo mais.
Com o tempo, nossa relação com os “italianos” começou a
piorar e a gente parou de fazer o festival lá, antes de abandonar 100% a
Sociedade Italiana, fizemos uma edição no Bar do Davi, depois mais duas na
Sociedade - e desde então - o festival começou a abraçar vários cantos da
cidade.
Esse ano, entre os dias 11 e 15 deste mês, seis artistas
irão fazer uma grande imersão na garagem de uma casa no centro que será a
“Garaginha do Edith”, na sexta 15, tem abertura da exposição com discotecagem
de MZK e Davi, dias 12 e 13, teremos um curso chamado História Aos Berros que
aborda a história recente do Brasil em cima da discografia do Ratos de Porão,
dia 16, sábado, acontece o Meninas Pra Frente, que será totalmente
protagonizado por mulheres com roda de conversa com mediação da Flávia Biggs,
shows com Letrux (RJ), Rakta e discotecagem com as mina do Não Sou Daqui
(Peru/EUA). No domingo, último dia do festival, o ataque acontecerá no glorioso
Ciles do Lavapés com Os Replicantes, Nervosa, Patife Band, Muzzarelas e outras
9 bandas.
Cartaz com as atrações de 2017 |
CV: Atrações em
vários pontos de Bragança, diversidade cultural... de qual ponto vocês partiram
para montar o evento deste ano? Ele pode ser comparado às escolas de samba. Nem
acaba direito um desfile e pensa no próximo?
QB: [risos] mais
ou menos, tudo depende do orçamento né? Mas certamente, pula de um ano pro
outro, até porque, a gente recebe muita proposta pra 2017, quando a gente solta
a programação de 2016.
CV: Uma das atrações
que chama muito atenção é o curso de história do Brasil com base na música dos
Ratos de Porão. Como surgiu essa ideia e qual sua expectativa para essa atração
em particular?
QB: Esse curso é
disparado a coisa que mais me intriga nessa edição do festival. Essa história
surgiu no começo do ano quando circulou na internet um banner da primeira edição
desse curso que rolou em Caruaru-PE, cidade do Gustavo, que é Professor Mestre
em história e virá pra cá dar umas aulas pra gente! Na época que rolou essa
fita lá em Caruaru, mandei uma mensagem pra ele, começamos a conversar e deu
certo. O Ratos é uma banda muito prolífica, mesmo com todas as dificuldades,
eles nunca deixaram de produzir, nunca deixaram de viajar e sempre deixaram
marcas do que estava rolando no Brasil e no mundo em seus discos, então, dar
uma aula de história em cima do Ratos, é como pegar uma caixa de sapato cheia
de álbuns de foto e narrar pra alguém tudo o que aparece ali, só que com a
discografia deles.
Os potiguares da Camarones Orquestra Guitarrística durante apresentação no Ciles, que receberá vários shows no encerramento |
CV: Em um momento no
qual a economia não vai bem e todos os governos falam em cortes de verba, como
Bragança consegue realizar um festival do porte do Cardápio Underground?
QB: Festivais
desse porte botam uma puta grana pra rodar. O Cardápio contrata mais de 50
prestadores de serviço entre produtores, artistas, bandas, coletivos, djs e
paga inúmeros fornecedores. Através da produção cultural estamos aquecendo a
economia do setor, é uma questão de escolha, o IPI reduzido, por exemplo,
colabora com uma fatia da economia e as leis de incentivo colaboram com outro e
o Cardápio Underground tá nesse jogo. O festival conta com o apoio da Lei
Rouanet, do ProAC, da Sabesp, do Centro de Alimentos e do Festival Café In
Sônia que salvou esse ano, não só a gente, como o Festival Autorock de Campinas
também.
CV: O encerramento
está previsto para o Ciles do Lavapés. Haverá apresentação de muitas bandas em
dois palcos. Como rolou o critério para escolha das bandas?
QB: O critério é
bem simples: unir grupos mais novos que tem feito uns lances legais na
cidade/região com bandas que estão se destacando no mundo da música dentro e
fora do Brasil com uns veteranos pro meio.
CV: Brown, agradeço
pelo papo e deixo espaço para suas considerações finais.
QB: Ivan, mais
uma vez, valeu demais pelo apoio, sem pessoas como você a informação não
circularia e as coisas seriam ainda mais difíceis! Tamo junto!
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