Krias de Kafka - O mundo não acaba nunca -
independente
O que escrever sobre uma
banda que lança um disco muito rock'n'roll e ainda por cima traz letras
poéticas entre as melodias? Há sim o que escrever, pois é um disco para quem
gosta de boa música e curte acompanhar o embalo com o encarte na mão, para
sacar o que é cantado e refletir.
Sobre o registro, é
preciso dizer que a qualidade sonora é algo muito bom, bem gravado, com todos
os instrumentos bem audíveis, mesmo quando entra o vocal, ponto positivo para
gravação. O disco ainda tem um belo trabalho gráfico e vêm com ficha técnica,
letras e agradecimentos.
As músicas são
casos a parte, são nove registros e é difícil escolher um destaque, mas como em
todo disco, sempre tem aquela que chama mais atenção, seja pelo som ou pela
letra. Os riffs de guitarra são precisos, assim como a marcação da bateria e os
vocais de Matheus Novaes, em alguns momentos, nos leva ao desespero, no bom
sentido da palavra.
Entre todas as
músicas, a terceira faixa "Coca Cola e diazepan" é uma das melhores
canções que ouvi nos últimos tempos, ela é rock, pop, punk, simples e complexa
ao mesmo tempo, se é que isso seja possível. Outra faixa que merece destaque é
quinta, "Johnny Thunders", em que Matheus grita do fundo da alma
"...cada esquina, avenida vazia, do meu carnaval...". Como disse em
uma entrevista com eles, Krias de Kafka fazem rock e ponto!
Lomba Raivosa - Choula - Laja Records
O trio paulistano
Lomba Raivosa lançou recentemente mais um disco, desta vez intitulado
"Choula". Nesta gravação os três companheiros misturam punk, ska,
hardcore de maneira muito interessante, sem fazer dessa mistura algo chato.
O disco tem clima
bem descontraído com letras que sacaneiam muitas pessoas e comportamentos e
desfilam pelos estilos descritos acima, mostrando que o rock sem compromisso
quando feito de maneira natural é muito bom. Pois o rock não pode ser levado a
sério mesmo, tem que uma dose de ridículo como uma vez disse Marco Butcher. E
os caras fazem isso, tanto que se intitulam, "a pior banda do mundo".
Apesar desse
título, os caras mandam muito bem nesse novo registro que apresenta uma ótima
gravação, sem citar o ótimo trabalho de arte gráfica e também do encarte do
disco plástico. Das 15 músicas executadas em pouco mais de 20 minutos, os
destaques são "Nostalgia", "Benguer",
"Ego'n'Roll" e "Reveillon". E como o disco todo é um rock
sem compromisso, ele é encerrado com "chave de ouro", em que Dinho,
vocal do Capital Inicial, agradece aos que ouviram. Nota dez!
Shame - Aos pobres, podres e derrotados -
Cachorro Sarnento
Shame é uma banda de
Paulínia que lançou em junho seu mais recente trabalho, intitulado "Aos
pobres, podres e derrotados". O disco soa como bandas que misturam vários
estilos, entre eles o punk e o hardcore, principalmente aquele do final dos
anos 80 do século passado.
O lançamento dos
caras teve todo capricho nas gravações, algo que tem sido destaque nas
gravações das bandas independentes atualmente, mas o que chama atenção é o
trabalho de encarte, que na verdade é um poster, muito bem feito, com desenhos,
colagens e as letras para quem quiser acompanhar.
Ao ouvir o disco,
lembro da banda ao vivo, já os vi no palco, e soa muito parecido, outro
destaque para os caras. As letras e músicas são bem trabalhadas, eles não ficam
apenas em um som linear e batendo "na mesma tecla" na hora de compor.
Entre as sete faixas que compõem a "bolachinha", os destaques ficam
para "Livre" e também "Paradigmas", mas isso é opinião pessoal,
por isso compre os discos citados e tire suas próprias conclusões.