terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sérgio Pereira Couto fala sobre sua nova obra: 'Mentes Sombrias'

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Autor paulistano, apaixonado por hard rock, Sérgio Pereira Couto fala com exclusividade ao Canibal Vegetariano sobre sua nova obra, Mentes Sombrias. Um romance policial, com muita ação, suspense e rock'n'roll. Abaixo você confere como o autor chegou a uma trama que deixa o leitor sem ar, devido ao ritmo das investigações e das idas e vindas de sua estória, que com certeza, tem tudo para se tornar um clássico na literatura nacional.

Canibal Vegetariano: Mentes Sombrias é uma história de suspense até a última página. Como surgiu essa estória? Houve alguma influência?
Sérgio Pereira Couto: Diretamente, não. Mas sempre quis fazer algo que explorasse o universo gótico, que já era uma atração desde os bons tempos em que frequentava danceterias como o saudoso Madame Satã, que acabei usando na própria história com outro nome. Trata-se de um universo fascinante, apesar de suas esquisitices (principalmente a mania que alguns têm de confundir góticos com adoradores de vampiros, como já apareceu até em episódio da série de animação, como South Park). Acho que o rock, que é a trilha sonora da aventura, tem muito do mistério colocado no livro. E, claro, sem ele não há inspiração para se contar uma história que valha a pena.

CV: Este não é o primeiro livro com o CSA Tony Drashko. Como foi a elaboração desse personagem? Quanto tempo levou para você criá-lo?
SPC: Tony é resultado de uma verdadeira mistura de peritos verdadeiros, que atuam na Polícia Técnico-Científica de São Paulo, com alguma coisa de especialistas como Ilana Casoy e detetives clássicos de literatura como Sherlock Holmes e Hercule Poirot. Não foi fácil: os clássicos primam pela dedução, enquanto que os modernos se apoiam demais na tecnologia. Demorei pelo menos uns cinco anos para conseguir ajustar tudo. E o personagem ainda não está completo, pois precisa ainda chegar à maturidade com o advento de novas aventuras.

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CV: Você gosta de misturar romances, com investigações e citações pop, principalmente de bandas de rock. Como você escolhe as músicas?
SPC: Na verdade pesquiso muito história do rock. E acho que o rock, principalmente o classic rock, tem muito de trilha sonora, pois traz reflexões, pensamentos, ditados, impressões e outros detalhes que hoje em dia não se faz mais. Afinal, não é à toa que, para viajar, coloco sempre uma boa banda de progressivo, como o Yes, Emerson Lake and Palmer, Caravan, Camel, entre outros. E quando quero escrever cenas mais pesadas, vou de Black Sabbath, Deep Purple, Rainbow, Black Country Communion, Trapeze, Pilot, entre outros.

CV: A mistura de romance policial, rock'n'roll e suspense faz a obra atingir um público mais diverso? Você tem um perfil de seus leitores?
SPC: Com certeza sim. O perfil que tenho no momento (isso pode mudar conforme os trabalhos vão sendo publicados) é o de 30 a 50 anos, apreciador de rock, leitor de policiais clássicos e que é fã de séries de TV, de sucessos como CSI, Bones, Law and Order, entre outros. É claro que a música é universal: basta ler a obra e ouvir a música de referência que o efeito áudio-visual acontece. Mas você tem que gostar de ter sugestões musicais. Não adianta nada ser fã de Justin Bieber, por exemplo, e querer entrar no mundo do classic rock. São incompatíveis por natureza.

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CV: Por que a estória se passa em uma cidade estadunidense e não em alguma metrópole brasileira? Little Rock existe apenas na ficção?
SPC: Little Rock é mesmo a capital do estado norte-americano do Arkansas. E escolhi transpor a cena para lá porque é onde fica um dos maiores laboratórios forenses dos Estados Unidos. É mais verossímil ter um cenário assim do que achar que tal tecnologia estará no Brasil, um país que ainda possui peritos que atingem um trabalho muito bom com pouca tecnologia. É uma questão apenas de verossimilhança. E depois, se a tendência atual é se pensar em globalização, por que não jogar as pessoas daqui em outros cenários? Afinal, as capitais brasileiras ainda não possuem flexibilidade o bastante para serem usadas como cenário, embora ainda queira escrever um livro onde Tony volta ao Brasil, depois de formado perito (ou Crime Scene Analist, CSA) para desvendar o mistério da morte dos pais que, como visto em Mentes Sombrias, tem a ver com o pacto das famílias ricas de Little Rock.


CV: Como foi misturar várias tribos urbanas em uma única narrativa?
SPC: Cansativo e complicado. É muito difícil encontrar pontos em comum entre grupos tão díspares e de gostos tão complexos como headbangers, celtic metal, alternative, beat, post-punk, folk, progressivo, metal core, space rock, entre outros. Não necessariamente que tenham que ter características em comuns: cada um tem seu conjunto que deve ser considerado em separado. Porém é quase impossível não se pensar em rock e indicar coisas malucas como Abba, Madonna ou Michael Jackson para o Hall da Fama. Hoje sinto que é necessário que as pessoas entendam mais sobre as diferenças dos gêneros do que nunca. Afinal, o que realmente é rock? Baladas ou músicas rápidas? Vozes guturais ou lamentadas? Procurei colocar tudo num mesmo cenário porque lá fora é bem mais fácil imaginar um lugar assim do que aqui no nosso país.
Pelo fim da estória, a impressão é que ela não termina ali. Teremos mais aventuras com Tony Drashko?
Isso, se depender de mim, haverá no mínimo uma trilogia (se eu conseguir sobreviver a esse plano, pois tem editores que detestam até mesmo essa palavra). Mas nunca farei os livros tão interligados. Gosto de pensar que uma série bem legal apresenta um ponto de entrada em cada aventura que não precise necessariamente que você leia o livro anterior. E depois, a resposta dos leitores é essencial. Adianta pensarmos em uma “octologia” sem saber se é isso que os leitores querem?

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CV: No primeiro livro foi blues, o segundo no universo gótico. O próximo, qual seria a trilha sonora?
SPC: Quero muito explorar o universo metaleiro em particular. Não perco um programa do That Metal Show e escuto muito hard rock. Acho que os headbangers dariam uma gangue bem legal para se explorar, tanto do lado dos mocinhos quanto dos bandidos.

CV: Existe crime perfeito?
SPC: Não. Todo crime deixa evidências para trás. É a premissa para a existência dos peritos criminais.

CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo espaço para suas considerações finais.
SPC: Pessoal, ao contrário do que foi publicado pelo jornal Folha de São Paulo em janeiro deste ano, a ficção nacional pode vender tanto quanto a importada. É uma questão dos leitores pararem com certos preconceitos com os autores nacionais e darem uma chance a eles. É certo que o quesito qualidade é uma preocupação constante, bem como o retorno financeiro que os editores esperam, mas há muita gente boa batalhando por um lugar ao sol no mercado editorial nacional. Então por favor, não sejam radicais e deem uma chance ao escritor nacional. Já vi muitos “não li e não gostei porque é nacional” para me preocupar com isso. Como pode ser ruim se nunca leram?


Mentes Sombrias
Sérgio Pereira Couto - Universo dos Livros - 239 páginas

                O título da obra faz juz a estória que Sérgio Pereira Couto relata em suas páginas. Um romance policial que te prende do início ao fim e fechar o livro é uma situação difícil, pois a cada página, o enredo aponta para um suspeito, aparece novidade na investigação e você não sabe quem são os vilões e os mocinhos.
                A estória se passa em Little Rock, capital do Arkansas, Estados Unidos, e o personagem principal é o CSA Tony Drascko, que se vê envolvido em um caso de morte de duas jovens. A partir da morte de duas garotas, o perito entra em uma trama que mistura várias tribos urbanas, entre góticos, metaleiros, punks e outras pessoas que gostam de rock "pesado" ou hard rock, heavy metal.
                A cada passagem, a cada capítulo, o autor traz citações de bandas clássicas do rock'n'roll e mostra um pouco do universo de cada tribo e também como funciona a cabeça de investigadores e peritos policiais. Como toda boa estória, Couto mostra cenas de diálogos filosóficos, frustrações amorosas, conquistas, ódio e paixão.
                Tudo isso, ao som do rock'n'roll, o leitor não conseguirá se desligar da trama e não se dará por satisfeito, para saber, quem é quem, e o que ocorre no final. Mentes Sombrias, é a mostra de que a literatura nacional em romances policiais tem tido um salto de qualidade e não deve nada para autores de outros países. Está a fim de ler uma boa estória, ou presentear alguém? Não perca seu tempo é corra para livraria mais próxima, será diversão e cultura garantidas.
                            

2 comentários:

Rose Cruz disse...

O mistério principal, o motivo que levou aos crimes, não me convenceu muito. O final também foi um pouco decepcionante. A forma como a situação principal se desenrola é meio artificial e não convence. E acho que faltou as questões mais técnicas que o autor fez questão de colocar no primeiro livro da “série”, já que apesar de técnicas, eram bem explicadas, bem didáticas. Acredito que isso conquistava ainda mais os leitores fãs de livros do gênero.
No entanto, por mais que eu tenha desconfiado de quem era a pessoa por trás de tudo, logo mudei de ideia e mais uma vez me surpreendi ao ver quem realmente era. O que é bom.
Outro ponto positivo do livro é a retomada de assuntos que ficam meio que “no ar” no primeiro livro. Eu, por exemplo, não esperava uma conclusão para o caso da morte dos pais de Tony, coisa que esse livro vem trazer.
A entrevista como sempre Canibal,conduzida com maestria!Parabéns!

Rubens disse...

Ivan, boa entrevista.
Cara existe vida inteligente na net, rsrsrsrsr.
Dizem que as perguntam são mais importante que as respostas.
Vamos discordar, rsrsrsr,
“ ...a ficção nacional pode vender tanto quanto a importada. É uma questão dos leitores pararem com certos preconceitos com os autores nacionais e darem uma chance a eles...”, diz seu entrevistado.
Vamos ao lugar comum:
Chega de sindrome de “Cachorro Vira Lata”;
‘Tá muito’ boa as entrevistas e seu blog tb
A vida segue Canibal,

Abs
Rubens