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Autor paulistano, apaixonado por hard rock, Sérgio Pereira Couto fala com exclusividade ao Canibal Vegetariano sobre sua nova obra, Mentes Sombrias. Um romance policial, com muita ação, suspense e rock'n'roll. Abaixo você confere como o autor chegou a uma trama que deixa o leitor sem ar, devido ao ritmo das investigações e das idas e vindas de sua estória, que com certeza, tem tudo para se tornar um clássico na literatura nacional.
Canibal Vegetariano: Mentes Sombrias é uma história de suspense até a última página. Como surgiu essa estória? Houve alguma influência?
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Autor paulistano, apaixonado por hard rock, Sérgio Pereira Couto fala com exclusividade ao Canibal Vegetariano sobre sua nova obra, Mentes Sombrias. Um romance policial, com muita ação, suspense e rock'n'roll. Abaixo você confere como o autor chegou a uma trama que deixa o leitor sem ar, devido ao ritmo das investigações e das idas e vindas de sua estória, que com certeza, tem tudo para se tornar um clássico na literatura nacional.
Canibal Vegetariano: Mentes Sombrias é uma história de suspense até a última página. Como surgiu essa estória? Houve alguma influência?
Sérgio Pereira Couto: Diretamente, não. Mas sempre quis fazer
algo que explorasse o universo gótico, que já era uma atração desde os bons
tempos em que frequentava danceterias como o saudoso Madame Satã, que acabei
usando na própria história com outro nome. Trata-se de um universo fascinante,
apesar de suas esquisitices (principalmente a mania que alguns têm de confundir
góticos com adoradores de vampiros, como já apareceu até em episódio da série
de animação, como South Park). Acho que o rock, que é a trilha sonora da
aventura, tem muito do mistério colocado no livro. E, claro, sem ele não há
inspiração para se contar uma história que valha a pena.
CV: Este não é o primeiro livro com o CSA
Tony Drashko. Como foi a elaboração desse personagem? Quanto tempo levou para
você criá-lo?
SPC: Tony é resultado de uma verdadeira
mistura de peritos verdadeiros, que atuam na Polícia Técnico-Científica de São
Paulo, com alguma coisa de especialistas como Ilana Casoy e detetives clássicos
de literatura como Sherlock Holmes e Hercule Poirot. Não foi fácil: os
clássicos primam pela dedução, enquanto que os modernos se apoiam demais na
tecnologia. Demorei pelo menos uns cinco anos para conseguir ajustar tudo. E o
personagem ainda não está completo, pois precisa ainda chegar à maturidade com
o advento de novas aventuras.
CV: Você gosta de misturar romances, com
investigações e citações pop, principalmente de bandas de rock. Como você
escolhe as músicas?
SPC: Na verdade pesquiso muito história do
rock. E acho que o rock, principalmente o classic rock, tem muito de trilha
sonora, pois traz reflexões, pensamentos, ditados, impressões e outros detalhes
que hoje em dia não se faz mais. Afinal, não é à toa que, para viajar, coloco
sempre uma boa banda de progressivo, como o Yes, Emerson Lake and Palmer,
Caravan, Camel, entre outros. E quando quero escrever cenas mais pesadas, vou
de Black Sabbath, Deep Purple, Rainbow, Black Country Communion, Trapeze,
Pilot, entre outros.
CV: A mistura de romance policial,
rock'n'roll e suspense faz a obra atingir um público mais diverso? Você tem um
perfil de seus leitores?
SPC: Com certeza sim. O perfil que tenho no
momento (isso pode mudar conforme os trabalhos vão sendo publicados) é o de 30
a 50 anos, apreciador de rock, leitor de policiais clássicos e que é fã de
séries de TV, de sucessos como CSI, Bones, Law and Order, entre outros. É claro
que a música é universal: basta ler a obra e ouvir a música de referência que o
efeito áudio-visual acontece. Mas você tem que gostar de ter sugestões
musicais. Não adianta nada ser fã de Justin Bieber, por exemplo, e querer
entrar no mundo do classic rock. São incompatíveis por natureza.
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CV: Por que a estória se passa em uma cidade
estadunidense e não em alguma metrópole brasileira? Little Rock existe apenas
na ficção?
SPC: Little Rock é mesmo a capital do estado
norte-americano do Arkansas. E escolhi transpor a cena para lá porque é onde
fica um dos maiores laboratórios forenses dos Estados Unidos. É mais verossímil
ter um cenário assim do que achar que tal tecnologia estará no Brasil, um país
que ainda possui peritos que atingem um trabalho muito bom com pouca
tecnologia. É uma questão apenas de verossimilhança. E depois, se a tendência
atual é se pensar em globalização, por que não jogar as pessoas daqui em outros
cenários? Afinal, as capitais brasileiras ainda não possuem flexibilidade o
bastante para serem usadas como cenário, embora ainda queira escrever um livro
onde Tony volta ao Brasil, depois de formado perito (ou Crime Scene Analist,
CSA) para desvendar o mistério da morte dos pais que, como visto em Mentes Sombrias,
tem a ver com o pacto das famílias ricas de Little Rock.
CV: Como foi misturar várias tribos urbanas
em uma única narrativa?
SPC: Cansativo e complicado. É muito difícil
encontrar pontos em comum entre grupos tão díspares e de gostos tão complexos
como headbangers, celtic metal, alternative, beat, post-punk, folk,
progressivo, metal core, space rock, entre outros. Não necessariamente que
tenham que ter características em comuns: cada um tem seu conjunto que deve ser
considerado em separado. Porém é quase impossível não se pensar em rock e
indicar coisas malucas como Abba, Madonna ou Michael Jackson para o Hall da
Fama. Hoje sinto que é necessário que as pessoas entendam mais sobre as
diferenças dos gêneros do que nunca. Afinal, o que realmente é rock? Baladas ou
músicas rápidas? Vozes guturais ou lamentadas? Procurei colocar tudo num mesmo
cenário porque lá fora é bem mais fácil imaginar um lugar assim do que aqui no
nosso país.
Pelo fim da estória, a impressão é que
ela não termina ali. Teremos mais aventuras com Tony Drashko?
Isso, se depender de mim, haverá no
mínimo uma trilogia (se eu conseguir sobreviver a esse plano, pois tem editores
que detestam até mesmo essa palavra). Mas nunca farei os livros tão
interligados. Gosto de pensar que uma série bem legal apresenta um ponto de
entrada em cada aventura que não precise necessariamente que você leia o livro
anterior. E depois, a resposta dos leitores é essencial. Adianta pensarmos em uma
“octologia” sem saber se é isso que os leitores querem?
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CV: No primeiro livro foi blues, o segundo no
universo gótico. O próximo, qual seria a trilha sonora?
SPC: Quero muito explorar o universo metaleiro
em particular. Não perco um programa do That Metal Show e escuto muito hard
rock. Acho que os headbangers dariam uma gangue bem legal para se explorar,
tanto do lado dos mocinhos quanto dos bandidos.
CV: Existe crime perfeito?
SPC: Não. Todo crime deixa evidências para
trás. É a premissa para a existência dos peritos criminais.
CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo
espaço para suas considerações finais.
SPC: Pessoal, ao contrário do que foi
publicado pelo jornal Folha de São Paulo em janeiro deste ano, a ficção
nacional pode vender tanto quanto a importada. É uma questão dos leitores
pararem com certos preconceitos com os autores nacionais e darem uma chance a
eles. É certo que o quesito qualidade é uma preocupação constante, bem como o
retorno financeiro que os editores esperam, mas há muita gente boa batalhando
por um lugar ao sol no mercado editorial nacional. Então por favor, não sejam
radicais e deem uma chance ao escritor nacional. Já vi muitos “não li e não
gostei porque é nacional” para me preocupar com isso. Como pode ser ruim se
nunca leram?
Mentes Sombrias
Sérgio Pereira Couto - Universo dos Livros -
239 páginas
O título da obra
faz juz a estória que Sérgio Pereira Couto relata em suas páginas. Um romance
policial que te prende do início ao fim e fechar o livro é uma situação
difícil, pois a cada página, o enredo aponta para um suspeito, aparece novidade
na investigação e você não sabe quem são os vilões e os mocinhos.
A estória se passa em
Little Rock, capital do Arkansas, Estados Unidos, e o personagem principal é o
CSA Tony Drascko, que se vê envolvido em um caso de morte de duas jovens. A
partir da morte de duas garotas, o perito entra em uma trama que mistura várias
tribos urbanas, entre góticos, metaleiros, punks e outras pessoas que gostam de
rock "pesado" ou hard rock, heavy metal.
A cada passagem, a
cada capítulo, o autor traz citações de bandas clássicas do rock'n'roll e
mostra um pouco do universo de cada tribo e também como funciona a cabeça de
investigadores e peritos policiais. Como toda boa estória, Couto mostra cenas
de diálogos filosóficos, frustrações amorosas, conquistas, ódio e paixão.
Tudo isso, ao som
do rock'n'roll, o leitor não conseguirá se desligar da trama e não se dará por
satisfeito, para saber, quem é quem, e o que ocorre no final. Mentes Sombrias,
é a mostra de que a literatura nacional em romances policiais tem tido um salto
de qualidade e não deve nada para autores de outros países. Está a fim de ler
uma boa estória, ou presentear alguém? Não perca seu tempo é corra para
livraria mais próxima, será diversão e cultura garantidas.