quarta-feira, 1 de julho de 2009

Entre crises e cicatrizes

E metade de 2009 ficou para trás. Agora, que venha o segundo semestre e com ele renasce a esperança que dias melhores possam acontecer. Quando um ano se inicia, as pessoas se enchem de esperança, trocas de gentilezas e entre outros votos. Conforme os dias passam e todos retomam suas rotinas, nota-se que nada será diferente e continuam tocando cada um a sua vida.
O cenário musical nesse primeiro semestre teve grandes shows no Brasil, principalmente de nomes considerados importantes no cenário musical. Tivemos por aqui, Iron Maiden, Oasis, Radiohead, Motorhead, Heaven and Hell, Kraftwerk, entre outros. O cenário independente também esteve bastante agitado, com várias bandas lançando discos, fazendo shows ou simplesmente tentando agitar uma cena, ou algum movimento.
O primeiro semestre também foi marcado pela famosa crise mundial, ou a crise do capitalismo (ou seria uma pseudo crise?) que dá mostras cada vez mais nítidas que é um sistema em colapso e mais cedo ou mais tarde virá abaixo deixando poucos órfãos, parasitas que não terão mais sangue para sugar. A crise só veio demonstrar o quanto as pessoas são gananciosas e só se preocupam consigo mesmas e não com outros. Governos injetando milhões e milhões de dólares em bancos privados, em montadoras de automóveis entre outras medidas que não acabaram com a crise e mostrou mais uma vez que o que interessa é produzir, é explorar. Enquanto o governo brasileiro injeta grana na indústria, corta verba da saúde, da segurança da educação. Aí perguntamos: qual o futuro da nação?

Alguém pode estar se perguntando, o que o Rock'n'Roll tem a ver com isso? Tudo. Quantas pessoas perderam seus empregos nesses meses? Quantos estudantes de música deixaram de estudar devido ao desemprego? Quantas pessoas abriram mão de sair aos finais de semana e se divertir devido a falta de dinheiro? Aumento de preço dos discos. O encerramento de pequenos comércios que trabalhavam com música. Quantas revistas especializadas deixaram de ser publicadas? Tudo bem que a crise não foi aquele monstro que se apresentava, mas também não foi a "marolinha" que previa o governo Lula. Por tabela, até nós do blog/zine Canibal Vegetariano fomos atingidos. O zine para ser impresso, depende de seus parceiros e devido ao corte de custos, muitos deixaram de apoiar nosso trabalho nesse primeiro semestre devido a crise. Todavia, só nos restou atualizar o blog, que desde março começou a ser atualizado quinzenalmente e em breve pretendemos atualizá-lo semanalmente. A vantagem de um blog, é que não há custo e para atualizá-lo só depende da vontade de quem se propõe a mantê-lo.

RESENHAS E ENTREVISTAS

Durante os primeiros meses levamos para nossos leitores, entrevistas com várias bandas, resenhas de shows, entre outros assuntos. Mas vamos avisando, não desistimos da edição impressa, vamos batalhar para que seja publicada novamente. Nós podemos apanhar, levar milhões de "nãos", mas continuamos firmes em nossos propósitos, pois como sempre escrevemos, o zine tem a missão de derrubar muros e construir pontes. Não serão as crises e as cicatrizes que nos impedirão de continuarmos com nosso objetivo. Nós lutamos em uma luta que não pedimos para entrar e agora pagamos para não sair, devido ao grande número de pessoas que nos apoiam e como nós, acreditam que uma nova forma de sociedade é possível. Pode parecer utópico, mas acreditamos que seja possível viver em um mundo mais justo, mais humano, em que a arte, não só a música, de uma maneira geral, deixe de ser marginal e que cada vez mais pessoas tenham acesso a ela, seja através de pintura, artesanato, dança, literatura entre outras formas de expressão.

Que os governantes acordem e vejam o quanto é importante não apenas investir em formação profissional, mas em formação de pessoas, investir em cultura e educação é investir em um mundo com mais oportunidades, uma sociedade pensante e culta se torna menos violenta, menos hipócrita. Isso seria um problema para os "donos" do poder, pois pessoas que pensam não se contentam com pão e circo, como se é visto atualmente no Brasil e é uma prática utilizada desde a Roma antiga. Uma sociedade em que pessoas tem acesso a cultura, ela não permite que governantes corruptos se perpetuem no poder, ou fiquem pagando de coitadinhos. Mas enquanto isso não acontece, nós continuamos com o blog, entrevistando pessoas que tenham algo a dizer e que batalham por um mundo melhor, não somente para ela, mas para todos. E o que a maioria da sociedade faz? Exatamente o contrário, ela prefere se fechar em suas bolhas "condomínios" e fazer de conta que o problema do mundo "lá fora" não é problema dela. Como dizia uma canção dos Engenheiros do Hawaii "os muros e as grades nos protegem do nosso próprio mal".
Enquanto mais as pessoas procuram se isolar, nós, os marginais, continuamos aqui, tocando em nossas bandas, correndo atrás de shows, agitando festivais, editando zines e blogs, procurando levar um pouco que seja de diversão e cultura para os outros. Procurando aprender e ensinar, dividir e compartilhar. Em quantos shows não vemos pessoas, às vezes, que nem se conhecem utilizando da mesma caixa de som ou do mesmo instrumento? Pois apesar de estranhos, tem o mesmo objetivo. Quantas amizades são feitas, quantas culturas diferentes conhecemos, porque se negar a fazer parte do mundo? Por que ficar construíndo muros? Nós não devemos nos contentar em ser cidadãos de nossas cidades, ou países e sim cidadãos do mundo, pois como dizia Sartre, "a vida é finita, porém ilimitada".
Esse texto foi escrito como uma forma de desabafo, talvez ele não esteja dizendo nada, mas precisava ser expelido. A crise, ela nunca passará, não enquanto pessoas continuarem a morrer de fome, morrer por falta de atendimento médico, morrer sem ter a oportunidade de ter sido gente. A crise continuará enquanto os humanos continuar com seu egoísmo, vivendo em bolhas, virando as costas para os problemas que eles mesmos criaram. A crise perdurará, até o momento em que os governos continuem investindo em grandes empresas falídas e não nos médios, pequenos e micro empresários, e continue tratando a educação como uma piada e desprezando a cultura. Eles preferem investir milhões em um local falido, do que investir algumas pilas em um evento cultural. Mas nós estamos aqui, podem nos humilhar, virar as costas, nos criticar, mas sempre continuaremos aqui. A crise mostrou que o "mundinho" capitalista ruiu, que os alicerces que o sustentava não tinha nada além de ganância e hipocrisia. Que venha os novos tempos.
Encerramos o desabafo com uma mensagem do maior gênio que já passou por esse mundo.

Encerramos com um texto de Albert Einstein, refletindo sobre os momentos de crise: “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar 'superado'. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se
aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar
para superá-la”.

TODAS AS IMAGENS FORAM RETIRADAS DO GOOGLE

2 comentários:

Unknown disse...

Muito legal o texto! Concordo com tudo o que foi dito, uma reflexão bem lúcida sobre o zine, a situação do país e da música.

christian disse...

o texto esta ótimo

quem escreveu esse texto?ivan?