terça-feira, 17 de março de 2009

Um rock ácido e emergente...

O power trio faz um rock simples e direto com grande influência do grunge

O power trio Monaural foi formado em 2003 em São Paulo, e desde então a banda não para, sempre fazendo shows, gravando singles, EP's e álbuns. O último, Expurgo, foi lançado em 2008. Com seis anos na estrada, atualmente o grupo está conseguindo bancar suas despesas, e nunca desistindo, ou abrindo mão, do controle e criação de sua obra. Abaixo você confere uma entrevista exclusiva que o vocalista e guitarrista Ayuso, concedeu ao blog do zine Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano: Quando, e como foi formada a banda, qual o significado de Monaural e quem são os integrantes?
Ayuso: Tudo começou em meados de 2003 quando Herik e eu resolvemos montar uma banda para tocar algumas músicas de dois projetos que tive na década de 90, Bionic Shoes e Estéreo.
Monaural significa um só canal de áudio, ou seja a mesma coisa que mono, a gente costuma usar o termo “tudo por um só canal”.
Os integrantes são eu(Ayuso): Vocal e Guitarra, Herik Soares: Bateria e Guilherme Maia novo integrante: Baixo e Vocal.


CV: Com tantas formas e estilos diversos de rock atualmente, tem como rotular o som da banda? Eu ouvi as músicas e percebi um lance do grunge. Quais são as principais influências da banda?
A: Se tem como rotular eu não sei, mas certamente alguém irá fazer isso facilmente num futuro não muito distante, acredito eu, mas isso não chega ser uma preocupação. Nossas principais influências estão enraizadas no rock da década de 90 e também em quase tudo que veio a ter uma ligação com o movimento .Nossas principais influências são Black Sabbath, Beatles, Nirvana, TAD, Melvins, Mudhoney, Helmet, Faith no More, Sonic Youth, Fugazi, Jawbox, Foo Fighters, Queens of the Stone Age, Killing Chainsaw, Patif Band e por ae vai.

CV: Como você vê atualmente o cenário rock no Brasil, e como está a divulgação das bandas independentes. Qual a importância da internet, dos zines e rádios web para o futuro do rock?
A: Vejo o cenário rock brasileiro crescendo cada vez mais em “quantidade”, chegando até ser moda hoje em dia você ter sua banda e produzir sua própria música! Isso resulta no que a gente vem ouvindo e vendo por ae, um monte de banda pré-fabricada fazendo um som vazio, sem mensagem nenhuma para passar.
A internet é a ferramenta fundamental para divulgação hoje em dia, não tem como você nega-la, ela já faz parte da nossa cultura e a importância desses novos meios de comunicação ao meu ver são essenciais, vejo todo dia novas webrádios e programas surgindo, E-zines, blogs, etc...sempre divulgando novas bandas, abrindo espaço para novos artistas e passando informação.
Você não precisa mais esperar um zine chegar na sua casa por correio, você apenas liga seu computador na sua casa e digita sobre o que você quer ler no Google, é comodo, é prático e o custo-benefício para a produção dessas novas mídias são praticamente Zero.

CV: São Paulo é considerada uma das capitais do rock brasileiro. Como é a cena atual da cidade? Há espaço suficiente para as bandas que estão começando?
A: Não sei bem se existe uma cena pois as bandas daqui não são 100% unidas de verdade, a coisa aqui parte muito mais do individual e isso para mim é um dos grandes males da cena paulistana.
Hoje existe diversos bares e casas de shows espalhados em todos os cantos da capital, existe bastante espaço comparado a uma década atrás, mas também existe uma desvalorização das bandas perante aos donos das tais casas, talvez por existir banda demais surgindo e se sujeitando a tocar de graça ou até mesmo a vender ingressos para participar de certos eventos.
Falta um pouco de clareza e respeito com as bandas e certamente também falta postura e atitude das bandas ao se colocar com as casas.

CV: Voltando ao Monaural, a banda está no segundo disco. Quais são os planos para o futuro, e como está a agenda de shows?
A: Só corrigindo estamos no terceiro disco, sendo esse ultimo (expurgo) nosso primeiro long play. Os planos para o futuro é continuar gravando e tocando sempre que possível! Estamos no meio de uma tour de divulgação de expurgo que tem como previsão de término o mês de maio. Depois disso pretendemos entrar em estúdio e registrar alguns sons novos, estamos vendo um possível Split com a banda Megadrivers de Porto Alegre e até o final do ano queremos lançar um EP com 8 faixas inédita.

CV: Como funciona o lado criativo da banda? De onde vem as idéias para as letras da banda. É inspirada em outros grupos? Ou tem influências de livros, filmes e etc...?
A: A parte criativa do Monaural é bem simples, eu escrevo as letras e componho a maioria dos riffs, chego nos ensaios com alguns esboços e deixo que o resto da banda faça sua parte. O Herik é um baterista bastante criativo e eu já conheço o estilo dele e vice-e-versa, sei como funciona seu raciocínio musical, então as vezes eu nem preciso comentar a minha idéia, ele simplesmente entende o que eu faço e mata de primeira, temos um ótimo entrosamento. O Guilherme entrou a pouco tempo, mas tem demonstrado ser um cara criativo também, estamos nos dando bem nessa parte.. As letras em si, é uma parte bem pessoal minha. Escrevo sobre mim, sobre minha vida, minhas experiências ou sobre alguma visão que tive de algo. Hoje em dia eu tento transcender mais, liricamente falando, minha intenção é conseguir escrever algo que as pessoas possam sentir ou irão sentir uma vez em determinado momento de sua vida. Minhas influências estão em algumas bandas e escritores, mas posso destacar três deles que gosto bastante: Augusto dos Anjos, Bukowski e Kurt Cobain.

CV: Existe ainda bandas com o desejo de assinar com alguma grande gravadora? O que você pensa sobre isso?
A: Bem hoje em dia isso já virou meio que lenda, mas no fundo acredito que ainda exista alguns artistas que tenham esse sonho, mas eu sou muito mais a favor de ter a liberdade e o controle em cima da minha arte acima de qualquer coisa. Ser independente não é tão cool como dizem por ae, mas mesmo com as dificuldades que enfrentamos, me sinto orgulhoso de fazer por mim próprio e do meu jeito tudo o que tenho feito. O que vier depois disso é apenas mera conseqüência.

CV: Vocês vivem da banda atualmente, ou tem outras ocupações. Caso tenha, vocês podem citá-las?
A: Viver da banda eu não posso dizer, mas vivemos para a banda. Depois de quase 6 anos de estrada, estamos começando a nos custear, a banda hoje paga seus ensaios, paga camisetas e adesivos com grana de shows e isso já um grande começo para gente. Eu to desempregado mas trampo como designer, o Herik trabalha numa corretora de seguros e o Guilherme está começando um trampo em um estúdio.

CV: Deixo o espaço para as considerações finais, e agradeço pela entrevista.
A: Eu que agradeço ao Canibal pelo convite e todo seu empenho em incentivar o que a gente chama de cena underground aqui no Brasil. Que nós possamos continuar fazendo o que a gente acredita, hoje em dia o que eu mais tenho buscado é dignidade, coisa que nossa sociedade não nos dá em nenhum momento e na música eu me sinto útil e digno do que faço.
Deixo um grande abraço para todos, questionem tudo o que a TV e as rádios te empurram, procure algo novo e sincero para fazer, sejam felizes.

Todas as fotos são de arquivo pessoal.

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