Ao final do show, Leptos faz jams com outros músicos. Fotos: Ivan Gomes |
Nada de tanques, cavalos, roupas a la Napoleão Bonaparte,
nada de bandas marciais, nada de 7 de setembro, nada de histórias falsas para
engodar o “povo brasileiro”, o verdadeiro grito da independência ocorreu no
Estúdio Zarabatana, em Campinas, em um sábado, 9 de setembro, quando Aqueles,
Topsyturvy e Leptospirose “incendiaram” o porão com riffs, baterias socadas
impiedosamente e baixos com disparos como se fossem canhões.
Três power trios se apresentariam no espaço aconchegante,
três bandas de estilos dispares, mas com discos, turnês, indumentárias apostos
nas barraquinhas e muitas horas de palco, shows e participações em importantes
festivais do underground. Três trios que não ficam no comodismo de simplesmente
reproduzir o que foi feito há décadas, para alegria dos jovens que não são mais
tão jovens e além da música, primam pela amizade e o prazer de compartilhar com
os amigos, companheiras e companheiros, punhados de canções que algumas pessoas
insistem em não prestar atenção e também são simpatizantes da bela mistura de
água, malte e lúpulo, que refresca os ânimos em tardes e noites quentes.
E com a bela programação, óbvio que nós do Canibal
Vegetariano daríamos em jeito de apreciar esse belo “baile”. Devido as
responsabilidades que a vida adulta nos impõe, não conseguimos chegar a tempo
para acompanhar a linda banda campineira “Aqueles”. Havíamos acompanhado a
banda há cerca de três meses no Auto Rock, mas o show de sábado, segundo
fontes, foi mais insano, pois em casas menores parece que o aconchego funciona
melhor.
Leptos soltou "os cachorros" no palco |
Sem vermos o Aqueles, restou-nos lamentar e curtir nosso suquinho
de cevada, como diz o grande escritor Antonio Pedroso Junior, e ficar na expectativa
de acompanharmos o trio que vinha de Mogi das Cruzes. Com seu som que passa por
várias vertentes do rock e aliadas a brasilidades, a Topsyturvy não deixou
nenhum esqueleto parado, todos acompanharam felizes a apresentação, assim como
os músicos que interagiam e mostravam que estavam muito a fim de fazer um som
para galera.
Mais uma apresentação em grande estilo, e bote grande nisso, dos
jovens mogianos.
E para fechar o sábado com chave de ouro, os bragantinos da
Leptospirose tomaram o palco de assalto. Sem delongas, Quique Brown, disparou
seus riffs, acompanhado pela “cozinha” mais explosiva do underground nacional,
Velhote, no baixo, e Serginho, o Keith Moon brasileiro, atrás dos tambores. Músicas
dos mais de 15 anos de carreira foram executadas para lavar a alma daqueles que
estavam sedentos por rock puro, sem mistura nem gelo, ou por sequências animalescas
de porradas na orelha.
O trio de Mogi fez a galera agitar ao seu som cheio de misturas |
Ao final do show, e ainda com tempo para mais algumas
canções, Quique disse que rolaria um “bailinho” para galera. E o que rolou
foram ótimas jams, com participação da juventude do Aqueles e do mestre das
caveiras, e um dos nomes mais importantes do rock underground nacional, Daniel
ETE, que cantou, fez backing vocals e mostrou talento em riffs de guitarra e
pegada no baixo.