As garotas capixabas fazem um tremendo som e estão prontas para detonar seus ouvidos, no bom sentido. Fotos: Divulgação |
Quando ouvi pela primeira o som desse power trio capixaba
formado por três mulheres foi um choque! Não é todo dia, infelizmente, que você
sente uma banda cheia de energia, raiva ou sei lá o que, que usa a música para
por tudo isso para fora. Com pouco mais de um ano, a Whatever Happened to Baby
Jane, formada por Lorena Bona (guitarra), Ignez Capovilla (baixo) e Vanessa
Labuto (bateria) lançou no último dia 21 o primeiro EP digital com quatro sons.
Para saber mais sobre esse som muito promissor, batemos um papo com o trio.
Segundo as garotas, as principais influências do trio são “a
vida e os acontecimentos que nos cercam, além das bandas de rock, punk, pós
punk, e outros tantos estilos musicais. Joy Division, Ostra Brains, Dominatrix,
Mukeka de Rato, Dead Fish, Mercenárias, Nirvana, Sleater kinney, Bikini Kill,
Le Tigre, assim como tantas musicas que conhecemos a cada dia, que compõem a
nossa vida. Abaixo você acompanha a entrevista na íntegra.
Canibal Vegetariano: Como
o nome Whatever Happened to Baby Jane foi escolhido para banda e como rolou o
lance de vocês a criarem?
Whatever Happened to
Baby Jane : O nome da banda é inspirado no filme de 1962 ‘What Ever
Happened to Baby Jane?’ de Robert Aldrich, um thriller–horror que é marcado pela
força de atuação de Bette Davis e Joan Crawford. O nome da banda difere do nome
original do filme de ‘O que será que aconteceu a Baby Jane?’ um entendimento de
passado, de ocorrido, e passa a ser ‘O que quer que tenha acontecido a Baby
Jane’, trazendo Baby Jane pra uma nova atmosfera contemporânea,
desterritorializada. Imagine uma criança extraviada para a América Latina, que
cresce ao som de rock no Espírito Santo, Brasil. Esta é Whtbj.
CV: A banda tem pouco
mais de um ano e lança seu EP “Inferno de Vida”. Falem sobre o processo de
gravação, inspiração para músicas e letras.
Whtbj: Nós escolhemos
quatro músicas do nosso repertório, investimos nas que estavam mais redondas e
lançamos nesta sexta-feira, 21 de julho de 2017. Gravamos no estúdio Comanche,
em Vila Velha, um estúdio que respeitou a sujeira do som, e deixou a gente bem
a vontade. Percebemos como é diferente de tocar ao vivo, acho que gravar fez a
gente se ouvir pela primeira vez! [risos]. E gostamos muito do resultado.
CV: Vocês têm letras
em português e inglês. Isso é proposital, de olho em um mercado exterior, ou é
mera coincidência e surge durante a composição?
Whtbj: Isso é
proposital pois percebemos o quão somos bombardeados por essa cultura ocidental
que nos molda desde que nos conhecemos por gente. Temos mais influências de
bandas gringas do que latinas, por
exemplo. Então acaba acontecendo naturalmente.
CV: Como vocês pretendem trabalhar a divulgação
desse registro? No futuro poderemos ter a música de vocês no formato físico?
Whtbj: A princípio
não pensamos no álbum prensado, pois o mercado de música hoje é voltado pra mp3
e mídias online. Queremos fazer clipes e gravar mais músicas antes de um álbum
físico. Mas não é impossível que isso aconteça no próximo ano.
CV: Como está a
agenda de shows e quem costuma assistir as apresentações da banda? Tem muito
local para rolar um som com boa qualidade?
Whtbj: Estamos
fechando um show pra agosto e vamos participar de um tributo ao Bulimia até o
fim do ano. Pretendemos continuar
ensaiando, que é nosso ponto forte pra produzir novas músicas.
CV: Como é ter uma
banda de rock quase no final da segunda década do século 21 e em um país que
vive um momento complicado?
Whtbj: Acho que a
gente ter se reunido é mais uma consequência desse momento polarizado e
violento, de corte nas partes mais sensíveis da sociedade, como a cultura. Fazemos
tudo de maneira independente, e temos conseguido continuar ensaiando. Nosso
ponto de partida é o ensaio, pois é o momento de expressão, de fazer vazar tudo
o que vivemos nesses momentos de barbárie coletiva. Não podemos deixar que isso
fique na gente, transformar as experiências é fundamental.
CV: Recentemente
vocês se apresentaram na Laja Festival com várias bandas de grande nome no
underground. Como foi essa experiência? Participar de festivais é bom e é
possível aprender algo com eles?
Whtbj: Sim, esses
momentos de trocas são bem interessantes. Por a Laja ser uma produtora que tem bastante
contato com o movimento Underground do país, o pessoal vem bastante animado e
contagia! É inspirador ver o que as bandas do Brasil andam produzindo, trocar
ideias, é um momento de troca de ânimos. Precisamos disso em toda parte, não só
no cenário musical.
CV: Peço que cada
integrante indique uma banda que esteja ouvindo no momento.
Vanessa – Ratos de Porão, Dominatrix, Bambix,
Sonic Youth
Lorena – Anticorpos, Charlotte matou um cara,
7 Yearbitch, Babes in Toyland, Belgrado
Ignez – Mercenárias,
Smiths, Warpaint
Agradeço pela
entrevista e deixo espaço para considerações finais e merchan.
Whtbj: Instagram:
https://www.instagram.com/whateverhappenedtobabyjane/
Facebook: https://www.facebook.com/whtbj/
Impressões sobre o EP
‘Inferno de Vida’
Mais um lançamento Laja Records. Saiba como ouvir. |
Como escrevemos na chamada da entrevista, o som do Whatever
Happened to Baby Jane deixa qualquer um embasbacado quando o ouve pela primeira
vez, afinal, é muita energia concentrada, em pouco mais de seis minutos de
música, isso com a soma de tempo das quatro canções.
EP muito bem gravado, todos os instrumentos estão bem
audíveis e como as garotas disseram, o técnico de som respeitou a “sujeira” que
elas se propõem a fazer. Com letras em português e inglês, a banda está pronta
para alçar voos maiores. Das quatro ótimas canções apresentadas, sempre temos
aquela que ouvimos mais, então fica a dica para “Deixa ela em paz”.
Para curtir o som do power trio, acesse: https://lajarex.bandcamp.com/album/inferno-de-vida