terça-feira, 23 de março de 2010

Infeçcão Raivosa: peso e fúria sem levantar bandeiras

Esses quatro paulistanos estão juntos desde 2003 tocando um som "pesado" e expondo suas ideias através de letras que refletem a realizadade de milhões de brasileiros, insatisfeitos com a situação geral do país, entre outros problemas. Em sete anos, eles lançaram um EP e pretendem em 2010, lançar o primeiro álbum. Se você ainda não conhece a Infecção Raivosa, confira abaixo a entrevista que o baterista André Barone concedeu com exclusividade ao zine/blog Canibal Vegetariano.

Canibal Vegetariano: Qual o significado de Infecção Raivosa?
André Barone:
No começo a banda se chamava Infectantes. Começamos a fazer um som mais agressivo e pesado, e achamos que o nome não combinava com nossa proposta. O nome é resultado de tudo o que vemos no nosso dia-a-dia. Injustiça, desigualdade social, preconceito, e isso vai nos infectando, deixando com raiva, e através dessa infecção raivosa, passamos nossa mensagem através da música.

CV: Quais são as influências da banda? E o que vocês pensam sobre rótulos? Pois eu vi um show de vocês e deu para notar que vocês transitam muito bem por várias vertentes do rock, principalmente pela parte mais pesada.
AB:
Cara, as influências são muitas. Hardcore, Metal, Thrash. Bandas como Slayer, Biohazard, Agnostic Front, Pantera, Sepultura, Metallica, dentre muitas outras, são bandas que todos nós gostamos, depois cada um tem um gosto pessoal. O Rafael e Everton curtem muito Rap, o Claudinei e eu curtimos mais metal. Rotulação acontece, mas desde que não haja preconceito e separatismo, tudo bem. Coisas do tipo: “Aquela banda toca hardcore e eu sou headbanger, então não curto!” Isso sim é uma rotulação medíocre.


Juntos desde 2003, a banda pretende lançar ainda este ano seu primeiro álbum

CV: Em que as mudanças de formação influenciou no estilo da banda?
AB:
O Rafael e Everton gostam muito de rap e acabaram trazendo, algo disso. Isso é bom, quanto mais influências musicais, mais rica fica música.

CV: Devido a uma mistura de ritmos, nos shows de vocês acaba ocorrendo também uma mistura de pessoas de "tribos" diferentes. Rola algum tipo de violência ou acontece tudo de boa?
AB:
Sempre aconteceu de boa, mesmo porque, nós mesmos da banda não levantamos bandeira de nenhum movimento e nem nos rotulamos.

CV: Nestes sete anos de banda, vocês lançaram um EP intitulado "Tributo a uma sociedade perdida". Quais os planos para este ano e quando teremos um álbum da banda?
AB:
Este ano estamos priorizando composições, pois queremos gravar um Álbum.

CV: Em relação a espaço para shows, como está São Paulo? E o interior do Estado? Onde vocês costumam se apresentar com frequência?
AB:
Em São Paulo tem bastante lugar, porém, não tem estrutura.
Ainda tem pessoas que querem cobrar da própria banda para ela tocar. Claro, que se for banda já conhecida, com certa notoriedade, acaba tocando em lugares mais legais, com mais estrutura. Sobre o interior, tocamos em algumas cidades, e sempre foi bem legal. Acho que no interior, tem menos lugar e os eventos acontecem com menor frequência, porém quando acontece, a galera se une mais e faz uma parada bem estruturada.


Os caras acreditam que ao invés de só reclamar, a juventude, e o povo em geral, deve agir mais

CV: Nas letras de vocês, há muitas críticas à sociedade, igreja e política. Estamos em um ano de eleições. Vocês acreditam que algo pode mudar no Brasil? Qual é o ponto de vista político da banda? E quais os conselhos que vocês dão aos mais jovens sobre este assunto?
AB:
Tenho que ter fé e fazer minha parte, e assim acredito que um dia vá mudar meu velho, mesmo sabendo que vai demorar bastante. Cada um fazendo sua parte, fazendo mais e criticando menos. Nós da banda não discutimos política. Falamos apenas das coisas que estamos vendo. Fazemos crítica tanto às pessoas do governo, tanto à cidadãos comuns, acomodados e que não fazem nada de bom para colaborar. Para os jovens, deixo um conselho: falem menos e fação mais. Só falar mal do governo, falar mal do outro, não vai adiantar.

CV: Vocês estão sendo patrocinados por uma empresa. Como funciona este esquema e como os fãs veem esta ajuda à banda?
AB:
Banda independente sofre pra caralho (risos). Os caras da weird, ouviram o som e curtiram. Eles nos apóiam com o esquema de roupa, que aliás são muito foda (www.weird.com.br). Isso dá mais ânimo. Você vê seu trabalho sendo valorizado, pois há pessoas que realmente curtem. Cara, como os fãs veem?? Não sei nem se nós temos fãs (risos), mas se tem, nem imagino, acho que eles ficam mais fãs (risos).


Foto da capa do primeiro EP lançado pela banda

CV: Agradeço pela entrevista, espero que vocês voltem em breve para Itatiba e deixo o espaço para suas considerações finais.
AB:
Muito obrigado ao zine Canibal Vegetariano pela oportunidade e pela força. O show de Itatiba foi muito foda. Com certeza queremos voltar.
E muito obrigado aqueles que vem nos acompanhando e dando força. VALORIZEM A CENA UNDERGROUND E DIGA NÃO À PANELA!
Para entrar em contato:

infeccaoraivosa@gmail.com

http://www.myspace.com/infeccaoraivosa

http://www.youtube.com/user/infeccao

http://twitter.com/infeccaoraivosa

Abraço a todos.

Infecção em Itatiba

Como algumas pessoas devem saber, o editor deste zine também toca em uma banda de rock, Mão de Vaca, e em novembro de 2009, nós fomos convidados para tocar no 1º Self Fest, que foi realizado em um moto clube em Itatiba. Além de nós, Itatiba foi representada pelo punk do Olho de Cadáver e o hardcore do Gatilho. As outras três atrações eram de cidades próximos, uma banda era de Jundiaí, outra de Itupeva e o festival seria encerrado pelos paulistanos da Infecção Raivosa.
Eu ainda não os conhecia, mas pelo que ouvi do pessoal que estava trazendo o show dos caras para a cidade, eles tocavam um hardcore de peso e fúria. Os shows foram rolando, até que chega a vez da Infecçao. Logo nos primeiros acordes notei que os rapazes tinham razão, a banda era muito boa mesmo. Passando por várias influências do rock, os caras mandam muito bem, fazendo um som impossível de ficar botando rótulo.
Além das ótimas músicas, os temas das letras são muito boas também, nada de discursos vazios e sim, pontos de vista de pessoas indignadas com os rumos do país e da humanidade em geral. E a cada nova música que eles mandavam, a galera, ensandecida, cantava em coro, junto com o pessoal da banda, chegando em alguns instantes, a tomar conta sozinha da música. Ao final da apresentação, todos estavam satisfeitos, público, banda e todo o resto. Sem dúvida que o show destes caras, está entre os melhores que vi em 2009, e eu vi show para caralho neste ano.

Um comentário:

Psycho disse...

Isso ai! Infecção ta aí!
FODA!