segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Auto Rock Campinas: dez dias de rock e cultura independente


Em uma dessas manhãs de primavera, nós do zine/blog Canibal Vegetariano fomos até Campinas para falar com Daniel ETE, baixista das bandas Muzzzarelas e Drákula e também organizador do Auto Rock Campinas, festival independente que chega a sua sexta edição e rola de 1 a 11 de dezembro. Entre a venda de um disco e outro, Daniel, que também é dono da loja Chop Suey Discos, falou sobre a edição deste ano e fez um relato dos primórdios do festival. O papo rolou durante uma bela audição de um dos discos mais clássicos do rock, Machine Head, dos ingleses do Deep Purple.

HISTÓRIA

 Além de tocar, organizo eventos desde 1996 e em 2003 não havia feito nada, pois ninguém queria saber sobre rock independente. até o dia em que um amigo chegou e disse para eu deixar de organizar shows de rock e sim fazer um festival. A primeira edição rolou nesse mesmo ano com quatro dias de duração. Fizemos isso na base da cara de pau, pois não adiante apenas reclamar que tudo está uma merda, e daí? Devemos protestar, reclamar, mas precisamos fazer algo também, aí começou a rolar. Os shows e algumas exposições rolaram no Evolução, uma casa bem legal que existia no Centro de Campinas.
No segundo, em 2004, rolou em um um sábado, domingo e alguns dias da semana. Em 2005 houve apenas um dia apenas com bandas. Aí, totalmente influenciado pelo festival Cardápio Uunderground, depois de dois anos sem fazer o festival, voltamos em 2008 com 10 dias seguidos de diversas atrações entre elas várias exposições, shows, mostra de vídeos e etc. E para organizar um evento deste tipo precisei e preciso de muita ajuda, uma das grandes colaboradoras do Auto Rock é minha esposa Valquíria. Ano passado não organizamos o festival pois nasceu nossa primeira filha e optamos por não fazer.
Antes o evento era pensado apenas para Campinas, depois passou a ser comentado e divulgado na Região Metropolitana de Campinas (RMC) atualmente estamos indo muito além disso.

2011

A abertura oficial será nesta quinta-feira, 1 de dezembro na loja Disorder onde rolará uma expoisção de camisetas e peça de skate velho. Teremos desde camisetas de auto lanche até coleção de camisetas dos Ramones e AC/DC para mostrar como era o silk screen há alguns anos. Ainda não decidi, mas penso em fazer algumas camisetas do festival no local e no mesmo espaço haverá uma apresentação da banda Violentures que fará um set acústico.


Depois da abertura oficial, seguimos para o Bar do Zé, onde rolará Get Crazy, banda formada por ex-membros da Lunettes, e Merda, que apresentará a música do ano, Maradona. Acredito que para este ano não tem para ninguém. Não tem para NX Zero, Beatles, Led Zeppelin. A música do ano é do Merda.

SHOWS

Haverá muitos shows, para todos os tipos de público rock, do indie ao metal. No dia 11 haverá o show de encerramento com muita banda boa. Entre as atrações teremos Forgotten Boys, Garage Fuzz, Wander Wildner entre outras bandas sensacionais. Haverá show em várias partes da cidade, inclusive uma noite apenas com bandas de metal, entre elas a clássica banda Executer, de Amparo, com seus mais de 20 anos de carreira.

DRÁKULA

No penúltimo dia do festival o Drákula lança seu disco novo, Vilipêndio a Cadáver,  no Bar do Zé. Tocaremos juntos com o australiano Simon Chaisaw, o cara que é nosso professor de rock australiano, afinal o cara é do país em que a maior banda local é o AC/DC .

APOIO PÚBLICO

Temos apoio do Bruno Ribeiro, secretário de Cultura de Campinas. A secretaria é parceira desde 2005 quando apresentamos o projeto. Eles contratam artistas, libera a estação para realização de show gratuito. Nosso festival não é competitivo . Não repetimos atrações ou fazemos sempre com as mesmas bandas. Nós trazemos bandas que nao têm a visibilidade que merece. Temos uma proposta muito legal. Tem muita banda que tocará por aqui e eles não tem espaço nos festivais que rolam pelo país. Teremos bandas clássicas, como Executer e bandas novas como Slag que é uma banda muito foda, Hutt, Test,  Tina Thunder Dokery Duo, será algo muito bacana.

Canibal Vegetariano
Drákula
VÍDEOS

Além dos shows, haverá várias apresentações de vídeos. Vamos passar dois filmes sobre a visão americana do punk rock, entre eles "Subúrbia"  que mostra uma visão pós apocalíptica, a partir de 1982, em que o mundo fica uma verdadeira merda. Teremos várias opções de filmes, principalmente voltados para o rock, são filmes engraçados. E teremos também a apresentação de vários curtas de terror.
Vamos passar também uns vídeos feito por nossa turma, com cenas de shows de metal dos anos 80, mais precisamente em 1988, e também de shows do Cólera em Campinas. Haverá diversão total para muita gente.



TRABALHO

Organizar um festival desse porte dá muito trabalho e tem gente que pensa que somos vagabundos, só porque gostamos de rock, tatuagens. Vagabundo para mim é quem fica puxando o saco de chefe, de patrão, pessoas que não produzem. Tem gente que não consegue se manter sozinho, precisam da ajuda de pai, mãe, mas que são grandes artistas, vamos dizer que um cara desse é vagabundo? Vagabundo é quem não faz nada e fica apenas ali, sugando.

PREÇOS
Canibal Vegetariano
Get Crazy
O show mais caro custa R$ 15, mas com nome na lista sai por R$ 12. tem gente que irá reclamar, mas ainda não dá para fazer tudo grátis. Espero um dia poder fazer algo em que o público não pague e as bandas recebam o que merecem, mas enquanto isso nao rola, teremos que cobrar um pouco. No último dia que haverávários shows na estação, a entrada é gratuita.

CONVITE

Espero que as pessoas compareçam, divirtam-se, participem e se você tem banda, manda material, pois nós trabalhamos apenas com bandas autoriais.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Hey Ho Let´s Go - A História dos Ramones


Everett True - Editora Madras - 480 páginas

O livro Hey Ho Let´s Go, a História dos Ramones, foi escrito pelo fã e jornalista inglês Everett True. Com depoimentos dos integrantes da banda e também de pessoas próximas, True passa a limpo a história de uma das bandas mais importantes de todos os tempos.
True não esconde nada, vai a fundo no relacionamento de Dee Dee com as drogas, as brigas entre Joey e Jhonny, as mudanças de bateristas entre ouros assuntos relativos a banda. Além das histórias, o livro tem fotos de várias fases da banda, desde os passos iniciais até  o final da carreira.
Certamente quem é fã de Ramones conhece a maior parte da história dos caras, mas sempre é bom observar algo, mesmo muito conhecido, de um outro ponto de vista. Conforme o leitor vira as páginas, terá um contato mais íntimo com a história de cada integrante e também os motivos que fizeram, mesmo com todos os problemas, essa banda ter uma carreira de 21 anos e ter se tornado um grande mito. Livro essencial na biblioteca não apenas de punks ou fã de ramones, mas sim de pessoas que gostam de boas histórias.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Rock com tesão e paixão


Quem teve o privilégio de ver ao menos uma apresentação dos uruguaios da Motosierra sabe que o rock feito por este quarteto é movido por paixão e tesão. O show dos caras é incendiário e seu vocalista Marcos é um showman e um frontman que agita até caveiras enterradas em alguns becos por aí. Para saber mais sobre o quarteto, falamos com o vocalista que falou um pouco da história da banda, dos planos para o futuro, além da cena independente no Brasil e Uruguai

Canibal Vegetariano: Como, quando e onde foi formada a banda Motosierra? Quais eram as influências de vocês quando começaram? E atualmente?
Marcos: Motosierra nasceu no final de 1999, no último show da banda Chicos Eléctricos, que foi uma das melhores bandas underground dos anos 90. A banda se formou no banheiro do clube, logo após o fim do show, quando o baixista dos Electricos, Gabriel Barbieri, junto com o baterista Walo Crespo, decidiram montar a banda. A escolha do guitarrista recaiu em Luis Machado. Depois de 2 meses sem vocalista, no mês de novembro eu fiz um teste, indicado pelo Walo, e fiquei na vaga. A ideia da banda foi fazer um som mais rápido, agressivo e cru do que as nossas bandas anteriores (eu já tocava com o Walo numa banda chamada Luisa Lane, e o Luis em La Sudaka). Nós continuamos a ensaiar durante todo o verão e fizemos a estreia em março abrindo para Buenos Muchachos. Em maio a banda gravou uma demo de 4 músicas e continuou a tocar em Montevideo e Buenos Aires. Em dezembro de 2000, de um jeito totalmente acidental e casual, nós entramos em um tributo a Turbonegro, junto com bandas como Queens of the Stone Age, Supersuckers, Dwarves, Zeke, enfim... Tudo aquilo que é bom e do que a gente gostava no momento. Daí surgiu o convite para editar o nosso primeiro disco, “XXX”, pelo selo argentino No Fun Records. O que veio depois foi uma história de vários anos de continuar gravando e editando no exterior, e tocando em Uruguai, Argentina e no Brasil, com algumas mudanças na integração e idas e vindas, incluindo a saida do baixista original, a minha estadia de 4 anos no Brasil com a minha esposa brasileira, a ida do guitarrista Luis Machado pra Espanha e, atualmente, o meu retorno ao Uruguai para tentar reativar a banda e gravar mais um disco.
As influências do Motosierra são variadas. Posso te falar que tudo aquilo que influi na banda é a vida dos integrantes da mesma em relação ao seu entorno, assim como referências culturais variadas de cinema e literatura. As influências estritamente musicais são muitas, mas as temos como base são Stooges, Turbonegro, Zeke, Dwarves, Motorhead, Black Sabbath, Rolling Stones, Sex Pistols, The Damned, AC/DC... Enfim, tudo aquilo do que é bom no punk, hardcore, metal, hard rock e rock and roll no geral.

" O negócio sempre foi a mesma coisa, fazer um disco bacana entre amigos para ter uma amostra em conjunto das duas bandas e curtir a amizade"
Canibal Vegetariano

CV: Qual é a formação atual da banda? Vocês já tiveram outras formações?
M: Como já falei, a banda teve algumas mudanças. Atualmente os originais da banda são o baterista Walo Crespo e eu. No baixo está o Leo Bianco, já faz 5 anos. E na guitarra, desde 2008, Leroy Machado, irmão do guitarrista original Luis Machado.

CV: Quantos discos vocês gravaram? Todos foram produzidos no Uruguai?
M: Temos 3 discos e um monte de gravação editada contando splits, discos de covers, tributos, etc. Foram todos gravados e produzidos no Uruguai, fora o nosso segundo disco “Rules!!!” e um disco de covers quase ao vivo, “Bathroom days”, que foram gravados em Buenos Aires. O paradoxo é que só o nosso último disco, “Life in hell”, foi editado no Uruguai. Do resto, foi todo editado em Argentina, Brasil, Alemanha, Finlândia, Espanha, Holanda, Japão e mais.

CV: Como era a cena uruguaia quando vocês começaram e como é atualmente?
M: A cena tava muito difícil naqueles tempos, e acho que isso não vai mudar. Mais agora pelo menos tem mais informação e acesso do que há 11 anos por causa da internet. Isso é bom. Também tem mudado muito as regras do mercado discográfico e fora a banda nunca ter se enfiado no mercado e tentado sempre continuar um caminho fora de tudo isso, não tem como não te afetar. O formato de disco está morto, agora todo single é produzido para o Youtube e tal. Mas não tem como negar a influência que a banda tem deixado no país, fizemos uma escola e um caminho de como se faz um trabalho underground sem comprometer teu som e os teus ideais. Acho que isso é positivo e tem banda que continua o nosso exemplo, para o bem ou para o mal.

CV: Quais as melhores bandas uruguaias de todos os tempos?
M: Nos anos 60, Los Mockers. Nos anos 90, Chicos Electricos e Cross.

CV: A Motosierra faz um som rápido e agressivo. O que vocês ouvem quando estão em casa?
M: Muitísima coisa. Rockabilly, rock de garagem, psicodelia, killer rock, glam, punk, hardcore, hard rock, metal... Enfim, um pouco de tudo. Para você ter uma ideia, o baixista Leo é colecionador de vinil e faz reedições junto ao selo Munster Records da Espanha de bandas perdidas de garagem e psicodelia latinoamericanas dos anos 60. É um negócio muito, mais muito amplo.

CV: Além do Uruguai, quais outros países que vocês mais se apresentam?
M: Só na Argentina e no Brasil.

CV: Qual o disco de vocês que a banda mais curte?
M: Acho que o primeiro, “XXX”. Até agora é um chute na bunda, rápido, agressivo, vivo, sincero e honesto. E muito, muito raivoso. É um reflexo perfeito da banda, do nosso entorno e de nós mesmos naquela época.

CV: É possível fazer uma comparação da cena atual do Uruguai com o que vocês encontram no Brasil?
M: Não tem como comparar. O Brasil é um país gigante, com muitíssimas cenas divididas entre vários estados, regiões e cidades, cada uma com as suas características próprias. E tem poderio econômico e uma indústria musical muito forte. Tudo isso muda a ideia pela qual qualquer moleque tenta montar uma banda. Além disso, o apoio estatal na cultura no Brasil é muito forte, assim como o movimento alternativo. Já no Uruguai você está sozinho, o mercado é mínimo, as posibilidades também e o público é, em sua maioria, conservador. Se você tenta fazer alguma coisa como o que a gente faz, você sabe que vai se ferrar. A única saída é orientar a banda para fora do país. Ou então, fazer o jogo do gosto popular e montar uma banda mais convencional. E isso nunca foi o nosso caso.

Canibal Vegetariano

CV: Na América do Sul, qual o país mais estruturado para shows de bandas independentes?
M: Do que eu conheço, o Brasil sem nenhuma dúvida. O apoio estatal da Petrobrás, a ABRAFIN, o circuito Fora do Eixo, tudo isso eu não vi nem no Uruguai nem na Argentina.

CV: Vocês gravaram um split cd com a banda brasileira Forgotten Boys. Como rolou gravar com uma banda diferentes de vocês?
M: Nós gravamos splits com várias bandas e o Forgotten Boys não foi nem a primeira nem a primeira do Brasil. A primeira foi o Evil Idols, de Curitiba. Também fizemos um com o Culpables do Uruguai. E o negócio sempre foi a mesma coisa, fazer um disco bacana entre amigos para ter uma amostra em conjunto das duas bandas e curtir a amizade. E sempre fizemos em troca um cover de cada banda. Isso ajuda e dar um gás para manter os laços de união com as bandas que achamos legais.

CV: A banda existe há mais de dez anos. Quais os planos para o futuro?
M: Gravar mais um disco no Uruguai, ainda neste ano e tocar em Montevidéo e Buenos Aires. E, no final do ano, voltar no Brasil de turnê. Depois, vamos decidir o que vai rolar.

CV: De onde vem a inspiração para as letras da banda? 
M: As letras são de minha responsabilidade. Tento botar nelas o sentimento que a música me produz e como isso se relaciona com minha vida, com minha situação em particular, tento ser honesto. Tento extrair a letra da música, como um catalizador de sentimentos que me ajudam a levar a bola para frente. Nunca faço uma música e depois a letra é o caminho contrário. Também, boto nelas, e por pura diversão, piadas internas, referências culturais de quadrinhos, cinema e literatura, particularmente da coisa mas trash, do que eu gosto muito. E nunca fiz uma canção de amor.

"XXX é um chute na bunda, rápido, agressivo, vivo, sincero e honesto. E muito, muito raivoso. É um reflexo perfeito da banda, do nosso entorno e de nós mesmos naquela época"

CV: Agradeço pela entrevista, deixo espaço para as considerações finais e para propaganda da banda. Muchas gracias.
M: Obrigado a voçês pelo espaço!! Demorou, mais está aí!! Eu tenho uma relação íntima com o Brasil. Cinco turnes pelo país, 2 festivais, 4 anos morando (2 em São Paulo e 2 em Uberlândia), uma esposa linda e uma segunda familia lá. Tenho uma divída imensa com todos vocês e eu sei que isso não acaba por aqui. Agora estou voltando e faz um mês e meio que estou no Uruguai, para tentar gravar mais um disco com a banda, que é uma parte importante da minha vida. Mais assim que puder, voltaremos para o Brasil e encontrar de novo todos os amigos e afetos que a gente tem colhido nesses anos de rock and roll. Então, é só aguardar notícias dos seus irmãos malucos do Uruguai!! Salve, salve e keep on rockin!!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entre o hardcore e o thrash


 Músicas rápidas e pesadas com forte pegada de hardcore aliadas com os riffs guitarrísticos do "thrash metal", assim pode ser definido o álbum "Contraste" da banda mineira Aterro.
Mas o disco não resume apenas ao comentário acima, o álbum tem uma qualidade de gravação de dar inveja a muita banda considerada de "sucesso". Entre os riffs de guitarra de Marquinho, é possível ouvir com muita clareza os vocais ora bem cantados e ora "urrado" do vocalista Carlim "Bullet", assim como a pegada de baixo de Raphael Sapão sem contar toda a precisão, viradas e "rajadas" precisas de bumbo duplo do batera Serjatz.
O disco dos mineiros deve agradar aos amanrtes da boa música "porrada", pois qualidade não falta neste disco e mesmo a mistura de técnica e pegada não compromete em nada a indentidade da banda que passeia tranquilamente, nas 14 músicas executadas em pouco mais de 38 minutos, pelo hardcore e o trash que com certeza faz com que muito cabeludo bata cabeça nos shows assim como os punks abram rodas de pogo.
Em algumas músicas, a banda, mesmo com apenas um guitarrista, lembra bastante alguns bons momentos do Slayer, outra banda que nunca escondeu suas raízes punk's. Nas faixas mais voltadas ao hardcore, falta um pouco mais de backing vocals, há alguns no disco, bem trabalhados, que acredito poderia ser encaixado em outras músicas.
Além de todo o belo trabalho musical desempanhado pela banda, que foi indicada por um cara que conhece muito da cena independente, Fábio Mozine, o pessoal do Aterro tomou cuidado especial com o trabalho de encarte, todo cheio de desenhos que retratam várias cenas do cotidiano em muitas periferias pelo Brasil afora. Talvez o único ponto negativo tenho ocorrido pela ausência das letras, mas isso é de menos, faz com que o ouvinte fique ainda mais curioso e preste mais atenção ao potente som do Aterro.
E você leitor do nosso blog e ouvinte do programa A HORA DO CANIBAL, em breve poderá receber em sua casa um o CD da banda Aterro, pois estamos pensando em uma bela promoção para que o fim de ano dos leitores e ouvintes seja mais rock. CD altamente recomendável.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Faça parte dessa gangue você também


  Finalmente recebi o novo split da banda Merda, desta vez junto com a banda Morto Pela Escola. Ambas são do Espírito Santo e as duas fazem um som diferente, apesar de ser voltadas para o hardcore. O novo trabalho foi lançado em vinil sete polegadas amarelo, trabalho fino, chique, e a capa, um lado para cada banda, tem trabalhos artísitcos muito bem elaborados.
Falando sobre cada banda, a Merda tem cinco músicas, cada uma em homenagem ao grupo que integra a "Ganguinha do Merda", título deste novo trabalho dos capixabas. Caso você ainda não saiba, a Merda é um dos vários projetos de Fábio Mozine, que também toca no Mukeka di Rato, n'Os Pedrero, além de comandar a Laja Records. E Mozine estava inspirado na hora de compor as faixas desse novo trabalho, das cinco, quatro são de sua autoria, com exceção da música "Quique Browm", que foi escrita pelo próprio Quique, que além de guitarrista e vocalista na Leptospirose é um dos integrantes da "Ganguinha do Merda". Além dele, estão na lista, Sandrinho, Xumaiker, Maradona e Andy Irons.
A abertura do novo trabalho ficou por conta da faixa "Maradona", uma música mais calmas do disco, tratando-se de Merda, mas que não perde a oportunidade na curtição e criatividade na letra..."Maradona, para de cheirar cocaína..." na hora você nota que é música do Merda. Na sequência vem "Xumaiker", essa sim, letra curta, direta e som pauleira. "Sandrinho" é a terceira faixa do disco e também uma homenagem ao vocalista do Mukeka di Rato. A quarta faixa é "Quique Brown", escrita pelo bragantino e para fechar com chave de ouro mais este belo trabalho vem a faixa "Andy Irons" e as primeiras palavras pronunciadas por Mozine nesta música é..."i see red flowers...", simplesmente sensacional, mais um split clássico desta banda que atualmente é uma das mais criativas e originais do cenário independente.


O OUTRO LADO - Do outro lado do disco o ouvinte ouvirá outra boa banda. A Morto Pela Escola faz um hardcore, como é chamado por alguns, tradicional. Então, o ouvinte que é chegado em um pogo ou balançar a cabeça, poderá fazer isso sozinho ou com alguns amigos em uma roda no show dos caras.
Por ser um pouco diferente da Merda, a Morto Pela Escola gravou três músicas com destaque especial para a faixa de abertura "Tudo ou Nada". Além dela, também há as faixas "Química Acumulada" e "Vida Lenta", respectuvamente. Assim como os parceiros no split, o pessoal do morto teve todo um cuidado com o trabalho gráfico que também ficou muito bom e eles aproveitaram e, não sei se propositalmente, fizeram uma homenagem ao Ratos de Porão com o título "Vivendo cada dia mais burro e agressivo", lembrando muito bem um dos discos clássicos da banda paulistana nos anos 80 do século passado "Vivendo cada dia mais sujo e agressivo".  Para resumir, dois trabalhos nota 10.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Rock para todas as idades


Canibal Vegetariano

Domingo à tarde geralmente é um dia em que boa parte das pessoas reclamam que não tem nada de interessante para se fazer. Mas, no último domingo, dia 30 de outubro, rolava em Bragança Paulista a 8ª edição do festival Cardápio Underground, festival de arte e cultura independente. E as atrações do dia prometiam, afinal, além da apresentação dos alunos da Escola de Música Jardim Elétrico, haveria shows da banda uruguaia Guachass  e dos nossos amigos do Leptospirose.

Canibal Vegetariano

Então, com o rock rolando no Espaço SanSo, rumamos sob chuva até a vizinha Bragança Paulista. Quando chegamos já ouvimos um belo som de bateria, uma bela recepção para uma linda tarde/noite de muito rock. No espaço, havia várias gerações, pessoas de todas as idades e "tribos". No palco, crianças e pré adolescentes empunhando guitarras, baixos, baquetas. Ao lado oposto, havia também o Daniel ETE, da Chop Suey Discos, com parte de seu acervo de vinis, camisetas e outras mercadorias para atender o diverso público que passava pelo local.
Das bandas formadas por alunos das escolas conseguimos ouvir várias, e a molecada, tanto garotas quanto garotos, esta mandando bem, foi muito bacana ver uma banda como "Os Irritantes", formada apenas por crianças, a maior parte na faixa dos dez anos, subindo ao palco e tocando suas músicas próprias, nada de cover ou versões nesse dia, algo louvável, pois assim as crianças veem o quanto é importante criar seu próprio som e como isso é prazeroso. Tocar músicas dos ídolos é legal demais, mas a sua não tem preço.
Canibal Vegetariano

Após as apresentações dos alunos, todos eles de parabéns, e o cumprimento estende-se aos professores, pais e amigos que compareceram ao evento para prestigiar a apresentação da garotada. Assim que os alunos deixaram o palco, ele foi tomado pela banda uruguaia Guachass, que havia ouvido apenas pela Internet. E o som aparentava ser muito rock'n'roll. E no palco, duas garotas e dois rapazes mostraram que o Uruguai realmente é um país do rock. Eles mandaram um pertardo atrás do outro sem dar tempo para que as pessoas respirassem e mostraram que rock é algo feito com amor e raça, algo que não falta ao pessoal das Guachass.
E além de muito rock, a banda apresentou uma simpatia e sintonia muito grande com o público e parte dele, muitas garotas, subiu ao palco e cantou junto com os uruguaios. Quem também subiu ao palco e agitou muito com as Guachass foi Júlio, filho mais novo de Quique Brown, o garoto de pouquissima idade, agitou no palco e no público e após audição dos alunos, mostrou que rock é estado de espírito e não tem nada a ver com idade ou qualquer outra coisa.

Canibal Vegetariano

Depois do ótimo show das Guachass, os bragantinos do Leptospirose subiram ao palco e sem delongas mandaram ver no hardcore, punk, rock pauleira que a banda está acostumada e no domingo ainda mais inspirados, pois o álbum Aqua Mad Max, terceiro da banda, havia acabado de ser lançado em vinil, o CD estava sendo vendido há alguns meses. E o show teve músicas dos três albúns e ainda a participação de dois amigos e colaboradores do Leptospirose, Matías Picon e Daniel ETE, que encerraram com chave de ouro mais uma ótima performance de Serginho, Vellhote e Quique.

Canibal Vegetariano

E ao final da apresentação, fizemos algo costumeiro, uma passada na banca para compra de vinis e cd. No caminho de volta, tivemos a certeza, mesmo que muitos ignorem, a chama do rock ainda queima e queimará por muito tempo, pois tem uma juventude muito boa vindo por aí.