Ele é jornalista, ama música, mas nem sempre trabalhou, com, e, por ela. Já foi repórter esportivo e atualmente é editor-executivo do portal R7. O zine Canibal Vegetariano conversou com Luiz César Pimentel, que por anos foi editor de uma das revistas mais legais sobre cultura pop já publicadas no Brasil, a Zero. A seguir você acompanha entrevista em que ele falou sobre sua carreira pelo jornalismo musical e outras "viagens".
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Luiz César Pimentel durante alguns anos foi editor de uma das melhores publicações voltadas para o público que respira e consome "cultura pop"
Canibal Vegetariano: Por favor Luiz, apresente-se aos nossos leitores.
Luiz César Pimental: Trabalho no portal R7 como editor-executivo de Entretenimento. Antes fui diretor de conteúdo do Vírgula e MySpace - trabalhei em Los Angeles na criação da versão brasileira do último. Na carreira, trabalhei também em alguns dos principais veículos do país, como Folha de São Paulo, Editora Abril, revista Trip, os portais UOL, Starmedia e Zip.net, além de ser colaborador de Caros Amigos, Carta Capital, Playboy, Revista da Folha, Rolling Stone, Sexy, Jornal da Tarde, Elle e Superinteressante. Sou autor de Sem Pauta (diários, fotos e reportagens de um jornalista pelo mundo), livro-coletânea do período em que fui correspondente internacional na Ásia.
"Não consigo imaginar uma de minhas filhas daqui alguns anos indo à banca pra ver se saiu a revista tal"
CV: Como pintou o rock em sua vida?
LCP: Tinha 10 pra 11 anos (agora tenho quase 40). Sou vizinho e sócio de um clube muito frequentado por estrangeiros. Meu irmão roubou (tá, eu sei, isso não é bonito) uma fita (K7 mesmo) de um gringo. Era uma coletânea hard rock – Kiss, AC/DC, Black Sabbath. E enlouqueci. Ouvia dia e noite aquilo. Fiquei sabendo da galeria do rock, em São Paulo, quando havia duas ou três lojas lá, apenas – Baratos Afins, Punk Rock e Grilo Falante. E lá foi minha universidade.
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Da esquerda para direita: Marco Bezzi, Luis Pimentel e Daniel. As publicações da Zero passavam pelo gosto pessoal desses três senhores
CV: Quando você decidiu ser jornalista e como foi o lance de escrever sobre música?
LCP: Decidi no meio da faculdade. Imaginara que cursaria Comunicação Social para fazer publicidade. Mas no primeiro ano percebi que gostava mais de contar histórias do que de vender. Aliás, percebi que não era vendedor. Então não teve muito jeito.
Escrever sobre música foi natural. Pois música É o que me motiva. Claro que nem sempre pude fazer isso. Comecei como repórter de esporte na Folha de São Paulo, por exemplo. Mas sempre que pude e posso, faço.
"Já era difícil o mercado comportar uma revista desse tipo na época (circunstâncias favoráveis nos ajudaram para que ela durasse tanto tempo). Imagina atualmente"
CV: Quais são suas influências, jornalísticas, musicais entre outras?
LCP: A única referência jornalística que tenho é Nelson Rodrigues, que nem jornalista é – o que gosto nele são as crônicas...na verdade o estilo.
Referências musicais que influenciem na escrita só consigo colocar o punk rock, com toda sua honestidade.
CV: Vamos falar especificamente sobre a revista Zero, na qual você era editor. Como surgiu esse projeto e qual o motivo da paralisação da circulação, quanto tempo a revista foi publicada? É possível haver um retorno?
LCP: O projeto da Zero era muito simples – só entravam matérias que gostaríamos de ler. Esse era o filtro das reuniões de pauta – se um de nós (Marco, Daniel e eu) dissesse “não, essa matérias eu não leria” estava vetada. O projeto surgiu por isso, pois não encontrávamos essa revista pra ler, então resolvemos fazê-la.
A revista durou de 2001 a 2004. E não, não é possível haver um retorno.
Já era difícil o mercado comportar uma revista desse tipo na época (circunstâncias favoráveis nos ajudaram para que ela durasse tanto tempo). Imagina atualmente. Não vejo o menor espaço para ela no cenário atual.
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Atualmente Pimentel é editor-executivo do portal R7 e escreve sobre música, principalmente rock, em publicações como Billboard e Rolling Stone
CV: Qual sua opinião sobre o futuro das publicações musicais? Seja em mídia impressa como pela internet.
LCP: Rola uma safra meio confusa agora, dessa migração e mescla impresso-web. Quando as pessoas perceberam que podiam publicar tudo e qualquer coisa via web, todo mundo virou jornalista.Eu venho de uma época e formação em que para se publicar algo tinha que ser (realmente) bom. Publicar era uma conquista. Logo...
O parâmetro mudou. Mas é uma questão de adequação, agora, entre mídias e qualidade. O que vai sobrar é a qualidade. Seja em qual mídia for.
CV: A crise editorial, em sua opinião, atinge somente o Brasil ou é geral e ocorre também em países desenvolvidos?
LCP: Ah, é geral. Crise editorial de impressos você diz? O negócio é que, voltando à pergunta anterior, a web tangencia a gratuidade. E a publicação física, obviamente não. Então, atualmente as revistas são meio que impressas para a minha geração, que se habituou a isso. Se existe crise também existe uma falta de olhar para o futuro – e quando essa geração, em que me incluo, não mais sustentar esse mercado?
CV: O que você pensa sobre as mídias musicais alternativas que ocorrem em vários cantos do país, como zines, e-zines, blogs... rádios webs entre outros...
LCP: Adoro. Mas claro que seleciono o que escuto, leio e vejo.
CV: Você pensa em desenvolver algum outro projeto impresso falando sobre música, principalmente cultura pop? Atualmente, você está trabalhando com música?
LCP: Meu projeto impresso sobre música é continuar escrevendo para revistas – escrevo mensalmente na Elle, e esporadicamente para Rolling Stone, Billboard etc.
CV: Quem são os leitores de revistas musicais atualmente? É possível traçar um perfil de público? E no tempo da Zero? Vamos um pouco mais longe, e no tempo da Bizz?
LCP: Leitor de todas essas é quem foi educado e habituado a ter revista como fonte de informação. Não está sendo criada uma geração que dê continuidade. Não consigo imaginar uma de minhas filhas daqui alguns anos indo à banca pra ver se saiu a revista tal.
CV: Luiz, agradeço pela atenção e deixo espaço para seus comentários finais.
LCP: Eu que espero comentários – meus contatos estão aí: Twitter @luizcesar e /luizcesar serve pra um monte de coisas, facebook, myspace, youtube...Me adiciona! hahahaha.
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