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A nova baixista Flávia, Gabriel Thomaz e Bacalhau. O power trio recentemente fez uma turnê pela América do Sul e está lançando DVD
Canibal Vegetariano: A banda está há 12 anos na estrada. Peço que você faça um resumo de como começou essa ideia e se você esperava passar dos dez anos?
Gabriel Thomaz: O Autoramas começou depois do fim do Little Quail, minha antiga banda. O Little Quail tinha um estilo muito bem definido e muitas coisas que eu queria fazer não tinha espaço ali. Na real, a demo do Autoramas foi gravada para ser o repertório de um novo CD do Little Quail, mas eu acabei gravando tudo sozinho e vi que o caminho que eu queria seguir era outro. Me mudei para o Rio de Janeiro, encontrei amigos com quem eu gostaria de tocar e formamos a nova banda, com um repertório já composto por mim. Daí começamos a fazer shows e o negócio foi andando. O que eu esperava e desejava era viver tocando, viajando, gravando discos. E estamos aí até hoje.
CV: Recentemente vocês realizaram mais uma turnê pela América do Sul, desta vez passando por Chile, Argentina e Peru. A Argentina sabemos que os caras são rock total. O Chile também tem umas paradas loucas. Mas e o Peru? Como são as bandas de lá? E qual o resultado deste giro por esses países?
GT: Já fizemos muitos shows por outros países da América do Sul, o primeiro foi no Uruguai em 2004 e desde então sempre voltamos, a galera curte e sempre recebemos convites para tocar nesses países. Nessa última turnê, foi a primeira vez que fizemos shows no Peru. Já sabíamos da tradição roqueira do Peru, principalmente o Rock dos anos 60 que já era bem agressivo, muita gente até diz que o Punk Rock foi inventado lá. É uma realização muito grande ter a chance de tocar num País como esse, desde os Paralamas do Sucesso, que uma banda brasileira não tocava em Lima. O resultado é que vai aumentando o número de pessoas que curte a banda, e conhecer o mundo com tudo pago é realmente uma beleza.
CV: Além de turnês pela América do Sul, vocês já estiveram na Europa e Japão e sempre fazendo sucesso com o público. Como os gringos recepcionam uma banda brasileira nesses lugares? E a divulgação do trabalho de vocês rola legal por lá? E vocês cantam em português?
GT: Sim, cantamos em português. A recepção é sempre maravilhosa. Não importa a nacionalidade da banda, o importante é a galera gostar da música. Cada vez que nós vamos, conseguimos divulgar melhor a banda, tem sempre mais gente dando uma força, falando da banda e comparecendo aos shows. É um trabalho que vai crescendo a cada dia.
CV: Nestes últimos dez anos, muito se falou que o Rock está morto, que acabou e várias outras coisas. Mas em compensação, tem um monte de banda lançando vinil, CD, fazendo shows com certa frequência e saindo em turnê por países vizinhos e até Europa. Como você analisa a atual cena brasileira? E quais bandas você tem ouvido ultimamente e quais você recomenda para os leitores do zine/blog Canibal Vegetariano?
GT: Nunca tinha ouvido falar nessa história do Rock estar morto...que doideira. Tenho ouvido muita coisa de muitos lugares do mundo, de épocas diferentes, coisas novas e antigas. Recomendo a banda peruana atual Turbopotamos, um dos melhores shows que já vi na minha vida. E das coisas antigas, sou fã do Devo, do B-52's, do Sonics, do Guitar Wolf, do Elvis, do Rock Brasileiro dos anos 60...
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A banda em uma de suas apresentações ao vivo. Mesmo estando a pouco mais de uma década na estrada, Gabriel quer fazer cada vez mais shows
CV: Nesta época em que tudo está se tornando digital, o Autoramas continuará a lançar EP's em vinil, lançar CD's? E você ainda compra discos? Uma vez eu li uma matéria com você, sobre coleção de discos, e você afirmou que comprava vários discos "exóticos". A sua coleção continua "crescendo"?GT: Compro sim, é um vício. Adoro ouvir música...colocar um disco, ficar olhando a capa, sentir o cheiro do vinil. Sei que tem gente que nem liga para isso, mas tudo bem, cada um na sua. Se quiser jogar seus discos fora, me mande um e-mail antes, passo aí e busco.
CV: Qual o motivo da saída da baixista Simone? E com a entrada da Flávia, mudou um pouco o estilo de vocês, ou não?
GT: Simone foi fazer pós-graduação num lance aí que nem sei o nome, mas quando me perguntam digo que ela virou doutora em proctologia. Ela sempre vai aos nossos shows e continua enchendo meu saco como antigamente. Flavinha entrou arrebentando, ela toca muito, sabe tudo de música e está acrescentando muita coisa ao som do Autoramas.
CV: De onde surgem as ideias para as letras do Autoramas? E como é o processo de composição de vocês? E como é tocar com um baterista como o Bacalhau, que possui um jeito totalmente tranquilo mas uma pegada muito rock? E qual o segredo para partilhar mais de 10 anos de banda com ele?
GT: Cara, as letras falam de coisas que estão aí, no mundo, que todo mundo sabe ou conhece...não tem muito mistério: quando pinta uma ideia, rola um processo de concentração extrema e a letra acaba saindo. Bacalhau é um gênio da bateria, além de ser uma enciclopédia de assuntos pop: ele sabe toda a programação de todos os canais de TV, o nome de todos os atores e apresentadores, o enredo de todas as novelas e filmes e seus respectivos produtores, ano que foram lançados e detalhes mais incríveis. No mundo da música ele sabe o nome de todos os integrantes de todas as bandas, discografias completas, biografias e tudo mais que cabe naquela memória interminável.
CV: Para quem ainda não sabe, você tocou no Little Quail + The Mad Birds. Qual o motivo do fim da banda e qual a importância que ela teve para o rock nacional nos anos 90? E como foi viver esse período em que surgiram também os Raimundos, Chico Science entre outras bandas?
GT: O Little Quail foi uma banda muito legal e tenho muito orgulho de tê-la formado. O que aconteceu na época, é que tinha um monte de gente no Brasil todo com boas ideias, que formou todo esse cenário. Eu era muito novinho, não sabia nada de nada, só queria me divertir e consegui. A banda acabou quando deixou de ser divertida.
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A banda sempre fez questão de deixar explícito em suas músicas suas influências. A Jovem Guarda e todo o Rock nacional dos 60 são algumas
CV: Em todos os discos do Autoramas, dá para sacar una pegada Jovem Guarda. Peço que você comente sobre o projeto Lafayette e os Tremendões. Como surgiu esse projeto? Vocês pretendem continuar com essa ideia? E para você, como foi dividir o palco, no VMB deste ano, com o tremandão Erasmo Carlos?
GT: Foi uma grande emoção, ele é uma referência muito forte pra mim. No mundo inteiro o Rock fervilhou nos anos 60, nosso representante foi a Jovem Guarda, com músicas maravilhosas e divertidíssimas. Esse tipo de som está no sangue, não dá pra eu me livrar disso.
CV: Uma pergunta que precisa ser feita diretamente. Qual o futuro do rock, não só no Brasil, em todo o mundo?
GT: Sempre existirão coisas boas e ruins. O grande lance é saber escolher as coisas boas.
CV: Falamos sobre a banda, rock, seus outros trabalhos. E como fica o Autoramas daqui para o futuro? Quais os objetivos que vocês pretendem conquistar com a banda?
GT: Estamos lançando agora nosso primeiro DVD: MTV Apresenta Autoramas Desplugado. Está bem legal, na minha opinião. Nosso objetivo continua sendo viver de música fazendo aquilo que nós gostamos. Até agora está dando certo.
CV: A banda Autoramas é muito bem recebida tanto no underground como no mainstream. Qual a importância para vocês, e para o rock em geral, dos fanzines, e-zines, blog's e rádios pela Internet?
GT: Sempre houve gente que curte a música e gosta de escrever sobre ela, e assim divulgá-la. Tento acompanhar na medida do possível, hoje tem muita coisa acontecendo. Tenho meus sites preferidos e sempre vou lá me informar.
CV: Gabriel, agradeço pela entrevista deixo o espaço para você divulgar datas de shows, locais de venda de CD's, criticar, xingar. Enfim, o espaço é seu.
GT: No nosso site www.autoramasrock.com.br e no nosso MySpace www.myspace.com/autoramas tem sempre nossas datas, não esqueçam de visitar. Muita paz e muito Rock para todos!
2 comentários:
Fodona a entrevista! Parabéns!
Muito massa a entrevista, parabéns como sempre....
bj de@
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