sábado, 31 de julho de 2010

Mais que um documentário, uma lição de vida


Capa do DVD "Breaking Brazilian Bones in Europe" que já está disponível para venda

Já está disponível em DVD para todos os fãs de rock pauleira do mundo, o mais novo lançamento da Laja Records, o documentário "Breaking Brazilian Bones in Europe" tour 2007. Mais que um simples documentário sobre a viagem de duas bandas, de rock, brasileiras à Europa, o filme é uma lição de vida àqueles que tem uma banda, ou pretendem ter uma, pois ali está relatado quase tudo o que rola em uma turnê de rock independente.
Inicialmente a turnê estava prevista para acontecer em 30 dias, entre outubro e novembro de 2007, mas devido a um acidente automobilístico, a viagem foi interrompida. Detalhes desta turnê sensacional pode ser conferida no livro do guitarrista e vocalista da Leptospirose, Quique Brown. Em 2008 ele lançou "Guitarra e Ossos Quebrados", com histórias das viagens, shows e muitas fotos dos locais visitados pelas bandas. O documentário recém lançado vem para completar este relato, com imagens que hora chegam a ser engraçadíssimas e em outros, um tanto tristes, devido ao estado de saúde que alguns músicos ficaram devido ao acidente.
Além de imagens e locais bonitos, o vídeo apresenta vários momentos das bandas nos palcos gringos, principalmente Alemanha e Holanda. Há várias cenas da banda Merda assim como da Leptospirose, além de uma banda da Indonésia e um papo com o "Homem Horrível", que ficou conhecido nos marcadores de páginas do livro de Quique Brown.
O documentário realizado por Binho Miranda e Rogério Japonês é uma jóia rara, pois capta a essência de cada integrante, seja nos palcos, nos bastidores, vendendo mercadorias antes e depois dos shows em barraquinhas recheadas de CD's, camisetas e outros materiais de divulgação. Nós concordamos com Rodrigo Lima, da banda Dead Fish que escreveu a sinópse do filme no encarte. Em um dos trechos ele cita: "... Este documentário é uma lição para quem quer ser roqueiro e acha que não vai se foder por aí. E outra para quem ama tocar: conhecer o desconhecido, viver sem concessões e se jogar no mercado do rock independente mundial". Antes de finalizar, deixo uma dica: leia o livro e veja o filme, não necessariamente nesta ordem.

...E o rock 'rolou' e foi direto...

No último dia 25 de julho a Lanchonete do Renato, ou a Sorveteria e Pastelaria 29, em Itatiba, serviu de palco para a apresentação de duas bandas de rock locais: Erga e Barco Bêbado.


A galera rock compareceu em bom número ao evento do último dia 25

O evento realizado pelo coletivo Viva a Independência com apoio de Renato e do zine/blog Canibal Vegetariano quase foi cancelado, devido a uma certa pressão que algumas pessoas, dias antes do evento, tentaram impor para que as apresentações não ocorressem. Mas mesmo assim, apoiados por nosso departamento jurídico, realizamos e festa que reuniu em uma tarde e noite de domingo, várias pessoas que curtem ouvir um rock, rever amigos e trocar ideias.


A banda Erga durante sua apresentação no 'Domingo Rock' realizado na Lanchonete do Renatão

E neste clima de união, inclusive entre as bandas, o rock rolou e tanto Erga quanto a Barco Bêbado conseguiram realizar ótimas apresentações. A Erga foi a primeira banda, e com seu rock entre o garage e o alternativo conquistou todo o público presente, inclusive o pessoal do metal e do punk, saciando a sede de rock do público itatibense que é muito carente de eventos deste tipo.
Na sequência a apresentação da Barco Bêbado, ou como disse o vocalista Mateus Machado, "ensaio aberto", chamou muito a atenção do público presente, devido as várias intervenções realizadas pelo vocalista, que hora toca violino, chuta um saco cheio de latas vazias, ou como neste último show, jogou tarot com parte do público durante a execução da música B-612.


A apresentação da Barco Bêbado contou com sons de latas vazias, escuridão e jogo de tarot

Ainda durante a apresentação, em duas músicas, amigos da banda que estavam acompanhando o show, também interviram e ajudaram nos backing vocals. Após o término dos shows, a galera deixou o local tranquilamente e com a esperança que mais eventos aconteçam. O público agradece.

sábado, 24 de julho de 2010

Um adeus com 'cara' de até logo


Walkyria a frente da Lunettes com a filha em sua barriga

A banda campineira Lunettes fez seu show de despedida dos palcos no último dia 18 de julho em Bragança Paulista durante o Festival de Inverno realizado no citado município. O adeus, de acordo com seus integrantes, deve-se ao fato da gravidez da vocalista Walkirya que deve parir sua filha em setembro. Alguns dizem que é um adeus, outros afirmam que a banda estará dando apenas um tempo até os primeiros passos da neném.
Quanto a definição do que irá ocorrer com a banda só o tempo poderá dizer, mas o show que acompanhamos foi muito bom. Como seria um show de despedida, a Lunettes preparou uma agradável surpresa aos fãs que viram novamente a formação original, com Drica nos teclados e Juju assumindo a guitarra. Haline, a guitarrista atual continuou no palco e a Lunettes se apresentou como um sexteto e com duas guitarras. Além da apresentação dos membros originais, a banda ainda mandou um som que não executava há 7 anos.


As garotas da Lunettes durante despedida em Bragança Paulista

Além da festa e do clima de despedida, a banda fez um show muito profissional e que agitou a galera bragantina, executando todo o repertório que passa por rock, punk, new wave e pop. O show da Lunettes foi encerrado por volta das 20h, após várias horas de som, além da participação da diversas bandas de outras vertentes de rock.


GANGUE DO FRANGO


Nós do zine/blog Canibal Vegetariano chegamos em Bragança Paulista por volta das 17h30, e uma das bandas independentes programadas para o dia, a Luno, estava encerrando seu show. Antes da apresentação da referida banda o palco foi tomado por bandas de material cover.


Drica, tecladista original da banda, em participação especial no show da despedida

Na sequência da Luno foi a vez da banda instrumental Matheus Canteri e a Gangue do Frango. Estavamos curiosos para ver o show deste power trio instrumental e ele correspondeu toda nossa expectativa. Com uma "cozinha", baixo e bateria, muito precisa a banda executou um vasto repertório de canções próprias, com Matheus muito "solto" no palco com sua guitarra. Para encerrar o show, eles fizeram uma homenagem ao mestre Bob Dylan, com a canção "All Along the Watchtower". Se você gosta de bandas de rock instrumentais, procure ouvir esta. E o domingo rock foi encerrado como dissemos acima, pela Lunettes.


Drica e Juju relembrando 'velhos' tempos

Este foi mais um evento que estivemos presentes na região de Itatiba, que ocorreu dentro da normalidade, com o encontro de várias "tribos" e sem registro algum de qualquer tipo de ocorrência. O evento que contou com ótima estrutura, palco, som, luz, foi realizado na pista de skate no lago do Tabão em Bragança com entrada totalmente grátis. O festival de inverno bragantino acontece durante todo mês de julho, com várias atrações para todos os públicos. Isso é disseminar cultura. Parabéns a todos de Bragança Paulista.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Daniel ETE fala sobre o novo CD da Muzzarelas e também de seus projetos paralelos

Aproveitando a deixa do lançamento do novo disco da banda campineira Muzzarelas, nós do zine/blog Canibal Vegetariano conversamos em uma noite de outono, no estacionamento do Bar do Zé, com o baixista da banda, Daniel ETE, para que ele comentasse o lançamento do novo disco e falasse também sobre seus vários projetos, entre eles, programa de TV, banda paralela, arte, política, bandas de rock, entre outros assuntos. Esta entrevista está na íntegra. Na edição impressa ela foi editada devido a quantidade de páginas.

Canibal Vegetariano: A banda Muzzarelas está lançando o disco "We rock you suck!". Após quase duas décadas de trabalho, de onde vem inspiração para compor músicas e o que mudou desde o início da banda?
Daniel ETE:
Nossa inspiração vem de filmes, conversas, piadas e quando todo mundo se reúne e começa a falar merda, os caras têm um grande repertório de besteiras, e acabam contando estórias de filmes de maneira errada e isso acaba virando tema de letra. Existe também a influência, na hora de escrever, de revistas em quadrinhos, algo que leio bastante, filmes vagabundos e todo tipo de cultura que não presta. Em relação às mudanças, é que no início não havia Internet, myspace, download, era fita K7 e enviávamos nosso material por correspondência, mas tem coisa que não muda, o desinteresse do público por novidade não muda, banda sem vergonha não muda, promotor picareta não muda, o respeito com as bandas ruins não muda, mudaram os meios, mas as pessoas não. Quem era ruim continua ruim e as pessoas boas continuam boas. Antes não havia referência, hoje, as pessoas têm tudo sobre as bandas que elas gostam, não tínhamos tantas referências de como fazer a parada naquela época. Quando começamos, eu tinha entre 16 e 17 anos, gostávamos de Dorsal Atlântica e odiávamos o RPM. Hoje o pessoal que gosta de Violator, odeia Cine. Eu penso que hoje o pessoal é um pouco menos apaixonado.


Daniel falando ao zine/blog Canibal Vegetariano

CV: Como é tocar há quase duas décadas com a mesma banda e ser influência, principalmente no interior, para muita banda que toca atualmente? Como que é para a banda ser considerada como uma referência?
ETE:
Nunca havia pensado nisso cara. Mas sei lá, é que tocamos muito na primeira metade dadécada de 90, do século XX, não tínhamos nada para fazer e a melhor coisa do mundo era tocar. Fim de semana era sexta-feira, sábado e domingo tocando por aí. Tocamos em muitos lugares que muita gente nem imaginava. Não havia grandes shows e fomos desbravando nosso espaço. Havia banda de metal, punk, hardcore e banda de pop bosta. E nós pendíamos um pouco para o punk, mas não éramos punks. Em muitos locais, fomos uma referência entre o underground e o mainstream. Mas somos undergrond. Da geração 90 fomos uma das primeiras bandas a fazer pequenas turnês. Tocamos em locais em que só se apresentavam bandas covers e nós fomos as primeiras a aparecer com material próprio.

CV: Agora uma pergunta pessoal. O que mudou da época dos seus 17 anos para a atualidade. E hoje, já passando dos 30, muita coisa mudou. Como você, e os outros integrantes da banda, conseguem se manter no underground, com tantas mudanças na vida pessoal. Pois hoje tem pessoas que passam cinco anos em uma banda e desistem. E você, nem o Muzza, desistem, qual a explicação?
ETE:
É que somos chatos e nosso estilo é assim porque não sabemos fazer outra coisa, não adianta querer tocar ska, rap, melódico. Só sei tocar isso e o Muzza só sabe fazer isso, misturar, punk, metal, hardocre. E para mim, o que mudou foi que fiquei um pouco surdo do ouvido esquerdo, tenho dores no ombro direito o lance físico é foda, não sou mais menino. Atualmente não tocamos tanto, pois alguns caras têm filho pequeno, trabalho, mas continuamos dando um jeito de continuar com a banda. Tem uns "véio" que diz que vai pescar e vai fazer troca troca no mato e nós vamos tocar. Tem nego que tira 15 dias para ir até o Mato Grosso fazer troca troca e nós vamos tocar. Tem cara que sai para jogar futebol e nós saímos para tocar rock. Nós não vivemos da banda, mas conseguimos mantê-la por ela mesma. A banda se paga, às vezes não precisamos gastar dinheiro com ensaio, com manutenção de instrumentos, mas não ganhamos grana com isso. A banda é um grande prazer para mim. Não sei se fomos nós que escolhemos isso ou teria que ser assim.

CV: Agora voltando ao disco, fale sobre todo o processo de composição. Parece que ele está mais pesado que os anteriores.
ETE:
A produção dele tá melhor. Nós conseguimos uma grana de apoio do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (Ficc) que nos proporcionou fazer um disco com muito mais cuidado do que os outros. Para esta gravação ensaiamos bastante e gravamos em um estúdio legal, além de trabalharmos com nosso camarada, Mauricio Cajueiro, amigo desde que éramos "metaleirinho". Ele morou nos Estados Unidos e estudou muito sobre todo o lance de gravação e tal. Quando ele retornou, montou um estúdio e gravamos com ele. No primeiro disco gravamos músicas que pareciam Misfits, pois pensávamos que só sabíamos fazer isso. Mas no ensaio tocávamos metal, rock, e acabamos perdendo a vergonha e dissemos foda-se. Se alguém vier em nosso show e não gostar de nossas músicas que vá montar uma banda para ele. Não ganhamos dinheiro, não ganhamos nada, então temos que fazer algo que gostamos e não ficarmos preocupados em agradar os outros. Quem se identifica acaba ouvindo, quem não gosta que vá fazer outra coisa ou fazer algo melhor da vida. E esse disco novo tem bastante coisa de metal e algumas coisas que lembram o primeiro, com fortes refrãos, algo que gostamos de fazer. Não vamos tocar forró, nem funk da bundinha, mas se um dia tocar foda-se. Nosso estilo é esse é a banda é a mesma há 19 anos. Somos uma banda de caras que gostam de cerveja, curtem bermuda de calça jeans cortada e camiseta do Ramones. Somos um tipo de gente que habita o interior do Estado de São Paulo.


Capa do novo disco da banda Muzzarelas 'We rock you suck'

CV: E a divulgação do novo disco como está? Com este lançamento, vocês já passaram pelo Rio de Janeiro e Espírito Santo. Fale um pouco dos primeiros shows desta nova fase.
ETE:
A cada disco que sai, a bagagem aumenta e cada vez mais tem mais gente que se identifica com nosso som. Nós fomos para Vitória e Rio de Janeiro. No Rio foi muito legal, o único problema é que fomos assaltados por alguns policiais corruptos, e espero que eles levem "bala". Ser assaltado pela Polícia é a pior coisa que existe. Pois somos nós que pagamos o salário do cara, você paga a pensão da mulher dele e ainda por cima é assaltado. Mas tirando isso foi massa. Encontramos a galera da Estudantes, da Carbona, camaradas há muito tempo. Já em Vitória, apesar de ser capital, me lembrou muito nosso interior, não havia punks montados, carecas fazendo cara de mau e emos fingindo que são moças. Havia pessoas a fim de ouvir um som e ver a banda e curtir o sábado à noite, se divertir, após uma semana foda de trampo. Somos da escola do Kiss, queremos que as pessoas se divirtam, não queremos mudar a vida de ninguém, quem sou eu para querer mudar a vida de alguém? Não consigo nem mudar a minha. O que podemos fazer é levar diversão às pessoas.

CV: Mas já aconteceu de alguém chegar para você e falar que a Muzzarelas mudou a vida dela?
ETE:
Não sei cara, só se for para pior (risos). Pode ser que alguém chegue um dia e fale. "Depois que ouvi Muzzarelas comecei a bater na minha mãe, fumar crack, votar no PSDB" (mais risos), isso pode foder a vida do cara. Mas tem muito moleque que começou a curtir rock através de nós e hoje tem banda conhecida.

CV: O Forgotten Boys é uma delas?
ETE:
Cara, o finado Arturo e o Chuck quando tocavam iam aos nossos shows. O pessoal da Blind Pigs, Estudantes. Os caras tiram uma da cara do outro, tem uns que dizem: "Você é nova era, ouve a banda da época do Jumentor, eu sou velha guarda, sou do tempo da fita K7". Tem muita gente que começou a tocar devido ao Muzza. Mas tem gente que deve ter parado. "Ah cara, se música é isso eu vou estudar".


Parte dos integrantes da Muzzarelas em apresentação ao vivo

CV: Saindo do Muzza, fale um pouco sobre a Drákula. Como começou e como está o momento atual da banda?
ETE:
Cara, a banda começou quando minha vó morreu e eu fui vender a geladeira dela. Não tinha onde guardar a geladeira. Meu amigo tava montando um estúdio e perguntou se eu queria trocar a geladeira e dois falantes por horas de estúdio. Fiquei com as horas mas não tinha banda. Apareceu um cara na loja, todo o dia ele aparecia, e falava que tocava bateria. Eu acabei chamando ele para ir ao estúdio. Lá, encontramos um guitarrista e começamos a tocar stones, ultraje, tudo mal tocado. Depois disso chamamos o Renan Fattori e fomos ensaiando, fazendo jams no Bar do Zé e quando nos demos conta já havia músicas, e isso foi virando banda. Era zueira, mas depois ficou sério e acabamos gravando dois CD's. Um deles totalmente independente e o segundo saiu pela Laja Records. Atualmente estamos parados, pois nosso batera quebrou o joelho. Mas tocamos em Curitiba, no Psyco Carnival, abrimos o show da Agente Orange, com o Serginho da Leptospirose na batera. Mas em setembro nosso batera, que já operou, retorna e vamos voltar aos shows e trabalhar em músicas inéditas.

CV: Além de você tocar na Drákula, o Stênio (um dos guitarristas da Muzza), toca na Violentures e o Lirão toca com outras bandas. Os outros caras também tocam em outras bandas? E rola ciúme, pois o cara pode pensar que vocês se dedicam mais aos projetos paralelos do que ao Muzza?
ETE:
Essa viadagem sempre rola. Cara fica falando que vai tocar com outra banda e tal, mas levamos na brincadeira. O Stênio é uma puta guitarrista, tem o trampo para ele mostrar sua capacidade, que vai além do que ele faz na Muzzarelas. O Lirão, baterista, além de nós deve tocar em mais quatro ou cinco bandas fazendo as partes de baixo. Nosso vocalista, Alexandre Kiss, tem uma banda de metal, a Edrom que é muito boa. Recentemente eu fiz junto com o outro guitarrista da Muzza, Flávio, e nosso antigo batera, o Naka, a Bad Baduinos e acompanhamos o Simon Chainsow e estamos sempre tocando. Mas no fundo, a banda principal de todos é a Muzzarelas. Às vezes desmarcamos compromissos das outras bandas para nos dedicarmos ao Muzza.

CV: Além das bandas, você tem um loja de discos, a Chop Suey. Como é ter uma loja no final da primeira década do século XXI, onde o myspace, youtube e o download estão dominando tudo. Quem compra disco atualmente?
ETE:
Além de discos, eu vendo muita camiseta. O que não vende é CD, CD não vende, a mídia digital é meio "chulé". Eu vendo muito vinil, pois quem compra, gosta do vinil, gosta de por o disco para ouvir, gosta do som, pois depois da fita de rolo, o vinil é campeão de som legal. podem falar o quiser, é legal. O CD tá voltando a vender, principalmente de "podrera", que traz monstros defuntos na capa, tem uma galera que curte muito esse lance e etc.
Também tem gente que gosta de um som e quer ter uma relação de participar e apoiar a banda, tá junto com ela, fazer parte do negócio, pois ele se sente bem apoiando a banda. Eu mesmo sou assim, sou fã para caralho do RKL e descobri que tem um site vendendo camiseta para ajudar os filhos do vocalista, que morreu de overdose, pois os filhos estão precisando de dinheiro e eu quero ajudar. O que dificulta é que muita gente caga e anda para música, enquanto tem gente que lembra da música que ouvia na sétima série. Tenho um cliente que compra discos na minha loja e ele tem 60 anos e compra metal, pois ele quer curtir. E quem gasta grana mesmo é o pessoal mais velho. Mas ainda existem moleques interessados em vinil e querem participar do lance, dar apoio e acaba virando amigo da banda. Eu sou fã da Cólera desde moleque e o hoje sou amigo deles. É muito foda isso.

CV: A loja tem parceria com o Bar do Zé. Como e quando começou esse lance de organizar shows e eventos no local?
ETE:
Começou entre 2002 e 2003. Conheci o Milton (proprietário) no bar e no começo não tinha condições de ter banda tocando lá. Até tinha, mas como havia outros locais, nós íamos lá somente para discotecar e beber. Mas chegou um tempo em que os caras que tomavam conta dos lugares eram uns merdas e todos nossos amigos iam no Bar do Zé. Um dia falei, vamos tocar aqui e ele disse "é pequeno". Virei e disse " se foda, vamos aqui mesmo". E logo começaram os primeiros shows e isso foi rolando. Nas minhas discotecagens comecei encaixar uma banda e mostrar para os outros o que é o rock para nós. Tem cara que pensa que o rock é o Cine, Moptop, The Doors, tem gente que acha que é o Leptospirose, Dwarves. É isso que queremos mostrar. O Cine é rock? Não sei. Nosso rock é esse, queremos mostrar para galera, e é o que temos para vender na loja.


Todos os integrantes da banda Muzzarelas participam de projetos paralelos. Mas de acordo com ETE, a Muzza é o trabalho principal

CV: E os desenhos cara, você é um grande desenhista. Como e quando você começou e quais os principais desenhos que você fez?
ETE:
Desenho desde criança, com 2 ou 3 anos. Não falava, minha família pensava que eu era retardado. Comecei a gostar de rock e fazer desenhos relacionados com essa temática. E quando comecei com a banda, e tinha muita gente que "roubava" para fazer desenhos, eu mesmo comecei a fazer os desenhos da minha banda. E depois fiz para banda de um amigo e de outro e foi crescendo. O trabalho mais recente concluí esses dias, foi um desenho para a banda Zander. Já fiz desenhos para Ratos de Porão, capa para o Periferia SA, Leptospirose. Também desenho cartazes para bandas, shows e alguns para bares.

CV: Além de tudo isso, você também apresenta o programa Valvulado. Hoje nós vimos um programa que o pessoal riu muito. Como pintou esse lance de apresentar o programa e fale desse seu lado mais cômico.
ETE:
É cara, quem não sabe fazer direito faz na palhaçada e tem gente que se identifica com isso. E é assim que sei fazer, não conseguiria fazer tudo direito, se fosse ficaria ridículo. Já que era para fazer ridículo, vamos deitar, rolar e curtir. O Valvulado serve também, assim como outros trabalhos, para mostar nossa visão de rock. Tem o rock do Cine e tem o rock lazarento como o Motosierra. Agora o programa ficou mais popular depois que foi para a Internet. Tem um camarada, o Rafael, que é o cara que mais entende de coisa que não presta, ele é um poço de cultura inútil, ele entende tudo de TVS e SBT. Ele não é o cara do trash cult, ele gosta do trash do povão. Um dia ele chegou e disse que deveríamos usar o satã que temos na loja, que se chamava Fabrício, em homenagem a Fabrício da Garage Fuzz, pois era a cara dele. Aí apelidamos o Fabrício de Nei e ele falou que deveríamos por o Nei, o capeta, no programa para passar dicas de som. Zuamos, fomos no improviso e tá dando certo. Quando cheguei no Rio de Janeiro, já tinha uns caras imitando o Nei, "bebedeira, solidão". Tem gente que quando vê o pior dele? sendo retratado em algum lugar, ela? se diverte. O rock ainda é corrosivo, desgraçado, perigoso, tem o lado podre. Rock não é esse papo de alegria que reina atualmente. Esse papo de que hoje é legal porque não tem a fama de bandido é furada, por isso que tá uma merda. Nós ainda mantemos o espírito de zueira. Há pessoas em outros estilos que gostam de zuar. Sempre tem um lazarento na fita. O rock hoje tá muito bom moço, tipo o Guns, que tem uma rebeldia forçada. Para mim eles são uns yuppies quadradões. Mas pensa no Cramps, no Dwarves, Motorhead.

CV: Já que estamos falando em bandas, quais são suas cinco bandas favoritas, aquelas que você ouve direto, desde moleque e cinco bandas independentes atual.
ETE:
Minhas cinco clássicas são quase as mesmas que as de vocês. Ramones, Black Sabbath, Motorhead, The Clash e Ratos de Porão e mais uma porrada, é a lista das cinco que acaba virando cinquenta. Atualmente, das bandas independentes, as que mais ouço são Leptospirose, Estudantes, Violator, que são fodas demais, Evil Idols. Não sou muito de acompanhar as novidades, mas conheço bastante bandas obscuras que apareceram há cerca de dez anos. Tem muita coisa boa. Hoje para ser cool no rock, o cara tem que saber o que tá acontecendo neste momento e não o que rolou o que houve há algum tempo, isso acaba sendo chato.

CV: Sobre a mídia atual, o que você pensa do que tá rolando no momento. E se o Valvulado fosse para a MTV, como seria na mídia top.
ETE:
Não acredito que alguém nos contrataria, pois teriam dor de cabeça. Como não temos uma grande abragência vai de boa, pois falamos o que pensamos e falamos muito palavrão. Se vai para uma TV aberta pode complicar. Não sei se existiria um intersse. Um cara que conseguiu um espaço legal foi o João Gordo, pois ele é muito ágil e inteligente para caralho, tem os caras que o xingam e ele responde a altura.


Capa da edição nº 3 do Fanzine Canibal Vegetariano. O desenho é um dos vários realizados por Daniel ETE

CV: Qual o conselho que você dá aos adolescentes que estão começando a ouvir rock.
ETE:
Cara, na minha época era a mesma coisa, só mudava os nomes, no meu tempo a porcaria da vez era o RPM, só que nós não éramos legais, éramos os desgraçados. Era uma merda não ter namorada, mas às vezes rola mais tarde. Faça o que você gosta. Não queira fazer parte de um "bagulho" porque todo mudo faz. Não é porque todo mundo usa o cabelo do Chitão que você tem que usar.

CV: Você pensa em entrar para a política?
ETE:
Eu estava lendo o livro "Não devemos nada a você", de Daniel Sinker, em que o Jello Biafra fala que às vezes temos que participar da coisa, pois alguém vai pagar o vereador. Dá medo de entrar e ficar igual aos caras, mas pode não virar. Não sei como funciona isso, não me sinto preparado, por enquanto não entraria nisso. Também acredito que existem políticos sérios, nem todos são uns merdas. Pensar que todos são iguais é meio que tirar o corpo fora, é uma forma de alienação, é legal saber como as coisas funcionam, pois isso faz parte de nosso mundo. Não tenho essa pretensão no momento, mas vai que um dia eu mude de ideia.

CV: Daniel, agradecemos a entrevista e para finalizar, o espaço é seu, fale o que quiser.
ETE:
Estamos lançando a campanha Fábio Mozine presidente do Brasil, Quique Brown vice com Nei, o satã, como ministro da Cultura, então vote em nós. Divirtam-se.

Fotos por Fabinho Boss, Google e FanZine Canibal Vegetariano

Hoje é dia mundial do rock!!!

Uma singela homenagem do Fanzine Canibal Vegetariano a este estilo musical que acabou se tornando uma filosofia de vida para muitas pessoas.



Foto retirada do Google

sábado, 3 de julho de 2010

Exposição de arte que todo roqueiro deve visitar



+EXPO - de 09/07 a 14/08 de 2010
seg a sex das 9:30 às 19:00 hrs
sab das 9:30 às 16:00 hrs

entrada grátis!!

ABERTURA - 09/07 - das 19 as 22 hrs
Djs PICE LÓVI CREIZI
Apresentação MC DMO as 20:30

disORder
55 19 3381 0309

Rua General Osório, 1565 - Cambuí - Campinas/SP

www.lojadisorder.com.br
www.twitter.com/lojadisorder

Brasil x Argentina – Dois Caras que desenham posters para shows de bandas que quase ninguém conhece... mas deveria.

Na Arte Punk, diferentemente do futebol, não há rivalidade nesse clássico e essa exposição é mostra disso. De um lado do campo, vindo de Campinas, Daniel Ete, baixista da lendária banda Muzzarelas, e um dos maiores desenhistas do Punk Rock nacional. Escrevo isso sem medo de errar. Há mais de vinte anos (isso é sério) espalha caveiras, monstros, pentagramas, robôs, berinjelas endiabradas e mais dezenas de belos desenhos que não consigo entender como são originados, saem dessa mente perturbada, e isso é o interessante, aliás arte foi feita para nos surpreender, não é mesmo ?
Com um currículo que conta com capas e desenhos feitos para Periferia S.A., Zumbis do Espaço, Violator, Confronto, Ratos de Porão, Os Estudantes, Mukeka di Rato e mais umas 299 bandas, além de participação em dezenas de fanzines, alguns históricos como o DRAGA, e exposições não menos importantes, como a Ilustradores, da Galeria Choque Cultural, e a cereja do bolo de sua produção são seus CARTAZES, arrisco a dizer que tem grande chance de ser o cara que mais produziu posters de rock dos anos 90 pra cá.
Para quem nasceu ou morou em Campinas, e é rockeiro, sabe muito bem que os cartazes do Ete colado na rua ensinaram arte a mais gente do que a Unicamp e a PUCC juntos.
Já do lado argentino, Hernan DIENTE, ou se preferirem o cara mais legal do hardcore porteño, ou se ainda não estiver legal, um dos caras que mais cria desenhos para a cena punk de Buenos Aires, com incontáveis capas de discos, cartazes, estampas para camisetas e etc... enfim, é o irmão (artístico) do Ete.
Temáticas parecidas como canecas de chopp, caveiras (todo rockeiro que se preze não pode deixar de ter) irmãos siameses, referências a bandas de hardcore, frases poderosas, provocações ao status quo e etc.
Na bagagem de Diente, não podemos deixar de citar, a incrível exposição Caos=Belleza, apresentada na principal galeria de arte urbana da Argentina, e porque não dizer da América do Sul, a Hollywood in Cambodia, onde a Mostra de Diente foi uma das mais visitadas da história do espaço, portanto não é aconselhável perder a chance de conhecer fisicamente o trabalho desse fenomenal artista, ainda mais assim de mão-beijada aqui no Brasil.
Portanto, se você admira cartaz de rock, é fã do Ramones, cerveja gelada, não perca a chance de ver que tudo que você gostou a vida toda, também é arte.

Kaue Garcia
quer saber realmente do que se trata?

saca só....

ETE
http://www.fotolog.com.br/etedesenhos
http://www.myspace.com/daniel_ete

DIENTE
http://www.flickr.com/photos/camina_solo/
http://www.flickr.com/photos/thediente
http://www.fotolog.com.br/thediente

apoio

LOJA CHOPSUEY DISCOS
http://www.fotolog.com/chopsueydiscos
http://www.chopsueydiscos.com.br loja virtual

PROGAMA VALVULADO
http://www.youtube.com/user/valvuladocps